Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
27 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE Unidade II 3 CUSTOS DA QUALIDADE Vamos abordar os custos que envolvem a qualidade e a não qualidade, fator primordial na estratégia das organizações. Carvalho e Paladini (2012) destacam que os custos da qualidade foram identificados e definidos, primeiramente, nos Estados Unidos. Uma das referências base aos custos da qualidade pode ser encontrada na obra de Joseph Juran, Quality‑control Handbook, publicada em 1951. Segundos os autores, embora a literatura sobre esse tema utilize a expressão custos da qualidade para designar os dispêndios financeiros com a qualidade, é questionável a utilização do termo custos, uma vez que este é tecnicamente definido como o sacrifício financeiro decorrente da obtenção de bens e serviços. Os autores destacam que nem sempre esses custos estão associados à obtenção de produtos e serviços, pois eles são, na verdade, considerados gastos com a qualidade, ou seja, gastos para obtê‑la ou em função de resultado negativo pela falta dela (perdas). Ainda, de acordo com Carvalho e Paladini (2012), na Europa, a expressão custos da qualidade já era utilizada entre o fim da década de 1950 e início dos anos 1960. A partir do trabalho de Juran, a American Society for Quality Control (ASCQ) formou um comitê para desenvolver os custos da qualidade de maneira mais formal. Observação Custos da qualidade é uma tradução da expressão em língua inglesa quality costs e assim permanece há muito tempo, pois seu desenvolvimento remonta a muitas décadas. Robles Junior (2003) diz que a qualidade, em primeiro lugar, exerce um forte impacto nos custos. Nesse caso, qualidade significa isenção de problemas que remetam a erros em escritório, defeitos de fábrica, falhas de campo etc. Maior qualidade significa menos erros, menos defeitos e menos falhas de campo. Dessa forma, podemos inferir que a má qualidade ocasiona: • aumento dos custos; • moral baixa; 28 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade II • baixo nível de satisfação do cliente; • aumento dos riscos; • retrabalho; • atrasos no cronograma. Nesse sentido, quando os clientes percebem um serviço ou bem como de baixa qualidade, eles geralmente se referem a falhas, defeitos, tempos de resposta deficientes etc. Ainda, de acordo com Robles (2008), os custos da qualidade podem ser controlados por departamentos, levados em consideração nas decisões de investimentos de capital ou avaliados em termos globais, sem a preocupação de se imputarem responsabilidades. Custando mais ou menos, a qualidade dos produtos e serviços requer investimentos para ser alcançada e mantida. Esses investimentos compõem os custos da qualidade, necessários para conservar o sistema da qualidade funcionando e evitar os custos da não qualidade. Vale a pena investir em qualidade? Costa Neto e Canuto (2010) relatam que se trata de uma pergunta que os empresários muitas vezes se fazem antes de decidirem implementar um programa de qualidade, conscientes de que isso lhes custará dinheiro. A questão, ressaltam os autores, é saber se a recompensa pela iniciativa será economicamente vantajosa, além dos demais benefícios que trará. Segundo Paladini (2009), os custos da qualidade são classificados de diferentes maneiras por autores diversos. Esses custos podem ser considerados sob o ponto de vista do processo, dividindo‑os como de conformidade e de não conformidade. Outro critério, mais adotado, segundo o autor, é a divisão em prevenção, análise e falhas. Nessa linha de pensamento, Costa Neto e Canuto (2010) destacam que a literatura existente aponta duas categorias e quatro tipos de custos de qualidade. Segundo os autores, os custos das falhas ou da não qualidade são aqueles que devem ser atacados e minimizados pelo investimento em qualidade por meio da prevenção e do estabelecimento de melhorias no processo. De acordo com Carvalho e Paladini (2012), os custos das falhas são os referentes à ocorrência de unidades ou componentes defeituosos, identificados na organização ou no campo. Logo, podem ser subdivididos em falhas internas ou externas, dependendo de o produto ser ou não expedido pela organização. 29 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE Vamos analisar esses dois tipos: Quadro 4 Custos das falhas internas Custos das falhas externas Resultantes das falhas que ocorrem dentro da empresa, portanto, durante o processo de fabricação ou de serviço. Decorrentes das falhas que acontecem fora do ambiente de produção, ou seja, envolvendo os produtos vendidos ou o serviço. Segundo Robles Junior (2008), a mensuração da qualidade através dos Custos da Qualidade é vista pelos administradores como a forma de se atender a vários objetivos ou questões. O autor relaciona 25 questões, das quais destacaremos oito a seguir: • avaliar os programas de qualidade por intermédio de quantificações físicas e monetárias; • possibilitar a fixação de objetivos para os programas de qualidade, priorizando, através do método de Pareto, aqueles que possibilitem trazer de forma imediata melhores resultados para a empresa; • conhecer, na realidade, o quanto a empresa está perdendo pela falta de qualidade. Essa informação, quando passada aos diferentes níveis da organização, ajuda na sensibilização e no compromisso de enfrentar o desafio da melhoria da qualidade; • compreender a distribuição dos custos pelas diferentes categorias de Custos da Qualidade, o que possibilita o direcionamento dos investimentos de acordo com os projetos de melhoria da qualidade; • tornar a Qualidade um dos objetivos estratégicos para a empresa. Para tanto, a alta administração, através do conhecimento efetivo das quantificações físicas e monetárias, realmente assume o compromisso com a qualidade; • melhorar a qualidade acarreta um acréscimo nos lucros, sem aumento nos preços, sem investimentos adicionais significativos em instalações ou equipamentos e recursos humanos; • aumentar a produtividade através da qualidade; • integrar, através dos relatórios de Custos da Qualidade, em uma única informação, vários outros relatórios de desempenho. Os valores monetários representariam um denominador comum às várias informações de indicadores de qualidade de forma a sensibilizar a alta administração da empresa. 3.1 Custos das falhas internas Os custos das falhas internas são diretos ou indiretos, ou seja, são decorrentes da falta de qualidade requerida e identificados antes de os produtos serem expedidos. 30 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade II Segundo Toledo et al. (2012), esses custos são aqueles associados às atividades decorrentes de falhas internas, como: falhas de projetos, compras, suprimentos, programação e controle da produção e na própria produção. As falhas internas são constatadas antes do despacho dos produtos aos clientes. Figura 13 – Motor automóvel Para um melhor entendimento, leia o caso a seguir, que expressa os custos de falhas internas no mercado de reposição. Qualidade em ação Custos de falhas internas – mercado de reposição Em uma empresa de autopeças, um lote de discos de freio, produzido em uma das operações de usinagem, apresentou falhas (defeitos estético‑visuais) no diâmetro externo do cubo, devido a um problema de variação de material proveniente do processo anterior de fundição. Essas falhas não causariam problemas funcionais no produto, uma vez que não afetariam a região de montagemdo freio no veículo nem nas pistas de frenagem, ou seja, o local de assentamento das pastilhas de freio. Entretanto, esse lote não poderia ser expedido para a montadora, devido à maior exigência de qualidade na montagem nos conjuntos finais. Assim, os discos com essas falhas foram direcionados para o mercado de reposição. Dessa forma, o preço de venda das peças desse lote para o mercado de reposição foi menor do que o preço normal de cada unidade, caso fosse direcionada para montadora. Como consequência, essa diferença no preço de venda foi considerada como custos de falha interna (CARVALHO; PALADINI, 2012, p. 306). Observação Quando ocorrem falhas internas, temos a questão do retrabalho, que é um dos grandes problemas para as empresas, pois além dos gastos com a correção, gera também a utilização dos demais recursos da companhia (equipamentos, mão de obra, instalações etc.). 31 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE A falta de adequação ao uso acarreta prejuízos para o cliente e para a organização e gera os custos da não qualidade. Assim, aumentar a adequação ao uso significa reduzir ou eliminar esses custos, o que implica maior eficiência dos recursos produtivos. 3.2 Custos das falhas externas Segundo Toledo et al. (2012), os custos das falhas externas são aqueles associados às atividades decorrentes de falhas externas. Como falhas externas são classificados os custos gerados por problemas ocorridos após a entrega do produto ao cliente, ou seja, os associados às devoluções, queixas e reclamações dos clientes, por exemplo, os recalls. Vale destacar que os custos de falhas externas são, geralmente, os de consequências mais graves, pois o fabricante ou fornecedor do produto pode ter grandes perdas devido à evasão dos clientes. Figura 14 – Venda de veículos Saiba mais Para verificar os recalls de veículos de 2017, tanto de motos quanto de carros, visite: CONFIRA todos os recalls de veículos anunciados em 2017. G1, São Paulo, 5 jan. 2017. Disponível em: <http://g1.globo.com/ carros/notic ia/2017/01/confira‑todos‑os‑recal ls‑de‑veiculos‑ anunciados‑em‑2017.html>. Acesso em: 3 mai. 2017. 32 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade II No quadro a seguir, é possível observar um resumo dos custos da não qualidade, tanto os denominados custos internos dos defeitos ou de falhas internas, como os custos externos dos defeitos ou de falhas externas. Quadro 5 – Custos da não qualidade Custos da não qualidade Custos internos dos defeitos ou de falhas internas Custos dos defeitos que são apanhados antes de produtos e serviços serem expedidos para o cliente: • matérias‑primas e produtos refugados (produtos que não podem mais ser processados); • produtos que precisam ser retrabalhados; • modificações nos processos produtivos; • perda de receita; • tempo de espera dos equipamentos parados enquanto se fazem correções; • pressa e tensão para entregar os produtos corrigidos ou consertados. Custos externos dos defeitos ou de falhas externas Custos dos defeitos que são apanhados depois que chegam ao cliente: • cumprimento das garantias oferecidas ao cliente; • perda de encomendas; • processamento de devoluções; • custos de processos nos organismos de defesa do consumidor; • comprometimento da imagem; • perda de clientes e de mercado. Lembrete Custos de falhas externas ocorrem como resultado da qualidade insatisfatória, que acomete o consumidor pela aquisição do produto. Exemplo de aplicação Faça uma lista dos problemas que você ou seus familiares já enfrentaram em relação à não qualidade dos produtos e/ou aos serviços adquiridos. Reflita a respeito de quais foram os custos envolvidos e as soluções encontradas. De acordo com Costa Neto e Canuto (2010), os custos da qualidade, também denominados custos do controle, referem‑se aos investimentos feitos para melhoria da qualidade. Eles são de dois tipos: 33 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE Quadro 6 Custos de avaliação Custos de prevenção Referentes às atividades necessárias para se conhecer os processos, identificar as possíveis causas de falhas e permitir o estabelecimento dos controles e demais providências necessárias. Resultantes das ações que visam à não ocorrência de defeitos e não conformidades no processo. Vamos analisar cada um deles. 3.2.1 Custos de avaliação Carvalho e Paladini (2012) enfatizam que os custos de avaliação são aqueles associados à verificação do nível de qualidade obtido pelo produto. Isso significa que os custos de avaliação são relativos às inspeções e aos ensaios requeridos para garantir que o produto esteja em conformidade com as especificações e os requisitos de desempenho, bem como, os requisitos do cliente. Ainda, segundo os autores, uma das variáveis que mais contribuem para os custos de avaliação são os gastos com pessoal de inspeção, ensaios e testes. Além disso, temos outros elementos que contribuem para tais despesas, sendo eles: área ocupada pelo controle da qualidade, auditoria (regular) de produto, calibração de instrumentos de medição e controle, coleta, análise e relato dos dados da qualidade, controles realizados em laboratório, entre outros. Por outro lado, Carvalho e Paladini (2012) acreditam que a mensuração dos custos da qualidade permite que a organização identifique não somente as perdas decorrentes dos problemas, mas também quantifique se os investimentos em prevenção têm tido o resultado esperado. 3.3 Custos de prevenção Carvalho e Paladini (2012) observam que os custos de prevenção são resultantes dos gastos associados às medidas tomadas para planejamento da qualidade, a fim de garantir que não ocorrerão problemas. Também podem ser enquadrados nessa categoria quaisquer dispêndios decorrentes de ações que objetivem prevenir ou reduzir o risco de não conformidade ou defeitos, ou seja, podem ser considerados investimentos requeridos para assegurar que não ocorram falhas nos processos. 34 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade II Ainda, segundo eles, esses custos podem ser subdivididos em: Custos de planejamento da qualidade Custos de controle do processo Figura 15 3.3.1 Custos de planejamento da qualidade Conforme destacam Carvalho e Paladini (2012), os custos de planejamento da qualidade ocorrem no momento em que se desenvolvem as especificações e quando elas estão sendo convertidas em parâmetros de fabricação, ou seja, na fase de desenvolvimento do produto e do processo. Os elementos que constituem esses gastos são, por exemplo: testes em laboratórios, dispositivos de testes, custos de protótipos etc. Figura 16 – Laboratório 3.3.2 Custos de controle do processo Conforme Carvalho e Paladini (2012), os custos de controle de processo são aqueles incorridos no projeto de qualquer atividade de inspeção, teste ou equipamentos de ensaio (excluindo‑se o custo do ativo fixo dos equipamentos de medição e controle, que são considerados nos processos contábeis de depreciação de máquinas e equipamentos). Ainda, destacam que, nesse tipo de despesa, também podem ser incluídos os custos com preparação de manuais e procedimentos da qualidade, que serão posteriormente utilizados no controle de processo ou como documentação para certificação do sistema da qualidade. 35 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE Seguem alguns exemplos que englobam os custos de prevenção: implantação de um sistema da qualidade, auditorias do sistema da qualidade, por exemplo, visando à certificação ISO 9001, manutenção preventiva das máquinas etc.). Observação Os custos de prevenção podem envolver, também, a avaliação de fornecedores e desenvolvimento de matérias‑primas. Vamos observar a seguir as duas categorias: custos de prevenção e custos de avaliação. Veremos também a importância dos custos da qualidade do processo de evitar a ocorrência de erros e defeitos e do processo de aferir a qualidade do sistema de produção de bens e serviços. Quadro 7 – Custos da qualidade Custos da qualidade Custos de prevenção Custos do processo de evitar a ocorrência de erros e defeitos: • planejamento do processo de controle da qualidade; • treinamento para a qualidade; • desenvolvimento de fornecedores; • desenvolvimento de produtos; • manutenção preventiva; • implantação e manutenção de outros componentes do sistema da qualidade. Custos de avaliação Custos do processo de aferir a qualidade do sistema de produção de bens e serviços: • mensuração e testes de matérias‑primas e todos os tipos de insumos do processo produtivo; • aquisição de equipamentos especiais para a avaliação de produtos; • realização de programa de controle estatístico de processo; • inspeção; • elaboração de relatórios. Lembrete Custos de prevenção são investimentos feitos para evitar que produtos não conformes ocorram e alcancem os consumidores. 4 ECONOMIA DA QUALIDADE Segundo Paladini (2009), dessa forma a análise dos custos de produção da qualidade e dos benefícios que ela gera sob forma de unidades monetárias costuma denominar‑se economia da qualidade. Desta forma, há duas maneiras de observar como a expressão é desenvolvida. 36 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade II O autor destaca que a primeira se refere à contribuição positiva da qualidade, e a segunda, aos ganhos decorrentes da redução dos custos oriundos dos esforços para otimizar o processo produtivo. Conforme visto, má qualidade gera custos; portanto, investir em qualidade é fundamental, mas implica na minimização de despesas. Nesse sentido, a economia da qualidade trata de situações que envolvem a ocorrência de defeitos, perdas, erros, falhas, paralisações, atrasos, horas extras para compensar esses problemas, quebras, demoras e paradas de processo, perda de eficiência, redução do rendimento, retrabalho, reprocessamento, reinspeção e materiais adicionais. Ainda, de acordo com Paladini (2009), historicamente, os programas que visam à excelência organizacional, têm utilizado a redução de custos com a não qualidade como ponto de partida. Isso ocorre por várias razões, com dificuldades e facilidades nesse processo. O autor cita alguns exemplos, vamos verificá‑los: Quadro 8 – Facilidades e dificuldades dos custos da qualidade Facilidade 1 Dificuldade associada A redução de custos devido à não qualidade não depende de fatores externos à organização, sendo, antes, uma atividade que depende, quase exclusivamente, de ações desenvolvidas no processo produtivo. Não se trata de uma ação desenvolvida exclusivamente pelo controle de qualidade, mas, ao contrário, depende de todos os integrantes do processo produtivo. Assim, um amplo (e nem sempre fácil) envolvimento de toda a mão de obra é requerido. Facilidade 2 Dificuldade associada Essas ações possuem objetivos específicos, concretos: devem reduzir erros, falhas, desperdícios, refugos etc. Se os resultados não aparecerem rapidamente, as ações podem gerar desmotivação. Facilidade 3 Dificuldade associada Programa de eliminação de defeitos constituem excelentes sensores para avaliar o nível de engajamento dos recursos humanos no esforço pela qualidade e para avaliar os resultados decorrentes da integração de ações e de áreas. Nem sempre é fácil avaliar esforços coletivos. Não se sabe ao certo, por exemplo, se falhas individuais contribuíram para insucessos ou se eles provêm de erros nos mecanismos de integração. Facilidade 4 Dificuldade associada A redução de custos é uma atividade de resultados bem visíveis. Corretamente estruturada, pode‑se mostrar, a cada passo, sua evolução, consistência e progressos conquistados em função dos benefícios financeiros obtidos. Pode‑se, assim, utilizá‑la como avaliação da gestão da qualidade no processo. Nem sempre é simples criar programas cuja estruturação ocorre passo a passo, com avaliações por etapas, pré‑requisito importante para garantir que o envolvimento das pessoas se amplie continuamente. Facilidade 5 Dificuldade associada Também devido à visibilidade e fácil percepção dos resultados obtidos, podem‑se utilizar programas de redução de custos da não qualidade como elemento de motivação à qualidade. De fato, os resultados alcançados evidenciam os progressos feitos, que, por sua vez, induzem as pessoas a investirem cada vez mais em suas atividades para a obtenção de resultados ainda melhores. É a mesma da facilidade 2: a mão que acaricia, também agride. Fonte: Paladini (2009, p. 137‑138). O conjunto de impactos positivos da qualidade sobre a economia da organização tem sido chamado de valor da qualidade e diz respeito a ganhos efetivos por acréscimo de faturamento ou receitas. Segundo Paladini (2009), trata‑se de ganhar e não deixar de perder. 37 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE Nesse contexto, segundo o autor, agregar valor da qualidade é uma atividade que envolve muitos custos, tanto no momento de produzir quanto no de manter e ampliar a qualidade. Paladini (2009) destaca os custos a seguir: Quadro 9 Custos para desenvolver os processos de avaliação da qualidade Determinação de padrões; análise de conformidade de peças com padrões; execução de inspeções, ensaios, provas e testes; planejamento e controle de processos, seleção e aplicação de planos de amostragem; detecção de defeitos básicos e defeitos decorrentes de desvios em relação aos padrões; classificação dos tipos e formas de atendimento aos requisitos da qualidade; desenvolvimento e manutenção da estrutura da avaliação (laboratórios e áreas de inspeção, por exemplo); formação de recursos humanos para ações de avaliação da qualidade. Custos para manter ações preventivas Elaboração de manuais, normas, diretrizes de ação; normalização de procedimentos; execução de experimentos para testar níveis de confiabilidade, coleta; organização e divulgação de informações técnicas; formação de grupos para análises de falhas, erros, desvios, defeitos etc.; programas de treinamento técnico de recursos humanos e conscientização da mão de obra; estruturação de programas de motivação adequados à realidade e à cultura locais; projeto e desenvolvimento de estudos para a avaliação da capacidade de processo e de outras variáveis que o caracterizam; avaliação técnica de fornecedores para certificação ou credenciamento de avaliação da consistência do processo produtivo; desenvolvimento de ensaios e testes preventivos de calibração de equipamentos de laboratórios; desenvolvimento de programas de manutenção especial de equipamentos, criação e funcionamento de programas internos de auditorias; programa de criação e incentivo à inovação tecnológica; projetos de experimentos em processos, métodos e produtos. Custos para o projeto e o desenvolvimento de programas de garantia da qualidade Estruturação de sistemas de informações para monitorar produtos em uso; coleta, organização e veiculação de dados técnicosdos produtos em uso; avaliação das reações dos consumidores; auditorias periódicas de produtos em campo; avaliação dos produtos concorrentes e/ou modelos similares; estudos de mercado (atual e tendências); avaliação do impacto de inovações tecnológicas no uso de produtos; redes on‑line de acompanhamento de vendas. Fonte: Paladini (2009, p. 140). Lembrete A má qualidade gera custos, sendo necessário investir em qualidade ou eliminar a falta de qualidade. Exemplo de aplicação Considerando o que você aprendeu, reflita e faça uma pesquisa sobre as questões que envolvem o controle de qualidade x custos com a prevenção. Tenha como parâmetro, por exemplo, os famosos recalls da indústria automobilística. Quais os custos envolvidos nesses procedimentos de recall? Quais medidas poderiam ser adotadas para evitá‑los? 38 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade II Saiba mais O controle de qualidade está relacionado à fabricação de mercadorias e serviços; devem ser consideradas as necessidades de funcionários, fornecedores, sociedade, clientes etc. Veja, também, os casos da Qualidade dos Medicamentos, Qualidade dos Alimentos e Recall em: CONTROLE de qualidade. Tipos de controle de qualidade. Brasília: Kerdna Produção Editorial, [s.d.]. Disponível em: <http://controle‑de‑qualidade. info/tipos‑de‑controle‑de‑qualidade.html>. Acesso em: 3 mai. 2017. Resumo Aprendemos os conceitos de custos da qualidade e da não qualidade, além dos mecanismos de verificação para gerenciar tais custos. Com o avanço da tecnologia na qualidade assegurada dos produtos, o conhecimento dos custos relacionados à qualidade é uma importante ação na tomada de decisão e no planejamento de ações preventivas. A análise dos custos da qualidade pode produzir a justificativa financeira necessária para o planejamento de ações relacionadas à qualidade, uma vez que tal procedimento não apenas melhora a qualidade, mas reduz os custos a ela relacionados. Vimos os impactos que os custos de falhas internas e externas podem acarretar à organização, bem como a necessidade de investimentos em avaliação e prevenção, com o objetivo de assegurar a confiabilidade e a conformidade dos produtos e serviços colocados à disposição dos consumidores. Salientamos o que dizem Carvalho e Paladini (2012) sobre a relação entre qualidade e custo, haja vista que ela é muito importante nos dias de hoje, particularmente, na busca de maior competitividade e eficiência das organizações. A análise dos custos da qualidade é um mecanismo gerencial poderoso que, segundo Carvalho e Paladini (2012), visa a fornecer: • a forma de determinação das áreas‑problemas e de prioridades de ação; 39 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE • a possibilidade de avaliação de alternativas de investimento em capital; • a justificativa e o direcionamento de investimentos em atividades de prevenção e melhoria da qualidade; • a parte de um sistema de medição de desempenho, a fim de melhor direcionar reduções em custos indiretos de qualidade; • a maneira de alcançar melhoria no retorno de investimento (por exemplo, em um projeto de melhoria) e aumento nas vendas no momento em que se reduzem custos. Exercícios Questão 1. (Enade 2009, adaptada) Uma empresa comercial vende o produto ômega pelo preço unitário de R$ 10,00. Nos últimos cinco anos, uma parcela de suas vendas efetuadas a prazo não foi recebida dos clientes, conforme exposto no quadro a seguir. Ano 1 2 3 4 5 Vendas (R$) 240 260 300 240 320 Parcela não recebida (R$) 12 14 16 10 16 Analisando os dados, com o objetivo de acrescentar o custo de inadimplência ao preço do produto, o gerente de vendas pode chegar a qual conclusão? A) Em 50% dos anos, o percentual de não recebimento foi menor do que 4,17%. B) No mínimo, 7% das vendas não são recebidas pela empresa. C) O percentual de recebimentos, em média, equivale a 95% das vendas. D) O preço unitário do produto deve ser ajustado, em média, para R$ 10,25. E) Para cada R$ 100,00 vendidos, a empresa deixou de receber R$ 46,00, no último ano. Resposta correta: alternativa C. Análise das alternativas Ano 1 Percentual de não pagamento = 12 240 . 100% = 5% 40 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 Unidade II Ano 2 Percentual de não pagamento = 14 260 . 100% = 5,38% Ano 3 Percentual de não pagamento = 16 300 . 100% = 5,33% Ano 4 Percentual de não pagamento = 10 240 . 100% = 4,17% Ano 5 Percentual de não pagamento = 16 320 . 100% = 5% Verifica‑se, portanto, que o percentual de inadimplência oscila em torno de 5% a cada ano. A) Alternativa incorreta. Justificativa: não houve casos em que o percentual de não recebimento foi menor do que 4,17%. B) Alternativa incorreta. Justificativa: o maior percentual de não recebimento foi de 5,38%. C) Alternativa correta. Justificativa: os cálculos efetuados mostraram que o percentual de inadimplência gira em torno de 5%. Logo, 95% dos valores são pagos pelos clientes. D) Alternativa incorreta. Justificativa: como o índice de inadimplência gira em torno de 5%, esse percentual deveria ser usado para calcular o aumento no preço do produto. Dessa forma, teríamos um aumento de R$ 0,50 (5% de R$ 10,00), o que elevaria o preço final a R$ 10,50. E) Alternativa incorreta. Justificativa: no último ano, o percentual de inadimplência foi de 5%, ou seja, para cada R$ 100,00 vendidos, a empresa deixou de receber R$ 5,00. 41 Re vi sã o: K le be r - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 05 /1 7 FUNDAMENTOS DA QUALIDADE Questão 2. (Enade 2009) A Gatos e Cães S.A. analisa o projeto de um novo tipo de ração para cachorros. O gerente financeiro responsável estimou o seguinte gráfico para o valor presente (VP) das saídas de caixa e o valor presente de entradas de caixa em função do custo de capital: 50.000 R$ 40.000 30.000 20.000 10.000 45.000 35.000 25.000 15.000 5.000 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% Custo capital VP saídas de caixa VP entrada de caixa Com base no gráfico, qual é a decisão que o gerente financeiro deverá tomar em relação ao projeto da nova ração? A) Abandonar o projeto, se o custo de capital for igual a 30%. B) Abandonar o projeto, se o custo de capital for menor que 10%. C) Investir no projeto, se o custo de capital for igual a 20%. D) Investir no projeto, se o custo de capital for maior ou igual a 40%. E) Investir no projeto, se o custo de capital for menor que 50%. Resolução desta questão na plataforma.
Compartilhar