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1 Fundamentos de Cálculo Diferencial e Integral: Para quem não gosta mas precisa! Jorge Brandão 2 Apresentação Caríssimo leitor e prezada leitora, ler pode ser perigoso, com efeito, quando se lê um livro, uma revista, entre outros meios escritos, na verdade repetem-se os processos mentais de quem escreveu. Assim sendo, quando é que a leitura passa a ser algo construtivo para o(a) leitor(a)? Quando aquilo que se lê não é ponto de chegada e sim ponto de partida para o ato de pensar, haja vista a leitura dos pensamentos dos outros servir de base para o(a) leitor(a) conseguir ter os próprios pensamentos (COSTA, CASCINO e SAVIANI, 2000). A leitura feita com os olhos pode apreciar e associar gravuras ao texto, o que nem sempre ocorre com aqueles que leem com o tato. De que forma um professor de Matemática deve trabalhar este campo do saber em sala de aula quando existem discentes com deficiência visual ou que possuem dificuldades de aprendizagem neste campo do saber? Ora, analisando a expressão “estudante com deficiência visual”, excluindo-se “deficiência visual” fica “estudante” e, por conseguinte, têm direitos e deveres iguais aos demais. Logo, o docente pode trabalhar conforme planejou sua atividade. É claro, com adequações. Mesmo raciocínio vale para você, nobre leitor(a). Este material foi pensado no método passo a passo onde você dedicando até 60 minutos para ler, compreender e se exercitar, você entenderá a “essência” do Cálculo Diferencial e Integral com uma variável. Ou seja, cada lição é composta de até sete passos, da 1ª à 5ª LIÇÃO 1 visando entender a construção do saber. A partir da 6ª Lição, a qual esperamos que os procedimentos tenham sido bem assimilados até então, recomendamos dedicação de tempo de, no mínimo, 60 minutos. Exemplificando: A Matemática está associada aos números... então só há matemática se ocorrer a existência de números? Acompanhem, caríssimos leitores, o seguinte exemplo: Conjugar o verbo cantar. Primeira pergunta natural a ser feita é: em qual tempo verbal? Pois bem, caso seja no presente do indicativo temos: 1 Até a 5ª lição temos o Cálculo Diferencial. Da 6ª lição em diante temos o cálculo integral 3 EU CANT O TU CANT AS ... Caso seja no pretérito, fica: EU CANT EI TU CANT ASTE ... Ora, o verbo cantar é um verbo de primeira conjugação porque termina em AR. Além disso, é um verbo regular. Verbos regulares são verbos que não possuem alteração no radical, no caso CANT. Percebam que há uma relação direta entre os sujeitos, que possuem suas características, e as desinências (terminações). A relação entre esses conjuntos, conjunto dos sujeitos e o conjunto das desinências, é dada pela existência do radical CANT. Como os sujeitos influenciam (DOMINAM) as desinências, podemos indicar tal conjunto como o DOMÍNIO da função "conjugar o verbo cantar". As desinências refletem, reagem a este domínio, isto é, elas representam CONTRADOMÍNIO. Ao conjunto das desinências de um tempo verbal específico chamamos de IMAGEM... Eis um exemplo de adequação. Aprender matemática (e qualquer outra área do saber) consiste em aprender seus conceitos. Por exemplo: leite em pó é leite, se uma criança conceitua leite como líquido de cor branca que saem das mamas dos mamíferos? Matemáticos cegos e contribuições Lev Semenovich Pontryagin (1908–1988) nasceu em Moscou em 1908 e ficou cego aos 14 anos em virtude de uma explosão. Foi auxiliado em seus estudos principalmente pelo apoio recebido de sua mãe, Tatyana Andreevna, que lia para Pontryagin. Muito embora fosse leiga na Matemática, Tatyana descrevia com um linguajar próprio a partir das aparências dos símbolos matemáticos. Por exemplo: para indicar que um conjunto A está contido em um conjunto B, notação A B, ela fazia referência do tipo A cauda B (EVES, 2002). A importância da citação de Pontryagin não é só sua capacidade matemática. Seu esforço o tornou um brilhante professor nas áreas de Topologia e Equações Diferenciais. Destaca-se a 4 participação de sua mãe como um apoio em seus estudos, “transcrevendo” textos. Na Economia, o estudo da inflação ou nas medidas e instrumentos para medir a taxa de desemprego – fenômenos que sofrem variação só com o tempo, nas quais se usam as Equações Diferenciais Ordinárias, temos uma certa influência dele. Em relação ao Saunderson, Nicholas Saunderson (1682– 1739), com aproximadamente um ano de idade perdeu a visão através de varíola, todavia, este ocorrido não o impediu de adquirir um conhecimento de latim e grego, bem como estudar matemática. Amigos liam para ele. Destaca-se a máquina que ele desenvolveu. A mesma máquina era útil tanto para realização dos cálculos algébricos quanto para a descrição de figuras retilíneas, podendo ser comparada a um “pré- geoplano”. A máquina consistia em um quadrado, dividido em quatro partes iguais por meio de linhas perpendiculares aos lados, de modo que ele ofereça os nove pontos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9. O quadrado é perfurado por nove orifícios capazes de receber alfinetes de duas espécies todos do mesmo comprimento e da mesma grossura, mas uns com a cabeça um pouco mais grossa do que outros. Os alfinetes de cabeça grande situam-se sempre no centro do quadrado; os de cabeça pequena, sempre nos lados exceto em um único caso, o do zero. O zero é assinalado por um alfinete de cabeça grande, colocado no centro do pequeno quadrado, sem que haja qualquer outro alfinete nos lados. O algarismo “1” é representado por um alfinete de cabeça pequena, colocado no centro do quadrado, sem que haja qualquer outro alfinete nos lados. Algarismo Representação Algarismo Representação 0 5 http://pt.wikipedia.org/wiki/Infla%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Taxa_de_desemprego http://74.125.93.104/translate_c?hl=pt-BR&sl=en&u=http://www.nationmaster.com/encyclopedia/Smallpox&prev=/search%3Fq%3Dnicolas%2Bsaunderson%26hl%3Dpt-BR&usg=ALkJrhgL5W13u1X-1agfUfCbTQHRm4hjXA http://74.125.93.104/translate_c?hl=pt-BR&sl=en&u=http://www.nationmaster.com/encyclopedia/Latin&prev=/search%3Fq%3Dnicolas%2Bsaunderson%26hl%3Dpt-BR&usg=ALkJrhhFSOEatuUIBhAGd2dePePxdXr7VA http://74.125.93.104/translate_c?hl=pt-BR&sl=en&u=http://www.nationmaster.com/country/gr&prev=/search%3Fq%3Dnicolas%2Bsaunderson%26hl%3Dpt-BR&usg=ALkJrhib-P4H4j-t4h_jWArnMW5F__W8mQ http://74.125.93.104/translate_c?hl=pt-BR&sl=en&u=http://www.nationmaster.com/encyclopedia/Mathematics&prev=/search%3Fq%3Dnicolas%2Bsaunderson%26hl%3Dpt-BR&usg=ALkJrhg2-Ct5HZzH76oBYUMxRU-LJ-8wEA 5 1 6 2 7 3 8 4 9 Figura 1 – Adaptando números de Saunderson, conforme Diderot (2007) O representa alfinete de cabeça pequena e indica alfinete de cabeça grande O algarismo “2” é indicado por um alfinete de cabeça grande, situado no centro do quadrado, e por um alfinete de cabeça pequena, situado em um dos lados do ponto “1”. O algarismo “3” é representado por um alfinete de cabeça grande, situado no centro do quadrado, e por um alfinete de cabeça pequena, situado num dos lados do ponto “2”. Indica-se o algarismo “4” por um alfinete de cabeça grande, situado no centro do quadrado, e por um alfinete de cabeça pequena, situado no centro do quadrado, e por um alfinete de cabeça pequena, situado num dos lados do ponto “3”. O algarismo “5”, por um alfinete de cabeça grande, situado no centro do quadrado, e por um alfinete de cabeça pequena, colocado em um dos lados do ponto “4”. O algarismo “6” é representado por um alfinete de cabeça grande, situado no centro do quadrado,e por um alfinete de cabeça pequena, situado num dos lados do ponto “5”. O algarismo “7”, por um alfinete de cabeça grande, colocado no centro do quadrado, e por um alfinete de cabeça pequena, colocado 6 num dos lados do ponto “6”. O algarismo “8”, por um alfinete de cabeça grande, colocado no centro do quadrado, e por um alfinete de cabeça pequena, colocado num dos lados do ponto “7”. E o algarismo “9”, por um alfinete de cabeça grande, colocado no centro do quadrado, e por um alfinete de cabeça pequena, colocado num dos lados do quadrado do ponto “8”. O material apresentado por Saunderson pode ser considerado um precursor das celas Braille. Não obstante, a forma como confeccionava figuras planas, utilizando seu material ele estava introduzindo, de modo inconsciente, o hoje utilizado geoplano. A gravura abaixo indica a representação de um trapézio segundo usos de Saunderson. 00 00 00 00 00 000 000 000 00 00 000 000 00 00 Figura 02 – Representação de um trapézio Os pontos pretos representam alfinetes e os zeros são espaços vazios. Entre colchetes tem-se uma “cela” do esquema de Saunderson. Com o tato ele caracterizava as figuras. Quando as figuras eram grandes ou com maior riquezas de detalhes, ele colocava apenas nos extremos (vértices) alfinetes e estes eram unidos por barbantes. E um terceiro matemático cego é Bernard Morin. Ele nasceu em 1931 em Shangai, onde o seu pai trabalhava para um banco. Morin desenvolveu glaucoma bem cedo e foi levado para a França para tratamento médico. Ele voltou a Shangai, mas, por ocasião do rompimento das retinas ficou completamente cego aos seis anos de idade. Depois que ficou cego, Morin retornou para a França sendo educado em escolas para cegos até a idade de quinze anos, quando entrou no ensino regular. Estudou no Centre National de la Recherche 7 Scientifique (França) como pesquisador em 1957. Concluiu a sua tese de Ph.D. na área da teoria da singularidade em 1972. A grande notoriedade de Morin está no fato de ser um dos (poucos) matemáticos que demonstrou a possibilidade da “eversão da esfera”, um problema na área de Topologia Matemática. As citações desses matemáticos servem para indicar que a Matemática pode ser apreendida por pessoas com necessidades especiais, e que a participação ativa da família e de amigos (e dos professores especialistas) é de grande importância para uma aprendizagem significativa. Iniciando... Saber operações numéricas é base para desenvolver uma matemática bem estruturada. Por exemplo: i. Sabemos que -1 = (-1)³, pois (-1).(-1).(-1) = -1. ii. Podemos reescrever (-1)³ como (-1)6/2, haja vista 3 = 6/2. iii. De ab/c ser interpretada como a raiz de ordem “c” de “a” elevado a “b”, segue-se que (-1) 6/2 é a raiz quadrada de “menos um” elevado à sexta potência. iv. Como (-1)6 = 1, ficamos com a raiz quadrada de um. v. Ora, raiz quadrada de um é um, daí, -1 = 1??? Simplificando em símbolos: ⏟ ( ) ⏟ ( ) ⏟ √( ) ⏟ √ ⏟ Logo, como 1 ≠ -1, segue-se que há um erro. Onde? Desta feita, este material objetiva utilizar de forma coerente operações envolvendo limites, derivadas e integrais. Resumindo... Como há um erro na “justificativa” de -1 = 1, segue-se que é necessário compreender as operações numéricas atreladas. Mesmo artifício vale para aplicações: como garantir que o cálculo está certo ou que erro cometido foi prejudicial ao todo do problema. 8 Deste modo, apresentamos esse livro: contém aplicações seguidas das discussões de alguns dos principais erros observados nas resoluções de exercícios. Breve resumo é apresentado. TODAVIA, o foco é entender o que está sendo usado. Ou seja, dado que o “essencial é invisível aos olhos” (Antoine- de-Saint-Exupery: O Pequeno Príncipe), segue-se que esta obra procura dialogar com leitor(a) a resolução e interpretação de situações, usando o mínimo de figuras/imagens. 9 Sumário 1. 1a Lição = Revisando principais tópicos do ensino médio. 2. 2a Lição = Limites: da vivência prática à teoria 3. 3a Lição = Limites II: Número de Euler e aplicações 4. 4a Lição = Derivadas: definição 5. 5a Lição = Derivadas II: aplicações 6. 6a Lição = Antiderivação… 7. 7a Lição = Integrais indefinidas: Vivenciando as regras 8. 8a Lição = Integrais definidas: áreas e volumes sólidos de revolução. Por quê? 9. 9a Lição = Interagindo com técnicas de integração 10. 10a Lição = Novos desafios… novas técnicas de integração 11. 11a Lição = Integrais impróprias… para que servem? 12. 12a Lição = Vivenciando diversas aplicações 10 1ª. LIÇÃO – REVISANDO PRINCIPAIS TÓPICOS DO ENSINO MÉDIO 1º. Passo: Operações numéricas básicas... Retornando ao desafio inicial... onde está o erro no desenvolvimento dos argumentos abaixo? i. Sabemos que -1 = (-1)³, pois (-1).(-1).(-1) = -1. ii. Podemos reescrever (-1)³ como (-1)6/2, haja vista 3 = 6/2. iii. De ab/c ser interpretada como a raiz de ordem “c” de “a” elevado a “b”, segue-se que (-1) 6/2 é a raiz quadrada de “menos um” elevado à sexta potência. iv. Como (-1)6 = 1, ficamos com a raiz quadrada de um. v. Ora, raiz quadrada de um é um, daí, -1 = 1??? Resumindo em símbolos: ⏟ ( ) ⏟ ( ) ⏟ √( ) ⏟ √ ⏟ Logo, como 1 ≠ -1, segue-se que há um erro. Onde? Para começar a argumentar, considere o jogo dos quatro- quatro... Podemos escrever de 0 a 9 usando quatro números 4 e os sinais: Da adição: + Da subtração: - Da multiplicação: * Da divisão: / e Parênteses: ( ). Por exemplo, 0 = 4 + 4 – 4 – 4 ou (4 – 4)/(4 + 4) ou também (4 – 4)*4/4. Perceba que há mais de uma maneira de escrever um número inteiro dado (entre zero e nove, incluindo extremos). A importância deste jogo está no uso coerente dos parênteses e das operações. Por exemplo, 4 + 4/4 não é o mesmo que (4 + 4)/4. 11 No primeiro caso, inicialmente calculamos a divisão de 4 por 4 e o resultado é acrescentado de 4, perceba uso dos parênteses (4 + 4/4 = 4 + 1 = 5). No segundo caso, resolvemos primeiro os parênteses, 4 + 4 = 8. O resultado é dividido por 4. Neste caso, a resposta é dois. Assim sendo, escrever, usando QUATRO quatros os números de 0 a 9. Antes de olhar uma resposta dada, quebre um pouco a cabeça... 1 = (4 + 4)/(4 + 4) 2 = 4*4/(4 + 4) 3 = (4 + 4 + 4)/4 4 = 4 + (4 – 4)/4 5 = (4*4 + 4)/4 6 = (4 + 4)/4 + 4 7 = 4 + 4 – 4/4 8 = 4*4/4 + 4 9 = 4 + 4 + 4/4 Caríssimo leitor e prezada leitora, vocês podem fornecer de outra maneira os valores indicados? (...) Algumas propriedades básicas (que são mais utilizadas no Cálculo Diferencial e Integral e que apresentam maior índice de erros): i. No produto de dois números com sinais contrários, o resultado é um número negativo. Exemplo: (+3) x (-4) = -12. ii. (ab)c = ac.bc. Exemplo: (2.4)³ = 2³.4³ iii. desde que a ≠ 0. Exemplo: iv. √ desde que... (argumentaremos um pouco mais adiante!) v. Sendo “a” e “b” reais, (a + b)² = a² + 2ab + b². Cuidado!!! (a + b) n ≠ a n + b n . Idem: √ √ √ Na dúvida... faça testes numéricos. Por exemplo, √ √ √ √ 12 vi. Em se tratando de frações: , onde “a”, “b”, “c” e “d” são números reais e sendo b e d não nulos. Cuidado!!! . Há discentes que “cortam” o b... Se isso fosse verdadeiro, então Mesma recomendação...NÃO PODEMOS TER vii. O módulo... | | 2 . Exemplos: |7| = 7 e |-3,4| = 3,4. viii. |u| < a significa todos os valores de “u” entre “-a” e “a”. |u| > a significa todos os valores de “u” menores que “-a” ou maiores que “a”. Exemplos: | u | < 3 - 3 < u < 3 | u | > 4 u < -4 ou u > 4 Na dúvida... teste valores numéricos. Imagine u = -5. Logo | u | = 5. Como – 5 < - 4, segue-se que u < -4. Exemplos: (1). Se x + 1/x = 3, qual o valor de x² + 1/x²? Solução: Temos a “tendência” de transformar x + 1/x = 3 em uma equação do segundo grau, resolvê-la e, por fim, substituir em x² + 1/x². Não está errada tal linha de raciocínio! Tentem. Apresentamos a seguinte ideia: . / , é claro, sendo b não nulo. Motivação: . / , com x ≠ 0. Para facilitar “visualização”, considere y = 1/x. Assim, x + y = 3 e queremos x² + y². Se queremos o quadrado... algo nos impede de elevar ambos os membros da igualdade x + y = 3 ao quadrado? Vamos tentar: (x + y)² = (3)² Desenvolvendo, x² + 2xy + y² = 9. Como y = 1/x, segue-se que xy = 1 (por quê?). Desta feita, organizando: ( ) . Ou seja, trocamos xy por 1 e y² por 1/x². 13 Por fim, x² + 1/x² = 9 – 2 = 7. (2). Se x + 1/x = 3, qual o valor de x³ + 1/x³? Solução: Como a ideia de elevar ao quadrado “deu certo”, vamos elevar ambos os membros da igualdade ao cubo. Para tanto, recordar: (a + b)³ = (a + b)².(a + b) – compare com 5³ = 5*5*5 = 5²*5. (a + b)³ = (a² + 2ab + b²)(a + b) – desenvolvendo (a + b)² (a + b)³ = (a² + 2ab + b²).a + (a² + 2ab + b²).b – usando a distributividade: p(r + s) = p.r + p.s. Neste caso, é como se p fosse a expressão a² + 2ab + b². (a + b)³ = a³ + 2a²b + b²a + a²b + 2ab² + b³ (a + b)³ = a³ + 3a²b + 3ab² + b³ Assim, (x + 1/x)³ = 3³ Desenvolvendo: ( ) ( ) ( * ( ) ( * ( * Organizando, Equivalendo a . Usamos o seguinte fato: . Ou seja, se p > q, deixamos expressão no numerador. No caso de p < q, a expressão fica no denominador. Assim, de x + 1/x = 3, temos 3(x + 1/x) = 3(3) = 9. Por quê? Porque apareceu 3x + 3/x no desenvolvimento de (x + 1/x)³. Logo, x³ + 1/x³ = 27 – 9 = 18. Reflita, nobre estudante, sobre as “passagens” realizadas. Os próximos exemplos envolvem módulo. Motivo: há aplicações onde precisamos determinar um intervalo (para mais de uma variável, região plano ou espacial) para realização da aplicação (nas engenharias, chamamos de condição de contorno). (3). Quais valores de x tornam verdadeira a desigualdade | | ? Solução: Sabemos que | u | < 3 - 3 < u < 3. Assim, supor u = 2x – 1. Dai, - 3 < 2x – 1 < 3. 14 Como queremos apenas o “x”, vamos isolar. Inicialmente, somar “1” a cada membro da desigualdade. Motivo: há o “-1”. E a – a = 0. Deste modo, -3 + 1 < 2x – 1 + 1 < 3 + 1. Que equivale a -2 < 2x < 4. Por fim, dividir ambos os membros da desigualdade por 2, o coeficiente do x. Consequentemente: -1 < x < 2. (4). Quais valores de x tornam verdadeira a desigualdade | | ? Solução: Sabemos que | u | < 3 - 3 < u < 3. Assim, supor u = 2 – 11x. Dai, - 3 < 2 – 11x < 3. Replicando raciocínio anterior, subtrairemos 2 de cada membro da desigualdade (percebam que realizamos a operação inversa!). Portanto: – 3 – 2 < 2 – 11x – 2 < 3 – 2 – 5 < – 11x < 1. Por fim, dividir ambos os membros da desigualdade por “-11”. ATENÇÃO! Dividir por “–11” equivale a multiplicar por “–1/11”. SEMPRE que multiplicamos uma desigualdade por um valor negativo, ela INVERTE o sinal. Em símbolos: { De volta ao problema, . Agora é sua vez... Estes exercícios serão resolvidos, direta ou indiretamente nos próximos passos ou serão comentados no final desta lição. Recomendamos que tentem, reflitam nas etapas que devem ser seguidas. 1. Como se lê: (a + b)²? 2. Como se lê: a + b²? 3. Onde está o erro no desenvolvimento do 1 = -1, apresentado no início deste tópico? 4. Assim como √ √ , segue-se que qualquer número dividido por ele mesmo é igual a “1”. 5. Uma criança argumentou que se tem uma laranja e não vai dividir com ninguém, então sobra a laranja. Idem se forem duas ou três laranjas... Escreveu, para ilustrar seus 15 pensamentos, os seguintes símbolos: E agora? Podemos argumentar que 1 dividido por 0 é igual a 1? 2º. Passo: Função Polinomial do 1º Grau A função polinomial do primeiro grau é do tipo f(x) = ax + b, onde a e b são reais, com a ≠ 0. A variável x é a variável real independente. Podemos indicar y = f(x) como a variável dependente. Qual seu domínio? Antes de abordar mais detalhes, apresento uma ilustração realizada com um grupo de crianças cegas, entre oito e onze anos de idade. Formar fileira de quadrados com palitos... Fizemos um quadrado com um palito de lado. Em seguida, acrescentamos mais três palitos para formar um segundo quadrado. Solicitamos que um aluno fizesse o mesmo... Figura 03 – fileira de quadrados Pedimos que ele dissesse quantos palitos foram utilizados para compor a fileira com três quadrados, depois com quatro e depois com cinco. Ele contou e respondeu, respectivamente, 10, 13 e 16 palitos. Solicitamos que fornecesse a quantidade de palitos para formar seis, sete e dez quadrados. Para os dois primeiros não demorou em responder: 19 e 22. Mas, para dez quadrados enfileirados, não soube responder. Nobre leitor(a), verifique as contas! Será que de fato são necessários 19 palitos para o sexto quadrado? Tente “por construção”, isto é, forme o sexto quadrado... depois o sétimo quadrado. 16 Indagamos como havia encontrado os valores 19 e 22. Segundo ele “basta somar três palitos, pois estou colocando três palitos”. Solicitamos que desconstruísse a figura e refizesse observando outra maneira de formar a figura. Desta vez ele conseguiu responder a quantidade de palitos para formar dez quadrados enfileirados, para tanto, foi fazendo contas com os dedos e dizendo em voz baixa com quantos quadrados ele estava: Com cinco quadrados eu tenho 16 palitos; Com seis quadrados, eu tenho 16 mais três que fornece 19; Para sete quadrados... 19 mais três fornece 22; Para ter oito quadrados... 22 mais três resulta 25; 25 mais três resulta 28, e eu fico com nove quadrados; 31 palitos é a resposta, pois é 28 mais três. Fizemos uma intervenção... segurando nas mãos dele separamos o primeiro quadrado como sendo um palito mais três palitos. Para o segundo quadrado, colocávamos mais três palitos, assim, para formar o segundo quadrado nós precisávamos de um palito mais dois grupos de três palitos. Figura 04 – construção da fileira de quadrados Para o terceiro quadrado, seriam necessários três grupos de três palitos e um palito que se encontrava no canto da mesa. Perguntamos se ele estava entendendo o que estávamos fazendo. Ele respondeu que sim. Por sua vez, quando solicitado para dizer como seria a construção para o próximo quadrado, ele ficou calado. Neste exemplo, a ideia prática é escrever o número de palitos, y, como sendo a expressão y = 1 + 3x, onde x é a quantidade de quadrados. E nas Engenharias? Na Economia? Na Geografia? Onde podemos usar a função do 1º. Grau? 17 Os exemplos a seguir podem ser encontrados, direta ou indiretamente, nos nossos livros de referência. “A poluição atmosférica em grandes cidades aumenta durante andamento de um dia. Em certa ocasião, a concentração de poluentes no ar, às 08:00 h, era de 15 partículas, em cada milhão de partículas, e, às 12:00 h, era de 60 partículas,em cada milhão de partículas. Admitindo que a variação de poluentes no ar durante o dia é linear em relação ao tempo, qual o número de partículas poluentes no ar em cada milhão de partículas, às 16:00 h?” Solução: Quando a variação for LINEAR, significa dizer que faremos uso da função y = ax + b. Nosso problema é, inicialmente, determinar “a” e “b”. Considere x o tempo (aqui em horas) e y a quantidade de partículas, em cada milhão de partículas, em determinada hora. Da informação obtida na segunda linha “(...) às 08:00 h, era de 15 partículas, em cada milhão de partículas ...”, temos: x = 8 e y = 15. Na terceira linha, “às 12:00 h, era de 60”, assim: x = 12 e y = 60. Substituindo em y = ax + b tais informações, temos: (1) 15 = 8a + b (2) 60 = 12a + b Há diversas formas de resolver, uma delas é isolar b em (1) e substituir em (2). Assim, b = 15 – 8a Daí, 60 = 12a + b = 12a + (15 – 8a) = 15 + 4a. Organizando, 60 = 15 + 4a 4a = 60 – 15 = 45 a = 45/4 = 11,25. Por fim, b = 15 – 8a = 15 – 8(45/4) = 15 – 90 = -75. Logo, y = 11,25x – 75. Por fim, às 16:00 h, isto é, x = 16 y = 11,25.(16) – 75 = 105. EXEMPLO II: A tabela a seguir indica a variação da temperatura da água com a profundidade, em relação ao nível do mar. Profundidade (m) 0 100 200 500 1000 Temperatura (oC) 30 26 20 12 4 Admitindo LINEARIDADE entre duas medições consecutivas, qual a temperatura estimada aos 140 m de profundidade? Solução: 18 Interessante salientar é: “como é construída a tabela?” Uma maneira está associada a determinar intervalos, no caso de profundidade, com mesmo tamanho. Pode ser tamanho de 1 m em 1 m e analisa-se a temperatura, ou de 5 m em 5 m... é claro que, com uma maior quantidade de observações, melhor a aproximação da realidade. Os dados da tabela e, com a informação da linearidade entre duas medições consecutivas, permite-nos (lembrar que “essencial seja invisível aos olhos”, logo não faremos figuras!!!): Seja x a profundidade (em metros) e considere y a temperatura (em o C) para determinada profundidade. Como queremos a temperatura para a profundidade de 140 m, interessa-nos o intervalo entre as medições que são anteriores e posteriores a tal valor. Ou seja, x = 140 está entre 100 e 500. Ora, quando x = 100, segue-se que y = 26. (*) Quando x = 500, temos y = 20. (**) Sendo linear, podemos admitir y = ax + b. De (*), 26 = 100a + b. De (**), 20 = 500a + b. Isolando “b” em (*), temos: b = 26 – 100a Substituindo em (**), temos: 20 = 500a + (26 – 100a) Por conseguinte, 400a + 26 Organizando, 20 – 26 = 400a a = –6/400 = –0,015 Assim, voltando para (*), b = 26 – 100a = 26 – 100.(-0,015) = 27,5 Daí, y = –0,015x + 27,5, desde que x esteja entre 100 e 500, isto é, 100 ≤ x ≤ 500 (e 20 ≤ y ≤ 26). Pois, para outros valores, há outras expressões. Enfim, para x = 140, y = –0,015.(140) + 27,5 = 25,4 RESUMO... Percebemos nestes dois exemplos que, se a > 0 a função é crescente (os valores de y aumentam quando os valores de x aumentam) e, caso a < 0, a função é decrescente, isto é, os valores de y diminuem quando os de x aumentam. Agora é sua vez... Qual a temperatura quando a profundidade for de 800 m? Lembre- se, 800 está entre 500 e 1000, logo, y deve estar entre 4 e 12. 19 3º. Passo: Função Polinomial do 2º Grau Antes de gerar uma expressão para função polinomial do segundo grau, vamos resolver o “agora é sua vez” do 1º passo... conversemos um pouco: quais dificuldades você teve? Enunciado da questão? Operações matemática? Se não teve dificuldades, vamos à solução: Linearidade y = mx + n, com m ≠ 0 (e não y = ax + b? Tanto faz o uso das letras, o importante é ficar claro que há um valor atrelado à variável independente – isto é, um número não nulo que multiplica x – acrescido (ou subtraído) de um termo independente). Profundidade 500 m e temperatura 12 o C x = 500 e y = 12. Daí, (i) 12 = 500m + n Profundidade 1000 m e temperatura 4 o C x = 1000 e y = 4. Daí, (i) 4 = 1000m + n Mesma estratégia, “m” ocupando lugar do “b”. De (i), n = 12 – 500m. Em (ii), 4 = 1000m + (12 – 500m) = 500m + 12. Organizando, 4 – 12 = 500m m = –8/500 = – 0,016. Voltando para (i), n = 12 – 500m = 12 – 500.( –0,016) = 12 + 8 = 20. Expressão: y = –0,016x + 20, com 500 ≤ x ≤ 1000 (e 4 ≤ y ≤ 12). Por fim, y = –0,016.(800) + 20 = 7,2 ... Considere a seguinte situação para introdução da função do 2º grau... durante uma crise atrelada à gripe das aves, alguns produtores foram aconselhados a construir seus aviários em grandes galpões refrigerados (...). Nos galpões, cada aviário de um produtor específico era construído no formato retangular usando telas de arames com 20 m. Desconsiderando a altura das telas, quais devem ser as medidas do retângulo de modo que sua área seja a maior possível? Vamos “traduzir” para a matemática. A expressão “formato retangular usando telas de arames com 20 m” está associada ao perímetro. Com efeito, a tela está contornando o aviário (se fosse mais de uma vez, deveria ser informado no contexto do problema). Ou seja, indicando por x e z as medidas dos lados do retângulo, segue-se que 2x + 2z = 20. Ou seja, (*) x + z = 10. 20 A área de um retângulo é (**) Área = xz. Note que ela é uma função de duas variáveis. Como ainda não sabemos trabalhar (de maneira significativa) com funções com mais de uma variável, vamos tornar a área função de uma única variável. De (*), z = 10 – x. Em (**), Área = x(10 – x) = –x² + 10x. ATENÇÃO!!! Sendo área de um retângulo, x, medida de um dos lados, não pode ser negativo. Assim, x > 0. Pelo mesmo motivo z > 0. Como z = 10 – x, segue-se que 10 – x > 0 x < 10. Assim, área = f(x) = 10x – x² desde que 0 < x < 10. Paremos um pouco (já que o foco é MAIOR área). Uma função polinomial do segundo grau é do tipo f(x) = ax² + bx + c, com a, b e c reais e a ≠ 0. Como o foco deste material são as aplicações, vamos direto ao quadro resumo: Se o valor de “a” for... O gráfico é do tipo... E no VÉRTICE... POSITIVO Temos MENOR valor NEGATIVO Temos MAIOR valor Suas raízes, ou valores que anulam f(x), são √ . Caso não recorde ou queira entender a demonstração, favor acessar site da editora. No vértice, o gráfico tem simetria... De volta ao problema da gripe das aves, f(x) = –x² + 10x. Ou seja, repare que a = –1, b = 10 e c = 0. Sendo a < 0, temos MAIOR valor. Entendendo, queremos o xv. Daí, ( ) Logo, z = 10 – x = 10 – 5 = 5. Concluímos que o retângulo de maior área com perímetro constante (dado) é um quadrado. EXEMPLO II – Caso um dos lados do aviário fosse uma longa parede retilínea... quais as medidas do retângulo de maior área? Solução: 21 Neste caso, seja x as medidas dos lados perpendiculares à parede e considere z a medida do lado paralelo à parede. Assim, z + 2x = 20 (pois não será usada tela na parede). Área = xz = x(20 – 2x) = –2x² + 20x, com 0 < x < 10 (mesmo domínio?). Maior área... xv = –20/2(–2) = 5... e z = 20 – 2x = 20 – 2.(5) = 10. Vamos dialogar... descreva o passo a passo deste exemplo, comparando com as etapas indicadas no Exemplo I. EXEMPLO III – O exemplo a seguir está atrelado às aplicações do Cálculo para Economia (Leithold é principal referencial usado, mas tal exemplo pode ser encontrado nos demais livros aqui indicados). Função Demanda É a função que a todo preço p associa a demanda ou procura de mercado ao preço p é denominada função demanda ou função procura de mercado da utilidade no período considerado. A representação gráfica desta função constitui a curva de demanda ou de procura da utilidade. A quantidade procurada (demanda) de uma mercadoria é função (em geral LINEAR) do preço: q = f(p). Se Linear, q = f(p)= ap + b. Função Custo Total Considere q a quantidade produzida de um produto (em vez do x tradicional). O custo total depende de q e de custos fixos (como encargos). O Custo Total (dado por CT) é a soma desses custos, CT = CF + q.Cv onde CF é o custo fixo e Cv é o custo variável atrelado à quantidade produzida. Função Receita Total Admitindo que sejam vendidas q unidades do produto, o ganho (ou receita) de vendas depende de q e a função que relaciona receita com quantidade é chamada função receita (denotada por R). Na maioria das vezes, o preço unitário (p) varia com a quantidade demandada. A receita total pode ser expressa através da função R = q.p Por fim, a função lucro total (L) é a diferença entre a função receita e a função custo total, L = R - CT 22 Aplicação: O dono de uma tapiocaria verificou que, quando o preço unitário de cada tapioca era de R$ 10,00 o número de tapiocas vendidas era 150 por semana. Verificou também que, quando preço passava para R$ 8,00, a quantidade vendida era de 200 unidades. Considere o custo de uma tapioca de R$ 6,00. Determine: A. A função demanda; B. A função Receita; C. A função Lucro; D. Qual é a quantidade vendida que maximiza o lucro semanal. E. Qual o lucro máximo da tapiocaria? F. Qual o preço que maximiza o lucro? Solução: Função DEMANDA. Temos q = f(p) = ap + b, onde “a” e “b” são reais, e a ≠ 0. Da informação “preço R$ 10,00 com venda (demanda) de 150”, temos: 150 = 10a + b (1). Idem para “preço passava para R$ 8,00, a quantidade vendida era de 200” implica 200 = 8a + b (2). Assim, de (1) b = 150 – 10a Substituindo em (2), 200 = 8a + (150 – 10a) = –2a + 150. Organizando, 200 – 150 = –2a –2a = 50 a = –25 Assim, b = 150 – 10(–25) = 150 + 250 = 400. Por conseguinte, q = –25p + 400. Ou 25p = 400 – q p = –0,04q + 16 Função RECEITA (em função de q... mas pode ser em função de p...) R = pq = q(–0,04q + 16) = –0,04q² + 16q Função LUCRO L = R – CT = –0,04q² + 16q – 6q Obs.: 6q é o custo de R$ 6,00 de cada tapioca. Assim, L = –0,04q² + 10q Maximização do LUCRO Como L = aq² + bq + c (lembre-se, podemos usar q em vez de x...). Como a < 0, tem-se MAIOR. Observe que, neste caso, a = –0,04, b = 10 e c = 0. 23 E o maior está no vértice: ( ) Lucro MÁXIMO Basta substituir na fórmula do lucro o “q” que maximiza. Ou seja, L = –0,04q² + 10q = –0,04(125)² + 10.(125) = –625 + 1250 = 625. Lembre-se... lucro por semana! Preço que maximiza lucro: p = –0,04q + 16 = –0,04(125) + 16 = –5 + 16 = 11 O que podemos inferir? Agora é sua vez... Um laboratório testou a ação de uma droga em uma amostra de 720 frangos. Constatou-se que a lei de sobrevivência do lote de frangos era dada pela relação V(x) = ax² + b, onde V(x) é o número de elementos vivos no tempo x (meses). Sabendo-se que o último frango morreu quando x = 12 meses após o início da experiência, qual a quantidade de frangos que ainda estavam vivos no 10 mês? 4º. Passo: Função Exponencial Comecemos com o “agora é sua vez”... Para iniciar resolução, reflita: Qual sua idade, em anos, no ano que você nasceu? ... A minha era zero... E a sua também! Assim, quando no enunciado fala-se que INICIALMENTE havia 720 frangos, segue-se que V(0) = 720. Deste modo, V(0) = a(0)² + b = b .: b = 720. Se o último morreu no 12º mês... então V(12) = 0. Desta feita, V(12) = a(12)² + 720 = 0 a.144 = –720 a = –5. Por conseguinte, V(x) = –5x² + 720. Por fim, V(10) = –5.(10)² + 720 = 220. 24 Para introduzir o assunto função exponencial, considere a seguinte atividade: Segredo das matrizes As tabelas, ou matrizes, que serão apresentadas, indicam um jogo (podem ser adaptadas para pessoas com deficiência visual...). Antes, vale ressaltar que todo e qualquer número natural pode ser decomposto como somas de potências do número 2. 1. Lembremos que: 1 = 2 0 ; 2 = 2 1 ; 4 = 2 2 ; 8 = 2 3 ; 16 = 2 4 . E, generalizando, 2 n = 2 x 2 x ... x 2 (produto do 2 por ele mesmo n-vezes, sendo n um número natural). 2. Assim, para escrever um número natural qualquer como soma de potências de base 2, basta inicialmente observar qual a potência mais próxima do número, sendo menor que este. Acompanhe os exemplos: a. Número 9. Como 9 > 8, vamos retirar este número. Daí, temos que 9 – 8 = 1. Sendo 1 = 2 0 , segue-se que 9 = 1 + 8 (2 0 + 2 3 ). b. Número 23. Temos que 25 = 32 > 23. Como 24 = 16 < 23, fazemos a diferença entre 23 e 16. 23 – 16 = 7. Agora, temos o número 7. Percebemos que 7 < 8 (= 2 3 ), bem como 7 > 4 (= 2 2 ). Daí, fazendo a diferença, 7 – 4 = 3. Notemos que 3 > 2 (= 2 1 ). Realizamos a diferença entre 3 e 2, 3 – 2 = 1. Assim, “reconstruímos” 23 = 16 + 4 + 2 + 1 (soma dos números retirados). Exemplos gerais: a) 81 81 – 64 = 17 17 – 16 = 1 81 = 64 + 16 + 1. b) 62 62 – 32 = 30 30 – 16 = 14 14 – 8 = 6 6 – 4 = 2 62 = 32 + 16 + 8 + 4 + 2 . Como podemos “explorar” matematicamente o segredo das matrizes? 25 Potências de base dois. Você, caro leitor ou prezada leitora, pode dar uma folha de papel para uma criança (ou pessoa) e pedir que dobre a folha ao meio. Vale lembrar que dobrar é igual a multiplicar. Realizando três dobras, por exemplo, teremos 2 x 2 x 2 = 8 retângulos. Continue seguindo a “lei de formação”. Para a terceira dobra, deixe o papel dobrado no tamanho do menor retângulo e dobre-o ao meio. Abrir e contar para verificar que existem oito retângulos. Observe que a área de cada retângulo pequeno é igual a área do papel (retângulo grande) dividida por W = 2 n , onde n é o número de dobras. Outra utilidade matemática desta brincadeira: figuras semelhantes. Perceba uma situação-problema: quantas cerâmicas de 20cm por 30cm são necessárias para cobrir um piso de 8m por 12m? Neste exemplo, o piso é como se fosse o papel. As cerâmicas podem ser comparadas às dobras. Assim, quantas dobras são necessárias? Da observação anterior, Área Papel (Área Piso) = Área retângulo pequeno (cerâmica) x W(número de cerâmicas). Logo, Número de cerâmicas = . Lembre-se que 1 m = 100 cm... daí, 8m = 800cm e 12m = 1.200cm Agora, observe as seguintes tabelas: 01 05 09 15 Tabela A 07 13 11 03 02 14 15 07 Tabela B 03 10 11 06 05 04 06 13 Tabela C 07 14 12 15 26 09 08 15 10 Tabela D 11 13 14 12 Vamos adivinhar números pensados? Nas tabelas acima estão dispostos números de 01 a 15. Escolha um número de, 01 a 15, e escreva em um pedaço de papel à parte (para garantir credibilidade!). Em quais tabelas se encontra o número? Observe atentamente... Caso você diga que o número está nas tabelas C e D, o número em questão é o número 12. Caso esteja apenas em B, o número é o 02. Qual o segredo? Você lembra que todo e qualquer número natural pode ser decomposto em uma soma de potências de base dois... pois bem, neste caso, o maior número é 15 e 15 = 1 + 2 + 4 + 8 (quatro números e quatro tabelas). 01 05 09 15 Tabela A 07 13 11 03 02 14 15 07 Tabela B 03 10 11 06 04 05 06 13 Tabela C 07 14 12 15 08 09 15 10 Tabela D 11 13 14 12 Repare que estes números foram colocados no canto superior esquerdo de cada tabela. Mas você pode colocar em qualquer posição de sua preferência. Como é que as tabelas foram sendo completadas? Com raciocínio inverso às atividades anteriores... Número 1, fica na tabela A; 27 Número 2, fica na tabela B; Número 3 = 1 + 2, fica nas tabelas A e B; Número 4, fica na tabela C; Número 5 = 1 + 4, fica nas tabelas A e C; Número 6 = 2 + 4, fica nas tabelas B e C; ... Número 8, fica na tabela D; Número 16, fica na tabela E; Número 18 = 2 + 16, ficanas tabelas B e E; Número 21 = 1 + 4 + 16, fica nas tabelas A, C e E. Está clara a ideia? Em quais tabelas devemos colocar o número 13? Como 13 é igual a 1 + 4 +8, deve ser colocado nas tabelas A, C e D. Caso queiramos números maiores, como devemos proceder? Bem, a próxima potência de base dois maior que 8 é 16, a próxima maior que 16 é 32, e assim sucessivamente. No caso de querermos seis tabelas, como 1 + 2 + 4 + 8 + 16 + 32 = 63. Fazemos uma seis tabela e o número a ser escolhido deve estar entre 01 e 63. Quantas linhas e colunas devemos ter? Bem, na tabela A devem ser colocados todos os números ímpares... Entre 01 e 31, incluindo os extremos, há 16 números. Daí optamos, por estética, em quatro linha e quatro colunas. Podiam ter sido duas linhas e oito colunas (compare com jogo dos pontinhos para saber número de linhas e de colunas). Entre 01 e 63, incluindo os extremos, há quantos números? São eles, 01, 03, 05, ..., 59, 61 e 63. Logo, são 32 os números. Podemos formar tabelas com quatro linhas e oito colunas (ou uma escolha sua, tente...) Assim, formamos “aleatoriamente” Já não vamos construir tabelas para uma escolha entre 01 e 123, incluindo os extremos. Todavia, ao fazer as sete tabelas, se uma pessoa disser que o número escolhido está nas tabelas A, C e G, garanto que o número em questão é 69. Com efeito... A 1 = 20; B 2 = 21; C 4 = 22; D 8 = 23; 28 E 16 = 24; F 32 = 25; G 64 = 26; “Basta” somar... A (1) + C (4) + G (64) = 69. No exemplo apresentado trabalhamos com 2 x , sendo x um número natural. Outros exemplos estão relacionados diretamente com a função exponencial, como é o caso do Montante (M ou Cn) de uma capital inicial (C) aplicado durante n períodos a uma taxa i (correspondente ao período, isto é, se período mensal a taxa é mensal, etc), no sistema de juros compostos. Com efeito, supondo aplicação mensal, com taxa i (mensal). Após um período, C1 = C + iC. Após dois períodos, C2 = C1 + iC1. Após três períodos, C3 = C2 + iC2 ... Após n períodos, Cn = Cn-1 + iCn-1 Organizando a escrita em função de C, i e n, temos (por percepção): C1 = C + iC = C(1 + i) C2 = C1 + iC1 = C1(1 + i), substituindo C1 por C(1 + i), temos que C2 = C(1 + i)(1 + i). Se, para facilitar “visualização” x = 1 + i, então (1 + i)(1 + i) = x.x = x². Por conseguinte, C2 = C(1 + i)². Analogamente seguem demais construções, até: Cn = C(1 + i) n No caso da taxa conhecida, seja k = 1 + i, daí, temos k n ... Por sua vez, podemos trabalhar com subunidades de períodos, entendendo, você pode fazer uma aplicação com taxa anual sendo a capitalização mensal... Definimos... tal que f(x) = k x , com k > 0 e k ≠ 1. Exemplos: 1) Sejam f(x) = 2x e g(x) = (2/3)x. Complete a tabela: x = -10 -5 -1 0 1 5 10 f(x) = g(x) = 29 2) Generalizando... o que podemos concluir em relação à função f(x) = k x no caso de x ser muito grande, por exemplo 100 ou 1000 para: (a) k > 1 e (b) 0 < k < 1? 3) Qual deve ser valor de x tal que f(x) = 3x seja igual a 0,037037... Resolvendo... 1) Basta substituir os valores de x. Para f(x) quando x for 5, f(5) = 2 5 = 32. Idem para g(-5) = . / . / . Lembrando que a -1 = 1/a. 2) Note que: 1 < k, ao serem multiplicados ambos os membros da desigualdade por k, temos: k < k². Repetindo raciocínio, k² < k³. fazendo-o sucessivamente, a expressão aumenta. Logo, se x for muito grande (em breve apresentaremos um símbolo e um conjunto de aplicações para tal situação), k x também é muito grande (k > 1). Agora, sendo 0 < k < 1 0 < k² < k 0 < k³ < k² (repetindo ideia de multiplicar, sucessivamente, ambos os membros da desigualdade por k). Logo, x muito grande implica k x cada vez mais próximo de zero. Faça o teste com calculadora... 3) Temos uma dízima periódica 0,037037... Como é repetição a cada três termos, basta dividir por 999. Com efeito, se fosse 0,kkk... Supor y = 0,kkk... Daí, 10y = k,kkk... (lembre-se, são infinitos ks após vírgula). Assim, 10y – y = k,kkk... – 0,kkk... 9y = k .: y = k/9. Por exemplo, 0,222... = 2/9. Se fosse 0,ababab... Considere u = 0,ababab... Como são dois que se repetem, 100u = ab,abab... Fazendo a diferença: 100u – u = ab,abab... – 0,abab... Por conseguinte, 99u = ab u = ab/99 Exemplo, 0,313131... = 31/99 – use uma calculadora para verificar! 30 Por fim, . Simplificando, 37/999 = 1/27 = 1/3³ = 3 -3 Logo, f(x) = 3 x = 3 -3 x = –3 Agora é sua vez... Uma planta tem a seguinte característica: a cada dia que passa a área de superfície de um lago por ela ocupada dobra. Se em 53 dias toda a superfície do lago será ocupada por esta planta, quantos dias são necessários para cobrir metade do lago? 5º. Passo: Função Exponencial x Função Logarítmica Desta vez não iniciaremos resolvendo o desafio do último passo. Motivo: apresentaremos a inversa da função exponencial. Como questão norteadora, considere a seguinte situação: Estimava-se que a população da Terra cresceria exponencialmente, isto é, a taxa de crescimento populacional é proporcional à população presente em dado instante, conforme a função P(x) = Be kx , onde B é a população inicialmente observada, k é chamada constante de proporcionalidade e x é o tempo (em anos). Qual seria a população da Terra em 2025, conforme tal modelo, se em 1975 havia cerca de 4 bilhões de habitantes, e, em 2000, essa era de 6 bilhões? Este problema será resolvido no assunto “derivação”. Está aqui apresentado porque “ser proporcional a” não significa ser sempre uma variação linear (como em regras de três). O número “e” também será trabalhado, com maiores riquezas de detalhes, em tópicos futuros. O importante é, por enquanto, observar a existência de outras funções do tipo f(x) = k x , desde que k... Considere o problema: Aplicando um capital C a uma taxa de juros de 10% ao mês, após quantos meses esse capital dobrará? De Cn = C(1 + i) n queremos saber o valor de n tal que Cn = 2C (dobrar valor do capital...). Ou seja, 2C = C(1 + 0,1) n . Lembrar i = 10% = 10/100 = 0,1. Assim, 2 = 1,1 n . Como obter n? Aí, torna-se necessária a inversa da função exponencial 2 ... 2 Deixaremos para você, nobre leitor(a), a investigação do domínio da função logarítmica... Usaremos linguagem informal para melhor compreensão, todavia, não “facilitaremos” no rigor matemático 31 Onde: log Ou seja, x, outrora aplicado, fica isolado e y, antes isolado, fica aplicado. A base k... permanece base. Quando k = 10, escrevemos simplesmente logy. Alguns exemplos: Se a = log100 e b = log1000, então quanto vale a soma: a + b? Se a = log100 é porque 10 a = 100. Como 100 = 10², temos 10 a = 10² e, por conseguinte, a = 2. Por analogia (verifiquem!) b = 3. Logo, segue-se que a + b = 5. Como estamos trabalhando com potências... a + b = log10 5 = log10².10³... Propriedades principais: (1) No produto de potências de mesma base, repetimos a base e somamos os expoentes: . Como o logaritmo é a inversa, segue-se que logA + logB = logAB – isto é, ao somar dois logaritmos de mesma base, o resultado é o logaritmo do produto de A por B. (2) De tem-se o equivalente logA – logB = logA/B (3) log e log1 = 0 Alguns exercícios: 1ª. Questão Qual valor de x tal que 2 = 1,1 x ? Solução Aplicando “log” em ambos os membros da igualdade: log2 = log(1,1) x . Usando a propriedade (3), log2 = x.log1,1. Assim, com base em calculadoras, temos: 2ª. Questão Em Química, o pH de uma solução é definido como o logaritmo decimal do inverso da respectiva concentração de H3O + . Sabendo-seque o cérebro humano contém um líquido cuja concentração de H3O + é 4,8. 10 -8 mol/l. Qual será o pH desse líquido? Solução Aplicação direta do conceito: log . / log. / 32 3ª. Questão A escala Ritcher foi inicialmente destinada a estudar apenas os sismos com origem numa área específica do sul da Califórnia cujos sismogramas eram recolhidos por sismógrafos de torção do tipo Wood- Anderson. Utilizando valores facilmente medidos sobre o registo gráfico do sismógrafo o valor é calculado usando a seguinte equação: log( ) 4 5 Onde: A = amplitude das ondas sísmicas, em milímetros, medida diretamente no sismograma. x = tempo, em segundos, desde o início do trem de ondas P (primárias) até à chegada das ondas S (secundárias). M = magnitude arbitrária, mas constante, aplicável a sismos que libertem a mesma quantidade de energia. Qual a magnitude de um terremoto se A = 10 6 e x = 3 (desafio: procurar as magnitudes dos maiores terremotos registrados!) Solução: Aplicação direta: . / . / 4ª. Questão Q = Q0.e -kt representa a taxa de decaimento de uma substância radioativa. Calcule a meia-vida de uma substância radioativa que se desintegra a uma taxa de 5% (k = 0,05) ao ano. (Meia-vida é o tempo que deve decorrer para que, em certo momento, metade dos átomos de uma substância radioativa se desintegre) Solução: Pela “meia-vida” Q = Qo/2. Assim, Qo/2 = Q0.e -.0,05t Observação: o logaritmo de base “e” é chamado logaritmo natural e é indicado por “ln”. De volta ao problema: ½ = e -0,05t . Pela definição de logaritmo, –0,05t = ln(1/2) Daí, . / ( ) Agora é sua vez... Se P(x) = Be kx , com P(0) = 4 e P(25) = 6, qual o valor de P(50)? – este é o problema inicial deste tópico. https://pt.wikipedia.org/wiki/Sism%C3%B3grafo https://pt.wikipedia.org/wiki/Tor%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Wood-Anderson https://pt.wikipedia.org/wiki/Wood-Anderson https://pt.wikipedia.org/wiki/Onda_s%C3%ADsmica https://pt.wikipedia.org/wiki/Mil%C3%ADmetro https://pt.wikipedia.org/wiki/Sismograma https://pt.wikipedia.org/wiki/Segundo https://pt.wikipedia.org/wiki/Onda_s%C3%ADsmica 33 6º. Passo: Funções trigonométricas Você lembra o que é um triângulo retângulo? Desenhe um triângulo retângulo de hipotenusa a e catetos b e c. Seja x ângulo oposto ao cateto de medida b Relações: Teor. Pitágoras: a² = b² + c² sen(x) = b/a e cos(x) = c/a Rel. fund. Trigonometria: sen²(x) + cos²(x) = 1 Tg²(x) + 1 = sec²(x) (#) Ctg²(x) + 1 = csc²(x) (##) Notas: tangente de x, , também usamos tagx cotangente de x, , também indicada por ctgx secante de x, co-secante de x, , também denotada por cossecx (#) é obtida dividindo sen²(x) + cos²(x) = 1, membro a membro, por cos²(x). (##) é obtida dividindo sen²(x) + cos²(x) = 1, membro a membro, por sen²(x). ( ) ( )cos ( ) ( )cos ( ) cos( ) cos( ) cos( ) ( ) ( ) Obs.: No CÍRCULO TRIGONOMÉTRICO o eixo dos “x” corresponde ao eixo dos cossenos e o eixo dos “y” ao eixo dos senos. Onde ficam a secante, a tangente? Considere figura, sendo Ѳ o ângulo (para evitar confusão com o x e o y usados anteriormente). Descrevendo a figura: imagine um prato plástico circular. Traçar dois diâmetros (segmentos de reta que passam pelo centro do prato) que sejam perpendiculares entre si. A partir do centro considere um segmento como eixo X e o outro como eixo Y. O ângulo, lembrando, é dado no sentido anti-horário. Faça uma marcação qualquer na borda do prato. Chamar P tal ponto. Sendo circunferência de raio unitário (por quê?), segue-se figura: 34 Obs2.: Daí, as demais...por qual motivo? Vamos investigar? Principais Ângulos: Interessante relembrar como são obtidos. Entendendo. Dada uma folha no formato de um quadrado, onde sabemos que todos os lados possuem a mesma medida e todos os ângulos internos também, e iguais a 90º, unindo-se dois vértices opostos, geramos um triângulo retângulo e isósceles, cujos ângulos agudos valem, cada um, 45º. Se L é a medida de cada lado, a hipotenusa, por Pitágoras, vale √ ... 30º e 60º estão atrelados ao juntar dois vértices de um triângulo equilátero... Ângulo (grau e radianos) Seno Cosseno Tangente 0 o = 0 0 1 0 30º = π/6 √ √ 45º = π/4 √ √ 1 60º = π/3 √ √ 90º = π/2 1 0 Não existe! Aplicações: Encontre, se possível: sen(120º); cos(75º); tg(3π/2). Obs.: Há várias maneiras! Apresentamos uma! É interessante rever outras... Solução: Para sen(120º) podemos pensar em 120º = 30º + 90º ou 60º + 60º ou 150º - 30º (Ops! Não determinamos, ainda, o 150º!!!). 35 Consideremos: ( ) ( ) Desenvolvendo, ( ) cos( ) ( ) ( ) Pela tabela, substituindo valores, ( ) √ √ Para cos( ) cos( ) cos( ) cos( ) ( ) ( ) Daí, cos( ) √ √ √ √ √ Por fim, caso queira, como π = 180º, segue-se que 3π/2 = (3/2).(180º) = 270º. Ou seja, no círculo trigonométrico estamos sob o eixo dos “y”, que corresponde ao eixo dos seno, abaixo da origem. Assim, . / . / . / ( ) (...) A função seno associa a cada número real x o seu seno, f(x) = senx. Tem sinal positivo nos 1º e 2º quadrantes, e é negativo nos 3º e 4º quadrantes. Como, em módulo, o maior valor que assume é um, segue-se que sua imagem é [-1, 1], ao passo que não há restrições em seu domínio. O gráfico da função seno é representado pelo intervalo denominado senóide Oportunamente faremos esboço de gráficos. Assim sendo, focaremos aplicações no assunto “derivadas”, principalmente as “equações de ondas”. No tópico anterior abordamos a inversa da exponencial. Pois bem, quem é a inversa da função seno? Lembrando que uma função f, em determinado domínio, SÓ possui inversa se, e somente se, f for bijetora, por este motivo nem todas as funções trigonométricas possuem inversas em seus domínios de definição. TODAVIA, podemos trabalhar com subconjuntos dos respectivos domínios para gerar novas função que possuam inversas. Restringiremos o domínio da função f(x) = sen(x), com domínio no intervalo [π/2,π/2] e imagem no intervalo [1,1]. Por qual motivo? Quando iniciarmos o tópico sobre esboço de gráficos melhor entenderemos. Desta feita, a função inversa de f, denominada arco cujo 36 seno, denotada por f -1 (x) = arcsen(x) é assim definida: por f -1 :[ 1,1] [π/2,π/2] Traduzindo... quem é o arcsen(1/2)? A ideia básica é saber qual o PRIMEIRO ângulo cujo seno vale ½. No caso 30º. Determine: (a) arctg(1); (b) arcsec(√ ) e (c) arccos(0). Solução: Para arccos(0). Qual o primeiro ângulo cujo cosseno vale zero? Resposta: 90º ou π/2. Logo, arccos(0) = 0. Em relação ao arctg(1), qual o primeiro ângulo cuja tangente vale 1? Resposta: 45º ou π/4. Por fim, para arcsec(√ ), devemos saber qual primeiro ângulo cuja secante vale √ Isto é, √ √ √ √ . Ou seja, o primeiro ângulo cujo cosseno é √ é 45º ou π/4 Agora é sua vez.... Determine: (a) arctg(√ ); (b) arcsen( √ ) e (c) arccos(1/2). 7º. Passo: Exercícios... Exercícios... Primeiro tente resolver, em seguida, degustar a solução, pois o saber tem que ter sabor. Isto é, compreender a “essência”. (1) Como se lê: (a + b)²? E, como se lê: a + b²? (2) Onde está o erro no desenvolvimento do 1 = 1, apresentado no início deste tópico? (3) Assim como √ √ , segue-se que qualquer número dividido por ele mesmo é igual a “1”. (4) Uma criançaargumentou que se tem uma laranja e não vai dividir com ninguém, então sobra a laranja. Idem se forem duas ou três laranjas... Escreveu, para ilustrar seus pensamentos, os seguintes símbolos: E agora? Podemos argumentar que 1 dividido por 0 é igual a 1? (5) Qual o valor de x tal |3x – 5| > 7? (6) Determine o maior valor de f(x) = 4 – 9x². (7) Se f(x) = 2x, qual valor de f(-3)? Quem é x tal que f(x) = 128? 37 (8) Seja f(x) com a seguinte lei de formação: f(a + b) = f(a).f(b), para quaisquer “a” e “b” reais. Sabendo que f(1) = 3, encontre f(10). (9) Se uma planta tem a seguinte característica: a cada dia que passa a área de superfície de um lago por ela ocupada dobra. Se em 53 dias toda a superfície do lago será ocupada por esta planta, quantos dias são necessários para cobrir metade do lago? (10) Se P(x) = Bekx, com P(0) = 4 e P(25) = 6, qual o valor de P(50)? (11) Qual valor de arcsen(1)? (12) Qual o cos(105º)? (13) Escreva f(x) = ax² + bx + c (a ≠ 0) em função de suas raízes x1 e x2. Soluções... 1ª. Questão: Chamando c de a + b, então a + b ao quadrado é igual a c ao quadrado, ou quadrado de lado c. Assim (a + b)² é quadrado da soma de “a” com “b” e a + b² é lida como a soma de “a” com o quadrado de “b”. Pode parecer sem sentido esta questão, mas o foco está na interpretação geométrica. Entendendo: a = a x 1 pode ser comparada com um retângulo de área “a” e lados com medidas iguais a “a” e “1”. 2ª. Questão: Só faz sentido ⁄ √ se a > 0. Logo... 3ª. Questão: Quanto vale 12 dividido por 4? Resposta “3”. Por quê? Porque 3 x 4 = 12. Ou seja, . Se b ≠ 0, tudo tranquilo! Todavia, se b = 0, segue-se que 0 x c = 0, qualquer que seja c. Desta feita, se a ≠ 0, segue-se que é IMPOSSÍVEL . Enfim, respondendo ao problema, se a ≠ 0. Em outras palavras, como não posso determinar o valor de “a” em a x 0 = 0, segue-se que há uma INDETERMINAÇÃO. Verifique! 0 x 2 = 0; 0 x ½ = 0, 0 x 0 = 0... Finalmente, qualquer número dividido por ele mesmo é igual a “1” desde que o número seja DIFERENTE de ZERO! 4ª. Questão: Vide a 3ª. 38 5ª. Questão: Sabemos que | u | > a u < a ou u > a. Assim, consideremos u = 3x – 5. Daí: 3x – 5 < 7 3x < 5 – 7 x < 2/3 3x – 5 > 7 3x > 7 + 5 3x > 12 x > 4. 6ª. Questão: O maior valor está no vértice. Lembre-se, comparando f(x) = ax² + bx + c, com a expressão f(x) = 4 – 9x², segue-se: a = 9, b = 0 e c = 4. Logo, ( ) e o yv = f(xv) = f(0) = 4. 7ª. Questão: Substituir x por 3: f(3) = 2 -3 = ½³ = 1/8. Para saber o valor de x tal que f(x) = 128, vamos “fatorar” o 128, encontramos 128 = 2 7 . Assim, 2 x = 2 7 x = 7. 8ª. Questão: O objetivo desta questão é instigar a “construção do problema”. Queremos f(10) e conhecemos f(1). Há a informação f(a + b) = f(a).f(b). Algo nos impede de supor a = 1 E b = 1? Por quê? Porque é a única informação que dispomos. Assim, f(1 + 1) = f(1).f(1) f(2) = [f(1)]² = 3² = 9. Legal, temos f(2). Agora, vamos “construir” o f(3). Como 3 = 1 + 2, f(3) = f(1 + 2) = f(1).f(2) = 3.3² = 3³ = 27. Interessante, f(4) = f(3 + 1) = f(3).f(1) = 3³.3 = 3 4 . ... Ou seja, f(1) = 3 1 , f(2) = 3 2 , f(3) = 3 3 ... Podemos intuir (na verdade, o ideal é induzir matematicamente, mas este procedimento, INDUÇÃO FINITA, será evitado nesta obra, pois o foco é a compreensão da essência... em outras palavras, Cálculo para quem não gosta, mas precisa) que f(10) = 3 10 9ª. Questão: Vamos supor que inicialmente a área seja x. Assim, no segundo dia a área será 2.x. Terceiro dia = 2(2x) = 4x – dobra a nova área... compare com o material “segredo das matrizes” que usamos para motivação da função exponencial. Quarto dia = 2(4x)= 8x ... interessante, “x” está fixa ao passo que há variação no coeficiente, que são múltiplos (no caso, potências do 2). 1º dia Área ocupada = 1.x = 20x (lembre-se, 20 = 1) 39 2º dia Área ocupada = 2.x = 21x 3º dia Área ocupada = 4.x = 2²x 4º dia Área ocupada = 8.x = 2³x Podemos perceber que o expoente do “2” para um determinado dia “n” é igual a “n – 1”. Confere?Assim, f(n) = 2 n – 1 x, onde f(n) representa a área ocupada no “n-ésimo” dia. Área toda ocupada em 53 dias... f(53) = 2 52 x. Quantos dias tinha a metade, isto é, quem é n tal que f(n) = (2 52 x)/2 = 2 51 x? Assim, 2 n – 1 x = 2 51 x 2 n – 1 = 2 51 n – 1 = 51 n = 52 Há outras maneiras de argumentar esta questão... 10ª. Questão: P(50) = Be 50k . Falta descobrir quem são B e k. De P(0) = 4 4 = Be 0.k = Be 0 = B.1 = B .: B = 4. De P(25) = 6 6 = 4e 25k 6/4 = e 25k e 25k = 1,5 25k = ln(1,5)... Podemos desenvolver... mas queremos e 50k = e 2.(25k) = (e 25k )². Assim, P(50) = 4.(1,5)² = 9. 11ª. Questão: Queremos saber qual o primeiro ângulo cujo seno é 1. No caso, 90º ou π/2. Deste modo, arcsen(1) = π/2. 12ª. Questão: Como 105º = 60º + 45º (usando ângulos conhecidos), temos: cos( ) cos( ) cos( ) cos( ) ( ) ( ) Consultando tabela (o ideal, é ter tais valores cravados em sua mente) cos( ) √ √ √ √ √ √ ( √ ) 13ª Questão: Se x1 e x2 são as raízes, então podemos considerar √ √ Reparemos que, manipulando-as: √ √ √ √ √ √ (√ ) 40 Atenção ao uso dos sinais... ()x() = (+) e ()x(+) = ()... como ( ) Ou seja, ( ) . / ( ) Ainda não está muito simplificada a escrita, embora já tenhamos resolvido o problema. Vamos simplificar mais... Provaremos que f(x) = ax² + bx + c = a(x – x1)(x – x2). Para tanto, basta desenvolver o lado direito da igualdade: ( )( ) , ( ) ( )- , ( ) - Finalmente: ( )( ) ( ) ( ) Felicidade começa com Fé... Onde depositamos a nossa? 41 2ª. LIÇÃO = LIMITES: DA VIVÊNCIA PRÁTICA À TEORIA 1º. Passo: Introdução ao assunto... Imagine que um trecho de uma montanha russa 3 seja aproximado pela função f(t) = sen(t), onde t é o tempo e f(t) é a distância percorrida. A velocidade média, entre dois instantes consecutivos t2 e t1 é: ( ) ( ) . Se então ( ) ( ) ( ) ( ) Se (isto é, supondo um intervalo de tempo muito pequeno) temos que o quociente se aproxima de 0 dividido por 0, isto é: ( ) ( ) . Melhorando a escrita, se t1 = 0, então f(t1) = sen(0) = 0 e temos: . Paremos momentaneamente com esta função. Complete as tabelas dadas em relação à função ( ) . Por qual motivo este quociente? Em breve veremos aplicações envolvendo vertedouros de açudes (foco na razão entre o volume de água que passa em determinado tempo) ou fluxo sanguíneo na artéria ou intensidade de corrente elétrica em um instante... Não queremos pressionar... aliás, pressão é a relação entre uma determinada força e sua área de distribuição. Ok em relação à função do no numerador? Mas, por qual motivo o “1”. Está sendo usado como uma unidade. Entendendo, sua idade, em ano, no ano que você nasceu era zero. Todavia, você é alguém (deveras importante para sua família, vale ressaltar) é uma unidade! Deixando um pouco de lado o pensamento filosófico, note que x não pode ser igual a um senão zera o denominador. Todavia, x = 1 também zera o numerador. E 0/0 é forma indeterminada. E o que são formas indeterminadas? São expressões que podem assumir quaisquer valores. Por exemplo, sabemos que 12 / 4 = 3 porque 12 = 4 x 3. Bem, se 0/0 =n, segue-se que o zero do numerador será o produto do zero do denominador pelo n. Assim, 0 = 0.n. Todavia, qualquer número multiplicado por zero dá... ZERO! 3 Não só montanha russa, há estradas brasileiras, entre subidas e descidas que também podem aproximar-se da referida situação. https://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7a 42 Assim, vamos considerar valores próximos de um para as tabelas dadas. Entretanto, se x 1, segue-se que ou x < 1 ou que x > 1. Logo, vamos nos aproximar por ambos os lados. Valores próximos de “1”, sendo menores que este. X 0,5 0,9 0,95 0,99 F(x) Para facilitar a expressão podemos reescrever o numerador em função de suas raízes (pois “1” é raiz!). Para tanto, f(x) = ax² + bx + c fica na forma f(x) = a(x – x1)(x – x2). Vide 13ª questão da lição passada. 2x² + 3x – 5 = 2(x – x1)(x – x2), sendo x1 = 1, segue-se que, do produto das raízes (poderia ser da soma!) x1.x2 = -5/2 x2 = -5/2. Assim, 2x² + 3x – 5 = 2(x – 1)(x + 5/2) = (x – 1)(2x + 5) – favor verificar! Reescrevendo o quociente: ( ) 2x + 5. Ou seja, basta multiplicar cada valor por 2 e, em seguida, acrescentar 5. Valores próximos de “1”, sendo maiores que este. X 1,5 1,1 1,05 1,01 F(x) Completando, primeiro vamos tentar antes de conferir... Valores próximos de “1”, sendo menores que este. X 0,5 0,9 0,95 0,99 F(x) 6,00 6,80 6,90 6,98 E Valores próximos de “1”, sendo maiores que este. X 1,5 1,1 1,05 1,01 F(x) 8,00 7,20 7,10 7,02 Podemos concluir que, quanto mais próximo de “1” estiver x, mais próximo de “7” está f(x). Também percebemos que: Se x = 0,5, então a diferença 1 – x será igual a “0,5”. 43 Se x = 0,9, então a diferença 1 – x será igual a “0,1”. Se x = 0,95, então a diferença 1 – x será igual a “0,05”. Se x = 0,99, então a diferença 1 – x será igual a “0,01”. Também... Se x = 1,5, então a diferença 1 – x será igual a “– 0,5”. Se x = 1,1, então a diferença 1 – x será igual a “– 0,1”. Se x = 1,05, então a diferença 1 – x será igual a “– 0,05”. Se x = 1,01, então a diferença 1 – x será igual a “– 0,01”. Vamos recordar a função módulo. A interpretação geométrica dela é a distância da origem até x. Assim sendo, é conveniente reescrever: 0, 0, )( xx xx xf Traduzindo... a importância do módulo é deixar tudo positivo (o que se entende por este tudo? Reflita). Note que: | 1 – x | = 0,5, se x = 1,5 ou se x = 0,5. | 1 – x | = 0,1, se x = 1,1 ou se x = 0,9. | 1 – x | = 0,05, se x = 1,05 ou se x = 0,95. | 1 – x | = 0,01, se x = 1,01 ou se x = 0,99. Bem como: | 7 – f(x) | = 1,0, se x = 1,5 ou se x = 0,5. | 7 – f(x) | = 0,2, se x = 1,1 ou se x = 0,9. | 7 – f(x) | = 0,1, se x = 1,05 ou se x = 0,95. | 7 – f(x) | = 0,02, se x = 1,01 ou se x = 0,99. Ou seja, para esta função dada notamos que, para um dado intervalo de x, o módulo da diferença entre “7” e “f(x)” é o dobro do módulo da diferença entre “1” e “x”... Definição: Seja uma função f definida em um intervalo aberto que contém o ponto “a”, exceto possivelmente no próprio ponto “a”, e seja “L” um número real. Então: lim ( ) 44 significa | | ⇒ | ( ) | Interpretação: ao indicar |u| < v, isto significa que – v < u < v. Ou seja, | x – a | < d implica – d < x – a < d. Somando “a” em cada membro da desigualdade, a – d < x < a + d. Isto é, temos uma variação no intervalo ]a – d, a + d[. Traduzindo: Dada a existência de um intervalo no eixo x, em torno de “a”, há um intervalo no eixo y em torno de “L”. Próximo passo aprofundaremos mais a interpretação desta definição... Agora é sua vez... Complete as tabelas sendo ( ) Valores próximos de “1”, sendo menores que este. X 0,5 0,9 0,95 0,99 F(x) E Valores próximos de “1”, sendo maiores que este. X 1,5 1,1 1,05 1,01 F(x) 2º. Passo: Exercícios... Iniciaremos indicando que sendo ( ) unção está cada vez mais próxima de “17” quando x se aproxima de “1” e notamos que, para um dado intervalo de x, o módulo da diferença entre “17” e “f(x)” é cinco vezes o módulo da diferença entre “1” e “x”... Tal conclusão é retirada das tabelas... mas sempre precisaremos de tabelas para tratar de tais aproximações? Não. Para tanto, temos resultados. Não é obrigatório “decorar” apenas entender o passo a passo das demonstrações. Com efeito, durante as argumentações atreladas à 45 justificativa (ou demonstração) de cada teorema, podemos estabelecer estratégias para a resolução de situações problemas. TEOREMAS SOBRE LIMITES (1). Se f(x) tem um limite quando x tende para a, então o limite é único. Prova: Suponha que possam haver dois valores para o limite, L e M. Queremos chegar em uma contradição! Supor que L < M e vamos escolher . Não obstante, considerar os intervalos abertos (L – , L + ) e (M – , M + ). Como estes dois intervalos não se interceptam. Pela definição de limite, existe um tal que, sempre que x está no intervalo aberto (a - , a + ) e x ≠ a, então f(x) está no intervalo aberto (L – , L + ). Analogamente, existe um tal que, sempre que x está no intervalo aberto (a - , a + ) e x ≠ a, então f(x) está no intervalo aberto (M – , M + ). Supondo ainda < , se escolhermos um x que esteja simultaneamente nos intervalos (a - , a + ) e (a - , a + ), então f(x) estará simultaneamente em (L – , L + ) e (M – , M + ), contrariando o fato de que esses dois intervalos não se interceptam. Logo, a suposição inicial é falsa! (2). Se existem ambos os limites ( ) e ( ), então: I. , ( ) ( )- ( ) ( ) II. , ( ) ( )- ( ) ( ) III. , ( ) ( )- ( ) ( ) desde que ( ) Prova: Suponhamos que ( ) ( ) Item (I): Pela definição de limite, devemos mostrar que, para todo > 0, existe um > 0; 0 < | x – a | < então | [f(x) + g(x)] – (L + M) | < 46 Uma estratégia recorrente na matemática é “partir” de onde queremos “chegar” Comecemos por escrever | [f(x) + g(x)] – (L + M) | = | [f(x) – L] + [g(x) – M] | Utilizando a desigualdade triangular | b + c | < | b | + | c | segue- se que: | [f(x) – L] + [g(x) – M] | < | f(x) – L| + |g(x) – M|. Na definição de limite temos “qualquer”. A ideia é, quanto menor o tamanho do intervalo, melhor! Assim, ( ) fica se 0 < | x – a | < então | f(x) – L | < (*) E, ( ) fica se 0 < | x – a | < então | g(x) – M | < (**) Seja o menor dos números , então, 0 < | x – a | < implica que as duas desigualdades anteriores são verdadeiras (*) e (**). Por conseguinte, | [f(x) – L] + [g(x) – M] | < + = Item (II): Inicialmente, suponha que se h(x) é uma função tal que ( ) então, , ( ) ( )- ( ) fica se 0 < | x – a | < então | f(x) – L | < 1 (supondo ) (***) De novo, saindo de onde queremos chegar... | f(x) | = | f(x) + L – L |, pois 0 + u = u e podemos pensar em 0 = L – L. | f(x) + L – L | < | f(x) + L | + | L |, pela desigualdade triangular. | f(x) + L | + | L | < 1 + |L|, pela suposição (***) Assim, se 0 < | x – a | < então | f(x).h(x) | < (1 + |L|).|h(x)|. Como ( ) , segue-se que para todo > 0, existe um > 0 tal que se 0 < | x – a | < então | h(x) – 0| < | | . 47 Se for o menor dos números , então, sempre que 0 < | x – a | < segue-se que | f(x).h(x) | < (1 + |L|). | | = Agora, façamos a demonstração: Considere f(x).g(x) – LM = f(x).g(x) – M.f(x) + M.f(x) – LM Assim, f(x).g(x)– LM = f(x).[g(x) – M] + M.[f(x) – L]. Como ( ) equivale a , ( ) - segue-se resultado com h(x) = g(x) – M. Item (III): Basta mostrar que ( ) Note que | ( ) | | ( ) ( ) | | | | ( )| | ( ) | Como ( ) segue-se que existe um > 0 tal que se 0 < | x – a | < então | g(x) – M| < | | . Motivação: |M| = |g(x) + [M – g(x)]| < |g(x)| + |M – g(x)| < |g(x)| + |M|/2 Organizando, |M| < |g(x)| + |M|/2 |M|/2 < |g(x)| ou | ( )| | | Assim, | ( ) | | | | ( )| | ( ) | | | | ( ) |... (3). “Teorema do Sanduíche” Seja f(x) < h(x) < g(x) para todo x em um intervalo aberto contendo a, exceto possivelmente para o próprio a. Se ( ) ( ) ( ) Prova: Para todo > 0, existe um > 0 tal que se 0 < | x – a | < então | f(x) – L| < bem como existe um > 0; se 0 < | x – a | < então | g(x) – L| < . Se for o menor dos números , então, sempre que 0 < | x – a | < ambas as desigualdades anteriores que envolvem são verdadeiras, isto é, - < f(x) – L < e, por conseguinte – < g(x) – L < Consequentemente, se 0 < | x – a | < , então L – < f(x) e g(x) < L + . Como f(x) < h(x) < g(x), se 0 < | x – a | < , então L – < h(x) < L + que equivale a |h(x) – L| < 48 Obs.: só existe o limite no ponto se existirem e forem iguais os limites laterais. Limites laterais? Sim, é o ato de aproximar-se de x = a por valores pela direita (ou maiores que a) ou pela esquerda (ou menores que a). Em símbolos: Limite pela direita: )(lim xf ax Limite pela esquerda: )(lim xf ax Resultados: ( ) Para todo > 0, existe um > 0 tal que se 0 < | x – a | < então |(bx + c) – (ab + c)| = |bx – ab| = |b|.|x – a|. Ou seja, basta considerar = |b|. Se a > 0 e n é um inteiro positivo, ou se a < 0 e n é um inteiro positivo ímpar, então √ √ Sejam a > 0 e n um inteiro positivo. Mostraremos que, > 0, existe um > 0; se 0 < | x – a | < então | √ √ | . Ou equivalentemente, se – < x – a < e x ≠ a, então, segue-se que √ √ . Vamos “mexer” onde queremos chegar... √ √ √ √ √ ( √ ) (√ ) ( √ ) (√ ) 0 (√ ) 1 (√ ) se denota o menor dos dois últimos números positivos dados por (√ ) e (√ ) , então, segue-se que sempre que – a desigualdade se verifica e o teorema está demonstrado para este caso. 49 Traduzindo... estamos tão próximos do valor indicado que, se substituirmos a variável pelo valor indicado o erro entre o valor aproximado e o valor real praticamente é zero. Logo, basta substituir a variável pelo valor indicado. A título de curiosidade (não se assustem!) Usando a definição de limites, prove que: ( ) Devemos mostrar que | | |( ) | A ideia prática é saber onde queremos chegar... (dada a tese, “mexer” para fazer aparecer a hipótese. Ou seja, 2x² + 4x – 30 = 2(x² + 2x – 15) = 2(x – 3)(x + 5). Assim, | | | | | | | | (*) Suponha que (Por qual motivo?) Deste modo, | | | | Isto é, 2 < x < 4 que equivale (para fazer aparecer módulo) a 5 + 2 < 5 + x < 5 + 4... 7 < x + 5 < 9 Assim sendo, em virtude do intervalo que devemos obter (por quê?), em (*), | | | | | | | | . Por fim, seja 2 3. Ufa! Exemplos: lim ⏞ lim ⏟ Repetindo, “basta substituir a variável pelo valor a qual ela tende”. Quando aparecer a indeterminação 0/0, devemos mexer com a expressão e, só então, aplicar o limite. lim lim ( )( ) lim ( ) Calcule os limites laterais da função indicada: 50 01. ; 1xse1 1xse0 )x(f 02. ; 1 122 1 1 )( 2 xsex xexse x x xg 03. ; 1x1sex1 1xou1xse1x )x(p 2 2 04. ; 2x1se1 1x0sex 0x2sex )x(P 2 Solução... 01). No caso, a = 1. 11lim)(lim 1 xax xf Tender para „1‟ pela direita significa que a função está definida para valores maiores que „1‟. Ou seja, f(x) = 1. Analogamente... 00lim)(lim 1 xax xf 03). 0)1(lim)(lim 0)1(lim)(lim 0)1(lim)(lim 0)1(lim)(lim 2 11 2 11 2 11 2 11 xxf xxf xxf xxf xx xx xx xx Nota: independentemente de ser pela direita ou pela esquerda, “basta” substituir a variável pelo valor a qual ela tende. Agora é sua vez... Encontre os limites: 51 ) √ ) ) √ ) 3º. Passo: Limites infinitos e no infinito Iniciamos respondendo as questões do passo anterior... Basta substituir a variável pelo valor a qual tende. Caso encontremos 0/0, usar simplificação ou produtos notáveis. Lembrar: ao trocar a variável pelo valor a qual tende, a expressão “lim” desaparece. Item (a): lim √ √ ( ) Item (b): lim ( ) ( ) Item (c): lim √ . Vamos pensar da seguinte forma. Se a = √ e b = 2, pois não podemos pensar separadamente cada expressão (numerador ou denominador), segue-se, então que a² = x e b² = 4. De a² b² = (a – b)(a + b)... lim √ lim √ (√ )(√ ) lim √ Item (d): lim De a³ b³ = (a – b)(a² + ab + b²), temos, comparando “a” com “x” e “b” com “1”: x³ 1 = (x – 1)(x² + x + 1). Por analogia, de a² b² = (a – b)(a + b), segue-se que x² 1 = (x – 1)(x + 1). Lembrando que se x 1 (isto é, se x se aproxima de “1‟, então x é diferente de “1”. Ou seja: x ≠ 1 x – 1 ≠ 0. Assim: lim lim ( )( ) ( )( ) lim Notamos a necessidade da divisão de polinômios (ou produtos notáveis) quando, no cálculo de limites, encontrarmos 0/0. Mas o que acontece quando x se aproximar de um valor muito grande ou se o denominador se aproximar de 0 e o denominador de outro número? 52 LIMITES INFINITOS E NO INFINITO Considere a função y = 1/x. Com x diferente de zero. Ela tem grande importância porque qualquer polinômio pode ser reescrito em termos dela. Por exemplo: p(x) = x³ + 3x² + 2x. Vamos colocar em evidência o x³. Isto é, dividir o membro direito da igualdade por x³ (e multiplicar por ele mesmo, desde que x ≠ 0). Assim, ]) 1 (2 1 31[) 23 1() 23 ()( 23 2 3 33 2 3 3 3 xx x xx x x x x x x x xxp . Algumas considerações sobre o “infinito”: n n n n n n n 0,0 0, 0, 0, Por quê? Discuta com seus colegas... antes, compare com a seguinte ideia: se alguém não vive 130 anos, viverá 130 + 10? Ou o produto de 130 por 10? 130 10 ? Vamos completar as tabelas: Quando x decresce indefinidamente, isto é, x X 10 10 10 100 10 1.000 10 100.000 Y = 1/x Quando x cresce indefinidamente, isto é, x X 10 10 10 100 10 1.000 10 100.000 Y = 1/x Quando x se aproxima de zero por valores menores que zero, isto é, x 0 - 53 X 10 10 10 100 10 1.000 10 100.000 Y = 1/x Quando x se aproxima de zero por valores maiores que zero, isto é, x 0 + X 10 -10 10 -100 10 -1.000 10 -100.000 Y = 1/x Percebemos que: x x xx x x xx 1 lim 1 lim 1 lim0 1
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