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Farmacodinâmica

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2 0 2 1 . 1 J Ú L I A M O R A I S 1 4 3 ( 2 0 1 9 . 2 ) | 1 
 
FARMACOLOGIA I 
AULA 3 
Farmacodinâmica
Interação Fármaco-Receptor 
 INTRODUÇÃO 
• Farmacodinâmica: Estudo dos efeitos de uma 
droga através da compreensão do seu mecanismo 
de ação. 
• Na maioria dos casos o fármaco vai interagir com 
uma molécula receptora para produzir um efeito 
farmacológico. 
 
 HISTÓRIA 
Claude Bernard (1844) foi um fisiologista francês 
que possuiu um papel importantes na definição dos 
conceitos de homeostase e fisiologia metabólica. 
Também foi um dos maiores defensores da realização 
de experimentos em animais. Sua esposa criou uma das 
primeiras sociedades protetoras de animais. 
Ele estudou o curare, uma substância extraída de 
plantas e usada pelo índios americanos na ponta das 
flechas, com o intuito de paralisar as presas. Bernard 
isolou a substância e testou nos sapos, observando que 
os sapos iam perdendo a capacidade saltatória até 
paralisar e ir a óbito. 
Bernard realizou autopsia no sapo e identificou que 
com o estímulo elétrico o coração e os músculos 
esqueléticos respondiam. No entanto, as células 
neuronais não produziam resposta, a partir disso, ele 
concluiu que não havia relação entre o tecido muscular 
e o nervoso. 
Atualmente, sabemos que tal hipótese estava 
incorreta, pois sabemos que o curare e seus análogos 
são potentes bloqueadores neuromusculares 
utilizados até hoje. O importante do estudo de Bernard 
foi entender que uma substância atingia um local de 
ação modulando uma função fisiológica. 
Outro cientista que contribuiu com o estudo da 
farmacodinâmica foi John Langley (1905), um inglês 
que definiu o conceito de substância receptiva. Ele 
estudou dois tipos de substâncias, a pilocarpina 
(agonista colinérgico) e a atropina (antagonista 
colinérgico). Testando a pilocarpina em coelhos, notou 
que eles tinham bradicardia e aumento da peristalse, no 
entanto, quando usava a atropina, eles apresentavam o 
oposto. 
Com isso, Langley definiu a substância receptiva, 
a qual refere-se a uma substância receptora que media 
a ação da atropina e da pilocarpina, podendo formar um 
composto químico com componentes teciduais, 
modulando a função fisiológica. 
O médico alemão Paul Ehrlich, que ganhou o 
prêmio Nobel de Medicina em 1906, cunhou o primeiro 
antibiótico chamado salvarsan, para o tratamento da 
sífilis. Ele elaborou a teoria das cadeias laterais, que 
deu início ao entendimento da interação antígeno-
anticorpo. Além disso, ele introduziu o termo receptor, 
que seria qualquer molécula que o fármaco se liga para 
produzir uma resposta. 
Por último, Emil Fischer (1895) cunhou a teoria 
chave-fechadura, definindo que deve existir uma 
complementariedade entre enzima e substrato, sendo 
que ela promove uma mudança de conformação, 
responsável por dar características, as quais possibilitam 
a modulação da resposta. 
 
 CONCEITOS 
• Fármaco: Substância química que altera a 
intensidade ou extensão de um processo biológico. 
• Receptor: Qualquer macromolécula celular que se 
liga aos fármacos e medeia suas ações 
farmacológicas. 
→ Na maioria dos casos é uma proteína. 
→ Nem todo o fármaco precisa de um receptor 
para que tenha uma ação e seus efeitos. 
• Especificidade: Fármaco deve atuar seletivamente 
sobre determinadas células e tecidos. 
→ Quanto mais específica a relação fármaco-
receptor, maior é a chance de atingir o objetivo 
terapêutico (mais seguro), possuindo menos 
chance de efeito adverso. 
→ Fármacos antigos possuem menor 
especificidade. 
 
 FORÇA DE LIGAÇÃO FÁRMACO-RECEPTOR 
• Forças de Van der Waals; 
• Pontes de hidrogênio; 
• Ligações iônicas; 
• Ligações covalentes são irreversíveis, necessitando 
que sejam sintetizadas novas células alvo. 
 
 INTERAÇÃO FÁRMACO-RECEPTOR 
1. O fármaco é o ligante, um primeiro mensageiro que 
traz a mensagem para o organismo. 
2. O ligante interage com o receptor. 
AUMENTO DA 
FORÇA DE 
LIGAÇÃO 
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3. O receptor faz a transdução e amplifica a 
mensagem para atingir as células que compõem o 
tecido, gerando um efeito resultando em uma ação. 
 
 AÇÃO DOS FÁRMACOS 
• Os diferentes tipos de estímulos químicos interagem 
com as células, ligando-se de maneira reversível a 
alvos celulares (receptores) que, genericamente, 
estão divididos em quatro grandes famílias. 
• Na maioria das vezes são transmembranares, mas 
podem ser citoplasmáticos. 
• Os tipos de receptores e suas ações afetam o início 
da ação. 
• Receptores Canais Iônicos: Dentre os seus 
diferentes tipo, no caso da interação fármaco-
receptor, o mais relevante são os canais iônicos 
ligante dependentes. 
→ Hiperpolarização ou despolarização; 
→ Ação de início rápida. 
• Receptores acoplados à proteína G (GPCR): No 
lado interno da membrana há um complexo proteico 
chamando de proteína G, composto por três 
unidades. Uma vez ativado, ele inicia uma cascata de 
segundos, terceiros ou até mesmo quartos 
mensageiros, para causar o efeito. 
→ Síntese ou inibição do segundo mensageiro; 
→ Fosforilação de proteínas; 
→ Ação de início lenta. 
• Receptores associados à atividade enzimática: 
Possuem um domínio citoplasmático que vão sofrer 
um processo de fosforilação interna, que também 
leva a fosforilação de segundos mensageiros, 
gerando os efeitos. 
→ Fosforilação de proteínas; 
→ Transcrição gênica e síntese de proteínas. 
→ Ação de início muito lenta. 
• Receptores intracelulares: São receptores de 
hormônios. Após a interação ligante-receptor, eles 
migram para o núcleo da célula e ativam a 
transcrição, transdução e síntese proteica. 
→ Transcrição gênica e síntese de proteínas. 
→ Ação de início muito lenta.
REPECPTORES IONOTRÓPICOS 
• Receptores associados a canais iônicos. 
• Dependentes de ligantes, ou seja, precisa-se que a 
molécula do fármaco se ligue para ativar o canal e 
quando ele se desliga temos a inativação do canal. 
• Exemplo: Receptor nicotínico. 
→ Junção neuromuscular: Acetilcolina (Ach) se liga 
bilateralmente, causando uma mudança 
conformacional que permite a abertura do canal 
e a passagem de íons sódio (Na+). 
• Exemplo: Receptor GABAérgico. 
→ Os benzodiazepínicos (hipnóticos, sedativos, 
ansiolíticos), se ligam e abrem o canal 
GABAérgico. Com isso, temos a entrada de 
cloreto, causando a hiperpolarização neuronal 
central, útil no tratamento de transtornos 
associados a ansiedade. 
 
REPECPTORES METABOTRÓPICOS 
• Receptores acoplados à proteína G. 
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1. A proteína G possuir três subunidades (α, β e γ), 
sendo a principal a α associada a uma molécula de 
GDP. 
2. O fármaco se liga ao receptor, gerando uma 
mudança conformacional ativa a proteína G, 
transformando GDP em GTP. Com isso a subunidade 
α com GTP, está ativada e se dissocia das restantes. 
3. A subunidade α + GTP pode ativar uma proteína 
amplificadora e fosforilar canais iônicos, por 
exemplo. 
4. A subunidade β + γ pode ativar canais iônicos. 
• Exemplo: R. adrenérgicos, r. muscarínicos, r. 
opioides e r. dopaminérgicos. 
• Exemplo: Receptor β-adrenérgico. 
→ Ligação do fármaco ativa a proteína G 
estimuladora (Gs), a subunidade αs estimula uma 
enzima amplificadora, a andenilatociclase (AC), 
causando o aumento da síntese de AMPc 
(segundo mensageiro). O AMPc aumenta a 
síntese e ativação de PKA (terceiro mensageiro), 
prosseguindo a cascata de sinalização. 
• Exemplo: Receptor α2-adrenérgico, r.muscarínico e 
r. apióide. 
→ Ligação do fármaco ativa a proteína G inibitória 
(Gi), a subunidade αi inibe a AC e, 
consequentemente, diminui a síntese de AMPc, a 
ativação de PKA e a ativação da cascata de 
sinalização. 
• Exemplo: Receptor α1-adrenérgico. 
→ Ligação do fármaco ativa a proteína Gq, a 
subunidade αq estimula a fosfolipase-C subtipo β 
(PLCβ), causando o aumento de inositol-3-fosfato 
(IP3) e diacilglicerol (DAG). 
→ O IP3 age no retículo sarcoplasmático 
estimulando a liberação de cálcio. 
→ O DAG ativa a fosfoquinase C (PKC) ou a 
fosfolipase A2, favorecendo a síntese de 
prostaglandinas. 
→ Encontrado nos vasos sanguíneos, provocando 
constrição. 
 
 
 
 
 
 
 
RECEPTORES ENZIMÁTICOS 
• Receptores com atividade enzimática. 
• Possuem uma região de tirosina quinase que vai ser 
fosforilada. 
1. Inicialmente, encontra-se em monômero, quando 
ocorre a interação do fármaco ele forma um dímero. 
2. A porção tirosina quinase é fosforilada e se liga a 
fatores adaptativos, estimulando diferentes vias, 
como a da MAPK, gerando um efeito. 
• Exemplo: R. insulina, r. citosinas e r. fatores de 
crescimento. 
• Exemplo: Receptor de citosinas. 
→ Possui uma região de quinases de Janus (JACK-
STAT), os quais são fosforilados e agem em Stat, 
que vão se ligar ativando a cascata de sinalização. 
 
RECEPTORES DE HORMÔNIOS 
• Receptores que controlam a transcrição de DNA. 
• Exemplo: R. hormônios esteroidais, r. hormônios 
tireóideo, r. vitamina D e r. ácido retinóico. 
1. Os hormônios atravessam a membrana e interagem 
com o receptor localizado no citoplasma. 
2. O complexo hormônio-receptor se liga ao núcleo, 
onde ativam transcrição e tradução, produzindo uma 
proteína. 
EXCEÇÕES DE Gs e Gi 
Nem todos os casos de Gs causa o aumento da 
cascata de sinalização, assim como, nem todos os Gi 
inibem a cascata. A ação depende do tecido! 
Por exemplo, o receptor β2-adrenérgico no 
pulmão é Gs, mas ele provoca dilatação do vaso, 
pois a PKA inibe a entrada de cálcio, impedindo a 
interação actina miosina, causando a 
broncodilatação. 
As células apresentam diversos tipos de 
receptores sendo ligados ao mesmo tempo, 
prepondera a resposta do maior número de 
receptores que está sendo ativado. 
Por isso a especificada do fármaco é importante, 
pois vai caracterizar a via de resposta. 
 
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ENZIMAS COMO ALVOS PARA FÁRMACOS 
ENZIMA FÁRMACO USO CLÍNICO 
ECA Captopril, Enalapril Hipertensão 
COX AINES Inflamação 
DOPA descarboxilase Carbidopa Parkinson 
Dihidrofolate reductase Metotrexato Câncer 
DNA topoisomerase Irinotecan topotecan Câncer 
AND polimerase Citarbine Leucemia 
HMG-CoA reductase Lovastatina, Pravastatina Hipercolesterolemia 
β-Lactamase Ácido clavulânico Infecção 
HIV transcriptase reversa AZT (Zidovudina) AIDS 
HIV protease Indinavir, Rotinavir AIDS 
NA, K-ATPase Digoxina Insuficiência cardíaca 
H, K-ATPase Omeprazole, Pantoprazole Úlcera péptica 
PDE 3, 5 Milirinona, slidenafil IC, disfunção erétil 
Interações Farmacológicas 
 TEORIAS DE QUANTIFICAÇÃO 
• Clark (1933): Interação fármaco-receptor segue o 
princípio da Lei de Ação das Massas. Logo, a 
intensidade do efeito farmacológico é proporcional 
ao número de receptores ocupados. 
• Arien (1954): O fármaco precisa ter uma afinidade 
com o receptor para que haja interação química, 
quanto maior ela é, melhor ele se liga ao receptor e 
muda a sua conformando, provocando uma 
atividade intrínseca. 
→ Agonista: Tem atividade intrínseca (α > 0 e α ≤ 1) 
→ Antagonista: Não tem atividade intrínseca (α =0) 
• Stephenson (1956): Eficácia está relacionado ao 
número de receptores ocupados por determinado 
fármaco, quanto mais estiverem ativados, maior a 
eficácia, logo maior é a sua potência. 
 
CONCEITOS 
• Eficácia: Efeito máximo ou a habilidade de um 
fármaco, uma vez ligado ao receptor, modificar sua 
função. 
• Potência: Sensibilidade de um órgão ou tecido ao 
fármaco ou a habilidade de determinada dose 
provocar uma resposta biológica. 
→ Expressa como a quantidade de fármaco que 
desencadeia 50% da resposta máxima (CE50). 
→ Potência tem relação direta com afinidade e 
relação inversa com a dissociação. 
• Afinidade: Mede a força de ligação e é determinada 
pelos tipos e números de ligação. 
→ ↑ Afinidade = ↓ Dissociação. 
→ ↓ Afinidade = ↑ Dissociação. 
→ Inversamente proporcional ao Kd. 
 
GRÁFICO DOSE-RESPOSTA 
• No eixo das ordenadas temos o número de 
receptores ocupados 
[𝐿𝑅]
[𝑅0]
⁄ 
→ LR= Receptores ligantes; 
→ R0= Número de receptores vazios. 
• No eixo das abscissas temos a dose, concentração. 
→ LR = Receptores ligantes; 
• Kd é a constante de dissociação e está associada a 
concentração por ocupar metade dos receptores. 
→ ↓Kd = ↑ Potência = ↑ Afinidade. 
 
 
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• No gráfico, Kda possui maior potência, pois tem 
menor dissociação, logo possui maior afinidade pelo 
receptor. 
• No gráfico, Kda e Kdb apresentam eficácia máxima, 
pois ambos vão alcançar atividade total. 
• Com isso, na escolha do tratamento, ambos podem 
ser usados. No entanto, Kda precisará de uma dose 
menor para atingir a eficácia máxima, quando 
comparado ao Kdb. 
 
 
• Gráfico A: Fármaco X possui maior potência e 
ambos possuem maior eficácia. 
• Gráfico B: Fármaco X possui maior potência e 
eficácia do que o fármaco Y. 
 
CURVA DOSE-RESPOSTA 
• Um sinônimo matemático de Kd é a CE50, que 
significa a concentração eficaz em 50% dos 
receptores. 
 
 
 
 AGONISTA 
• Fármacos que interagem com os receptores e 
formam o complexo droga-receptor e ativam os 
receptores. 
• Exemplo: Adenosina é agonista de receptores A1 e 
A2. Sua interação com eles no sistema nervoso tem 
ação inibitória, diminuindo a entrada de cálcio e da 
liberação de neurotransmissores, levando ao sono. 
• Agonista pleno: Ativa todos os receptores. 
→ Eficácia máxima. 
• Agonista parcial: Ativa de forma parcial os 
receptores. 
→ Eficácia parcial. 
• Composto inativo ou antagonista: Tem afinidade, 
mas não provoca atividade intrínseca. 
• Agonista inverso: Se ligam a receptores com 
atividade basal, os quais já possuem atividade sem 
ligação do agonista. Com isso, não é efetivo utilizar 
um antagonista, por isso, faz-se o uso do agonista 
inverso, o qual se liga e cessa a atividade fisiológica. 
 
 ANTAGONISTA 
• Fármacos que interagem com os receptores formam 
o complexo droga-receptor, não ativam os 
receptores e inibem a ação do agonista. 
• Exemplo: Cafeína possui uma estrutura semelhante 
a da adenosina, também se ligando aos receptores 
A1 e A2. Resulta no bloqueio dos receptores, 
causando o efeito inverso e mantendo a vigília. 
 
ANTAGONISTA DOS RECEPTORES 
• Ligação ao sítio alvo: Antagonista possui uma 
estrutura semelhante ao agonista para competir pelo 
mesmo sítio alvo. 
→ Reversível: Antagonista competitivo. 
→ Irreversível: Antagonista não-competitivo. 
• Ligação alostérica: Não se liga no mesmo local no 
qual se liga o agonista, por isso, não é necessário ter 
a mesma estrutura do agonista. 
→ Reversível: Antagonista alostérico não 
competitivo. 
→ Irreversível: Antagonista alostérico não 
competitivo. 
 
ANTAGONISTA SEM RECEPTORES 
• Antagonista químico; 
• Antagonista fisiológico. 
 
ANTAGONISTA COMPETITIVO REVERSÍVEL 
• Antagonista competitivo reversível: Desloca a 
curva dose-resposta para a direita. Indicando 
alteração na potência do agonista, em virtude da 
presença do antagonista, ou seja, precisa de maior 
concentração do agonista para manutenção do 
efeito anterior a aplicação do antagonista. Não alteraa eficácia. 
→ Alteração da potência e não altera eficácia. 
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• Gráfico: Ao administrar o antagonista atropina, 
torna necessária uma dose maior do agonista Acetil-
colina para conseguir a eficácia máxima, deslocando 
a curva para a direita. 
 
ANTAGONISTA NÃO COMPETITIVO IRREVERSÍVEL 
• Antagonista não competitivo irreversível: 
Deslocamento da curva para direita indicando 
alteração na potência do agonista e redução do seu 
efeito, diminuindo a eficácia. 
→ ↓Eficácia e alteração da potência. 
→ Ligação covalente entre antagonista e receptor. 
 
• Gráfico: Fenoxibenzania é o antagonista irreversível 
dos receptores α-adrenérgico, provocando um 
bloqueio permanente através de ligação covalente. 
O agonista não consegue se ligar mais mesmo com 
o aumento da dose, devido à falta de receptores. 
• Exemplo: Ácido acetilsalicílico é um AINEs, um 
antiplaquetário importante. Ela se liga ao COX da 
plaqueta, células não nucleadas que não conseguem 
produzir mais COX. Com isso, é necessário que seja 
feita a síntese de novas plaquetas para manter a 
ativação plaquetária e os processos de coagulação. 
 
ANTAGONISTA NÃO COMPETITIVO REVERSÍVEL 
• Antagonista não competitivo reversível: Ocorre 
redução do efeito, portanto, também reduz a 
eficácia. O agonista continua se ligando ao receptor 
com a mesma afinidade, no entanto, o receptor não 
responde por haver bloqueio de sua função em um 
ponto diferente do sítio de ligação do agonista. 
→ ↓Efeito, ↓eficácia e não altera potência, pois não 
altera afinidade. 
→ Antagonista alostérico. 
 
• Gráfico: Eficácia do agonista é reduzida, devido a 
alteração conformacional do receptor causada pelo 
antagonista, que impede a ligação efetiva do 
agonista com o sítio-alvo, impedindo uma resposta 
máxima. 
 
ANTAGONISMO FUNCIONAL 
• São fisiologicamente antagônicos, não disputam o 
mesmo receptor, ambos são agonistas, porém 
possuem efeitos antagônicos. 
→ Exemplo: Acetilcolina causando bradicardia e 
adrenalina causando taquicardia. 
 
ANTAGONISMO QUÍMICO 
• Molécula química interage com outra molécula 
química. 
→ Exemplo: Heparina pode causar hemorragia 
(efeito adverso). Caso tenhamos uma 
superdosagem dessa droga podemos reverter 
com a protamina, pois ela se liga com a heparina 
e impede o seu efeito. 
 
 SINERGISMO 
• Sinergismo de feito ou de somação: Drogas 
diferentes que atuam em receptores diferentes e 
produzem o mesmo efeito. 
→ Temos potencialização dos efeitos. 
→ Exemplo: Através de estímulos colinérgicos, 
gastrina e histamina, temos a estimulação da 
bomba (H-K ATPase), ocorrendo a síntese da 
secreção ácida nas células parietais na mucosa 
gástrica. 
• Sinergismo de ação ou verdadeiro: Drogas 
diferentes que atuam no mesmo receptor e 
produzem o mesmo efeito. 
→ Aumenta a potência, diminuindo a dose 
necessária. 
→ Não altera a eficácia. 
→ Exemplo: Dois AINEs diferentes atuando em 
COX. 
• Sinergismo de potenciação: 
→ Exemplo: Clavulanato inibe a β-lactamase, 
impedindo a degradação da amoxicilina, 
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permanecendo uma maior quantidade da droga 
causando um efeito aumentado. 
 
 MODIFICAÇÃO DA AÇÃO DOS FÁRMACOS 
CAUSAS 
• Fatores dependentes dos pacientes: 
→ Variabilidade individual como, idade, peso e 
composição corpórea; 
→ Fatores genéticos e idiossincrasias; 
→ Estados patológicos ou fisiológicos especiais; 
→ Estado psicológico (efeito placebo). 
• Fatores dependentes do fármaco: 
→ Forma farmacêutica; 
→ Propriedades físico-químicas (solubilidade, 
estabilidade, sensível à luz). 
• Fatores dependentes das condições e tempo de 
armazenamento: 
→ Temperatura; 
→ Decomposição pela luz; 
→ Tempo de validade. 
• Fatores ligados às condições de uso: 
→ Tolerância; 
→ Taquifilaxia; 
→ Dependência física e psicológica. 
• Interações medicamentosas. 
 
VARIAÇÃO DA RESPOSTA 
• A heterogeneidade da população gera variação. 
• Variação Quantitativa: Depende da quantidade de 
fármaco no sítio de ação (receptores). A dose do 
fármaco se adequa a característica de um 
determinado indivíduo e afinidade dele pelo 
receptor. 
→ Efeito terapêutico; 
→ Perda de eficácia; 
→ Toxicidade. 
• Variação Qualitativa: Modificação na natureza da 
resposta. 
→ Parâmetros intrínsecos: Depende do sistema 
biológico. Estão relacionados a variabilidade 
individual, a indiossincrasias e efeito placebo. 
→ Parâmetros extrínsecos: Dependem do 
fármaco. Estão relacionados a condições de uso e 
interação medicamentosa. 
 
FATORES DEPENDENTES DOS PACIENTES 
1. Variabilidade individual: Indivíduos hiper-
responsivos ou hipo-responsivos. Leva em 
consideração a variação na taxa de absorção, 
metabolização e eliminação. 
 
 
2. Idade: Os fatores relacionados podem causar o 
aumento da meia-vida e, consequentemente, efeitos 
maiores e mais prolongados. 
→ Neonato: 
▪ Deficiência na metabolização ou eliminação; 
▪ Barreira hematoencefálica pouco 
desenvolvida; 
▪ Menor quantidade de proteínas plasmáticas. 
→ Idoso: 
▪ Redução da metabolização ou eliminação; 
▪ Redução da massa muscular e conteúdo de 
água; 
▪ Redução da albumina sérica. 
→ Exemplo: A gentamicina possui um tempo de 
meia-vida de 2 horas no adulto, já no neonato 
esse tempo aumenta para 10 horas e no idoso 
para 4 horas, aumentando a chance de gerar 
efeitos adversos. 
3. Idiossincrasias: Resposta não esperada vinculada a 
fatores genéticos. 
→ Exemplo: A succinilcolina é um agonista 
colinérgico, quando hidrolisada pela 
colinesterase normal, ela leva o tempo de meia-
vida de 3 a 5 minutos. No entanto, a 
colinesterasia atípica, devido ao polimorfismo 
genético, aumenta o tempo de meia-vida pela 
ineficiência enzimática, resultando em apneia e 
paralisia prolongada. 
4. Diferenças étnicas: 
→ Exemplo: A raça amarela mostra maior 
susceptibilidade ao álcool, pois indivíduos 
asiáticos tem diminuição da atividade da aldeído 
desidrogensa. No metabolismo do álcool temos 
a enzima álcool desidrogenase que o transforma 
em acetaldeído, substância mais tóxica que o 
álcool, a qual posteriormente deve sofrer ação da 
aldeído desidrogenase para virar acetato. Devido 
a diminuição dessa enzima, chineses e japoneses 
acumulam acetaldeído, tendo efeitos adversos 
como náuseas, rubor e palpitação. 
5. Diferenças de sexo: Relacionado a constituição 
corporal e hormônios. 
6. Peso e composição corpórea: Alterações de 
volume e distribuição. 
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→ Teor de gordura influencia o volume de 
distribuição (Vd) do fármaco e os depósitos de 
substâncias lipofílias. 
7. Estado nutricional: 
→ Estados hipoproteicos e de desnutrição afetam a 
distribuição do fármaco. 
→ Lactentes e idosos desnutridos podem ter 
metabolismo oxidativo. 
8. Estado patológico ou fisiológico: 
→ Insuficiência hepática, renal, choque, insuficiência 
cardíaca; 
→ Vômito e diarreia inviabilizam a via oral; 
→ Reação de hipersensibilidade (alergias prévias); 
→ Gestação. 
9. Estado psicológico (Efeito placebo): 
→ Uma pessoa altamente motivada para obter alívio 
com a medicação terá boa resposta a placebo, 
que é um substância farmacologicamente inerte; 
→ Crença do paciente no agente prescrito, melhora 
a doença e adesão ao tratamento. 
 
FATORES DEPENDENTES DOS FÁRMACOS 
1. Escolha da dose correta: Influência a lei de ação das 
massas. 
2. Formas farmacêuticas: Formas farmacêuticas 
oriundas de indústrias diferentes podem afetar a 
biodisponibilidade pelos variados graus de 
desintegração, dissolução e liberação do princípio. 
→ Exemplo: Digoxina usada na insuficiênciacardíaca possui 4 formulações de via oral, as 
quais a concentração plasmática varia. 
 
3. Estabilidade à temperatura; 
4. Estabilidade no pH do meio; 
5. Sensibilidade à luz; 
6. Prazo de validade. 
 
FATORES LIGADOS AO USO 
1. Tolerância: Fenômeno que se desenvolve pelo uso 
continuado da droga, sendo caracterizado pela 
necessidade do aumento da dose para obter o efeito 
terapêutico. 
→ Exemplo: Com a ação frequente de um agonista 
em um receptor β-adrenérgico, o corpo entende 
que presença de um equilíbrio e passa a 
endocitar o receptor, reduzindo a sinalização. 
2. Taquifilaxia: É a tolerância que desenvolve 
rapidamente. 
→ Exemplo: Nitratos orgânicos. 
3. Dependência: Modificação na sinalização em 
sinapses neuronais que compromete o processo 
estimulatório, causando alterações 
comportamentais ou de humor, que levam a busca 
incessante pela substância. Ocorre em regiões do 
cérebro comumente relacionadas a recompensa, 
identificação e interação com o meio 
→ Exemplo: Álcool, morfina, heroína etc. 
 
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 
• Interações quantitativas: A + B. 
→ Efeito aditivo: EAB = EA + EB (1 + 1 = 2) 
→ Sinergismo: EAB > EA + EB (1 + 1 > 2) 
→ Potencialização: EAB > EA + EB (0 + 1 = 2) 
• Interações qualitativas: A + B. 
→ Interações químicas; 
→ Interações farmacocinéticas; 
→ Interações farmacodinâmicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTERAÇÕES ÚTEIS 
• Naloxona nas intoxicação com morfina. 
• Flumazenil das overdoses de benzodiazepínicos 
(rivotril, valium, oprazolam). 
• Atropina nas intoxicações com 
anticolinesterásicos. 
INTERAÇÕES PERIGOSAS 
• Warfarin + aspirina. 
• Álcool etílico com benzoadiazepínicos causa 
sinergismo negativo, causando depressão central 
grave. 
• Tranilcipromina + tiramina. 
2 0 2 1 . 1 J Ú L I A M O R A I S 1 4 3 ( 2 0 1 9 . 2 ) | 9 
 
INTERAÇÕES FARMACOCINÉTICAS 
ALTERAÇÃO MECANISMO EXEMPLOS 
Absorção 
Formação de complexos insolúveis; 
Um dos agentes ↓ o fluxo sanguíneo e o outro ↓ 
esvaziamento gástrico. 
Leite + Tetraciclina 
Adrenalina + Lidocaína 
Atropina (morfina) +outro oral 
Distribuição Competição pela proteína plasmática. Warfarin + Fenilbutazona 
Metabolismo 
Indução das enzimas (barbitúricos). 
Inibição das enzimas (cimetidina). 
↑ metabolismo de outras drogas 
↓ metabolismo de outras drogas 
Eliminação 
Competição pela secreção 
Modificação do pH 
Pernicilina + probenicida 
Salicilato + bicarbonato

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