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Reumatologia ANA LANDIM - 2021 1 LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO DEFINIÇÃO ➢ Doença inflamatória crônica; ➢ Multissistêmica; ➢ Sua característica marcante é o desenvolvimento de focos inflamatórios em vários tecidos e órgãos; ➢ Evolui com períodos de exacerbações e remissões, comprometendo a pele (dermatite), articulações (artrite), serosas (serosite), glomérulos (glomerulite) e SNC (cerebrite). É a doença dos “ites”; ➢ Pleomórfica: possui diferentes manifestações clínicas. O paciente pode abrir o quadro na forma articular ou com manifestações neurológicas, renais, cardiológicas, entre outras. Não existe ordem de aparecimento; ➢ Causa primária desconhecida; ➢ Autoimune (imunidade humoral); ➢ Predisposição genética; ➢ Fatores ambientais: O fator ambiental mais relacionado aos lúpus é a radiação UV, pois ativa manifestações do lúpus, tanto cutânea como outras. Essa radiação destrói a célula e expõe possíveis antígenos ao ataque de anticorpos produzidos pelo paciente. Além disso, temos o tabagismo, medicações, infecções virais (Epstein-Barr); ➢ Fatores hormonais: Uso de ACO e reposição hormonal (o estrogênio é fator deflagrante da doença); ➢ Existe fator familiar. EPIDEMIOLOGIA ➢ Mulheres jovens em idade fértil; ➢ Pico entre 35-39 anos; ➢ Predomínio na raça negra (3-4 vezes); ➢ 9-10x mais comum no sexo feminino; ➢ Sobrevida em 10 anos: 80-90%; ➢ Mortalidade: 3-5x maior que a população geral; ➢ Homens com síndrome de klinefelter tem 16x mais chances de desenvolver lúpus devido ao cromossomo X extra. IMUNOPATOGENIA LES Fatores ambientais Fatores hormonais Fatores genéticos • RADIAÇÃO UV • TABAGISMO • MEDICAÇÕES • INFECÇÕES virais • HLA DR3 • HLA DR2 • DEFICIÊNCIA DE C1Q • DEFICIÊNCIA DE C4 Reumatologia ANA LANDIM - 2021 2 ➩ No lúpus, o indivíduo passa a produzir anticorpos contra componentes extracelulares e intracelulares, contra componentes presentes na membrana e contra componentes séricos. Então, ele forma anticorpo contra a célula, contra o complemento, contra o PCR, contra o núcleo. Dessa forma, pode haver as mais diversas manifestações na vigência da doença do lúpus eritematoso. CAUSAS DE MORTALIDADE 1. Atividade da doença; 2. Infecção: devido à imunossupressão. A corticoterapia prolongada aumenta o risco de HAS, dislipidemia e obesidade. 3. Doença cardiovascular: Hoje, a principal causa de mortalidade dos pacientes com LES é a doença cardiovascular. A inflamação gerada pela própria doença favorece o aparecimento da placa de ateroma, levando ao comprometimento cardiovascular; 4. Doença renal. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➢ Todos os sistemas podem ser acometidos; ➢ A maioria dos pacientes exibem fadiga, febre e perda de peso; ➢ A pele e as articulações são os sítios de maior prevalência das manifestações lúpicas; ➢ A facie lúpica tem a característica que lembra as “asas de uma borboleta”: acomete bochechas e nariz e poupa sulco nasolabial; ➢ As manifestações cutâneas do lúpus ocorrem das mais variadas formas: • Lúpus agudo: Manifestação cutânea- bolhosa. A lesão mais característica é o eritema/rash malar, que se apresenta na forma aguda como lesões elevadas, por vezes dolorosas ou pruriginosas, frequentemente precipitada pela exposição solar. Quando a doença é controlada a pele fica íntegra após a cicatrização. Autoantigenos Intracelulares Membrana celular Componentes séricos Componentes extra-celulares Cutâneas Articulares Serosas Hematológicas Renais Neurológicas Vasculares Imunológicas Reumatologia ANA LANDIM - 2021 3 • Lúpus subagudo: manifestações eritematosas e descamativas difusas, não ulcerativas com aspecto psorisiforme. Outra forma de manifestação são as lesões anulares. Possui forte associação com anticorpos Anti-RO, presente em 90% dos pacientes com essas lesões. • Lúpus crônico: lesão discoide, com aspecto cicatricial que deixa cicatriz. Consiste em uma lesão com bordas eritematosas e centro hipocrômico. Quando essa lesão ocorre no couro cabeludo, obstrui os folículos e causa alopecia na região, ou seja, não nasce mais pelos onde a placa se desenvolveu. • Fenômeno de Raynaud: mais comum na esclerodermia, mas também ocorre em qualquer doença reumáticas, como o lúpus. Nesse fenômeno, ocorre uma vasoconstrição nos vasos distais, fazendo isquemia. Devido a essa vasoconstrição, há retenção de CO2, resultando em cianose e, ao reperfundir a pele, ocorre o eritema. • Acometimento de mucosas: pode ter úlcera oral ou nasal, indolores aparecem quando a doença está em atividade. • Alopecia: muito prevalente em pacientes com a doença em atividade. Na ausência do lúpus discoide, na medida que a doença for controlada, a pilificação é retomada. Na alopecia cicatricial, não volta mais a nascer o cabelo. ARTRITE DO LÚPUS: ➢ Acomete cerca de 80% dos pacientes com lúpus; ➢ A artrite do lúpus costuma ser não erosiva; ➢ Em 95% dos casos, o lúpus não deixa sequelas articulares (somente em 5% você observa deformidade); ➢ A apresentação mais comum é a articular migratória, distal e simétrica, mas também pode ocorrer casos de artrite aditiva, assimétrica, entre outros: ➢ As articulações mais envolvidas são as do punho, mãos e joelhos, mas outras também podem ser acometidas. ACOMETIMENTO RENAL: ➢ Uma das manifestações mais temidas e mais relacionadas com a gravidade da doença; ➢ Os glomérulos são os principais alvos renais dessa doença; ➢ Ocorre devido a deposição de imunocomplexos DNA/anti-DNA; ➢ Pode se manifestar através de síndrome nefrítica ou síndrome nefrótica; ➢ A nefrite lúpica é a manifestação que cursa com menores níveis séricos de complemento; ➢ Urina espumosa, edema difuso de membros inferiores, anasarca, edema facial ou palpebral, elevação da pressão arterial e hematúria falam a favor de glomerulonefrite; ➢ Quando diagnosticar o paciente com nefrite? • Hematúria alta com dismorfismo (hemácias distorcidas); • Leucocitúria com cilindros celulares; • Proteinúria > 500mg em 24h. ➢ Cerca de 74% dos pacientes são acometidos em alguma fase da vida; ➢ É a manifestação lúpica que mais leva o paciente ao internamento. ➢ Pode se manifestar em diferentes graus: • Nefrites mais brandas (tipos I e II): estão concentradas no mesângio. Não evoluem com HAS, a proteinúria <1g, não tem alteração da função renal, não consome complemento e não positiva anti-DNA; Reumatologia ANA LANDIM - 2021 4 • Mais graves, que evoluem com glomerulonefrite rapidamente progressiva (tipos III e IV): mais evolui com insuficiência renal. Na maioria das vezes, é o que mais leva ao internamento. Consomem complemento e positiva anti-DNA; • Glomerulonefrite membranosa (tipo V): é a que se apresenta mais frequentemente com síndrome nefrótica. Não consome complemento, nem anti-DNA; • Quando já há uma lesão/insuficiência renal crônica (tipo VI): 90% já esclerosou. ➢ Fatores de pior prognóstico: • Hipertensão arterial; • Alteração do crearence/redução da filtração glomerular; • Síndrome nefrótica. GLOMERULONEFRITE TIPO I ➢ Mesangial mínima: EAS costuma vir normal, apenas depósitos mesangiais de imunocomplexos pela imunofluorescência; ➢ Excelente prognóstico; ➢ Corticóide em baixa dose (Prednisona 0.5mg/dia), considerar iniciar Hidroxicloroquina como poupador de corticoide e DMARD do LES. GLOMERULONEFRITE TIPO II ➢ Mesangial proliferativa: pode cursar com hematúria microscópica com ou sem proteinúria (HAS nessa classe é incomum); ➢ Hipercelularidade mesangial, esparsos depósitos subendoteliais e subepiteliais; ➢ Excelente prognóstico; ➢ Corticoide em baixa dose (Prednisona 0.25 a 0.5mg/dia), com uso de Hidroxicloroquina como poupador de corticoide, após o desmame gradual de corticoide, com 3 meses em remissão. GLOMERULONEFRITE TIPO III ➢ Focal: hematúria dismórfica, proteinúria, diminuiçãoda TFG e HAS; ➢ Menos de 50% dos glomérulos acometidos à microscopia óptica (MO); ➢ Imunofluorescência mostra depósitos de IgG e C3. GLOMERULONEFRITE TIPO IV ➢ É a que mais leva o paciente ao internamento e à hemodiálise; ➢ Proliferativa difusa; ➢ Mais de 50% dos glomérulos acometidos; ➢ Com depósitos autoimunes subendoteliais difusos; ➢ Hematúria + proteinúria + HAS + diminuição de TGF + síndrome nefrótica; ➢ Hipocomplementemia (especialmente C3) e níveis elevados de anti-DNAdh; ➢ Deve ser tratado de forma agressiva, com o uso de imunossupressores, onde o tratamento é dividido em duas etapas: tratamento de indução da remissão (ciclofosfamida ou micofenolato) e tratamento de manutenção da remissão (micofenolato ou azatioprina): • Indução: metilprednisolona intravenosa por 3 dias, seguida de prednisolona/prednisona oral por 4 semanas, com retirada gradual; • Esquema com: ciclofosfamida ou micofenolato mofetil (MMF). ➢ Outras manifestações: derrame pericárdico (é a manifestação cardíaca mais comum), derrame pleural/serosite (usualmente bilateral e simétrica) e manifestações neurológicas e psiquiátricas (convulsão, psicose, miastenia graves, estado confusional agudo). Reumatologia ANA LANDIM - 2021 5 GLOMERULONEFRITE TIPO V ➢ Membranosa: ocorre em 10 a 20 % dos pacientes com nefrite lúpica, cursa com síndrome nefrótica similar a nefropatia membranosa primária; ➢ Hematúria microscópica e hipertensão pode estar presente; ➢ Os valores de Creatinina tendem a estar normais ou discretamente elevados; ➢ Pode ocorrer sem outras manifestações sorológicas do LES (complemento normal, Anti-DNAdh normal); ➢ Caso ocorra com hematúria e proteinúria, sem alteração da Creatinina, pode ser uma forma proliferativa associada (III + V ou IV + V); ➢ Tratamento: • Indução: micofenolato de mofetil oral + prednisona/prednisolona com doses de 0,5 mg/kg/dia, com retirada gradual • Manutenção: micofenolato de mofetil oral ou azatioprina oral. GLOMERULONEFRITE TIPO VI ➢ Esclerose avançada: disfunção renal lenta e progressiva, com hematúria e proteinúria; ➢ É caracterizada pelo acometimento de mais de 90% dos glomérulos; ➢ Não cursa com glomerulonefrite e a terapêutica nessa fase não é benéfica. ACOMETIMENTO CARDÍACO ➢ A dor pericárdica é a manifestação cardíaca mais frequente e não costuma causar grandes repercussões; ➢ O derrame pericárdico é muito comum, mas o tamponamento e a pericardite constritiva são raros; ➢ A miocardite pode manifestar-se como taquicardia sinusal sem outra causa aparente ou taquipneia aos esforços; ➢ A endocardite de Libman-Sacks é uma forma verrucosa e não bacteriana de endocardite ou valvulite cardíaca. Constitui-se em um achado anatômico do LES, ocorrendo principalmente na válvula mitral. A manifestação mais temida desse tipo de endocardite é a embolia arterial; ➢ A coronariopatia, frequentemente aterosclerótica, pode provocar infarto do miocárdio até mesmo em mulheres jovens. Esse risco aumenta cerca de 10 vezes. ACOMETIMENTO PULMONAR ➢ Acometimento pulmonar, tanto do parênquima quanto da vasculatura, da pleura e do diafragma, podem ocorrer em 50%- 70% dos pacientes com LES; ➢ A dor pleurítica é uma manifestação frequente na LES (50%); ➢ O derrame pleural lúpico costuma ser de volume pequeno a moderado e bilateral, mas também pode ser unilateral; ➢ A pneumonite lúpica é incomum, pode cursar com febre, dispneia, hemoptise e Rx de tórax com infiltrado alveolar difuso, principalmente em bases. Ocorre em menos de 10% dos pacientes e está associado à presença do Anti-RO; ➢ O paciente com lúpus também pode desenvolver fibrose pulmonar; ➢ A hipertensão arterial pulmonar pode ocorrer na ausência da fibrose intersticial, geralmente associada à síndrome do anticorpo antifosfolipídio. Cerca de 10% dos pacientes com LES desenvolvem trombose venosa profunda, aumentando o risco de tromboembolismo pulmonar. ACOMETIMENTO PSIQUIÁTRICO ➢ Cerca de metade dos casos apresenta alguma disfunção cognitiva, geralmente leve; ➢ A demência lúpica seria a fase mais avançada do quadro, acometendo uma minoria dos casos; ➢ A psicose lúpica geralmente se manifesta no primeiro ano de doença como um quadro de delirium, com estado confusional, ilusões persecutórias, alucinações auditivas ou visuais e flutuação do nível de consciência; ➢ Pode ocorrer devido à própria doença ou devido ao tratamento com corticoides. Reumatologia ANA LANDIM - 2021 6 ACOMETIMENTO NEUROLÓGICO ➢ A manifestação mais frequente do LES é a cefaleia, que pode ser do tipo enxaqueca ou de tensão; ➢ As convulsões podem ser de qualquer tipo: grande mal, pequeno mal ou focais; ➢ O AVE isquêmico pode ser resultante de quatro processos distintos: trombose cerebral na SAAF. Embolia cerebral na endocardite de Libman-Sacks, vasculite cerebral ou embolia arterioarterial a partir dadoença aterosclerótica carotídea ou vertebral; ➢ O AVE hemorrágico também tem incidência aumentada. EXAMES COMPLEMENTARES ➢ Hemograma completo (os anticorpos anti-célula podem levar a alguma citopenia); ➢ Sumário de urina (para visualizar hematúria, cilidrúria e proteinúria); ➢ Proteinúria de 24h (para quantificar a proteinúria); ➢ Dosagem do complemento C3 e C4 (o lúpus ativa a cascata do complemento na atividade da doença, havendo seu consumo, ou seja hipocomplementemia). Útil no acompanhamento da doença, pois indica atividade da doença quando diminuídos; ➢ Creatinina e ureia (para avaliar função renal, principalmente nas classes III e IV); ➢ Provas de atividade inflamatória (VHS e PCR); ➢ Autoanticorpos específicos. FAN ➢ Exame realizado por imunofluorescência: o soro do paciente é colocado em uma lâmina, é adicionado nessa amostra um corante fluorescente marcado com os anticorpos que se busca identificar. Depois que os anticorpos são marcados, o sangue é misturado em um recipiente com uma cultura de células humanas (chamadas de Hep2). Se houver anticorpos contra estruturas das células humanas, estes irão se fixar às mesmas, tornando-as fluorescentes. ➢ Se o autoanticorpo for contra o núcleo das células, a imagem no microscópio será de vários núcleos fluorescentes. Se autoanticorpo for contra o citoplasma das células, vários citoplasmas ficarão brilhando, e assim por diante. Se não houver autoanticorpos, nenhuma parte das células ficará fluorescente, caracterizando um FAN não-reativo. ➢ Os resultados são repetidos após várias diluições do sangue, até a fluorescência desaparecer. ➢ Resultados positivos são aqueles que permanecem brilhando mesmo após 40 diluições (resultado 1:40). Portanto, um FAN reagente 1:40 significa que o autoanticorpo foi identificado mesmo após diluirmos o sangue 40 vezes. ➢ Existem mais de 20 padrões diferentes de Imunofluorescência. Cada um descreve o modo como as células humanas foram coradas pelos anticorpos fluorescentes. Alguns padrões são típicos de doenças, como lúpus, esclerodermia, artrite reumatoide e síndrome de Sjögren. Outros são inespecíficos e podem estar presentes em pessoas normais. • FAN de padrão nuclear homogêneo: cora o núcleo de forma homogênea; • FAN citoplasmático fino; • Citoplasmático pontilhado reticulado; Reumatologia ANA LANDIM - 2021 7 • Corar de forma homogênea é maior preditivo de doença autoimune; • Em quadro clínico que não sugere doença autoimune, o Fan pode ser considerado como inexpressivo quando: ▪ Padrão pontilhado fino com titulação < 1:320; ▪ Padrão pontilhado fino denso. ➢ FAN possui alta sensibilidade e pouco específico; ➢ Não está relacionado com atividade da doença: ➢ Esse exame positivo não significa que o paciente tem lúpus, pois até 15% da população apresenta FAN positivo sem ter doença autoimune e ¼ dos pacientes com Artrite Reumatoide possuem FAN positivo; ➢ Considera-se um valor significativo quando título ≥ 1:80; ➢ Quando o FAN for positivo,pedir outros autoanticorpos mais específicos. OUTROS AUTOANTICORPOS ➢ Anti-DNA dupla hélice: forte relação com nefrite lúpica e relacionado com atividade da doença; ➢ Anti-histonas: característico de lúpus induzido por drogas; ➢ Anti-SM: mais específico dos anticorpos, porém, com pouca sensibilidade; ➢ Anti-RO: está relacionado a maiores manifestações cutâneas, também está relacionado à síndrome de Sjögren e está relacionado com lúpus neonatal e bloqueio congênito em crianças nascidas de mães com esse autoanticorpo; ➢ P anti-ribossomal: relacionado com manifestações neuropsiquiátricas; ➢ Anticorpos antifosfolípides: forte relação com eventos trombóticos. DIAGNÓSTICO ➢ É necessário FAN positivo para fechar diagnóstico de lúpus. Se negativo, nem continua investigação para LES; ➢ Além de FAN positivo, tem que haver algumas manifestações clínicas e laboratoriais; ➢ Critérios para diagnóstico do lúpus: classificar como Lúpus Eritematoso Sistêmico com uma pontuação ≥ 10 se o critério de entrada for cumprido. LÚPUS INDUZIDO POR DROGAS ➢ O paciente desenvolve, principalmente manifestações cutâneas e articulares e, normalmente, costuma não apresentar manifestações renais e nem neurológicas: Lupus cutâneo-articular; ➢ Lúpus mais brando, mais leve; ➢ FAN positivo em altas titulações; ➢ Não são encontrados o anti-DNA dupla hélice e nem o anti-SM; ➢ Também não há consumo do complemento; ➢ Anti-histona positivo; Reumatologia ANA LANDIM - 2021 8 ➢ Principais medicamentos relacionados ao lúpus induzido por drogas: isoniazida, metildopa, hidralazina, sulfassalazina, procainamida, carbamazepina, fenitoína, clorpromazina e etossuximida; ➢ Regridem com a suspensão do medicamento. LÚPUS NEONATAL ➢ Ocorre devido a passagem de anticorpos produzidos pela mãe, que atravessam a barreira placentaria e passam para o feto, ocasionando manifestações associadas a esses anticorpos; ➢ Manifestações: rash, lesões cutâneas, citopenias, articulares e bloqueio cardíaco (manifestação mais temida); ➢ Bloqueio cardíaco: a criança pode desenvolver bloqueio dos feixes cardíacos e desenvolver quadros de arritmia, bradcardia e parada cardíaca intraútero; ➢ Mães Anti-RO positivo devem ser monitorizadas durante a gestação. Além disso, é mandatório a realização de ecocardiograma fetal para investigação de bloqueio cardíaco; ➢ Tratamento intraútero: caso seja dado o diagnóstico de bloqueio, pode-se optar pelo uso de um corticoide que atravesse a barreira placentária, como a dexametasona ou a betametasona. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ➢ Doenças infecciosas; ➢ Doenças neoplásicas; ➢ Outras doenças autoimunes. TRATAMENTO ➢ Objetivos: controlar os sintomas, prevenir/reduzir complicações e aumentar a sobrevida do paciente. NÃO MEDICAMENTOSO: ➢ Educação e apoio psicológico; ➢ Atividade física e dieta; ➢ Proteção: não deve se expor ao sol; ➢ Uso constante de protetor solar (FPS>30); ➢ Monitorização e controle da PA, glicemia e perfil lípidico; ➢ Evitar tabagismo: não deve fumar; ➢ Controle dos fatores de risco cardiovasculares. MEDICAMENTOSO: ➢ Individualizado; ➢ O tratamento deve ser orientado para comprometimento mais grave; ➢ Uso contínuo de antimaláricos; ➢ Suplementação de cálcio e vitamina D (pois o uso contínuo de corticosteroides aumenta o risco de osteoporose); ➢ Lúpus Leve: manifestações cutâneas e articulares; ➢ Lúpus moderada: manifestações hematológicas, cardíacas ou pulmonares; ➢ Lúpus grave: Manifestação renal e neurológica; Medicamentoso Não medicamentoso Reumatologia ANA LANDIM - 2021 9 ➢ Todas as formas serão tratadas com antimaláricos (hidroxicloroquina ou cloroquina): atuam diminuindo a atividade da doença, diminuindo o risco cardiovascular, o risco de ativação cutânea, articular e renal. São medicações seguras e eficazes a longo prazo; ➢ Além dos antimaláricos, podemos utilizar os glicocorticoides (a dose depende da gravidade da manifestação); ➢ Quando há risco de morte para o paciente, é necessário iniciar a pulsoterapia com glicocorticoides (metilprednisolona); ➢ Quando não é possível tratar o paciente só com antimaláricos e não se consegue baixar a dose do glicocorticoide, é necessário associar outros imunossupressores, que servirão de poupadores de corticoide. São drogas que agem em diferentes vias, diminuindo a ativação celular e, consequentemente, diminuem a resposta imunológica e o processo inflamatório: • Metotrexato; • Azatioprina; • Micofenolato de mofetil; • Belimumabe: medicação mais recente, é um antagonista de linfócitos B que vem sendo utilizada no lúpus refratário ao tratamento convencional; • Rituximabe: é um antagonista de linfócitos B que vem sendo utilizada no tratamento do lúpus grave. LÚPUS GRAVE ➢ É necessário agir de forma mais agressiva com o paciente; ➢ Uso dos glicocorticoides em doses imunossupressoras (1 a 2mg/kg de prednisona); ➢ Pulsoterapia, com metilprednisolona; ➢ Ciclofosfamida (agente usado na quimioterapia, usada a longo prazo nessa forma de lúpus): imunossupressor, que diminui a atividade inflamatória a nível renal e a nível de sistema nervoso; ➢ Plasmaférese: quando não consegue o controle da doença; ➢ Imunoglobulina; ➢ Rituximabe. SÍNDROME ANTIFOSFOLÍPIDE CONCEITOS FUNDAMENTAIS ➢ É a Trombofilia adquirida mais comum; SAAF Perdas fetais Tromboses recorrentes Anticorpos antifosfolípides Antimalárico Corticoide Azatioprina, MMF, MTX, belimumab e Ciclofosfamida, RTX Reumatologia ANA LANDIM - 2021 10 ➢ Uma das principais causas de trombose venosa profunda (TVP) e de AVC em pacientes jovens (antes dos 40 anos de idade); ➢ Representa 30% das causas de TVP e 46 % das causas de AVCi < 50 anos. CLASSIFICAÇÃO SAAF PRIMÁRIA ➢ Ocorre isoladamente; ➢ 5% de chance de LES em 10 anos. SAAF SECUNDÁRIA ➢ Mais comum que a primária; ➢ Associada de outra doença autoimune (mais comum: LES); ➢ Dos 30-40% dos pacientes que tem anticorpos para SAAF positivos, 52% deles desenvolveram LES. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➢ Trombose venosa; ➢ Trombocitopenia; ➢ Livedo reticular; ➢ AVE isquêmico; ➢ Tromboflebite superficial; ➢ Tromboembolismo pulmonar; ➢ Abortamento espontâneo; ➢ Ataque isquêmico transitório; ➢ A endocardite de Libman-Sacks pode se manifestar com embolia cerebral ou sistêmica ou com lesão valvar; ➢ Síndrome de Sneddon: AVEi + livedo reticular +anticorpos antifosfolipídios positivos. DIAGNÓSTICO A presença de 1 critério clínico e 1 critério laboratorial confirma o diagnóstico de SAAF. CRITÉRIOS CLÍNICOS: 1. Trombose vascular: um ou mais episódios de trombose vascular; 2. Morbidade gestacional: • Uma ou mais mortes inexplicadas de fetos morfologicamente normais (>10 semanas de gestação); • Um ou mais nascimentos prematuros de crianças morfologicamente normais (<34 semanas de gestação), devido a: ▪ Eclampsia ou pré-eclâmpsia grave; ▪ Insuficiência placentária; • Três ou mais abortamentos espontâneos consecutivos (<10 semanas de gestação). CRITÉRIOS LABORATORIAIS: 1. Anticoagulante Lúpico: presente no plasma em 2 ou mais ocasiões, com intervalos de 12 ou mais semanas, detectados conforme as diretrizes da Sociedade Internacional em Trombose e Hemostasia, Subcomitê em Inibidor Lúpico/Antifosfolípides; 2. Anticorpo anticardiolipina IgG e/ou IgM em títulos moderados ou altos (>40 GPL/MPL), em 2 ou mais ocasiões, com intervalos de 12 ou mais semanas e pesquisados por um ELISA padronizado; 3. Anti-b2-glicoproteína-1, IgG e/ou IgM, em 2 ou mais ocasiões, com intervalos de 12 ou mais semanas e pesquisados por um ELISA padronizado. TRATAMENTO ➢ O tratamento é feito durante toda a vida do paciente; Reumatologia ANA LANDIM - 2021 11 ➢ A anticoagulação não está indicada no tratamento profiláticode indivíduos assintomáticos soropositivos; ➢ Pelo potencial teratogênico da varfarina, somente a heparina não fracionada ou de baixo peso molecular (enoxaparina) tem sido utilizada no tratamento de gestantes nos EUA; ➢ O tratamento depende do tipo de SAAF e das manifestações. MEDIDAS GERAIS ➢ Controle da obesidade, da HAS, da diabetes melitos, da dislipidemia e do tabagismo; ➢ Não pode de forma alguma fazer uso de ACO ou reposição hormonal. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO ➢ Anticoagulação plena perene: • Varfarina • Heparina não fracionada • Heparina de baixo peso molecular ➢ AAS. SAAF GESTACIONAL: ➢ Anticorpos só são ativados durante a gestação; ➢ Na gestação: uso de heparina associada ao AAS; ➢ Fora da gestação: uso de AAS contínuo. PACIENTE COM EVENTOS TROMBÓTICOS (TVP): ➢ Realizar anticoagulação de forma plena; ➢ Na fase aguda: uso da heparina em dose plena; ➢ Após fase aguda: Uso de anticoagulantes orais (varfarina). PACIENTE COM SAAF E LÚPUS: ➢ Além da anticoagulação perene, deve ser feito o uso de antimaláricos para o tratamento do lúpus. CASOS CLÍNICOS ➢ Lúpica, 31 anos, G3P3A0, marcador para SAF positivo: • Hidroxicloroquina e AAS. ➢ Lúpica, 31 anos, G3P0A3, marcador para SAF positivo: • Durante a gestação: uso de hidroxicloroquina, AAS e heparina; • Fora da gestação: uso de hidroxicloroquina e AAS. ➢ Lúpica, 31 anos, gestante G1P0A0, TVP, marcador para SAF positivo: • Durante a gestação: uso de hidroxicloroquina, AAS e heparina em dose plena; • Fora da gestação: uso de hidroxicloroquina e varfarina. ➢ SAF primária, gestante, antecedente de TVP: • Durante a gestação: uso de AAS e heparina; • Fora da gestação: uso de varfarina.
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