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MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 1 AULA 7 – FARMACOLOGIA GLICOCORTICÓIDES 1. Introdução Adrenocorticosteróides: são hormônios liberados pelo córtex da adrenal Três principais tipos: glicocorticoides (cortisol ou hidrocortisona), mineralocorticoides (aldosterona) e os esteróides sexuais (andrógenos e estrógenos que são os precursores dos hormônios sexuais) A medula adrenal também produz hormônios: as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) O córtex adrenal é dividido em 3 zonas: a zona glomerulosa (onde são produzidos os mineralocorticoides), a zona fasciculada (onde são produzidos os glicocorticoide) e a zona reticular (os são produzidos os esteroides) Corticoides: diagnóstico e tratamento de distúrbios da função adrenal, mas são muito utilizados no tratamento de doenças inflamatórias e imunomediadas uma vez que em altas doses causa imussupressão/imunomodulação. O próprio cortisol não existe como droga, é utilizado análogo sintético chamado de hidrocortisona 2. Cortisol a. Controle da secreção de cortisol Secreção é controlada pela liberação hipofisária de corticotropina (ACTH), que é controlado pelo CRH liberado pelo hipotálamo. Quando o cortisol é liberado na circulação ele realiza feedback negativo, ou seja, inibe tanto a liberação de CRH, quanto a liberação do ACTH. E quando ele diminui na circulação faz feedback positivo. Por isso, quando se usa corticoide exógeno ele acaba inibindo o eixo hipotalâmico-hipofisário, assim não há estimulação adrenal para produção de glicocorticoides. Por isso, após um tratamento prolongado, é preciso retirar corticoide em regime de desmame, para evitar insuficiência adrenal, também chamada de Síndrome de Addison. Essa relação do corticoide com a insuficiência adrenal, tem relação com o tempo de uso do corticoide e não com a dose. Assim, mesmo se uma pessoa fizer altas doses de corticoide, mas o tempo for menor que 5 dias o desmame não é necessário. b. Farmacocinética Síntese e secreção reguladas pelo SNC (hipotálamo - hipófise), muito sensível à retroalimentação negativa pelos níveis circulantes de cortisol e corticoides sintéticos O cortisol é um contrarregulador insulínico, aumenta a glicemia, aumenta a pressão arterial e aumenta a resistência periférica. Ciclo circadiano do cortisol: Adulto normal secreta de 10 a 20 mg/dia, atingindo valores máximos nas primeiras horas da manhã e após as refeições (na ausência de estresse). Por isso, na prescrição de corticoides deve-se respeitar o ciclo circadiano do cortisol, ou seja, tomar toda dose cumulativa pela manhã. Também é por isso que o maior índice de acidentes vasculares cardíacos ou encefálicos ocorrem pela manhã resultado do pico do cortisol. Distribuição: No plasma o cortisol se liga às proteínas circulantes GLC (90%), à albumina (5 %) e 5% livre (efeito). Mas, os glicocorticoides sintéticos se ligam à albumina por isso O cortisol tem meia-vida de 60 a 90 min, que pode aumentar com grandes doses de hidrocortisona, estresse, hipotireoidismo e hepatopatia (uma vez que é metabolizado no fígado) Excreção: 1% excretado de forma inalterada pela urina, o restante sofre metabolização hepática para ser eliminada c. Farmacodinâmica Mecanismo de ação: Receptor intracelular MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 2 Proteínas cuja síntese é inibidas pelo cortisol: COX2 (síntese de prostaglandinas), citocinas, óxido nítrico (faz vasodilatação), endotelina (vasoconstritor), Fosfolipase A2 (transforma o fosfolipídio de membrana em ácido araquidônico, inibindo essa a produção de prostaglandinas e de leucotrienos, impedindo a resposta inflamatória e a resposta imunológica) Efeitos metabólicos: Gliconeogênese e síntese de glicogênio, estimulam a lipólise, liberação de aminoácidos durante o catabolismo muscular, inibem a captação de glicose pelas células musculares = Aumentam os níveis séricos de glicose (Manutenção de suprimento adequado de glicose para o cérebro). ESSES EFEITOS SÃO MAIS EVIDENTES NO JEJUM Temos 4 importantes contrarreguladores de insulina: cortisol, glucagon, GH e catecolaminas Apesar de estimularem a síntese de proteínas e RNA no fígado, exercem efeitos catabólicos sobre: tecido linfoide (por isso é utilizado no tratamento de linfomas), tecido conjuntivo, tecido adiposo, músculos e pele. Em doses suprafisiológicas reduzem a massa muscular e causam fraqueza Efeitos catabólicos sobre o osso são a causa da osteoporose na síndrome de Cushing e limitam o uso terapêutico a longo prazo desses hormônios Reduzem o crescimento de crianças, efeito que pode ser evitado pela administração de altas doses de GH Síndrome de Cushing: causada pelo excesso de corticoide. Leva ao DM tipo 2, triglicerídeos alto, aumento de peso (inicialmente pela retenção de sódio e água – aldosterona, mas com a evolução pelo acúmulo de gordura). Efeitos Anti-inflamatórios e Imunossupressores: ser imunossupressor ou anti-inflamatório é dependente da dose, acima de 1mg/kg/dia de prednisona ganha a ação imunossupressora. Os corticoides inibem a migração de células inflamatórias, por que inibe a produção de endotelina que é o receptor ao qual a célula utiliza para se ligar a parede capilar e realizar a transmigração. Reduzem radicalmente as manifestações da inflamação, efeitos profundos sobre a concentração, distribuição e função dos leucócitos periféricos, o corticoide impede a migração dos leucócitos. Efeitos supressores sobre as quimiocinas inflamatórias e outros mediadores lipídicos e glicolipídicos da inflamação, por que estimula a produção lipocortina, que inibe a transformação de fosfolipídios em ácido araquidônico. Por isso, todos os efeitos indesejáveis que os AINES causa por inibir a COX1, os corticoides também causam, além disso ainda causa efeitos metabólicos. Após a administração da primeira dose GC de ação curta em dose única: aumento da concentração de neutrófilos (maior influxo medula óssea para o sangue e menor migração dos vasos sanguíneos para o local da inflamação, PODENDO CAUSAR LEUCOCITOSE, MAS SEM PIORA DA INFLAMAÇÃO) circulantes e diminuição da concentração de linfócitos T e B, monócitos, eosinófilos e basófilos na circulação (movimento do leito vascular para o tecido linfoide). Efeito máximo em 6 h, e acaba em 24 h Induzem vasoconstrição quando aplicados diretamente sobre a pele através da inibição da degranulação mastocitária, por isso diminui a hiperemia quando aplicamos na pele com uso tópico, como numa picada de inseto, aplico pomada com corticoide diminui a vermelhidão Diminuem a permeabilidade capilar ao reduzir a quantidade de histamina liberada pelos basófilos e mastócitos Outros efeitos dos corticoides: Depressão psiquiátrica, insônia, euforia (psicose do glicocorticoide), Supressão hipofisária (inibição da liberação de ACTH, GH, TSH e LH). Grandes doses podem estar associadas ao desenvolvimento de úlceras pépticas, supressão da resposta imune contra o H. pylori. Redistribuição da gordura corporal (aumento da gordura visceral, facial, nucal e supraclavicular). Antagoniza o efeito da vitamina D sobre a absorção de cálcio podendo causar osteoporose, Aumenta plaquetas e eritrócitos, Desenvolvimento dos pulmões fetais (a produção de surfactante é estimulada pelos GC, pelos pneumócitos tipo II) Além disso, o uso crônico se uso de corticoide pode diminuir a resposta inflamatória à infecção, podendo ser usada no tratamento de infecções cuja inflamação é lesiva ao tecido (herpes zoster e meningite), mas pode atrapalhar por exemplo o diagnóstico precoce de pneumonias. O HORMÔNIO LIVRE NO PLASMA OU NO LÍQUIDO INTERSTICIAL PENETRA NA CÉLULA E LIGA-SE AO RECEPTOR CITOPLASMÁTICO (COMPLEXADO COM HSP 90) APÓS A LIGAÇÃO, DISSOCIA-SE DA HSP 90 E O COMPLEXO RECEPTOR-LIGANTE É TRANSPORTADO ATIVAMENTE ATÉ O NÚCLEO, ONDE INTERAGE COM O DNA OCORREM ENTÃO ALTERAÇÕES NA TRANSCRIÇÃODE DETERMINADOS GENES, INIBINDO ALGUNS E ESTIMULANDO OUTROS MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 3 d. Ausência de níveis fisiológicos de cortisol: Comprometimento da filtração glomerular, combinado a redução da resposta do músculo liso vascular causa hipotensão arterial. Redução das respostas do ML vascular e ML brônquico às catecolaminas Redução da lipólise induzida por catecolaminas, ACTH e GH 3. Glicocorticoide sintético Sintetizados a partir do ácido fólico bovino ou sapogeninas esteroides de origem vegetal a. Farmacocinética Absorção: boa absorção por via oral, mas pode ser administrado por muitas vias. Distribuição: Modificações moleculares podem aumentar em até 50% a meia-vida em re lação aos não sintéticos Decametasona é importante por que atravesa muito bem a BHE O uso de Hidrocortisona leva a uma retenção considerável de sódio, por isso após tomar alta dose de HC em decorrencia de uma crise alérgica/anafilaxia por exemplo a pessoa ganha peso rápido. TEM QUE DECORAR ESSA TABELA !!! Os corticoides sintéticos são classificados por: potência anti-inflamatória e na retenção de sal e pela duração FLUDROCORTISONA: é 125x mais potente na retenção de sal do que a HC e 10x mais efeito anti-inflamatório. Todavia, o seu uso é como mineralocorticoide, ou seja, é indicado quando há falta de aldosterona. 4. Farmacologia Clínica a. Doença de Addison Sintomas: hiperpigmentação, fraqueza, fadiga, perda de peso, hipotensão e incapacidade de manter a glicemia em jejum. Quando a causa da doença de Addison é autoimune, pode estar associada ao vitiligo. Tratamento: 20 - 30 mg/dia de hidrocortisona, durante a fase aguda. Durante a fase crônica, uso de 5 – 7,5 mg/dia de prednisona, com aumento da quantidade em períodos de estresse. Fludrocortisona: Usada quando há deficiência de mineralocorticoide Pequenos estímulos traumáticos ou infecciosos (causada por meningococco) podem induzir insuficiência adrenal aguda, com choque circulatório e até a morte Tratamento para insuficiência adrenal aguda: Corrigir anormalidades hidroeletrolíticas e tratar os fatores precipitantes Administração de grandes doses de hidrocortisona por via parenteral: succinato sódico ou fosfato de hidrocortisona em doses de 100 mg I.V. a cada 8 horas até a estabilização do paciente Redução gradual da dose até a dose de manutenção (50 mg/dia, aprox. 5 dias) b. Hiperplasia adrenal congênita MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 4 O problema é na síntese do cortisol. Assim a glândula que não consegue produzir cortisol, fica hiperestimulada, aumentando de tamanho, uma vez que não tem o feedback negativo pelo cortisol. Essa glândula hiperplásica produz grandes quantidades de prepurssores de esteroides sexuais, podendo levar a uma virilização precoce da criança, com o crescimento precoce de pelos e dos seios, além de diminuição da estatura. c. Doença de Cushing Em geral, resulta de hiperplasia adrenal bilateral secundária a um adenoma hipofisário secretor de ACTH Manifestações: face pletórica e arredondada, obesidade no tronco, perda protéica, debilitação muscular, adelgaçamento da pele, estrias de cor púrpura, contusões fáceis, cicatrização deficiente de feridas e osteoporose. Distúrbios mais graves: alterações mentais, hipertensão e diabetes Causas comuns: adenoma de hipófise, tumor produtor de ACTH ectópico, adenoma ou carcinoma adrenal (geralmente unilateral aumenta a produção pela glândula afetada, e atrofia da glândula saudável pelo feedback negativo) ou Cushing iatrogênico (desenvolvido pelo uso de corticoide exógeno, se nesse caso eu tirar o corticoide de uma vez, além do Cushing vou ter sintomas de Addison) Tratamento: remoção cirúrgica do tumor, irradiação do tumor hipofisário ou ressecção de uma ou ambas as glândulas adrenais, os pacientes devem receber grandes doses de cortisol antes e durante a intervenção cirúrgica, no dia da cirurgia podem ser administrados doses de até 300 mg de hidrocortisona em infusão contínua e a dose deve ser reduzida gradualmente até níveis normais de reposição. Por que com a retirada do tumor as quantidades de glicocorticoides vão cair rapidamente podendo gerar uma síndrome de Addison. Teste de supressão da dexametasona: Diagnóstico da síndrome de Cushing, administrar 1mg de dexametasona por via oral às 11 h da noite e colher amostra do plasma no dia seguinte: Indivíduos normais - 3 mg de cortisol / dL e os indivíduos com Cushing - superior a 5 mg de cortisol / dL d. Hiperfunção cortico-adrenal: Aldosteronismo Primário: adenoma da adrenal, glândulas hiperplásicas ou tumor maligno Achados clínicos: hipertensão, fraqueza e tetania, relacionados à perda contínua de potássio e aumento dos níveis séricos de sódio Os pacientes apresentam níveis baixos de atividade de renina plasmática e angiotensina II Tratamento: Espironolactona que é o antagonista do receptor da aldosterona e. Maturação dos pulmões fetais A maturação dos pulmões do feto é regulada pela secreção fetal de cortisol Doses altas de GC para a mãe reduzem a incidência de síndrome da angústia respiratória em prematuros Partos com menos de 34 semanas - administrar à mãe: betametasona I.M., 12mg, com dose adicional de 12 mg dentro de 18 a 24 horas Menor ligação a proteínas maternas e metabolismo placentário que o cortisol 5. Supressão de respostas inflamatórias (RI) e imunes MARIA EDUARDA SAMPAIO – TURMA 99 5 A diferença entre o uso de corticoide para inibir a RI ou como imunossupressor é a dose: acima de 4 mg/kg/dia de hidrocortisona é imunossupressor Muito úteis em distúrbios nos quais a resposta ao hospedeiro constitui a causa das principais manifestações da doença Perigosos quando a resposta inflamatória ou imune é importante para controlar o processo patológico, como na sepse, na pneumonia Justificados para impedir a ocorrência de lesões irreversíveis em consequência da resposta inflamatória; devem ser usados em combinação com terapia específica para o processo mórbido, como na meningite e na paralisia de Bel GC não costumam ser curativos; o processo patológico pode progredir apesar da supressão das manifestações clínicas, é usado para evitar as manifestações. A terapia crônica deve ser instituída com muita cautela, apenas nos casos em que a gravidade da doença exigir seu uso após se esgotarem as medidas menos perigosas O processo mórbido deve ser controlado com GC de ação intermediária, como a prednisona ou a predinisolona, além de medidas auxiliares para manter a dose baixa O tratamento não deve ser reduzido nem interrompido abruptamente, mas sim em regime de desmame, uma vez que tratamento com sorticóie suprime o eixo hipofisário-hipotalamico Em terapias prolongadas deve-se obter RX de tórax, teste tuberculínico, e eliminar os Strongyloides e outros parasitas intestinais a terapia com GC pode reativar doenças quiescentes Deve-se considerar a presença de diabetes, úlcera péptica, osteoporose, distúrbios psicológicos e a função cardiovascular Na asma: por inalação, com a vantagem de realizar os efeitos locais, mas não os sistêmicos. Mas nos casos graves, deve ser administrado por via sistêmica Topicamente, em condições inflamatórias da pele, dos olhos, ouvidos e nariz. Nos estados de hipersensibilidade (p. Ex., reações alérgicas graves a drogas ou ao veneno de insetos) Em doenças auto-imunes: lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, anemia hemolítica, púrpura trombocitopênica idiopática Na prevenção da doença de enxerto - versus -hospedeiro após transplante de órgãos 6. Terapia de doenças neoplásicas Em combinação com agentes citotóxicos no tratamento de malignidade especificas da linhagem linfoide (p.ex., doença de hodgkin, leucemia linfocítica aguda), para realizar a lise do tecido linfoide e a regressão do turmor. Para reduzir o edemacerebral em pacientes com tumores cerebrais primários e metastásicos (dexametasona) Como componente do tratamento antiemético (reduzir o vômito) em combinação com a quimioterapia CONSIDERAÇÕES ANTES DO ÍNICIO DO TRATAMENTO •Qual a Gravidade da doença? Será que não posso usar AINES •Para quanto tempo está previsto o tratamento? Uma vez que os efeitos sistêmicos são dependentes do tempo de uso e não da dose (após 5/7 dias já é uso crônico) •Qual a preparação do GC a ser empregada? Posso usar o tópico ou intranasal para diminuir os efeitos metabólicios •Qual a dose terapeutica mínima efeita? TEM QUE SER A MENOR EFICAZ PARA CONTROLAR A DOENÇA •Há como associar outras drogas, visando reduzir a dose do GC e efeitos indesejáveis? Como associar GH para não atrapalhar o crescimento na criança. Ou associada a outros imussopressores para usar uma dose menor do glicorticóide no tratamento de doenças reumatológicas •O esquema pode ser usado em dias alternados? Porém, diminui a adesão do paciente
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