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1 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. CAPITAL HUMANO, GESTÃO DE PESSOAS E DO CONHECIMENTO OBJETIVOS • Apresentar as principais teorias da administração e teorias das relações humanas e relacioná-las com a gestão de pessoas que envolve o capital humano e o conhecimento; • Introduzir os conceitos essenciais para perceber a importância da gestão de pessoas em uma organização; • Analisar as teorias do capital humano; • Reconhecer a importância dos Recursos Humanos para excelência no atendimento e qualidade dos serviços; • Identificar a gestão de pessoas nas indústrias petrolíferas. EMENTA • As teorias e princípios da Administração e das Relações Humanas. • O Capital humano, suas teorias e correlações. • A Gestão de Pessoas: valorização e investimentos nas pessoas. • A Gestão do Conhecimento. 2 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2. TEORIAS E PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO E RELAÇÕES HUMANAS ...... 7 3. O CAPITAL HUMANO ............................... ........................................................... 28 4. A GESTÃO DE PESSOAS ............................ ....................................................... 36 5. A GESTÃO DO CONHECIMENTO ....................... ................................................ 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................ ................................................. 52 3 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 1. INTRODUÇÃO Bem-vindos a mais uma etapa do curso de MBA Executivo em Gestão de Pessoas e Recursos Humanos! Nosso foco e objetivo nesta etapa estarão voltados para a pessoa na organização, como descobrir e gerir o capital humano, sua importância para a organização e meios de promover um ambiente de trabalho onde prevaleça a qualidade de vida para o profissional, afinal, pessoas satisfeitas, motivadas são alicerces para que a empresa caminhe rumo ao sucesso do seu negócio. Segundo Bautzer (2006), na Era da Informação, o capital que passa a ter maior importância nas análises estratégicas é certamente aquele que circunda ativos intangíveis como o capital humano. Devido a essa gradativa importância, nota-se que se desenvolve dentro das organizações um total deslocamento dos ativos tangíveis e físicos para os ativos intangíveis e abstratos. Para Santiago Jr. (2007), o cenário organizacional, sem dúvida alguma, sofreu muitas alterações nos últimos anos. Estas mudanças fizeram com que as empresas, de um modo geral, precisassem adequar sua forma de atuação, no intuito de se manterem competitivas em seu mercado e flexíveis com as novas regras mercadológicas a serem seguidas. Apenas com o entendimento claro dessas novas exigências de mercado, uma organização poderá tomar ações corretas e eficientes para seu crescimento. Ponchirolli (2005) concorda bem com o pensamento de Santiago Jr e vai um pouco mais longe. Ele acredita que sendo a globalização um novo elemento ambiental, é necessário observar como as estratégias na área de Recursos Humanos estão gerando mudanças na estrutura organizacional. Mudanças principalmente em relação ao capital humano, sendo este o primeiro passo para o surgimento de uma nova cultura organizacional capaz de diminuir os conflitos, ressaltando a possibilidades de ganhos para ambos, ou seja, para o capital e para o trabalho. Sem o ganho para ambos, uma das partes sozinha não conseguirá viabilizar, a médio e longo prazo, o fortalecimento sustentado da empresa. Nesse caso, para viabilizar a opção de crescimento sustentado a médio e longo prazo, as medidas conservadoras e retrógradas, adotadas tanto pelos capitalistas como pelos trabalhadores, precisarão de novos arranjos e posturas empresariais, 4 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. interempresariais e interinstitucionais capazes de suplantar os obstáculos até então existentes. A Gestão do Conhecimento, como uma nova gestão, faz parte de um novo paradigma produtivo. Tomando ainda por base estudos de Carreteiro (2001), podemos pontuar algumas premissas que devem ser consideradas quando se trata de gestão do capital humano, principalmente quando a organização atinge dimensões de mercado global, como é o caso das indústrias petrolíferas, são elas: • desenvolvimento de um processo contínuo de seleção, admissão e formação de pessoas em conformidade com as diretrizes estratégicas de longo prazo da organização; • desenvolvimento de programas educacionais que contemplem a ampliação das competências essenciais com uma persistente disposição para melhoria das atitudes, comportamentos e habilidades, bem como uma crescente consolidação dos princípios e valores da organização; • análise contínua das tendências conceituais da formação dos recursos humanos por meio de maior interação com escolas técnicas, universidades e centros de pesquisa; • foco na atividade de treinamento e desenvolvimento como um instrumento de estratégia competitiva; • promoção de uma formação técnica, tecnológica, social e ética, que envolva o ambiente interno e se expanda para contribuir com as empresas do setor no contexto de compartilhamento e desenvolvimento do bem-estar das comunidades envolvidas direta e indiretamente com as atividades petrolíferas; • reconhecimento de que o conhecimento é um recurso que necessita ser gerenciado. Desde a década de 1970, o macroambiente em que as empresas de petróleo e gás operam tem sofrido profundas mudanças, caracterizadas pela rapidez e a complexidade, surgindo então a orientação de que só se sustentam no mercado aquelas empresas que desenvolvem e mantêm uma vantagem competitiva sobre as vantagens comparativas até aquela década predominantes e determinantes. No entendimento de Carreteiro (2001), a tese das vantagens comparativas repousa sobre a posse de recursos naturais, enquanto as competitivas dependem 5 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. de conhecimento, competência e atitudes humanas – o capital intelectual. As primeiras vinculam-se diretamente ao que se encontra na natureza, especialmente matérias-primas, terras e clima, e também o capital necessário para transformá-los. As segundas dependemdo capital humano, de sua inteligência e sensibilidade, e de suas decisões, esforços, atitudes, comportamentos e habilidades. Desse contexto surgem as premissas sobre as quais se deve apoiar uma intervenção estratégica na formação de recursos humanos, considerando o novo ambiente aberto e competitivo. Nele se deve dar prioridade – muito antes de aos processos, às máquinas, aos equipamentos, às plataformas, aos dutos, navios e refinarias –, a uma quantidade de recursos e uma estrutura organizacional constituída por pessoas que encapsulam e se constituem na questão-chave da moderna organização. Isso quer dizer que são as pessoas que fazem a diferença. Fundamentando-se nesta consideração sobre essa questão-chave, a seleção, a admissão e a formação dos recursos humanos representam uma prioridade inadiável e insubstituível por qualquer outra prática administrativa. Enfim, no cenário de oportunidades da indústria do petróleo e do gás, diante das barreiras à entrada, só pode participar quem tem as competências necessárias e disponíveis. Cabe, portanto, às organizações promover e consolidar essas competências, o que exige esforço estratégico de preparação de seus empregados (CARRETEIRO, 2001). É preciso que fique bem claro que a gestão de pessoas é essencial para o sucesso de uma empresa, pois é a partir dela que as organizações podem identificar e desenvolver seus talentos, diferenciando-se no mercado competitivo. Esse é o nosso mote, o nosso objetivo e que faça parte do norte de vocês: perceber nas pessoas as suas potencialidades e possibilidades, gerir o capital humano e intelectual da sua organização lembrando que o conhecimento está na confluência entre tecnologia de informação e administração, enfim, sejam gestores abertos, criativos e perceptivos. Bons estudos a todos e ressaltamos que as pesquisas desenvolvidas nesta área de pessoas e conhecimento é muito vasta, portanto, optamos por uma compilação de autores mais recentes não esquecendo aqueles que são 6 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. considerados os “experts”, e, disponibilizamos várias referências ao final da apostila que ajudarão a sanar possíveis lacunas. 7 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 2. TEORIAS E PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO E RELAÇÕES HUMANAS Historicamente, foi na Europa, a partir do século XVII, onde começaram a aparecer teorias econômicas voltadas para os problemas empresariais, mas, naquela época somente com bases empíricas, ou seja, apenas baseadas em experiências, nada comprovado cientificamente. Já no século XVIII, os economistas liberais conseguiram aceitação e apoio às suas ideias que prescreviam ser a vida econômica afastada da influência do Estado, uma vez que o trabalho sugeria princípios econômicos, bem como a mão-de-obra (FARIA, 1994, p.8). Adam Smith (1723-1790), criador da Escola Clássica de Economia, enfatizava o princípio da especialização e a necessidade de racionalizar a produção através de referências feitas em seu livro “A Riqueza das Nações” (1776). Para ele, era clara a função do planejamento e da organização no que se refere à Administração. Pode-se dizer que preconizou o estudo dos tempos e movimentos, desenvolvidos mais tarde por Taylor. Em 1835, Samuel P. Newman em seu livro “Elementos de Economia Política” afirmava que o administrador deveria ser uma combinação de várias qualidades dificilmente encontradas em uma única pessoa, assinalando o planejamento, arranjo e condução de diferentes processos de produção como funções da Administração, e com isto, o liberalismo estabeleceria a livre concorrência, a qual criou conflitos intensos, especialmente na área social, devido à economia capitalista que se baseava no individualismo (FARIA, 1994). Na segunda metade do século XIX, o liberalismo econômico começou a perder influências à medida que o capitalismo cresceu. O socialismo e o sindicalismo começaram a ser os novos focos de influência, encaminhando o capitalismo para o aperfeiçoamento de todos os setores de produção da remuneração justa, iniciando a implantação de métodos e processos de racionalização do trabalho. Portanto, resultando de todas essas colaborações, a Administração passa a ser enfocada sob uma série de aspectos, cada um deles gerando uma teoria, analisadas em tópicos adiante. O que vem a ser administrar? 8 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. De acordo com Kwasnicka (1990, p.17), administrar é um processo integrativo da atividade organizacional que permeia nossa vida diária. Essa necessidade de administrar surge do confronto entre as variáveis que compõem uma atividade formalmente estruturada, como recursos materiais e humanos, tecnologia, restrições ambientais, entre outros. Administrar não se restringe apenas às indústrias, lojas ou escolas. Até mesmo num núcleo familiar há o requerimento de certo grau de administração, porém, quanto maior o nível de complexidade de uma atividade definida pelo grupo formal, maior a necessidade de se aprofundar nos conhecimentos da ciência administrativa. Para Faria (1994, p.XVIII), “é a condução racional das atividades de uma organização, cuidando do planejamento, da organização, da direção e do controle dessas atividades, com vista a alcançar os objetivos estabelecidos”. É fácil concluir que sem administração seria impossível a existência das organizações. Até o início do século XX, os princípios que norteavam a Administração eram muito rígidos, tendo no proprietário da empresa o dono absoluto da verdade e as decisões vinham sempre de cima para baixo. O objetivo primordial era produzir sempre mais com mais eficiência e que o lucro fosse igualmente maior. Com o final do século XX e proximidades do século XXI, viemos observando uma modificação dos conceitos e o estabelecimento de novas premissas. Constatamos que hoje há maior flexibilidade e todos trabalham em torno de um objetivo comum, com tendências modernas, tendo como bases as seguintes filosofias: • todos os membros da organização participam da sua administração, uma vez que estão relacionados com pelo menos uma atividade; • a autoridade e responsabilidade são divididas, sendo o poder conquistado na base da competência, da realização e da interação, e não imposto; • as pessoas são valorizadas, sem discriminação, uma vez que a organização tem necessidade de pessoal técnico e administrativo; • não existem regras administrativas que possam ser aplicadas automaticamente a todos os problemas. Assim como as situações mudam, os 9 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. princípios da administraçãoprecisam mudar também para enfrentar as novas condições (KWASNICKA, 1990, p.19). Para o mesmo autor, uma organização é parte integrante de um sistema maior e depende do intercâmbio mantido com esse sistema, ou seja, ela não é autossuficiente para se manter. Para Chiavenato (1997, p.6), a administração não é uma ciência exata, ela trata entre outras coisas, do comportamento humano, portanto não pode se basear em leis rígidas e inflexíveis. Deve se basear em princípios flexíveis, e estes vem a ser as condições ou normas dentro das quais o processo administrativo deve ser aplicado e desenvolvido. Partindo dessa conceituação, os princípios gerais da Administração seriam: • Dinâmicos – vivem em constante mutação pela influência do ambiente. • Gerais – princípios da administração não são estabelecidos rigorosamente como os das ciências físicas, porque dependem do comportamento humano. • Relativos – princípios administrativos não podem ser tomados como regras absolutas em todas as situações. • Inexatos – princípios administrativos são relacionados com o caos e procuram dar ordem a ele, regulando o comportamento dos envolvidos. • Universais – os princípios podem ser utilizados em qualquer tipo de organização. Partindo da premissa acima, e baseando nossa vida em um tempo onde impera um ambiente de competição e de constantes mudanças, a administração tornou-se uma das mais importantes áreas da atividade humana, tendo por tarefa básica, fazer as coisas por intermédio de pessoas (CHIAVENATO, 1997, p.7). Globalizando a situação, Drucker (1970), citado por Chiavenato (1997, p.8), afirma que não existem países desenvolvidos e países subdesenvolvidos, mas sim países que sabem administrar a tecnologia existente e seus recursos disponíveis e potenciais e países que ainda não o sabem. Em outros termos, existem países administrados e países subadministrados. Seja qual for a posição de um administrador dentro da organização ou o tamanho da empresa, a função que este exerce é praticamente a mesma, não existe uma distinção. O administrador que tenha sob sua direção subordinados, só 10 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. conseguirá alcançar os objetivos e metas propostas pela empresa com a cooperação de todos, pois todos fazem parte de um organismo e devem trabalhar juntos para o sucesso da empresa. Portanto, segundo Chiavenato (1997, p.8), “todos os que obtêm resultados por meio do desempenho dos subordinados subscrevem basicamente as mesmas funções como administrador”. Breve abordagem das Teorias Administrativas Para discutir sobre as Teorias das Relações Humanas, é preciso apriori falar um pouco sobre as diversas teorias administrativas, as quais vêm evoluindo, desde 5000 anos atrás, de acordo com as necessidades das organizações. Somente a partir da revolução industrial, que mudou completamente a configuração mundial, provocando a substituição das oficinas artesanais pelas fábricas e transferindo o centro de negócios da agricultura para a indústria, que houve o desenvolvimento da Administração como ciência. Apenas em 1903 que Taylor escreveu o primeiro livro de administração. Escola Clássica O modelo de gestão que a Escola Clássica introduziu foi o de sistema fechado, em que o homem era concebido como máquina, puramente racional e calculista. Naquela época, procurando maximizar a produção, Taylor (1911) desenvolveu um critério que separava os operários por especialização e selecionava o que fosse adequado para uma única e específica tarefa. O operário não poderia pensar ou sugerir qualquer mudança, apenas executá-la, dando origem à Administração Científica. Segundo ele, eram fundamentais para a Administração o conceito de especialização e a eliminação de elementos estranhos, estabelecendo, portanto, a seleção do operário, a padronização dos métodos de produção, a remuneração adequada e a análise das tarefas, e sua ordenação em passos simplificados (CHIAVENATO, 2000, p.59). Na sequência, Fayol, nascido na Turquia, engenheiro de minas aos 19 anos e trabalhando em uma empresa metalúrgica e carbonífera, passou de simples empregado a gerente das minas e gerente geral, assumindo-a em situação difícil, 11 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. porém entregando-a a seu sucessor numa situação invejável de estabilidade, igualmente preocupado com a eficiência das empresas, analisava os pontos difíceis, removia os obstáculos e catalogava tudo. Através de sua organização, deu origem à Teoria Clássica, chamada de doutrina fayolismo. A Escola Clássica tinha uma visão muito curta acerca do homem, a Administração Científica estava convicta de que o salário constituía a fonte de motivação para o trabalhador e o operário trabalhava unicamente por recompensas financeiras. Quem trabalhava mais, consequentemente ganhava mais, surgindo assim a figura do homo economicus. Entre as ideias de Fayol, segundo Faria (1994, p. 31) e Ferreira et al (2002, p.18) pode-se destacar: A organização deve ser tratada como um todo, isto é, globalmente; Deve-se enfocar a universalidade dos princípios, a ser aplicados às funções administrativas, em todas as formas de trabalho; Não existe nada rígido ou absoluto quando se trata de problemas de administração; é tudo uma questão de proporção; Organizar significa constituir uma dupla estrutura, material e humana, no empreendimento. Para Fayol, toda empresa deveria ser dividida em seis grupos de funções: técnicas, comerciais, financeiras, de segurança, contábeis e administrativas. E administrar consistia em: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Segundo Faria (1994, p.34), os princípios gerais da Teoria Clássica foram assim classificados: Divisão do trabalho � especialização das tarefas e das pessoas visando aumentar a eficiência; 12 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Autoridade e Responsabilidade � direito de dar ordens e esperar obediência; a responsabilidade é uma consequência da autoridade; devem ser equilibradas entre si; Disciplina � obediência, comportamento e respeito às normas estabelecidas; Unidade de Comando � o empregado deve receber ordens de um único superior, princípio da autoridade única; Unidade de Direção � um cabeça e um plano para cada grupo de atividades que tenham o mesmo objetivo; Subordinação dos interesses individuais aos interes ses gerais � os interesses gerais devem sobrepor-se aos interesses particulares; Remuneração do pessoal � justa e capaz de satisfazer às necessidades dos empregados e atender à empresa em termos de retribuição; Centralização � concentração da autoridade no topo da empresa; Cadeia escalar � linha de autoridade do escalão mais alto ao mais baixo; princípio do comando; Ordem � um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar; ordem material e humana; Equidade � amabilidade e justiça para obter a lealdade do pessoal;Estabilidade e duração do pessoal � quanto mais tempo um empregado permanecer no cargo, tanto melhor; a rotatividade é um fator negativo; Iniciativa � capacidade de visualizar um plano de assegurar o seu sucesso; Espírito de Equipe � harmonia e união entre os empregados. Teoria Neoclássica Todas as teorias administrativas assentaram-se na Teoria Clássica, seja como ponto de partida, seja como crítica para tentar uma posição diferente, mas a ela relacionada intimamente. A abordagem neoclássica nada mais é do que a redenção da Teoria Clássica devidamente atualizada e redimensionada aos problemas administrativos atuais e ao tamanho das organizações de hoje. Em outros termos, a Teoria Neoclássica é exatamente a Teoria Clássica colocada no figurino das empresas de hoje, dentro de um ecletismo que aproveita a contribuição de todas as demais teorias administrativas (CHIAVENATO, 2000, p.122). 13 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Também chamada de Escola Operacional, Escola do Processo Administrativo ou ainda Abordagem Universalista da Administração tem como característica forte a ênfase nos aspectos práticos da Administração, pelo pragmatismo e pela busca de resultados concretos e palpáveis, muito embora não se tenha descuidado dos conceitos teóricos da Administração. Ela é quase como uma reação à enorme influência da ciência do comportamento no campo da Administração que ocorreu em detrimento dos aspectos econômicos e concretos que envolvem as organizações. Os princípios da Administração que os clássicos utilizam como “leis” científicas são retomados pelos neoclássicos como critérios mais ou menos elásticos para a busca de soluções administrativas práticas e os administradores são essenciais a qualquer empresa dinâmica e bem-sucedida, devendo planejar, dirigir e controlar as operações do negócio. A Teoria Neoclássica coloca ainda grande ênfase nos objetivos e nos resultados, pois para ela as organizações existem para alcançar objetivos e produzir resultados, e é em função dos objetivos e resultados que a organização deve ser dimensionada, estruturada e orientada. Embora considere os meios na busca da eficiência, enfatiza fortemente os fins e resultados nessa busca (CHIAVENATO, 2000, p.122). Teoria Estruturalista Quando na década de 1950, a Teoria das Relações Humanas (tentativa de introdução das ciências do comportamento na teoria administrativa através de uma filosofia humanística a respeito da participação do homem na organização) entrou em declínio, pois de um lado combateu a Teoria Clássica, por outro não proporcionou as bases adequadas de uma nova teoria que a pudesse substituir, essa oposição entre Teoria Clássica e Teoria das Relações Humanas criou um impasse dentro da administração dando origem à Teoria Estruturalista que representa um desdobramento da Teoria da Burocracia e uma leve aproximação com a Teoria das Relações Humanas. Representa também uma visão bastante crítica da organização formal. 14 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Além dessa oposição citada acima, surgiu a necessidade de visualizar a organização como unidade social, uma unidade grande e complexa, onde interagem grupos sociais que compartilham alguns dos objetivos da organização (como a viabilidade econômica da organização), mas que pode incompatibilizar com outros (como a maneira de distribuir lucros da organização). Nesse sentido, o diálogo maior da Teoria Estruturalista foi com a Teoria das Relações Humanas. Influenciou e repercutiu na Filosofia, na Psicologia, na Antropologia, na Matemática, na Linguística, chegando até na Teoria das Organizações (CHIAVENATO, 2000, p.123). Baseada no movimento estruturalista é fortemente influenciada pela sociologia organizacional. A “Estrutura” é o conjunto de elementos relativamente estáveis que se relacionam no tempo e no espaço para formar uma totalidade. O estruturalismo ampliou o estudo das interações entre os grupos sociais iniciado pela Teoria das Relações Humanas para os das interações entre as organizações sociais. Da mesma forma como interagem entre si os grupos sociais, também interagem entre si as organizações. Foca o homem como “homem organizacional”, ou seja, que desempenha diferentes papéis na organização. Os estruturalistas utilizam uma análise organizacional mais ampla do que a de qualquer teoria anterior, pois pretendem conciliar a Teoria Clássica e a Teoria das Relações Humanas, baseando-se também na Teoria da Burocracia. Assim, a análise das organizações do ponto de vista estruturalista é feita a partir de uma abordagem múltipla que leva em conta simultaneamente os fundamentos da Teoria Clássica, da Teoria das Relações Humanas e da Teoria da Burocracia. Trata-se de uma abordagem múltipla utilizada pela Teoria Estruturalista que envolve: Tanto a organização formal como a organização informal; Tanto as recompensas salariais e materiais como as recompensas sociais e simbólicas; Todos os diferentes níveis hierárquicos de uma organização; Todos os diferentes tipos de organizações; A análise intra-organizacional e análise inter-organizacional (CHIAVENATO, 2000, p.124). Teoria Comportamental A abordagem comportamental marca a mais forte ênfase das ciências do comportamento na teoria administrativa e a busca de soluções democráticas e 15 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. flexíveis para aos problemas organizacionais. Esta abordagem originou-se das ciências comportamentais e, mais especificamente, da psicologia organizacional (CHIAVENATO, 2000, p.124). É com a abordagem comportamental que a preocupação com a estrutura se desloca para a preocupação com os processos e com a dinâmica organizacional, isto é, com o comportamento organizacional. Aqui ainda predomina a ênfase nas pessoas, inaugurada com a Teoria das Relações Humanas, mas dentro de um contexto organizacional. A Teoria Comportamental (ou Teoria Behaviorista) da Administração veio significar uma nova direção e um novo enfoque dentro da teoria administrativa: a abordagem das ciências do comportamento, o abandono das posições normativas e prescritivas das teorias anteriores e a adoção de posições explicativas e descritivas. A ênfase permanece nas pessoas, mas dentro de um contexto organizacional. Teve origem com o movimento behaviorista que surgiu como evolução de uma dissidência da Escola das Relações Humanas, que recusava a concepção de que a satisfação do trabalhador gerava de forma intrínseca a eficiência do trabalho. A percepção de que nem sempre os funcionários seguem comportamentos exclusivamente racionais ou essencialmente baseados em sua satisfação exigia a elaboração de uma nova teoria administrativa. A Teoria Comportamental defendia a valorização do trabalhador em qualquer empreendimento baseado na cooperação, buscando um novo padrão de teoria e pesquisa administrativas. Foi bastante influenciada pelo desenvolvimentode estudos comportamentais em vários campos da ciência, como a antropologia, a psicologia e a sociologia. Adotando e adaptando para a administração conceitos originalmente elaborados dentro dessas ciências, propunha-se fornecer uma visão mais ampla do que motiva as pessoas para agirem ou se comportarem do modo que o fazem, particularizando as situações específicas do indivíduo no trabalho. Para explicar o comportamento organizacional, a Teoria Comportamental se fundamenta no comportamento individual das pessoas. Para poder explicar como as pessoas se comportam, torna-se necessário o estudo da motivação humana. Os autores behavioristas verificaram que o administrador precisa conhecer as necessidades humanas para melhor compreender o comportamento humano e 16 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. utilizar a motivação humana como poderoso meio para melhorar a qualidade de vida dentro das organizações (KWASNICKA, 1990, p.36). Teoria Sistêmica Surgiu a partir dos trabalhos de Ludwig Von Bertalanfy, biólogo alemão, que a partir dos estudos com organismos, publicados entre 1950 e 1968, tendo por finalidade a identificação das propriedades, princípios e leis características dos sistemas em geral, independentemente do tipo de cada um, da natureza de seus elementos componentes e das relações entre eles. Em suma, procura entender como os sistemas funcionam. Partindo dessa premissa, pode-se conceituar sistema como sendo: Um todo organizado ou complexo; um conjunto ou combinação de coisas ou partes, formando um todo complexo ou unitário; Um complexo de elementos em interação da natureza ordenada e não fortuita; Um conjunto de objetos ou entidades que inter-relacionam mutuamente para formar um todo único; Um conjunto de elementos, dinamicamente relacionados, formando uma atividade para atingir um objetivo, operando sobre dados/energia/matéria para fornecer informação/energia/matéria (CHIAVENATO, 2003, p.15). Segundo Stoner (1999, p.33), “a abordagem sistêmica vê a organização como um sistema unificado e propositado, composto de partes inter-relacionadas”. Isso permite que as pessoas enxerguem a empresa como um todo e parte do ambiente externo. Ainda de acordo com o mesmo autor (1999, p.33), “a teoria dos sistemas nos diz que a atividade de qualquer segmento de uma organização afeta em graus variados a atividade de todos os outros segmentos”. É dentro dessa abordagem de sistemas que estão inseridos muitas linguagens de administração. Entre elas estão os sistemas, subsistemas, sinergia, sistema aberto, sistema fechado, fronteira de sistema, fluxos, feedback. Ela dinamiza e inter-relaciona a organização e a tarefa de administrar. 17 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Teoria Contingencial Esta abordagem foi criada por vários administradores e consultores que procuram colocar em prática as teorias das escolas de administração. Descobriram que determinado método funciona bem em um ambiente e que o mesmo método não funciona bem em outro ambiente e concluíram que não existe um modelo padrão de abordagens que funcione bem em todos os ambientes. Portanto, segundo Stoner (1999, p.35), “é a técnica de administração que melhor contribui para o alcance dos objetivos organizacionais e pode variar em situações ou circunstâncias diferentes”. Verifica-se então que a abordagem contingencial é mais abrangente que a sistêmica, pois focaliza os pormenores das relações entre as partes. Segundo Wahrlich (1986, p. 10), na segunda metade da década de 70, o enfoque contingencial ou situacional chegou à América Latina. Enfoque este que representa, segundo ela, em última análise, a constatação de que continua não existindo uma teoria administrativa aplicável a todos os casos e a todas as circunstâncias. Cada um dos enfoques ou combinação de enfoques se presta melhor à análise de certa e determinada situação do que outros enfoques ou combinação de enfoques. Então, Contingência vem a ser algo incerto, algo que pode ou não ocorrer. Para Chiavenato (2003, p.161), a abordagem contingencial salienta que não se atinge a eficácia organizacional seguindo um único e exclusivo modelo organizacional, ou seja, não existe uma forma única que seja a melhor para organizar no sentido de se alcançar objetivos altamente variados das organizações dentro de um ambiente de trabalho também variado. Fazendo uma breve análise, os autores neoclássicos procuraram aumentar o grau de abrangência da Escola Clássica, acrescendo aspectos das teorias comportamentais, mantendo as premissas básicas da Teoria Clássica. A abordagem contingencial fez a mesma coisa em relação à teoria dos sistemas. Incorporou os pressupostos da teoria de sistemas sobre a interdependência e a natureza orgânica da organização, bem como o caráter aberto e adaptativo das organizações e a necessidade de preservar a flexibilidade em face das mudanças e procurou meios para unir a teoria com a prática, em um enfoque de sistemas. (SCOTT & MICHELL citados por CARAVANTES, 1998, p.224). 18 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. No quadro abaixo, temos uma síntese das diversas teorias administrativas, suas ênfases e seus principais enfoques. ÊNFASE TEORIAS ADMINISTRATIVAS PRINCIPAIS ENFOQUES Nas tarefas Administração Científica Racionalização do trabalho no nível operacional Na estrutura Teoria Clássica Teoria Neoclássica Organização Formal; Princípios gerais da Administração; Funções do Administrador. Teoria da Burocracia Organização Formal Burocrática; Racionalidade Organizacional. Teoria Estruturalista Múltipla abordagem: Organização formal e informal; Análise intraorganizacional e análise interorganizacional. Nas pessoas Teoria das Relações Humanas Organização informal; Motivação, liderança, comunicações e dinâmica de grupo. Teoria do Comportamento Organizacional Estilos de Administração; Teoria das decisões; Integração dos objetivos organizacionais e individuais. Teoria do Desenvolvimento Organizacional Mudança organizacional planejada; Abordagem de sistema aberto. No ambiente Teoria Estruturalista Teoria Neoestruturalista Análise intraorganizacional e análise ambiental; Abordagem de sistema aberto. Teoria da Contingência Análise ambiental (imperativo ambiental); Abordagem de sistema aberto. Na tecnologia Teoria da Contingência Administração da tecnologia (imperativo tecnológico). Fonte: Cardoso (2006, p.40) adaptado. 19 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. AS TEORIAS DAS RELAÇÕES HUMANAS – ABORDAGEM HUMANÍS TICA A competitividadee lucratividade das empresas são decididas tanto mais pelas pessoas que nela trabalham do que pelas tecnologias empregadas ou capacidades de produção, assim sendo, torna-se importante para a gestão de recursos humanos, estudar as diversas teorias e empregar os meios para conseguir que todos os seus funcionários se mantenham motivados durante a execução do seu trabalho. As relações humanas representam, portanto, Uma atitude, um estado de espírito que deve prevalecer no estabelecimento e/ou na manutenção dos contatos entre pessoas. Essa atitude deve basear- se no reconhecimento de que os seres humanos são possuidores de personalidade própria que merece ser respeitada. Isso implica numa compreensão sadia de que toda pessoa tem necessidades materiais, sociais ou psicológicas, que procura satisfazer-se e que motiva o seu comportamento em determinado sentido. Assim como as pessoas são diferentes entre si, também a composição e estrutura das necessidades variam de indivíduo para indivíduo (BALCÃO & CORDEIRO, 1979, p.84). A abordagem humanística surgiu nos Estados Unidos, por volta de 1930, junto com a Teoria das Relações Humanas, decorrente do desenvolvimento das ciências sociais, principalmente a Psicologia que ocupava seus estudos com dois assuntos básicos, ambos abordados pela Psicologia do trabalho, segundo Faria (1994, p.45): 1) A análise do trabalho e a adaptação do trabalhador ao trabalho; 2) A adaptação do trabalho ao trabalhador. Assim, num processo irreversível, o homo economicus da Teoria Clássica foi substituído pelo homem social (surgido na Teoria das Relações Humanas com Elton Mayo e seus seguidores, que gerou o movimento chamado de A Escola das Relações Humanas) ocupando seu espaço na vida das organizações, que do ponto de vista da empresa, desloca seu procedimento mecanicista e passa a ver as coisas pelo lado social tentando motivar as pessoas (SCHEIN, 1982 apud OLIVEIRA, 2002, p.15). Alguns fatos foram marcantes, tais como: A necessidade de se humanizar e democratizar a Administração; 20 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. O desenvolvimento das chamadas ciências humanas, em especial a Psicologia e a Sociologia; As idéias da filosofia de John Dewey e da Psicologia Dinâmica de Kurt Lewin; As conclusões da experiência de Hawthorne (FARIA, 1994, p.46). Na realidade, a Teoria das Relações Humanas foi basicamente um movimento de reação e oposição à Teoria Clássica. Nos Estados Unidos, um país democrático à época, tinha trabalhadores e sindicatos que viam a Administração Científica como um meio de exploração dos empregados e a favor dos patrões, assim, a nova teoria veio com tendências a corrigir a desumanização do trabalho. Elton Mayo, considerado o pai das relações humanas, conduziu uma pesquisa em 1923, em uma indústria têxtil, procurando solucionar problemas de produção e rotatividade de pessoal. Introduziu período de descanso, determinado pelos próprios operários e contratou uma enfermeira, conseguindo mostrar a influência da motivação humana nos resultados, no trabalho de equipe e na organização informal dentro das instituições, dando assim início ao processo de valorização das pessoas dentro das organizações, uma vez que surgiu um espírito de equipe, a produção aumentou e a rotatividade de pessoal diminuiu. A motivação das pessoas tem uma relação direta na excelência da qualidade dos produtos e serviços das organizações. As várias correntes acerca do comportamento do homem organizacional demonstram uma particular estratégia de comportamento individual e grupal, é o norteador da maneira de agir da organização que defronta com os indivíduos que com ela colaboram e interagem (SCHEIN, 1982 apud OLIVEIRA, 2002, p.15). Os enfoques dados à relação homem-empresa por Argyris (1969), Maslow (1970), McGregor (1973), citados por Oliveira (2002, p.16), oferecem uma outra maneira de encarar o homem, denominada “homem autorrealizador”. Neste modelo, parte-se da premissa de que os motivos obedecem a uma hierarquia – pirâmide de Maslow – que vai desde às necessidades que garantam a sobrevivência às necessidades de autorrealização. Para Schein, (1982) apud Oliveira (2002, p.16), o modelo do homem “autorrealizador” implica em estratégias diferentes das demais por parte das organizações. Neste caso, o homem quer tornar o trabalho mais desafiante e significativo de modo a gerar orgulho e autoestima para quem os realiza. A 21 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. recompensa é intrínseca e visa a realização adequada do seu trabalho e há, também, uma interação entre o desejo de autorrealização individual e a necessidade da organização em sua busca de eficiência. Seguindo esta linha de pensamento, Herzberg, Mausner & Snyderman (1959) citados por Oliveira (2002, p.16), afirmam que são os fatores do próprio trabalho que funcionam como fatores motivadores e não os fatores externos a ele. É o atingir da meta que leva o indivíduo a novos desafios, ou seja, para eles, os principais fatores motivadores são os de realização pessoal, o reconhecimento pelo trabalho, o trabalho em si mesmo, a responsabilidade, o avanço e o progresso profissional e individual. A gestão de pessoas baseia-se, portanto, no fato de que o desempenho de uma organização depende fortemente da contribuição das pessoas que a compõem e a forma como as pessoas estão organizadas, são estimuladas e capacitadas, e como são mantidos um ambiente de trabalho e um clima organizacional adequados. E ainda como estão estruturados e organizados os membros da força de trabalho, de modo a habilitá-los a exercer maior poder e liberdade de decisão, levando à maior flexibilidade e à reação mais rápida aos requisitos mutáveis do mercado (OLIVEIRA, 2002, p.16). Segundo Rutta e Bucelli (2001) apud Oliveira (2002, p.16), abordagens para criar flexibilidade, autonomia e iniciativa na organização de trabalho e na estrutura de cargos podem ser estabelecidas através da redução de níveis hierárquicos, otimização de unidades organizacionais e arranjo físico adequado para as pessoas, em que as oportunidades para a criatividade, inovação e compartilhamento de conhecimentos e habilidades podem ser criadas através do uso de equipes de trabalho e equipes de solução de problemas, temporais ou permanentes, departamentais ou multidepartamentais, autogerenciadas ou não. Toda a empresa, num processo estruturado, deve estar comprometida com a qualidade para que os melhores resultados sejam alcançados. Não há qualidade sem o envolvimento de todos na organização, é uma mobilização coletiva. Para que haja esse comprometimento com a qualidade, é necessária uma mudança cultural significativa, exigindo alguns rompimentos com a tradição, inclusive nos sistemas de 22 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. reconhecimento e recompensa. Muitos obstáculos para obtenção da qualidade vão surgindo e é a motivação quevai eliminando estes obstáculos. As várias teorias das relações humanas dão embasamento e direcionamento ao administrador para compreender e identificar quais os fatores que motivam as pessoas nas organizações, norteando a ação dos gerentes para o alcance da tão desejada qualidade de produtos e serviços. A Teoria das hierarquias das necessidades de Maslow Sua teoria pressupõe que as pessoas estão em um estado motivacional permanente, mas a natureza da motivação pode ser diferente de grupo para grupo ou de pessoa para pessoa, em determinadas situações. Vai além, quando afirma que as pessoas não atingirão nunca um estado de total satisfação, a não ser por certo período de tempo. Assim, quando um desejo é satisfeito, surge outro em seu lugar e sendo este atingido, outro o substitui. Mas ele considera e defende uma hierarquia para a satisfação dessas necessidades como motivadores humanos, conforme pode-se observar na fala de Chiavenato: Maslow concebeu essa hierarquia pelo fato de o homem ser uma criatura que expande suas necessidades no decorrer de sua vida. À medida que o homem satisfaz suas necessidades básicas, outras mais elevadas tomam o predomínio do seu comportamento (CHIAVENATO, 2003, p.92). De acordo com a pirâmide de Maslow, ilustrada abaixo, temos na sua base, as necessidades primárias ou básicas: fisiológicas (ar, comida, repouso, abrigo, entre outras); de segurança (proteção contra o perigo ou privação). Seguindo em direção ao topo, as necessidades secundárias: sociais (amizade, inclusão em grupos, entre outras); de autoestima (reputação, reconhecimento, autorrespeito, amor, entre outras) e as necessidades de autorrealização (realização do potencial, utilização plena dos talentos individuais, entre outras). 23 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Sua hierarquia é caracterizada por certos pontos básicos: 1. As necessidades superiores têm um desenvolvimento gradativo posterior; 2. Quanto mais elevada for a necessidade, menor a influência ou pressão na sobrevivência do indivíduo; 3. A vida ao nível das necessidades superiores significa maior rendimento biológico, menos doenças, melhor sono, etc.; 4. As necessidades superiores são menos urgentes se consideradas subjetivamente; 5. A busca e satisfação de necessidades superiores representam uma tendência altamente positiva; 6. As necessidades superiores exigem melhores condições externas (econômicas, educativas, etc.) para torná-las possíveis (KWASNICKA, 1990, p.57). Teoria dos dois fatores de Herzberg Os estudos de Herzberg sobre motivação vieram complementar o estudo de Maslow, sendo que para ele, apesar de a motivação humana ser caracterizada por necessidades básicas, ela é orientada diretamente para a realização de determinados objetivos ou incentivos desejáveis, positivos, ou ainda, para evitar consequências indesejáveis, negativas. Herzberg dirigiu sua atenção para as necessidades relacionadas com a realização do trabalho, alicerçando sua teoria no ambiente externo. Ainda em sua Teoria, segundo Kwasnicka (1990, p.58) e Chiavenato (2003, p.152), a satisfação das necessidades primárias, da base da hierarquia de Maslow não motiva. Para ele existem dois fatores: 24 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. � Fatores satisfacientes ou motivacionais , relacionados com as satisfações do topo da hierarquia de Maslow, quer seja a realização, o reconhecimento, a responsabilidade, o crescimento e o trabalho em si. Os meios práticos de proporcionar ou incentivar tais fatores incluem: • Delegação de responsabilidade; • Liberdade de exercer discrição; • Promoção e oportunidades; • Uso pleno das habilidades pessoais; • Estabelecimento de objetivos e avaliação relacionada com eles; • Simplificação do cargo (pelo próprio ocupante); • Ampliação ou enriquecimento do cargo (horizontal ou verticalmente). � Fatores insatisfacientes ou higiênicos , relacionados com as necessidades básicas de Maslow, que tendem atuar em uma direção negativa, ou seja, situando-se em um nível abaixo do “adequado”, em termos de expectativa dos empregados, podendo causar insatisfação. Melhorando esses fatores ou as condições, pode-se remover a insatisfação, com efeitos benéficos. Eles incluem: • Condições de trabalho e conforto; • Políticas da organização e administração; • Relações com o supervisor; • Competência técnica do supervisor; • Salários; • Segurança no cargo; • Relações com o colega. Teorias X e Y de McGregor McGregor, um behaviorista, comparou dois estilos de administração opostos e os nomeou de Teoria X (baseada em convicções errôneas sobre o comportamento humano) e Teoria Y (a nova concepção de administração que se baseia em princípios atuais sem preconceitos a respeito da natureza humana). Como exemplos do comportamento humano segundo a Teoria X, baseando em McGregor citado por Kwasnicka (1990, p.60) têm-se: O homem é preguiçoso por natureza. Quer trabalhar o mínimo possível e ainda assim receber seu salário. Não gosta de assumir responsabilidades, prefere ser comandado e sentir-se seguro nessa dependência. O homem é egocêntrico e seus objetivos pessoais são contrários ao da empresa. 25 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Resiste às mudanças, pois essas podem vir a prejudicá-lo. O homem precisa ser controlado e dirigido pela empresa, pois sua dependência o torna incapaz de autocontrole e autodisciplina. Com essa análise sobre o comportamento humano, a Teoria X nos mostra que seu estilo de administração é rígido e autocrático e coloca os funcionários trabalhando dentro de um esquema predeterminado, visando apenas os interesses econômicos da empresa. A Teoria X é baseada na administração, pela qual as pessoas devem ser comandadas e controladas em suas ações, sem isso, os funcionários resistiriam às necessidades da empresa. Como o salário motiva os trabalhadores, ele é usado como recompensa ou como punição. Para McGregor, todo administrador que impuser arbitrariamente um esquema de trabalho e passar a controlar o comportamento de seus subordinados, estará implantando a Teoria X. Já na Teoria Y, na qual encontramos a nova concepção de administração, baseada em princípios atuais, sem preconceitos a respeito da natureza humana, podemos citar os seguintes exemplos, também baseados em Kwasnicka (1990, p.61): O homem não tem desprazer em trabalhar, e muitas vezes, trabalhar, se torna uma fonte de satisfação para ele; As pessoas não são passivas e resistentes às necessidades da empresa; As pessoas têm capacidade de assumir responsabilidades. O controle e a ameaça de punição não são as únicas formas de obter dedicação delas; Fugir da responsabilidade e a falta de ambição podem ser conseqüências de experiências insatisfatórias pelas quais o funcionário possa ter passado em outra empresa; A capacidade de alto grau de imaginação e de criatividade nasolução de problemas empresarial é distribuída entre as pessoas. Com uma visão totalmente oposta a da Teoria X sobre o comportamento humano, a Teoria Y nos mostra o quanto ela segue um estilo administrativo dinâmico, participativo e extremamente democrático baseado em valores humanos, criando oportunidades para que seus funcionários tenham um melhor desempenho na vida profissional. A Teoria Y se baseia em alguns aspectos como motivar o potencial de seus empregados, dirigir o comportamento para os objetivos da empresa e deixá-los 26 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. assumir cargos de maior responsabilidade. Esses fatores estão presentes em cada pessoa e precisam ser despertados. É tarefa primordial da administração, criar condições organizacionais e métodos de operação para que os empregados atinjam melhor seus objetivos pessoais, dirigindo seus esforços em direção aos objetivos da empresa. A teoria da Motivação pelo Êxito e/ou pelo Medo de McClelland David McClelland, através da Teoria da Motivação pelo Êxito e/ou Medo, destaca três motivos (necessidades de realização, de afiliação e de poder) que orientam a dinâmica do comportamento humano e que segundo Caravantes (1998, p. 121), divide as pessoas em dois grupos: uma minoria de pessoas que são desafiadas pelas oportunidades e estão dispostas a trabalhar com tenacidade para alcançar algo; e, a maioria, que não se sente desafiada para alcançar resultados. Resumidamente, os meios de satisfação das necessidades são: realização – competir como forma de autoavaliação; afiliação – relacionar-se cordial e afetuosamente; poder – exercer influência sobre o outro (CARAVANTES, 1998, P. 121). Sua teoria sustenta que diferentes indivíduos têm diferentes níveis de cada motivo, mas nunca a inexistência de qualquer deles, em especial o da realização (motivação pelo êxito), aprendido inicialmente na infância. Esses motivos têm relação íntima com a resolução de problemas. Sendo assim, quando o indivíduo obtém sucesso, utilizando-se de determinado meio (motivo), tenderá a repeti-lo para a solução de outros problemas, o que caracterizará o estilo da pessoa. A teoria de McClelland equivale aos níveis mais elevados da hierarquia de Maslow e se aproxima dos fatores motivacionais de Herzberg e, a exemplo deles, também não teve seus pressupostos comprovados cientificamente. McClelland obteve, no entanto, reconhecimento à medida que suas ideias foram utilizadas largamente para a definição de Clima Organizacional (Escala para Avaliação do Clima Organizacional), como sendo um fator que aumenta a eficácia da entidade, na proporção em que contribui para o alinhamento dos interesses individuais aos da organização (CHIAVENATO, 2003, p.76). 27 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Conhecidas, mesmo que superficialmente, a evolução e as diversas teorias propostas para a administração de empresas e de pessoal, estamos aptos a prosseguir a leitura e conhecermos um pouco mais do Capital Humano, o bem mais precioso das organizações na atualidade. 28 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 3. O CAPITAL HUMANO Segundo Kaplan (1997, p. 133 apud Silva Neto et al, 2006, p. 120), uma das mudanças mais radicais no pensamento gerencial nos últimos 15 anos foi a transformação do papel dos funcionários. Na realidade, nada exemplifica melhor a passagem revolucionária do pensamento da era industrial para o pensamento da era da informação do que “a nova filosofia gerencial de como os funcionários contribuem para a empresa”. A origem dos estudos do Capital Humano está ligada ao surgimento da disciplina Economia da Educação, nos Estados Unidos, em meados dos anos 50. Theodore W. Schultz, professor do departamento de economia da Universidade de Chigago à época, é considerado o principal formulador dessa disciplina e da ideia de capital humano. Esta disciplina específica surgiu da preocupação em explicar os ganhos de produtividade gerados pelo “fator humano” na produção. A conclusão de tais esforços redundou na concepção de que o trabalho humano, quando qualificado por meio da educação, era um dos mais importantes meios para a ampliação da produtividade econômica e, portanto, das taxas de lucro do capital. Aplicada ao campo educacional, a ideia de capital humano gerou toda uma concepção tecnicista sobre o ensino e sobre a organização da educação, o que acabou por mistificar seus reais objetivos. Sob a predominância dessa visão tecnicista, passou-se a disseminar a ideia de que a educação é o pressuposto do desenvolvimento econômico, bem como do desenvolvimento do indivíduo que, ao se educar, estaria “valorizando” a si próprio, na mesma lógica em que se valoriza o capital. O capital humano, portanto, deslocou para o âmbito individual os problemas da inserção social, do emprego e do desempenho profissional e fez da educação um “valor econômico”, numa equação perversa que equipara capital e trabalho como se fossem ambos igualmente meros “fatores de produção” (das teorias econômicas neoclássicas). Além disso, legitima a ideia de que os investimentos em educação sejam determinados pelos critérios do investimento capitalista, uma vez que a educação é o fator econômico considerado essencial para o desenvolvimento. Em 1968, Schultz recebeu o prêmio Nobel de Economia pelo desenvolvimento da teoria do capital humano. 29 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Para o estudo da Teoria do capital humano é fundamental consultar as obras de Theodore Schultz, “O valor econômico da educação” (1963) e “O capital humano – investimentos em educação e pesquisa” (1971); Frederick H. Harbison e Charles A. Myers, “Educação, mão-de-obra e crescimento econômico” (1965). No Brasil, destaca-se Cláudio de Moura Castro, “Educação, educabilidade e desenvolvimento econômico” (1976). Para uma crítica à teoria do capital humano, é fundamental consultar as obras de José Oliveira Arapiraca, “A USAID e a educação brasileira” (1982); Gaudêncio Frigotto, “Educação e capitalismo real” (1995), Wagner Rossi, “Capitalismo e educação: contribuição ao estudo crítico da economia da educação capitalista” (1978) (MINTO, 2009). Segundo Almeida e Pereira (2009), a teoria do capital humano ganhou força a partir da década de 60 em virtude da preocupação cada vez maior com os problemas de crescimento econômico e melhor distribuição de renda. De um lado, a melhoria do nível de especialização dos trabalhadores, o aumento das habilitações (adquiridas por treinamento) muitas vezes de proporções crescentes da população e maior acumulação de conhecimento(sejam científicos, gerenciais, artísticos, entre outros) são reconhecidos como fatores importantíssimos para o crescimento econômico; de outro, a alteração da distribuição de capital humano parece ser o método preferido politicamente para a eliminação, tanto da pobreza quanto dos grandes diferenciais de renda entre diferentes classes sociais. O pressuposto central dessa teoria é o de que capital humano é sempre algo produzido, isto é, algo que é o produto de decisões deliberadas de investimento em educação ou em treinamento. Em todas as economias modernas, o grau de educação possuído por um indivíduo correlaciona-se positivamente com os rendimentos pessoais. A teoria do capital humano afirma que “uma educação adicional elevará os rendimentos futuros, e, neste sentido, a aquisição de educação é da natureza de um investimento privado em rendimentos futuros” (BLAUG, 1971, p.21 apud ALMEIDA E PEREIRA, 2010). Assim, há uma nítida analogia entre a produtividade física do capital e a educação, justificando-se o tratamento analítico da educação como capital, isto é, capital humano, posto que se torna parte da pessoa que a recebe. 30 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. A principal hipótese que está subjacente a este tratamento da educação é a de que alguns aumentos importantes na renda nacional são uma consequência de adições a esta forma de capital. Ademais, a educação, enquanto investimento, obedece a uma opção racional entre custos atuais e renda futura, no contexto mais amplo da maximização dos retornos individuais ou sociais. Logo, a distribuição da educação corresponde à distribuição das preferências, a qual é considerada uma variável exogenamente determinada, se bem que de alguma maneira influenciada pelo progressivo melhoramento do padrão de vida. Resumindo, o raciocínio da teoria do capital humano é o seguinte: a) as pessoas se educam; b) a educação tem como principal efeito mudar suas “habilidades” e conhecimentos; c) quanto mais uma pessoa estuda, maior sua habilidade cognitiva e maior sua produtividade; e, d) maior produtividade permite que a pessoa perceba maiores rendas. A partir de meados da década de 70, a despeito de sua contribuição para a compreensão e desvendamento das causas do crescimento moderno e para a questão da distribuição de renda, a teoria do capital humano tem sido objeto de muitas críticas, dentre elas, uma contempla aquelas relacionadas com os conceitos adotados por esta teoria sem, contudo, questionar a sua estrutura e o seu arcabouço teórico – a teoria neoclássica, que postula que os salários são função da produtividade, havendo, portanto, relação direta entre educação (que contribui para o aumento da produtividade) e renda do trabalho. Outras críticas se referem à estrutura teórica do capital humano, e têm como referencial a teoria marxista, mas não cabe no momento aprofundar nessas críticas (ALMEIDA E PEREIRA, 2010). O conceito de capital humano passa pela percepção de que as pessoas não são ativos perecíveis que devem ser consumidos, mas ativos valiosos que devem ser desenvolvidos e que viabilizam os negócios de uma organização. As pessoas são ativos “ocultos” no balanço contábil, que não apenas adicionam valor, mas asseguram a sobrevivência da organização. Como consequência, o alinhamento da estratégia do negócio com a estratégia do capital humano é fundamental para alcançar os objetivos organizacionais (SILVA NETO et al, 2006). 31 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Falar da competência estratégica parece mudar o foco do trabalho, uma vez que se volta para o Balanced Scorecard (BSC), mas é importante ressaltar a importância do desempenho dos processos organizacionais que devem ser avaliados não por meio de medidas não financeiras, que é o caso do capital humano definido como: o recurso mais importante e o menos compreendido, o menos sujeito a mensurações e o menos suscetível de ser gerenciado. O processo de avaliação do grau de prontidão do capital humano começa com a identificação das competências estratégicas necessárias para que se execute cada um dos processos críticos do mapa estratégico da organização. É possível notar que é interessante discorrermos nesta apostila sobre o perfil de competência estratégica que o ser humano pode e deve desenvolver e que vai influenciar o departamento de Recursos Humanos no momento de recrutar, contratar, treinar e desenvolver as pessoas para determinada posição, levando-a a se tornar um verdadeiro capital intelectual. São três os componentes de um perfil de competência estratégica: Conhecimentos = específicos do cargo, necessários para executar a função com eficácia. Habilidade = específicas do cargo, necessárias para executar a função com eficiência. Valores = e comportamento gerais, necessários para executar a função com eficácia (SILVA NETO et al, 2006). Não há dúvidas que, neste início de século XXI, as pessoas que trabalham com recursos humanos e os empreendedores de maneira geral já perceberam que o ser humano é o maior bem que uma organização possui, sendo conhecido também como capital intelectual. Principalmente os gestores de recursos humanos precisam perceber e relacionar o ser humano dentro do contexto da organização, ao patrimônio, lucros ou prejuízos. Segundo Morais (2007), é preciso demonstrar o valor do crescimento pessoal e sua correspondente nas relações com a equipe de trabalho e os resultados da empresa. Motivar o funcionário ao crescimento pessoal e profissional, dar visão de futuro e instigar ao cuidado com a autoestima, tratar dos principais aspectos das relações interpessoais que influenciam sua vida e carreira. 32 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Todavia, o capital humano, como parte integrante de um organismo empresarial precisa atender às necessidades do mesmo, além de trabalhar de forma alinhada com as estratégias do negócio, este alinhamento torna-se evidente quando da análise dos resultados dos negócios ao longo dos anos. O retorno pode ser em termos de lucratividade, geração de oportunidades de trabalho, participação no mercado e do clima organizacional, entre outros (SILVA NETO et al, 2006). Enfim, o elemento humano sem o patrimônio não constitui uma célula social. Assim, também, o patrimônio sem o elemento humano não constitui a empresa. Essas são verdades que tem evidências por si mesmas, não necessitando de demonstração. São axiomáticas (SÁ 1999 apud HERCKERT, 2009). Para o mesmo autor, cada vez mais os estudiosos valorizam a intelectualidade que movimenta o capital e que gera valor. Há tendência, na atualidade, em valorizar mais o aspecto humano na organização. O aspecto humano consiste na competência, capacidade, habilidades dos empregados e da direção. A empresa deve ter o compromisso de manter essas habilidades constantemente atualizadas mesmo com ajuda de um consultor externo. A combinação de cultura,experiências e inovações dos empregados e as estratégias da empresa é que deverão mudar e manter essas relações. A chave está em criar uma cultura de valorização do empregado como elemento gerador de eficácia e riqueza e dar oportunidade de realização de sua capacidade intelectiva. Esta força intelectual vai influenciar positivamente na dinâmica patrimonial (HERCKERT, 2009). Um trabalhador que não vê perspectiva em seu trabalho para desenvolver suas capacidades e de crescimento na empresa não terá motivação para desenvolver bem sua função na organização. Desenvolverá sua tarefa com pouca motivação e interesse influenciando assim o bom andamento da dinâmica do meio patrimonial. Segundo Carballal del Rio (2002 apud Herckert, 2009), os recursos humanos que dispõem uma empresa constituem seus recursos mais apreciados. A administração participativa do pessoal, a redução de níveis hierárquicos, a motivação e a liderança formam parte dos elementos que desde muitos anos escutamos com relação à nova forma de administrar os recursos humanos. 33 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. Os empregados de uma organização são sua fonte principal de criação de valores, por tanto, quando uma pessoa é dispensada, sem uma estratégia que o acompanhe, com o único fim de reduzir custos, tem-se a presença de um efeito “boomerang”, que se produzirá numa descapitalização que será igual a um desinvestimento, por não poder produzir e gerar os valores que os clientes estão dispostos a pagar. Cada vez mais aceleradamente os interesses ambientais passam a ser o objeto de estudo da ciência da Contabilidade e neles se inserem os fatores humanos como inequívocas forças agentes, transformadoras e agregáveis (SÁ 1999 apud HERCKERT, 2009). Enfim, há preocupação dos estudiosos na força intelectual na empresa tanto quanto a sua influência na dinâmica patrimonial e seu reflexo no mercado, pois há uma forte ligação entre a força intelectual, o fenômeno patrimonial e o entorno (HERCKERT, 2009). Por seus estudos sobre a importância do capital humano no desenvolvimento dos países, economistas vencedores de Prêmio Nobel, como Schultz e Gary Becker, alteraram o tradicional enfoque, o qual considerava os recursos naturais, as tecnologias e obras de infraestrutura como fatores essenciais e de maior relevância ao progresso e, consequentemente, ao desenvolvimento econômico. Na literatura disponível são mencionados, segundo Azevedo (1992) citando Blaug (1976), seis tipos de investimentos em capital humano: a) cuidado com a saúde; b) educação adicional; c) procura por trabalho; d) resgate de informações, especialmente sobre oportunidades de trabalho; e) migração; f) treinamento no trabalho. Conforme explicam Ramos e Vieira (1996), a teoria do capital humano parte da ideia de que as pessoas investem em si mesmas visando a retornos futuros que podem ser pecuniários ou não. Governos também investem em educação para elevar o nível tecnológico da força de trabalho e, portanto, aumentar a produtividade 34 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. dos trabalhadores e os rendimentos da sociedade como um todo. Tais investimentos podem ser feitos através de cuidados com saúde, do tempo gasto procurando emprego com maiores salários, da aquisição de informações sobre oportunidades de trabalho, entre outros. As pessoas educam-se com o objetivo de ampliarem o estoque de conhecimentos e mudarem o seu potencial produtivo: quanto mais estudarem, maiores serão os seus conhecimentos e habilidades, maior será a produtividade e, consequentemente, mais elevados serão os seus salários. Estudos indicam que trabalhadores com maior nível de educação e experiência tendem a receber, em média, maiores rendimentos. A proposta essencial da teoria do capital humano é tratar os recursos humanos como uma forma de capital, fruto de determinada decisão de investimento, e como tal pode ser avaliada em termos de taxa de retorno. Conforme Psacharopoulos (1985 apud Figueiredo Neto, 1998), os valores das taxas de retorno também servem para compreender a demanda por certos níveis de escolaridade e, uma vez que a taxa de retorno é um valor que os indivíduos recebem pelo seu capital humano, ela pode ajudar a explicar a distribuição de renda pessoal. Além da educação formal, o treinamento é também um tipo de investimento em capital humano. Muitas habilidades requeridas pelo mercado de trabalho são adquiridas após os indivíduos deixarem a escola. Segundo Berndt (1991), essas habilidades podem ser obtidas desde sessões de treinamento formais e de aprendizagem estruturada até no mais informal “aprender fazendo”. (FIGUEIREDO NETO, 1998). Como um bem humano, o Capital Intelectual nas empresas, apresenta-nos um paradoxo. Se o pessoal constitui uma vantagem competitiva principal, como o é, tem-se que investir nele desenvolvê-lo e ceder-lhe espaço para seus talentos. Quanto mais fizermos isso, contudo, mais enriqueceremos seus passaportes e aumentaremos sua mobilidade potencial. Valorizar o capital humano é fundamental para a competitividade empresarial, visto que os recursos humanos são os principais responsáveis pelo desempenho das empresas e constituem vantagens competitivas num mercado cada vez mais exigente. Com a globalização, o avanço tecnológico, as empresas estão investindo em capital humano, com o objetivo de ter retorno mais rápido. 35 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. As pessoas geram capital para a empresa através de sua competência, sua atitude e sua capacidade para inovar. As competências incluem as habilidades e a educação e a atitude se refere às condutas. Porém, é finalmente a capacidade de inovar, a que pode gerar mais valor para uma companhia. Tudo isto constitui o que chamamos de capital humano. Constitui o capital humano, o conhecimento acumulado, a habilidade e experiências dos funcionários para realizar as tarefas do dia-a-dia, os valores, a cultura, a filosofia da empresa e diversos ativos intangíveis, ou seja, as pessoas que são os ativos humanos da empresa. A principal estratégia da empresa será de atrair, reter, desenvolver e aproveitar o máximo o talento humano que será, cada vez mais, a principal vantagem competitiva. Para entender melhor o capital humano é preciso entender as habilidades que determinam qualquer tarefa, processo ou negócio, relacionadas abaixo: • Habilidade do tipo commodity – são as habilidades adquiridas, costumam não serem específicas de uma empresa e podem ter o mesmo valor para qualquer organização. É por exemplo, a habilidade de atender ao telefone. • Habilidades alavancadas – o conhecimento pode ser mais valioso para uma determinada empresa do que para outra. São específicas a um setor e não a uma empresa. • Habilidades proprietárias – são os talentos específicos à empresa, em torno dos quais uma organização constrói seu negócio. Pode ser codificada em
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