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História do Imperialismo

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Prévia do material em texto

2011
História do imperialismo
Prof. Fabiano Dauwe
Prof. César Augusto Jungblut
Copyright © UNIASSELVI 2011
Elaboração:
Prof. Fabiano Dauwe
Prof. César Augusto Jungblut
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
 
930
D235h Dauwe, Fabiano.
História do imperialismo / Fabiano Dauwe [e] César Augusto 
Jungblut. Indaial : Uniasselvi, 2011. 
183 p. il.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-500-0
1. História Imperial. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. 
Núcleo de Ensino a Distância III. Título
 
III
apresentação
Prezado(a) acadêmico(a)!
Iniciamos agora nossa disciplina de História do Imperialismo. Você 
perceberá que esta é uma disciplina um pouco diferente, pois não se concentra 
em um único tema, mas em dois. Nossa disciplina tratará, inicialmente, da 
consolidação da ideologia liberal após a Revolução Francesa, que deu origem 
ao nacionalismo romântico e ao imperialismo neocolonialista do século XIX. 
Neste sentido, a disciplina funciona como uma continuação de História 
Moderna. 
A Unidade 1 trata dos eventos políticos mais importantes ocorridos 
no século XIX, desde a ascensão de Napoleão Bonaparte. Um destaque 
especial foi dado para os efeitos políticos do nacionalismo, que deu origem às 
revoluções de 1848 e aos movimentos de unificação da Itália e da Alemanha, 
mas o surgimento do socialismo, nessa mesma época, demonstrou a força da 
classe operária em um período de forte crescimento industrial.
A Unidade 2 trata da História da Ásia, região pouco estudada, mas de 
suma importância para entender o Imperialismo no século XIX. Além disso, 
você conhecerá um pouco da História da China, do Japão e da Índia. Nessa 
unidade será dada uma atenção à importância de se estudar esse assunto e 
levá-lo à sala de aula.
A Unidade 3 trata do imperialismo propriamente dito, especialmente 
do período anterior à Primeira Guerra Mundial. Você perceberá de que forma 
essa exploração desenfreada dos recursos do mundo colocou em choque os 
países europeus, cada vez mais poderosos, à custa do restante do mundo.
Então, seja bem-vindo(a) e bons estudos!
Prof. Fabiano Dauwe
Prof. César Augusto Jungblut
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 - A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX ..................................1
TÓPICO 1 - O PERÍODO NAPOLEÔNICO E O CONGRESSO DE VIENA ............................3
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3
2 O CONSULADO .................................................................................................................................4
2.1 O 18 BRUMÁRIO ...........................................................................................................................4
2.2 A ESTRUTURA DA FRANÇA SOB O CONSULADO .............................................................5
2.2.1 A Concepção de Estado .......................................................................................................5
2.2.2 A educação e a Igreja ............................................................................................................6
2.2.3 O Código Civil ......................................................................................................................6
2.2.4 A burguesia e o império .......................................................................................................7
3 O PERÍODO IMPERIAL ....................................................................................................................7
3.1 OS IDEAIS REVOLUCIONÁRIOS ..............................................................................................10
3.2 A TERCEIRA COALIZÃO – 1805 ................................................................................................10
3.3 O BLOQUEIO CONTINENTAL ..................................................................................................10
3.4 A CAMPANHA DA RÚSSIA .......................................................................................................11
3.5 A DERROCADA DE NAPOLEÃO ..............................................................................................11
3.6 O GOVERNO DOS CEM DIAS E O EXÍLIO ..............................................................................12
4 O CONGRESSO DE VIENA .............................................................................................................12
4.1 O “CONCERTO DA EUROPA” ...................................................................................................13
4.2 A SANTA ALIANÇA ....................................................................................................................14
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................15
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................16
TÓPICO 2 - AS REVOLUÇÕES LIBERAIS E O NACIONALISMO ROMÂNTICO ...............17
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................17
2 AS REVOLUÇÕES LIBERAIS ..........................................................................................................18
2.1 AS REVOLTAS DA DÉCADA DE 1820 ......................................................................................18
2.1.1 A “Questão Oriental” e a liberação da Grécia ..................................................................19
2.2 AS REVOLUÇÕES DE 1830 ..........................................................................................................19
2.2.1 A Revolução Liberal na França ...........................................................................................20
2.2.2 A Revolução Liberal em outros países...............................................................................20
2.3 AS REVOLUÇÕES LIBERAIS DE 1848 .......................................................................................20
2.3.1 A Primavera dos Povos ........................................................................................................21
2.4 O 18 BRUMÁRIO DE NAPOLEÃO III .......................................................................................222.5 A ERA DO CAPITAL.....................................................................................................................23
3 O NACIONALISMO ROMÂNTICO ..............................................................................................24
3.1 O ROMANTISMO .........................................................................................................................24
3.2 O NACIONALISMO .....................................................................................................................27
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................29
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................30
TÓPICO 3 - AS ORIGENS DO SOCIALISMO ................................................................................31
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................31
2 O SURGIMENTO DO SOCIALISMO ...........................................................................................32
sumário
VIII
2.1 O LUDISMO ...................................................................................................................................33
2.2 CARTISMO ....................................................................................................................................35
2.3 A UTOPIA SOCIALISTA ..............................................................................................................37
2.3.1 Socialismo utópico ................................................................................................................37
2.4 O SOCIALISMO CIENTÍFICO ....................................................................................................38
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................42
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................43
TÓPICO 4 - OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX ...............................................................45
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................45
2 POLÍTICA EXTERNA DOS EUA NO SÉCULO XIX ..................................................................45
3 FATORES QUE EXPLICAM A EXPANSÃO .................................................................................47
4 A GUERRA DA SECESSÃO .............................................................................................................49
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................51
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................55
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................56
UNIDADE 2 - HISTÓRIA DA ÁSIA..................................................................................................57
TÓPICO 1 - INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS DA HISTÓRIA DA ÁSIA .................................59
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................59
2 A HISTÓRIA DA ÁSIA CONTEMPORÂNEA .............................................................................59
3 A HISTÓRIA EUROCÊNTRICA .....................................................................................................61
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................65
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................70
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................71
TÓPICO 2 - OS CONFLITOS NA CHINA .......................................................................................73
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................73
2 UM BREVE PANORAMA DA CHINA ..........................................................................................73
3 A CHINA NO SÉCULO XIX .............................................................................................................76
4 AS GUERRAS DO ÓPIO (1839-1842/1856-1858) ...........................................................................78
5 OS TRATADOS “INÍQUOS” ...........................................................................................................81
6 A REVOLTA DOS TAIPING (1851-1864) .......................................................................................82
7 A GUERRA SINO-JAPONESA (1894-1895) ...................................................................................83
8 A REVOLTA DOS BOXERS (1900-1901) .........................................................................................84
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................85
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................88
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................89
TÓPICO 3 - O JAPÃO MODERNIZADO .........................................................................................91
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................91
2 A ERA TOKUGAWA ..........................................................................................................................92
3 A RESTAURAÇÃO DE MEIJI ..........................................................................................................95
4 A INDUSTRIALIZAÇÃO..................................................................................................................97
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................99
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................101
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................104
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................105
TÓPICO 4 - ÍNDIA: HISTÓRIA E IMPERIALISMO .....................................................................107
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................107
IX
2 O DOMÍNIO INGLÊS SOBRE A ÍNDIA .......................................................................................107
3 GUERRA DOS CIPAIOS (1857-1859) ..............................................................................................110
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................111
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................116
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................117UNIDADE 3 - O IMPERIALISMO E O NEOCOLONIALISMO .................................................119
TÓPICO 1 - O CONCEITO DE IMPERIALISMO E SUAS VARIANTES ..................................121
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................121
2 O SENTIDO DO TERMO IMPERIALISMO ...............................................................................121
3 ENTENDENDO O CONCEITO DE IMPERIALISMO ...............................................................122
4 POR QUE OCORREU O IMPERIALISMO? .................................................................................124
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................126
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................128
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................129
TÓPICO 2 - A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O NEOCOLONIALISMO ...............................131
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131
2 A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL .......................................................................................................131
3 NEOCOLONIALISMO ......................................................................................................................132
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................135
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................138
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................139
TÓPICO 3 - O IMPERIALISMO NA ÁFRICA .................................................................................141
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................141
2 O IMPERIALISMO NA ÁFRICA ...................................................................................................142
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................147
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................151
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................152
TÓPICO 4 - A UNIFICAÇÃO DA ALEMANHA E DA ITÁLIA ..................................................153
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................153
2 PROCESSO DA UNIFICAÇÃO ITALIANA ................................................................................153
3 A ALEMANHA ....................................................................................................................................157
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................160
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................162
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................163
TÓPICO 5 - METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA DO IMPERIALISMO ..............165
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165
2 AS TECNOLOGIAS E O ENSINO DE HISTÓRIA......................................................................166
3 FILMES NA SALA DE AULA ...........................................................................................................169
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................171
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ..........................................................................................................173
RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................177
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................178
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................179
X
1
UNIDADE 1
A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS 
NO SÉCULO XIX
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade você será capaz de:
• avaliar o impacto causado por Napoleão Bonaparte na França e na Euro-
pa, e sua importância para a difusão da ideologia liberal pelo continente;
• conceituar romantismo e nacionalismo e perceber como essas ideologias 
se uniram para dar origem às revoluções e aos movimentos de unificação 
da Alemanha e da Itália; 
• compreender o socialismo e sua importância para as lutas políticas do sé-
culo XIX; 
• conhecer a história dos Estados Unidos no século XIX.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No final de cada um deles, você 
encontrará atividades que o(a) ajudarão a refletir e a fixar os conhecimentos 
abordados.
TÓPICO 1 – O PERÍODO NAPOLEÔNICO E O CONGRESSO DE VIENA
TÓPICO 2 – AS REVOLUÇÕES LIBERAIS E O NACIONALISMO 
 ROMÂNTICO
TÓPICO 3 – AS ORIGENS DO SOCIALISMO 
TÓPICO 4 – OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
O PERÍODO NAPOLEÔNICO E O 
CONGRESSO DE VIENA
1 INTRODUÇÃO
A Revolução Francesa foi um dos eventos mais marcantes da História 
europeia, tanto pela ideologia que a originou quanto pelos efeitos políticos e 
sociais que esse movimento haveria de causar a médio e longo prazo, em todo 
o mundo. As origens do movimento estavam no pensamento iluminista que 
se desenvolveu na Europa no século XVIII e pregava os ideais de liberdade 
individual, de igualdade jurídica entre todos os cidadãos e de fraternidade. Seu 
questionamento das autoridades estabelecidas pelas tradições e legitimadas 
pela religião trouxe como consequências o estabelecimento de governos eleitos 
pelo povo (sejam eles republicanos ou monárquicos) e a separação entre Igreja e 
Estado, entendida como um dos pilares dos Estados modernos.
Nada disso, é claro, aconteceu facilmente, nem foi uma decorrência pura e 
simples dos ideais iluministas. Estamos tão acostumados, no início do século XXI, 
a testemunhar os efeitos do Iluminismo que não nos damos conta de que esses 
efeitos só chegaram até nós à custa de muito sangue e de ferozes ações e reações. 
Afinal, ideias como essas, tão radicalmente opostas ao que se entendia como “o 
correto” há vários séculos, não foram aceitas pacificamente e sem resistências 
dos grupos ameaçados. Dessa forma, várias décadas decorreram entre a eclosão 
da Revolução Francesa e a aceitação mais ou menos generalizada dos ideais 
revolucionários em toda a Europa.
Prezado(a) Acadêmico(a)! Iniciamos os estudos desta disciplina justamente 
no ponto em que deixamos a disciplina de História Moderna. Portanto, nossas 
discussões, neste momento, pressupõem que você domina os conteúdos daquela 
disciplina. Se você tiver alguma dúvida, não hesite em retomar o Caderno de História 
Moderna ou a bibliografia proposta.
UNI
UNIDADE 1 | A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
4
A figura de Napoleão Bonaparte cumpriu um papel essencial na 
consolidação desse pensamento. Seu domínio sobre a França por quase vinte anos 
foi um períodode consolidação dos ideais iluministas, de aplicação desses ideais 
à administração pública e de sua difusão pela Europa a partir das campanhas 
militares que seu exército empreendeu. Ainda que não possamos atribuir essas 
transformações exclusivamente à sua atuação pessoal – naquela ideia ultrapassada 
de que “a história se resume à biografia de alguns grandes homens” – é inegável 
que sua liderança causou um efeito dramático na França e em todo o mundo.
2.1 O 18 BRUMÁRIO
2 O CONSULADO
Os primeiros anos após a queda da Bastilha haviam sido politicamente 
conturbados. Após a Assembleia Constituinte de 1791, o rei Luís XVI precisou 
governar com poderes limitados, em um regime de monarquia constitucional (o 
preferido de filósofos como Voltaire). A conspiração do rei contra a revolução 
levou-o à guilhotina, em 1793, e a partir desse momento a França experimentou 
algumas formas republicanas de governo: a Convenção – que degenerou no 
Terror jacobino – e o Diretório, que estabelecia um poder central fraco que gerou 
descontentamento popular.
 
Ao mesmo tempo, a França estava em guerra contra os países vizinhos, 
que temiam que as ideias revolucionárias se espalhassem entre suas populações. 
A guerra aumentava ainda mais a crise econômica e política do país. Não é de 
se estranhar que um general – Napoleão Bonaparte – ganhasse prestígio entre a 
população e fosse alçado ao poder.
A insatisfação com o governo do Diretório levava diversos grupos a 
tramarem um golpe contra o regime. Escolheram Napoleão para comandante, 
por seu enorme apoio popular, acreditando que poderiam controlá-lo. No dia 9 
de novembro de 1799 (18 Brumário do ano VIII, pelo Calendário Revolucionário), 
o Diretório foi substituído por um Consulado, a cargo de três nomes: Napoleão, 
Roger Ducos e Seyès. O governante efetivo, no entanto, era o primeiro-cônsul, 
Prezado(a) acadêmico(a)! Para informações mais detalhadas sobre esse tema, 
releia o Caderno de História Moderna, em especial o último tópico da Unidade 3.
NOTA
TÓPICO 1 | O PERÍODO NAPOLEÔNICO E O CONGRESSO DE VIENA
5
2.2.1 A Concepção de Estado
2.2 A ESTRUTURA DA FRANÇA 
SOB O CONSULADO
O período do Consulado foi politicamente contraditório. A Constituição 
promulgada em 1799 tinha uma aparência democrática e previa o funcionamento 
de um Senado, um Conselho de Estado e diversas outras instituições que, em 
princípio, retiravam poder dos governantes. No entanto, como mencionamos, 
criava uma situação cada vez mais autoritária que levaria, logo em seguida, à 
concentração total dos poderes políticos nas mãos de Napoleão.
Mesmo assim, foi um período de fundamental importância, pois viu 
consolidar-se uma estrutura política e administrativa que seria amplamente 
imitada no restante do mundo a partir de então. Passemos agora a analisar com 
detalhes algumas das reformas implantadas nesse período.
O Estado napoleônico era originado da concepção iluminista de poder, 
que entendia que a legitimidade do governante provinha não de Deus ou de 
algum atributo especial que ele, pessoalmente, possuísse, mas exclusivamente 
da vontade dos seus governados. Essa ideia, originada dos pensamentos de 
John Locke e Jean-Jacques Rousseau, foi também inspiradora do movimento de 
independência dos Estados Unidos. Como consequências diretas dessa ideia, 
os franceses entendiam que a administração pública, não apenas nos níveis de 
governo, mas em todos os órgãos do Estado, deve ser ocupada de acordo com os 
melhores interesses do país.
Isso levou a um processo de centralização administrativa do Estado 
e à criação de uma burocracia – ou seja, uma estrutura administrativa – que 
selecionasse os melhores elementos disponíveis para exercer cada cargo. Em vez 
de favorecimentos reais ou privilégios de nobreza, instituíram-se os concursos 
públicos para a seleção dos mais qualificados a cada cargo. Foi a vitória da 
chamada meritocracia.
Napoleão, que foi aos poucos ganhando as condições para estabelecer, nos anos 
seguintes, uma ditadura militar.
O período em que Napoleão Bonaparte esteve à frente do comando da 
França (1799-1815) trouxe consequências dramáticas para toda a Europa. As 
conquistas militares do Exército francês espalharam os ideais revolucionários 
por toda a parte e populações inteiras tomaram conhecimento de noções como 
igualdade, liberdade econômica e participação política.
UNIDADE 1 | A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
6
2.2.2 A educação e a Igreja
2.2.3 O Código Civil
O governo do Consulado promoveu também uma reorganização 
completa do sistema educacional francês, de modo a estender a educação pública 
a todos os cidadãos. Por educação pública entendia-se um ensino gratuito, 
amplamente acessível a todos, ministrado em língua francesa padrão e laico, isto 
é, desvinculado de qualquer relação com a religião. É importante observar que a 
educação já era bastante difundida na França no período anterior à Revolução. As 
escolas religiosas e as igrejas, entendendo a escola como um elemento de controle 
social, já forneciam uma educação básica a praticamente todos os franceses, 
desde o século XVI. A ideologia revolucionária apenas apropriou-se desse papel 
controlador e universalizou a educação.
A educação laica tocava em um dos pontos centrais da estrutura de Estado 
que estava sendo criada. A Igreja era entendida, pelos revolucionários, como uma 
força de controle social por demais poderosa e que precisava ser contida para 
não rivalizar com a autoridade do próprio Estado. Por esse motivo, promoveu-se 
uma completa separação entre os assuntos da Igreja e os do Estado, ainda que 
o governo reconhecesse o papel importante e o predomínio religioso da Igreja 
Católica na França. Em 1801 foi celebrado um acordo com a Igreja Católica, pelo 
qual o Estado francês reconhecia o catolicismo como religião da maioria dos 
franceses (mas não a religião oficial do Estado, como desejava o papa). O clero 
passaria a ser amparado pelo Estado, em troca do confisco das terras da Igreja em 
território francês. A partir desse momento, o Estado francês reconhecia o direito 
à existência e à legitimidade de todas as religiões. 
Uma das medidas mais importantes adotadas pelo governo do Consulado 
foi a elaboração do Código Civil Francês, inspirado nas legislações romana, 
bizantina e no pensamento iluminista. O Código, concluído em 1804, estabelecia 
por escrito os princípios fundamentais do Estado francês e como este estaria 
organizado dali para diante. O Código aboliu definitivamente os privilégios 
feudais e instituiu uma lei única para todo o país. Dentre as determinações do 
Código, proibiu-se a lei de retroagir (aplicar-se a eventos que ocorreram antes de 
sua promulgação), estabeleceu o divórcio consensual e deliberou sobre diversas 
questões fundamentais para os Estados modernos. Por estes motivos, e por toda 
a concepção de Estado que trazia consigo, o Código Napoleônico serviria, dali em 
diante, como modelo para praticamente todas as legislações nacionais – inclusive 
a atual legislação brasileira.
TÓPICO 1 | O PERÍODO NAPOLEÔNICO E O CONGRESSO DE VIENA
7
2.2.4 A burguesia e o império
O Consulado foi um período de grande prosperidade para a burguesia, 
que encontrou no imperador um aliado no fortalecimento econômico do país. 
Napoleão favoreceu os empreendimentos industriais na França, estabelecendo 
tarifas protecionistas e controlando a inflação, o que ajudou a fortalecer o consumo 
e promoveu uma acentuada recuperação econômica.
O sucesso da administração de Napoleão entusiasmou as elites francesas. 
Ele foi proclamado cônsul vitalício em 1802 e ganhou o direito de nomear seu 
sucessor. Na prática, a medida antecipava o estabelecimento de um regime 
imperial na França, o que de fato aconteceu dois anos depois: por meio de um 
plebiscito, Napoleão tornou-se Imperador.
Durante a coroação de Napoleão, tornou-se célebre o momento em que ele 
retirou a coroa imperial das mãos do papa Pio VII e coroou a si mesmo. Simbolicamente, 
Napoleão demonstrava,com isso, que não aceitaria submeter-se a qualquer autoridade, 
muito menos à da Igreja Católica. Você consegue perceber os traços de pensamento 
Iluminista nesse gesto?
UNI
3 O PERÍODO IMPERIAL
Após a coroação, Napoleão passou a defrontar-se com sérias dificuldades 
com os vizinhos, onde persistia o temor de que as ideias revolucionárias se 
espalhassem. A resposta francesa foi o avanço militar: o alistamento e o serviço 
militar obrigatórios haviam dotado a França do maior exército do continente, 
com cerca de 600 mil homens bem treinados. O exército avançou pelas regiões 
germânicas, anexando grande parte delas: apenas a Áustria, a Prússia, a região de 
Holstein (próxima à Dinamarca) e a Pomerânia (litoral do mar Báltico) escaparam 
ao domínio francês. Mas, mesmo as regiões que não foram ocupadas se viram 
forçadas a declarar seu apoio nominal a Napoleão. Da mesma forma, regiões ao 
sul, como o reino da Itália (que correspondia a uma parte do norte da Itália atual 
e tinha capital em Milão) e o reino de Nápoles (correspondente ao sul da Itália 
atual), foram conquistadas. O exército napoleônico parecia invencível.
UNIDADE 1 | A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
8
Prezado(a) Acadêmico(a)! Lembre-se de que na época do Império Napoleônico 
(1804–1814), os países da Alemanha e da Itália, como os conhecemos hoje, não existiam. 
Eles só surgiram por volta de 1870, e os avanços do exército francês influíram em grande 
medida na sua consolidação. Os processos de unificação desses países serão vistos com 
mais detalhes no próximo tópico.
ESTUDOS FU
TUROS
TÓPICO 1 | O PERÍODO NAPOLEÔNICO E O CONGRESSO DE VIENA
9
FONTE: Disponível em: <http://www.ecunico.com/eisohomem/daniel/imperio_napoleonico.
jpg>. Acesso em: 15 mar. 2008.
FIGURA 1 – O AVANÇO DO EXÉRCITO FRANCÊS ATÉ 1812, EM SEU MOMENTO DE 
MÁXIMA EXPANSÃO
UNIDADE 1 | A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
10
3.1 OS IDEAIS REVOLUCIONÁRIOS
3.2 A TERCEIRA COALIZÃO – 1805
3.3 O BLOQUEIO CONTINENTAL
Por onde passava, o exército francês promovia intensas transformações 
políticas e sociais: as novas regiões, entendidas como estados-satélites da França, 
passavam a seguir os mesmos ideais revolucionários que vicejavam no país 
de origem. Por toda a parte, privilégios feudais eram abolidos, a autoridade 
senhorial (inclusive o direito a aplicar as leis em seus domínios) dava lugar ao 
código civil e as divisões políticas eram reordenadas. Nas regiões germânicas, 
vários territórios, até então politicamente fragmentados, foram agrupados por 
Napoleão para formar a Confederação do Reno, e o imperador Francisco II foi 
forçado a abdicar. Com isso, foi extinto, em 1806, o Sacro Império Romano-
Germânico (que existia desde 962).
O país mais temeroso do avanço militar francês era a Grã-Bretanha. 
Preocupada com a possibilidade de prejuízos econômicos e políticos, a 
diplomacia britânica articulou a criação de uma coligação de nações contrárias 
ao expansionismo napoleônico. Em 1805, a chamada Terceira Coalizão – pois 
sucedia a duas outras surgidas logo após a Revolução Francesa, em 1792 e 1798 –, 
formada por Inglaterra, Áustria, Rússia e Prússia, enfrentou diretamente o exército 
napoleônico. Embora obtivesse uma vitória importante na famosa batalha naval 
de Trafalgar (o que impediu a França de invadir a Inglaterra), foi derrotada em 
Austerlitz. A derrota pôs fim à Coalizão, mas não aos enfrentamentos entre França 
e Grã-Bretanha. Mais quatro coalizões seriam formadas até a derrota definitiva de 
Napoleão, em 1815.
Impossibilitado de invadir a Inglaterra, Napoleão decidiu anular seu 
adversário a partir da economia: decretou, em 1806, um embargo comercial 
à Inglaterra, que valeria para todos os países sob seu domínio. O chamado 
Bloqueio Continental teve o efeito contrário ao que se esperava: a ampla 
capacidade industrial e o controle do comércio marítimo garantiram à Inglaterra 
a manutenção de seu poderio, ao passo que a restrição comercial com a grande 
potência da época trouxe sérias dificuldades econômicas para a própria França 
e seus aliados. Em parte por esse motivo, algumas regiões sob o controle francês 
começaram a romper o bloqueio, o que obrigou Napoleão a intervir militarmente 
sobre elas.
TÓPICO 1 | O PERÍODO NAPOLEÔNICO E O CONGRESSO DE VIENA
11
3.4 A CAMPANHA DA RÚSSIA
3.5 A DERROCADA DE NAPOLEÃO
De todas as intervenções, a mais importante para o destino do Império 
Napoleônico foi a campanha da Rússia. A Rússia, país agrário e muito dependente 
das importações inglesas, rompeu o Bloqueio Continental em 1810, o que levou 
Napoleão a invadir o país em 1812. Em vez de enfrentar diretamente os invasores, 
os russos preferiram evitar os combates, praticando a estratégia da terra arrasada: 
por onde passassem, as tropas napoleônicas encontravam os campos destruídos 
e as cidades vazias (e muitas vezes igualmente destruídas), e eram forçadas a 
avançar ainda mais. Aos poucos, as tropas se enfraqueceram física e moralmente, 
e o rigoroso inverno russo terminou de selar o destino da desastrosa campanha. 
Estima-se que, dos 600 mil homens que partiram, apenas cerca de 40 mil 
regressaram com vida.
Sentindo o enfraquecimento de Napoleão, a Inglaterra reuniu a Sexta 
Coalizão para tentar derrotá-lo definitivamente. Napoleão anunciou que reuniria 
um exército ainda maior do que o que fora enviado à desastrosa campanha da 
Rússia – e, de fato, conseguiu reunir 650 mil soldados, embora nem todos sob seu 
comando direto. O exército francês recuou após a Batalha de Leipzig (também 
conhecida como “Batalha das Nações”), em outubro de 1813. Em 30 de março do 
ano seguinte, a coalizão entrou em Paris e, uma semana mais tarde, Napoleão 
abdicou do trono francês e, preso, foi levado para o exílio na ilha de Elba, no mar 
Mediterrâneo.
O grande clássico do russo Lev Tolstói, Guerra e Paz, trata da sociedade russa 
durante o período Napoleônico. É considerado uma das maiores obras-primas da literatura 
mundial.
DICAS
UNIDADE 1 | A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
12
3.6 O GOVERNO DOS CEM DIAS E O EXÍLIO
4 O CONGRESSO DE VIENA
Com a deposição de Napoleão, Luís XVIII foi coroado e a monarquia 
Bourbon restaurada. A dificuldade do novo rei em conciliar os diversos interesses 
conflitantes no país causava-lhe uma enorme impopularidade. Napoleão soube 
se aproveitar da situação: fugiu de Elba no início de 1815, retornou a Paris, onde 
foi novamente aclamado imperador.
Imediatamente, a Sétima Coalizão reuniu-se para derrotá-lo, o que ocorreu 
pouco mais de três meses depois. Por esse motivo, o período ficou conhecido 
como o Governo dos Cem Dias. A derrota final de Napoleão ocorreu na famosa 
Batalha de Waterloo (18 de junho de 1815), quando o imperador foi preso e 
novamente enviado ao exílio – desta vez na inacessível ilha de Santa Helena, 
localizada no meio do Atlântico Sul, a mais de 2000 quilômetros da região mais 
próxima. Incomunicável, e supostamente vítima de envenenamento, Napoleão 
morreu na ilha em 1821.
Após a derrota de Napoleão na Batalha das Nações, embaixadores das 
maiores potências da Europa se reuniram em Viena, capital da Áustria, para 
reordenar o mapa político da Europa. A intenção era apagar o legado deixado por 
Napoleão e os acontecimentos dos vinte e cinco anos anteriores e barrar o avanço 
das perigosas ideias liberais. O espírito que movia os negociadores do Congresso 
de Viena era, portanto, essencialmente reacionário.
As forças conservadoras restauraram os monarcas que haviam sido 
depostos e restabeleceram os antigos privilégios de nobreza em todos os países, 
inclusive na França. Pelos termos do acordo, a França voltaria a ser governada 
por Luís XVIII e, nos demais países europeus, igualmente retornariam ao trono 
os antigos governantes ou seus herdeiros. Para evitar o retorno das ideias 
democráticas geradas pela Revolução Francesa, os participantes do Congresso de 
Viena comprometeram-se a elaborar uma aliança política de solidariedade mútua.
TÓPICO 1 | O PERÍODO NAPOLEÔNICOE O CONGRESSO DE VIENA
13
FONTE: Disponível em: <http://www.ecunico.com/eisohomem/daniel/europa_1815.jpg>. 
Acesso em: 20 mar. 2008.
4.1 O “CONCERTO DA EUROPA”
O sistema internacional europeu após o Congresso de Viena buscava o 
equilíbrio entre cinco “potências” (termo surgido na época) continentais, cada 
uma com seus interesses específicos. A Grã-Bretanha era a grande senhora dos 
mares e a única potência industrial. Não tinha ambições territoriais na Europa, 
mas não hesitava em atuar de modo a favorecer seus interesses – como na entrada 
do Báltico, retirando a Noruega do jugo dinamarquês, e na foz do Reno, criando 
a União da Holanda e da Bélgica. Seus principais interesses eram coloniais, mas, 
com exceção da Índia, o país preferia manter um controle apenas econômico sobre 
as várias regiões. Defendia a liberdade econômica, justamente por seus produtos 
serem os mais competitivos do mundo.
A Rússia era um país enorme e poderoso, que buscava interferir a 
distância nos assuntos que lhe interessavam e desejava conquistar acesso mais 
fácil ao Mar Mediterrâneo. O czar Alexandre I propôs a Santa Aliança, com 
o objetivo de garantir a segurança do continente e que deveria reunir Rússia, 
Áustria, Prússia e Grã-Bretanha. A recusa da Grã-Bretanha a participar acirrou a 
rivalidade com a Rússia, que já estava acesa pela chamada “Questão Oriental” – o 
Império Otomano, que se esfacelava e despertava a cobiça das duas potências.
FIGURA 2 – DIVISÃO POLÍTICA DA EUROPA APÓS O CONGRESSO DE VIENA (1815)
UNIDADE 1 | A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
14
A França lutava para reconquistar seu lugar entre as potências e para 
manter sua influência sobre as regiões vizinhas: a segurança de Espanha, 
Bélgica e Itália ficava a seu cargo. A Áustria era um país que se sentia prestes 
a ruir a qualquer momento, em face das pressões locais: como era um Estado 
multinacional, composto por católicos, ortodoxos e protestantes, de fala alemã, 
eslava, húngara e italiana, temia os movimentos nacionalistas e emancipacionistas. 
Portanto, era o país mais preocupado em conter qualquer movimento revoltoso, 
onde quer que ele acontecesse. Já a Prússia, indevidamente considerada uma 
potência pouco relevante em 1815, conseguiu, na realidade, a maior vantagem 
nos acordos diplomáticos: as vastas regiões mineradoras da Renânia, parte da 
rica e industrializada Saxônia e boa parte do território polonês. Essa vantagem, 
que não foi reconhecida como tal na época, seria muito importante mais tarde, no 
processo de unificação da Alemanha.
4.2 A SANTA ALIANÇA
A fim de pôr em prática os princípios de solidariedade entre os países, 
o czar russo Alexandre I propôs a criação da Santa Aliança, uma organização 
supranacional que, vinculando os interesses políticos aos da religião, deveria 
conter os ânimos revolucionários baseados no liberalismo e os movimentos 
nacionalistas, bem como as lutas de independência das colônias americanas. 
Originalmente, a Aliança deveria ser encabeçada pelos maiores países de cada 
religião – Inglaterra anglicana, Áustria católica, Prússia luterana e Rússia ortodoxa 
–, mas a Inglaterra se recusou a participar por apoiar a independência das 
colônias americanas e defender o liberalismo econômico. A postura intransigente 
da Santa Aliança e o surgimento de movimentos nacionalistas em diversas partes 
da Europa terminaram por enfraquecê-la e, com a morte do czar Alexandre I, 
considera-se que a Santa Aliança tenha perdido seu poder de influência.
15
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:
• O Consulado, na França, foi instalado em 1799, um momento de grave crise 
política, e ficou a cargo de um general carismático: Napoleão Bonaparte.
• Como cônsul, Napoleão promoveu profundas mudanças na administração 
e na sociedade francesas: criou um Código Civil, nacionalizou e laicizou a 
educação, consolidou a separação da Igreja e do Estado e conteve a grave crise 
econômica que a França atravessava.
• O sucesso da administração de Napoleão permitiu-lhe tornar-se imperador em 
1804. Ele próprio coroou-se – em vez de ser coroado pelo papa, como mandava 
a tradição –, demonstrando não aceitar a interferência de nenhuma autoridade 
em seu poder.
• Durante o período imperial, Napoleão enfrentou diversas coalizões de países 
que desejavam conter as ideias revolucionárias. Vencendo, na maioria das 
vezes, espalhou essas ideias por toda a Europa.
• Incapaz de derrotar a Inglaterra, Napoleão decretou o Bloqueio Continental. 
Após a Rússia romper o bloqueio, o exército francês invadiu o país e conheceu 
sua maior derrota diante da estratégia russa de terra arrasada e do rigoroso 
inverno.
• Após a derrota em 1814, Napoleão foi exilado, mas, retornando, governou por 
mais cem dias até ser definitivamente derrotado em 1815.
• Com a derrota de Napoleão, seus adversários organizaram o Congresso de 
Viena, com o objetivo de conter os ânimos revolucionários e trazer a Europa à 
situação anterior à Revolução Francesa.
• Cada uma das cinco potências – Grã-Bretanha, Rússia, França, Áustria e 
Prússia – tinha seus interesses particulares no Congresso de Viena, mas essas 
diferenças eram conciliáveis. Assim, iniciou-se um longo período de paz no 
continente.
• O czar Alexandre I propôs a criação de uma organização supranacional, para 
defender os interesses conservadores na Europa – a Santa Aliança. A Grã-
Bretanha não aderiu ao movimento, que se enfraqueceu na década de 1820.
16
AUTOATIVIDADE
1 O que representou, para a burguesia francesa, o período napoleônico?
2 A reação conservadora do Congresso de Viena e da Santa Aliança foi 
sustentada por quais interesses?
17
TÓPICO 2
AS REVOLUÇÕES LIBERAIS E O 
NACIONALISMO ROMÂNTICO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A derrota de Napoleão parecia ter selado o destino das ideias liberais na 
Europa. Os ideais franceses de liberdade, igualdade e fraternidade, espalhados 
com tanto fervor durante vinte e cinco anos pelo continente, pareciam ter 
sucumbido diante da pressão das grandes potências conservadoras que 
se reuniram no Congresso de Viena. O conceito iluminista de poder, que 
considerava que os governantes retiravam sua autoridade da vontade popular, 
parecia sepultado diante da restauração das antigas monarquias absolutistas em 
todas as coroas europeias. Até mesmo na França, onde o rei havia sido executado, 
a dinastia Bourbon reviveu com Luís XVIII. A intenção dos ultraconservadores 
parecia realizada: teria a Revolução Francesa passado em branco?
No entanto, por mais que os embaixadores das monarquias absolutistas 
tentassem impedir, os ideais revolucionários de liberdade e de direitos civis 
haviam calado fundo na população da Europa. As noções de igualdade 
civil, com um tratamento igualitário a nobres e plebeus, considerados todos 
igualmente humanos, apareciam como uma novidade empolgante para as 
populações do resto do continente, que tomaram contato com ela através das 
conquistas napoleônicas. Essas ideias eram atraentes especialmente para as 
burguesias nacionais, que percebiam a oportunidade de impor os seus valores 
morais e políticos à sociedade e, com isso, retirarem os benefícios econômicos 
que desejavam. As décadas que se seguiram a 1815, apesar da resistência 
empedernida dos ultraconservadores, assistiriam à vitória da burguesia como 
classe econômica e social, bem como ao triunfo de sua ideologia filosófica: o 
Romantismo. Veremos agora como isso aconteceu.
UNIDADE 1 | A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
18
2 AS REVOLUÇÕES LIBERAIS
2.1 AS REVOLTAS DA DÉCADA DE 1820
No período compreendido entre 1815 e 1850, três grandes ondas 
revolucionárias varreram não apenas o continente, mas também outras partes 
do mundo. A primeira delas, na década de 1820, afetou especialmente os 
países mediterrâneos – Portugal, Espanha, Grécia e reino de Nápoles. A década 
seguinte testemunhou revoltas ainda mais contundentes, e o modelo político 
reacionário estabelecido em Viena ruiu definitivamente em 1830. Mais tarde, em 
1848,ocorreu a maior das ondas revolucionárias do século XIX – uma série de 
revoltas em praticamente todos os lugares da Europa, motivadas pelo liberalismo 
político e pelo nacionalismo romântico. Embora tivessem fracassado do ponto 
de vista prático, essas revoltas terminaram por sepultar definitivamente o poder 
aristocrático na Europa.
O primeiro grande movimento de reação ao absolutismo restaurado 
ocorreu nos países do sul da Europa, entre 1820 e 1829. No entanto, o elo 
que os une não é muito mais sólido do que isso. Os conflitos em Portugal, 
Espanha, Grécia e reino de Nápoles tiveram motivações diferentes uns dos 
outros e todos, com exceção do movimento pela independência da Grécia, 
foram duramente contidos.
No caso dos dois primeiros, teve relação direta com os processos de 
libertação das colônias na América. Na Espanha, a revolta surgiu a partir do 
esfacelamento colonial e, em Portugal, a chamada Revolução Constitucional do 
Porto teve influência direta na Independência do Brasil. Em Nápoles, bem como 
nos países ibéricos, a revolta foi contida, o que não ocorreu, contudo, na Grécia. 
Vamos analisar essa última com mais detalhes a seguir.
Prezado(a) acadêmico(a)! Este tópico cobre os acontecimentos da Europa no 
período entre as décadas de 1848 e 1870, ou seja, até as vésperas das unificações da Itália e 
da Alemanha. É um período muito extenso e repleto de acontecimentos e certamente não 
é possível fazer em poucas páginas uma exposição aprofundada do assunto. Para maiores 
informações sobre esse tema, sugerimos dois ótimos livros de Eric Hobsbawm: A Era das 
Revoluções: 1789 – 1848 e A Era do Capital: 1848-1875. Estas duas obras, juntamente com 
A Era dos Impérios: 1875 – 1914 (que vai ser referência básica para a Unidade 3), constituem 
uma espécie de “trilogia do século XIX”, de leitura obrigatória para os estudiosos do período.
NOTA
TÓPICO 2 | AS REVOLUÇÕES LIBERAIS E O NACIONALISMO ROMÂNTICO
19
2.1.1 A “Questão Oriental” e a liberação da Grécia
2.2 AS REVOLUÇÕES DE 1830
Como mencionamos há pouco, o acerto diplomático entre as potências 
permitiu que o continente europeu atravessasse um período de relativa 
tranquilidade política após 1815. A única questão pendente na paz europeia 
era o Império Otomano, que estava em perceptível processo de esfacelamento. 
Constituído a partir da invasão turca sobre o Império Bizantino, no final da 
Idade Média, o império tinha dificuldade de conciliar uma enorme quantidade 
de povos tão diversos entre si e cada vez mais hostis aos turcos. A questão era 
menos nacionalista do que religiosa: o domínio muçulmano não era bem-vindo 
pelos povos cristãos – católicos ou ortodoxos – da região. 
Os gregos, especialmente, lutavam contra o domínio turco, e isso acendia 
o imaginário europeu, pela carga simbólica que essa luta carregava: que a Grécia, 
berço da civilização clássica, pudesse estar em busca de sua autonomia política – e 
sobre dominadores muçulmanos – era fato que emocionava os espíritos sensíveis 
no final da década de 1820. Mas, a luta contra os turcos atiçava, em um plano 
mais pragmático, os interesses estratégicos dos britânicos e dos russos. Estes 
últimos, porque desejavam exercer a influência política sobre a Grécia invocando 
as tradições da religião ortodoxa e, assim, conseguirem vantagens econômicas. A 
Grã-Bretanha, por sua vez, desejava impedir o avanço russo pelos Bálcãs, mas, ao 
mesmo tempo, enfraquecer o Império Otomano. Dessa forma, ambas as potências 
apoiaram a criação de uma monarquia na Grécia em 1829.
A revolta na Grécia iniciou-se como parte dos movimentos de protesto do 
início da década de 1820, e, como vimos, foi de todos esses o único que obteve 
sucesso em seu objetivo, principalmente por causa dos interesses britânicos e 
russos mencionados acima. Mas, o efeito simbólico que esse movimento ganhou 
na Europa fugiu completamente ao controle dos arquitetos da Restauração 
Conservadora do Congresso de Viena. A libertação da Grécia, em 1829, serviu 
de inspiração para movimentos nacionalistas e liberais em diversas outras partes 
do continente e acabou dando início a uma nova onda de revoltas, muito mais 
significativa do que a anterior, no início da década de 1830.
UNIDADE 1 | A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
20
2.2.1 A Revolução Liberal na França
2.2.2 A Revolução Liberal em outros países
2.3 AS REVOLUÇÕES LIBERAIS DE 1848
Após a queda de Napoleão, os acordos do Congresso de Viena haviam 
restaurado o absolutismo na França, sob o rei Luís XVIII. O período foi 
caracterizado por uma ferrenha perseguição política aos liberais, em uma 
tentativa ultraconservadora de desfazer todas as conquistas da Revolução 
Francesa. Esse esforço, no entanto, mostrou-se inútil; não havia mais como 
se retornar ao status quo anterior a 1789, por mais que Luís XVIII e seu irmão 
Carlos X – coroado em 1824 – se esforçassem para isso. O governo ainda mais 
ferrenhamente conservador de Carlos X, aliado a uma séria crise econômica 
no final da década, levou a população a organizar uma revolta contra o 
absolutismo real. A burguesia, desejando restabelecer seus interesses, ofereceu 
o trono ao duque de Orléans, Luís Filipe.
O novo rei favoreceu amplamente os interesses econômicos da 
burguesia. Em seu reinado, a França se industrializou, organizou uma estrutura 
econômica que concentrou a riqueza nas mãos da burguesia e deu início à sua 
expansão colonial pela África. Por medo do radicalismo, o governo decidiu 
rejeitar as reivindicações do proletariado, que desejava reformas profundas na 
estrutura do país. Mas, embora os movimentos operários viessem crescendo 
consideravelmente, especialmente na Grã-Bretanha, não havia lideranças 
entre os proletários franceses capazes de promover uma revolta de amplas 
proporções.
Em outras partes da Europa, os movimentos libertários de 1830 tiveram 
repercussão. Em Portugal e na Espanha ocorreram verdadeiras guerras civis entre 
liberais e absolutistas (em Portugal, os liberais foram liderados por D. Pedro IV, 
que havia sido D. Pedro I do Brasil); revoltas ocorreram também na Grã-Bretanha, 
na Bélgica (que conseguiu sua independência) e parcialmente na Suíça. A leste do 
Reno, no entanto, os movimentos revolucionários foram contidos pela atuação 
da Santa Aliança, especialmente da Áustria – que, como vimos, temia muito 
qualquer tipo de revolução e de movimento revoltoso que pudesse destruir sua 
frágil unidade. Mas o nacionalismo começava a fazer eco entre a população e 
levaria, mais tarde, aos processos de unificação.
As revoluções de 1830 tiveram um alcance relativamente limitado do 
ponto de vista social. Encontraram alcance maior entre a burguesia, que desejava 
consolidar sua posição política, do que entre os trabalhadores. A bem da verdade, 
os burgueses temiam os movimentos operários, pois sabiam do risco que isso 
TÓPICO 2 | AS REVOLUÇÕES LIBERAIS E O NACIONALISMO ROMÂNTICO
21
2.3.1 A Primavera dos Povos
A onda de revoluções ocorrida em 1848 ficou conhecida como a 
Primavera dos Povos. A sensação que se tinha era de que o liberalismo e o 
nacionalismo estavam finalmente triunfando sobre o absolutismo e expulsando-o 
definitivamente para os livros de História. Por todo o continente – com raras 
exceções –, movimentos revoltosos surgiam, mas, em sua grande maioria, não 
conseguiram atingir os objetivos desejados. 
No Império Austríaco. Em meados do século XIX, a Áustria era um dos 
últimos grandes baluartes do absolutismo em solo europeu. O esforço gigantesco 
para impedir a fragmentação política do país não apenas levava os imperadores 
austríacos a intervirem no exterior quando preciso, como a desencorajar tentativas 
de revolta internas. Mas, em 1848, uma revolta popular obrigou o rei Fernando 
I a aceitar uma monarquia parlamentar. A repercussão foi grande na Hungria e 
na Boêmia, regiões do Império com língua e cultura muito diferentes da Áustria, 
e esboçaram-se tentativas de maior autonomia regional. No entanto, no final de 
1848, o rei conseguiuretomar o controle absoluto do governo.
Na Península Itálica. A península Itálica estava dividida, em 1848, em 
uma série de pequenos Estados, que incluíam reinos (duas Sicílias e Sardenha-
Piemonte), ducados (Toscana, Módena, Lombardia e outros) – muitos dos 
quais sob o domínio austríaco – e outros tipos de domínios, incluindo extensos 
territórios pertencentes à Igreja. Em 1848, o rei de Sardenha-Piemonte, Carlos 
Alberto, tentou dar início a um movimento de unificação da península com base 
no nacionalismo italiano e, para isso, declarou guerra à Áustria. O movimento 
ganhou a adesão de diversos Estados da península, mas foi sufocado pelo 
poder do exército austríaco. Apesar da derrota, o ideal de unificação não seria 
abandonado e viria a ter sucesso mais tarde.
representaria para seus interesses. No entanto, a crescente industrialização de 
diversas partes do continente europeu gerava um aumento de influência da 
classe operária nas decisões políticas, por mais que a burguesia desejasse mantê-
la afastada da política.
A França continuava sendo, ainda na metade do século XIX, o grande 
epicentro político e ideológico do continente. Assim como em 1830, quando 
os acontecimentos vindos de Paris tiveram influência direta em revoltas 
ocorridas em outros países, novamente a crise francesa teve repercussões no 
exterior em 1848. O resultado foi um novo período de revoluções em todo 
o continente. As Revoluções de 1848, embora não tenham obtido sucesso 
imediato em suas reivindicações, contribuiriam para a destruição final do 
Absolutismo e para o estabelecimento de uma nova ideologia na organização 
política: o nacionalismo romântico.
UNIDADE 1 | A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
22
Nos Estados Germânicos. A região da atual Alemanha consistia, em 
1848, numa frouxa confederação de 38 Estados relativamente autônomos. A 
crise econômica, as condições de vida precárias da população e o desejo por uma 
organização política mais democrática, que previsse liberdade de imprensa e a 
organização de um parlamento unificado, levaram diversas regiões à revolta. 
O objetivo final era, como nas regiões italianas, conseguir a unificação do país, 
com base nos ideais nacionalistas. Mas, a intervenção enérgica da Áustria e a 
dificuldade de se estabelecer uma organização satisfatória levaram o movimento 
ao fracasso.
2.4 O 18 BRUMÁRIO DE NAPOLEÃO III
Na França, o governo de Luís Filipe não conseguiu conciliar 
satisfatoriamente os interesses da nobreza e da burguesia. Aos poucos, 
tornou-se mais conservador e começou a desagradar setores consideráveis 
da burguesia. Ao mesmo tempo, a rápida industrialização da França gerou 
um grande aumento no número de operários e garantiu-lhes maior poder de 
barganha. Mas, o sistema de voto censitário, que ainda vigia no país, impedia 
a sua manifestação política.
Prezado(a) Acadêmico(a)! Analise novamente os movimentos de 1848 e 
perceba o que eles tiveram em comum. Foram movimentos de caráter nacionalista, 
que buscavam maior autonomia e liberdade individual, e que fracassaram sob o peso de 
governos ultraconservadores. No entanto, mesmo derrotadas em um primeiro momento, 
as lutas de 1848 tiveram reflexos profundos nas décadas seguintes e contribuíram para a 
consolidação do poder político da burguesia no século XIX.
Você consegue perceber a relação entre o aumento da industrialização e os 
movimentos de reivindicação proletária, comandados por grupos como os socialistas e 
os anarquistas? Tente refletir a respeito disso e relacionar esses fenômenos à crescente 
tendência à democratização política durante o século XIX. Anote suas conclusões.
UNI
UNI
TÓPICO 2 | AS REVOLUÇÕES LIBERAIS E O NACIONALISMO ROMÂNTICO
23
Em 1848, um protesto popular em Paris foi contido com extrema dureza 
pelo exército. O incidente levou ao descrédito do imperador Luís Filipe, que se 
viu forçado a abdicar. O novo Governo Provisório estabeleceu uma República 
no país e, no ano seguinte, foi eleito presidente Luís Napoleão, sobrinho de 
Napoleão Bonaparte. A referência a seu tio permitiu que Luís Napoleão conciliasse 
interesses da burguesia e dos camponeses e que, três anos depois, ele conseguisse 
proclamar-se imperador após um plebiscito. Com esse golpe – chamado por Karl 
Marx de 18 Brumário de Luís Bonaparte – ele ganhou o direito de governar a 
França, como Napoleão III, até 1870.
2.5 A ERA DO CAPITAL
O Segundo Império francês foi um período de grande desenvolvimento 
econômico e de pouca efervescência política. A burguesia ganhou definitivamente 
o acesso às decisões do governo, e o país cresceu de forma até então nunca vista: 
novas indústrias surgiram, ferrovias foram construídas em todo o país e o grande 
desenvolvimento posterior estava em gestação. Ao mesmo tempo, o governo 
exercia uma forte censura aos meios de comunicação, por medo da propagação 
das ideias socialistas e anarquistas.
O desenvolvimento francês estava em pleno acordo com o que vinha 
acontecendo em grande parte da Europa e também nos Estados Unidos. A 
industrialização avançava a passos largos, gerando uma enorme prosperidade 
para as burguesias nacionais, mas ao mesmo tempo acentuando com muita 
clareza o enorme contraste com a miséria do proletariado. Esse contraste teria 
como consequências, nas décadas seguintes, tanto o crescimento dos movimentos 
operários comandados por socialistas, anarquistas e anarcossindicalistas, como o 
desenvolvimento de políticas imperialistas entre as maiores potências europeias.
Quando Karl Marx intitulou o golpe de 1851 de O 18 Brumário de Luís Bonaparte, 
usou de toda sua ironia. Acusou o sobrinho de querer parecer igual ao tio, quando não 
passava de um impostor, um Napoleão menor. Na obra que escreveu com esse título, 
Marx cunhou a célebre expressão, tantas vezes citada, que diz que a história se repete duas 
vezes: a primeira como história, a segunda como farsa.
NOTA
UNIDADE 1 | A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
24
3 O NACIONALISMO ROMÂNTICO
3.1 O ROMANTISMO
Os movimentos revolucionários de 1848 e, posteriormente, as unificações 
da Itália e da Alemanha foram impulsionados por uma poderosa ideologia, que 
arrastava corações e mentes em toda a Europa: o nacionalismo. Essa ideologia, 
de origem tipicamente burguesa, ganhou terreno na Europa a partir da década de 
1820 e, por se revestir de um caráter fortemente influenciado pelo Romantismo, 
também ficou conhecida como nacionalismo romântico.
Prezado(a) Acadêmico(a)! Você provavelmente se lembra de seus estudos 
de Literatura, no Ensino Médio: Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo 
etc. Você deve ter estudado as características principais do movimento e seus 
principais representantes literários, especialmente em Portugal e no Brasil. O que 
talvez não tenha ficado tão claro, dependendo de como o assunto foi tratado, é 
que o Romantismo se constituiu em muito mais do que um simples movimento 
literário ou mesmo artístico; foi uma verdadeira revolução filosófica, uma forma 
particular de se compreender o mundo que surgiu na Europa a partir do último 
quartel do século XVIII e desenvolveu-se com grande força na primeira metade 
do século XIX. 
 
Regiões como a Bélgica, o vale do Reno, na Prússia, o reino de Sardenha-
Piemonte na Península Itálica e o norte dos Estados Unidos se tornaram grandes 
centros industriais na segunda metade do século XIX, o que não apenas gerou 
uma dramática transformação na economia mundial, como provocou uma 
ruptura no equilíbrio entre os países formados em 1815. A partir de 1870, 
aproximadamente, o surgimento de novas potências industriais perturbou a Pax 
Britannica e desencadeou uma série de acontecimentos que levariam, mais tarde, 
à deflagração da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Estudaremos, com mais detalhes, o Socialismo no próximo tópico. Já o 
Imperialismo será visto detalhadamente na Unidade 3.
ESTUDOS FU
TUROS
TÓPICO 2 | AS REVOLUÇÕES LIBERAIS E O NACIONALISMO ROMÂNTICO
25
O homem romântico, dessa forma, sentia-se perdido diantedo mundo, 
embora o encarasse com ardor e paixão intensos. O espírito romântico talvez 
encontre sua tradução mais eloquente no quadro O viajante sobre o mar de 
brumas, do pintor alemão Caspar David Friedrich (1774-1840), que retrata 
um homem em completa solidão sobre uma paisagem desoladora e enevoada, 
expressão da angústia da alma romântica (ver a reprodução a seguir).
Se você desejar relembrar essa discussão, releia, no Caderno de História 
Moderna, o trecho referente à Reforma Religiosa, ou o livro A Ética Protestante e o Espírito 
do Capitalismo, de Max Weber.
NOTA
Diversas são as definições para o Romantismo. Seu desenvolvimento 
coincidiu com a ascensão política da burguesia, que trouxe consigo valores 
muito diferentes dos partilhados pela sociedade de nobreza que dominava 
anteriormente. Os românticos buscavam explicações para a origem de sua 
autoridade e de seus países, e as encontraram na Idade Média. A religiosidade 
cristã servia bem aos interesses burgueses – especialmente no norte da Europa 
– que se identificavam com os ideais de simplicidade e de devoção que viam 
aí. Um medievalismo idealizado passou a ser uma característica marcante do 
movimento – perceptível, por exemplo, em obras como Ivanhoé, de Walter Scott, 
na construção de palácios inspirados em castelos e nas reinterpretações de lendas 
e contos de fada de origem medieval.
Um dos pontos mais importantes do movimento é a intensa subjetividade – 
o que implica o recurso à individualidade, ao escapismo e ao sentimentalismo – em 
oposição ao pensamento iluminista do século XVIII, entendido pelos românticos 
como excessivamente racional e, portanto, desumanizado. Esta também é uma 
característica do movimento que pode ser identificada com a ideologia burguesa 
– especialmente no norte da Europa – e sua noção de individualidade e de 
desamparo do ser humano no caminho da salvação.
UNIDADE 1 | A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
26
FONTE: Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5b/Caspar_David_
Friedrich_ 032.jpg>. Acesso em: 22 mar. 2008.
 As atitudes dos românticos variavam, então, de um hedonismo 
desenfreado (como nas obras de Stendhal e Lord Byron) a um estado de mórbida 
desesperança (como o jovem Werther, personagem-título do clássico de Goethe, 
que se suicidou por um amor impossível), passando por uma fuga do mundo por 
meio da idealização do amor e da vida (o tema romântico por excelência).
FIGURA 3 – O VIAJANTE SOBRE O MAR DE BRUMAS, DE CASPAR D. FRIEDRICH (1774-1840)
O Romantismo deu origem a dezenas de grandes obras-primas da literatura 
mundial. Em sua maioria, essas obras são hoje bastante acessíveis, sendo fácil encontrá-
las em livros de ampla circulação e mesmo na Internet. Alguns dos grandes escritores da 
época incluem Lord Byron, as irmãs Brontë, Edgar Allan Poe (EUA), George Sand e Walter 
Scott (britânicos), Vitor Hugo, Alexandre Dumas pai, Stendhal, Musset, Chateaubriand, 
Lamartine e Balzac (franceses), os irmãos Grimm, Goethe, Schiller e Novalis (alemães), 
Ibsen (norueguês) e dezenas de outros. Na música, o Romantismo também produziu 
nomes extraordinários, como Beethoven, Haydn, Liszt, Chopin, Schummann, Verdi, Wagner, 
NOTA
TÓPICO 2 | AS REVOLUÇÕES LIBERAIS E O NACIONALISMO ROMÂNTICO
27
3.2 O NACIONALISMO
O questionamento da autoridade das monarquias absolutistas 
tradicionais, a partir da Revolução Francesa, gerou a necessidade de se 
estabelecerem em outros termos as noções de legitimidade política. A partir 
desse momento, era o povo, não mais a vontade divina, quem garantia o poder 
real. Isso gerava a ideia de nação, um conjunto de pessoas com uma origem 
comum, reunidas em um mesmo território e compartilhando, a despeito das 
diferenças de classes sociais, da mesma história, da mesma língua, dos mesmos 
símbolos e dos mesmos objetivos.
O Romantismo do início do século XIX servia como um poderoso 
catalisador dos ânimos nacionalistas, ao vincular emocionalmente os 
indivíduos à sua região de origem. A partir desse momento, a antiga 
submissão ao monarca, característica do Antigo Regime, perdeu o sentido. O 
indivíduo passava a se ligar voluntariamente (não mais como súdito) à região 
onde nascera e aos seus semelhantes, com quem compartilhava a língua, as 
tradições e o amor pela terra natal.
Em alguns lugares, como na França e na Inglaterra, a nação era 
identificada com o país já existente, consolidado a partir das tradições daquele 
povo e sendo governado em seu benefício. Em outros lugares, entretanto, o 
que se entendia por nação não coincidia com um território autônomo. Algumas 
nações estavam sob o domínio de povos pertencentes a outras culturas – como o 
caso dos tchecos, húngaros e croatas, submetidos ao Império Austríaco –, outras 
estavam fragmentadas em diversos territórios, como no caso da Alemanha e 
da Itália. Nessas regiões, a ideia de autonomia ou de unificação começou a 
ganhar cada vez mais adeptos, ao longo do século. Nas revoluções de 1848, 
esses movimentos estouraram pela primeira vez, mas foram sufocados pelas 
forças ultraconservadoras; no entanto, algumas décadas mais tarde eles seriam 
bem-sucedidos.
Schubert, Berlioz, Brahms e muitos mais. É claro que essa lista deveria ser muitas vezes 
maior, mas preferimos não nos estender demais.
Fica então a sugestão: leia ou ouça essas obras e todas mais que puder e desejar. Pesquise, 
conheça com a maior profundidade que puder esse movimento. Além da satisfação de 
conhecer obras extraordinárias, isso lhe dará uma percepção muito mais aguçada dos 
significados do Romantismo e do século XIX.
UNIDADE 1 | A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
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As unificações da Itália e da Alemanha serão estudadas na Unidade 3.
ESTUDOS FU
TUROS
29
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você viu que:
• As revoluções de 1848, que ficaram conhecidas como A Primavera dos Povos, 
originaram-se na França e alastraram-se por toda a Europa. Mas não obtiveram 
sucesso: após um breve período, todas as revoltas foram contidas e os governos 
depostos foram restabelecidos.
• Na França, Luís Napoleão, sobrinho de Napoleão Bonaparte, foi eleito 
presidente e depois tornou-se imperador com o nome de Napoleão III.
• O período entre 1850 e 1870 foi de grande desenvolvimento econômico na 
Europa, o que levava também a um fortalecimento dos movimentos operários.
• O nacionalismo romântico foi a ideologia que motivou inúmeras revoltas pela 
Europa, no século XIX, e deu o tom das unificações nacionais na Alemanha e 
na Itália.
• A unificação italiana foi comandada pelo reino de Sardenha-Piemonte, o 
mais industrializado da península e o único comandado por uma dinastia 
local. Após uma guerra contra a Áustria e o apoio das forças republicanas de 
Giuseppe Garibaldi, o conde Cavour, articulador da unificação, reuniu toda a 
península em um único reino.
• A unificação alemã foi comandada pela Prússia, governada pelo chanceler Otto 
von Bismarck. Para conseguir a unificação, ele travou guerras, sucessivamente, 
com a Dinamarca, a Áustria e a França, até que em 1871, o rei Guilherme I da 
Prússia foi coroado Kaiser (rei) da Alemanha.
• As unificações da Alemanha e da Itália alteraram o equilíbrio do poder no 
continente europeu, além de acirrar tensões que levariam, mais tarde, à 
deflagração da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
• A humilhação sentida pelos franceses com a derrota na Guerra Franco-
Prussiana em 1871 levou a população a insurgir-se e criar um governo popular: 
a Comuna de Paris.
30
AUTOATIVIDADE
1 Após a “Primavera dos Povos”, o continente europeu atravessou um 
período de grande desenvolvimento econômico. Há alguma relação entre 
os dois eventos? Explique.
2 O que caracteriza, em linhas gerais, o Romantismo?
3 Comentando a proclamação de Luís Napoleão como imperador Napoleão 
III, Marx cunhou sua célebre frase que diz que a história se repete como 
farsa. De que forma o “18 Brumário de Luís Bonaparte” era a repetição 
como farsa da história?
31
TÓPICO 3
AS ORIGENSDO SOCIALISMO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Caro(a) acadêmico(a)! Você já estudou em outras disciplinas acerca de 
algumas ideias sobre o socialismo. No entanto, nesse tópico irá entender como 
e por que o Socialismo se desenvolveu no Século XIX a partir de uma leitura 
histórica.
Como já foi estudado na Disciplina de História Moderna, o século XVlll, 
conhecido como o “Século das Luzes”, foi cenário também de movimentos 
liberais, contestadores e revolucionários. Muitos estavam convencidos de que as 
luzes da razão iriam amenizar os preconceitos, a ignorância e as desigualdades 
entre as pessoas, o que acabou não acontecendo. Ainda tivemos o fato de que 
os resultados das revoluções mostraram que o liberalismo correspondeu aos 
interesses da burguesia. O que ocorreu de certa forma, por exemplo, com a 
Revolução Francesa.
A insatisfação com a situação política e social também esteve presente 
no século XVlll. A França se viu diante de uma das primeiras manifestações 
socialistas. Apesar de fracassado, o movimento conhecido como “Conspiração 
dos Iguais” lançou as bases para a discussão das ideias socialistas no país. Entre 
suas exigências, defendiam a socialização da terra, a obrigatoriedade do trabalho 
para todo o cidadão e a intervenção do Estado na economia.
A Conspiração dos Iguais, de 1796, foi um movimento que pretendia a abolição 
de toda propriedade privada e a fundação de um governo popular de tendência socialista 
liderada pelo Jacobino Graco Babeuf. Seus seguidores foram presos, executados ou 
deportados.
NOTA
32
UNIDADE 1 | A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
Temos uma questão importante para responder: o que é mesmo 
Socialismo? De uma maneira geral, podemos afirmar que o socialismo é um 
acontecimento típico da história con temporânea. É lógico que, anteriormente 
ao surgimento das ideias socialistas, houve outras formas de protestos contra 
as desigualdades sociais existentes, contra a concentração de riquezas, contra 
os abusos da burguesia. No entanto, foi somente no século XIX que essas ideias 
tomaram uma profundidade de análise mais científica e os próprios movimentos 
contestatórios cresceram. É isso que veremos nesse tópico!
2 O SURGIMENTO DO SOCIALISMO
O Socialismo tem suas origens nas lutas contra as injustiças sociais da 
época. No entanto, foi além disso. Inseriu nessa luta um novo elemento: a ideia de 
transformar as condições de produção e a apropriação da riqueza privada para 
a maioria da sociedade. Os defensores das ideias socialistas passaram a propor 
limites e restrições aos direitos dos proprietários privados, elaborando uma série 
de questões que deveriam acabar com as gritantes diferenças sociais do período. 
Primeiramente, no início do século XIX, o movimento socialista desdobrou-
se mais em uma forma de resistência do que em construção de ideias propriamente 
ditas. Sua primeira expressão de protesto da nascente classe operária se traduziu 
no ludismo. De forma particular, o ludismo foi um movimento que se insurgiu 
contra as profundas alterações e explorações trazidas pela chamada “Revolução 
Industrial” na Inglaterra.
TÓPICO 3 | AS ORIGENS DO SOCIALISMO
33
FONTE: Disponível em: <http://images.google.com.br>. Acesso em: 24 abril 2008.
2.1 O LUDISMO
Reclamar contra as máquinas na indústria e a sua substituição em relação 
à mão de obra humana já fazia parte do cotidiano dos trabalhadores no final 
do século XVIII e início do XIX. No entanto, foi em 1811, na Inglaterra, que o 
movimento explodiu, recebendo um outro sentido.
Derivado do nome de Ned Ludd, um dos líderes do movimento, os 
Ludistas ficaram conhecidos pelos seus atos violentos contra as máquinas. 
Destruindo máquinas e invadindo fábricas, pois, segundo os mesmos, essas eram 
mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos, requerendo, assim, duras 
jornadas de trabalho. Ficaram lembrados como “os quebradores de máquinas”.
Vejamos o que nos diz Voltaire Schilling sobre o Ludismo!
FIGURA 4 – TRABALHADORES NA INGLATERRA, PAÍS ONDE OCORREU O LUDISMO
O Movimento Ludista
Atacar e destruir máquinas é uma atividade bem mais antiga do 
que se supõe. Bem antes do desencadeamento do Movimento Ludista 
34
UNIDADE 1 | A EUROPA E OS ESTADOS UNIDOS NO SÉCULO XIX
registraram-se, no princípio do século XVIII, ações depredadoras na 
periferia de Londres contra uma serra movida a água, como também contra 
uma tosquiadeira automática, inventada por um tal de Everet em 1758. O 
próprio Marx assinala (no cap. XIII, 5, d’O Capital) as rebeliões ocorridas em 
certas partes da Europa provocadas pela introdução de moinho de fazer 
fitas e galões. O que levava aquela gente humilde, geralmente cordata, a 
cometer tais atos desesperados? Medo e insegurança. Assustavam-se com 
a possibilidade das máquinas estreitarem ou suprimirem com o trabalho 
deles, além do receio sobrenatural ao novo, tão comum entre as gentes. 
Os Ludistas, porém, foram mais além dos quebra-quebras. Se 
bem que no seu princípio houve incursões antimáquinas espontâneas, tal 
como se deu em março de 1811, em Arnold, um lugarejo de Nottingham, 
onde um bando devastou 60 teares sob o aplauso de uma multidão de 
desempregados, em Yorkshire, Leicestershire e em Derbyshire, regiões 
vizinhas, não se tratava mais de explosões irracionais, esparsas e 
desordenadas. Nos momentos seguintes, nunca tendo um líder só, foram 
pequenos grupos organizados e disciplinados, atuando segundo um 
plano, quem entraram em atividade. Estima-se que o seu número oscilou 
de três a oito mil integrantes, dependendo do distrito. 
Liderados pelos assim apontados “homens de maus desígnios”, 
usando máscaras ou escurecendo o rosto, os esquadrões ludistas, 
armados com martelos, achas, lanças e pistolas, aproveitando-se para 
deslocarem-se à noite, vagavam de um distrito ao outro demolindo tudo 
o que encontravam, apavorando os donos das fábricas. O comandante 
da operação chamava-se de “General Ludd”, com poder de vida e morte 
sobre os companheiros. Em Nottingham revelou-se um tipo enorme, 
Enoch Taylor, um ferreiro que levava ao ombro uma poderosa maça de 
ferro batizada com o seu nome mesmo: Enoch. Bastava uma martelada 
daquelas para que a porta do estabelecimento viesse abaixo, enquanto 
que mais uma outra aplicada num engenho qualquer reduzia-o a um 
monte de ferro inútil.
A literatura marxista a respeito do ludismo (E.P.Taylor, 
E.Hobsbawn, e o próprio Marx) procurou retirar a pecha de analfabetos 
ignorantes que o restante da população inglesa havia lançado sobre 
os inimigos das máquinas (tornando desde então o termo ludista algo 
pejorativo). Entenderam-no, o movimento, como um protossindicalismo, 
uma reação desculpável e natural contra algo que provocava o desemprego 
e o rebaixamento salarial. Além, claro, de ser uma contestação ao 
capitalismo, ainda que no quadro da grande transformação operada 
na transição do trabalho manual para o trabalho automatizado. Mesmo 
TÓPICO 3 | AS ORIGENS DO SOCIALISMO
35
assim, não conseguiram evitar as óbvias associações do ludismo com 
o obscurantismo medieval, tão comuns a certos setores das classes 
populares. Marx, socorrendo-se de um tal de Andrew Ure (The Philosophy 
of the Manufactures, 1835), um teórico, defendeu a tese de que graças 
às ameaças dos trabalhadores é que os capitalistas, para reduzirem as 
pressões e as rebeldias, aceleravam as implementações tecnológicas, 
concluindo que a máquina era estruturalmente uma “potência hostil ao 
trabalhador” (O Capital, vol. I, cap. XIII, 5). 
FONTE: Disponível em: <http://educaterra.terra.com.br/voltaire/artigos/ludismo.htm>. Acesso em: 
28 abril 2008.
2.2 CARTISMO 
Objetivando a reivindicação de melhores condições de vida, os operários 
ingleses se organizaram, no final da década de 1830, num movimento que 
ficou conhecido como Cartismo. Mais político que o anterior, o Cartismo teve 
como finalidade representar politicamente o operariado enquanto movimento 
organizado.
Considerado um dos primeiros movimentos independentes da classe

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