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TUTO4 | CASO 01 Maria Eduarda Rocha Guedes 1 N E O P L A S I A M A M Á R I A Prof. Diego Fidellis CICLO CELULAR O ciclo celular consiste em uma sequência ordenada de eventos que resulta na duplicação de uma célula para crescimento, regeneração e renovação dos tecidos (seres pluricelulares). ETAPAS O processo é dividido em duas grandes etapas: mitose e interfase. A mitose contempla a fase M, que consiste na divisão nuclear (mitose) e citoplasmática (citocinese) da célula. Já a interfase, etapa mais longa e é preparatória para a divisão celular, engloba as fases G0, G1, S e G2. A fase G0 é ocorre logo após a mitose, sendo o momento no qual a célula pode interromper o ciclo celular e entrar em inatividade ou reiniciá-lo (“porta de entrada e saída do processo”). A ocorrência de G0 varia conforme o órgão em que a célula se encontra, as quais podem ser dividas em: lábeis (células sanguíneas), estáveis (hepatócitos) e permanentes (neurônios). As fases G1 e G2 são preparatórias para a replicação de DNA e mitose respectivamente. Na primeira (G1), ocorre síntese de proteínas e aumento do número de organelas e elementos do citoesqueleto. Na segunda (G2), enzimas e outras proteínas são sintetizadas e organizadas nos locais adequados. Por fim, a fase S é a mais importante, onde ocorre a duplicação do DNA. Logo, em G1 temos uma fita de DNA e em G2, duas fitas iguais (cromátides irmãs) que serão separadas na etapa fase M. Pontos de checagem Os pontos de checagem são momentos em que a célula utiliza as informações do seu estado interno e os sinais do ambiente em que se encontra para decidir se continuará a divisão celular ou se é preciso corrigir algum erro (DNA alterado ou excesso de células no tecido). Ao longo do ciclo, existem três pontos de checagem considerados principais: G1 (entre G1/S), G2 (entre G2/M) e M (entre metáfase e anáfase). neoplasia mamária CASO CLÍNICO Márcia, 38 anos, apresenta hiperemia, calor, mastalgia e área endurecida de 3cm na mama esquerda há 2 meses. Fez uso de anti-inflamatórios e analgésicos, sem melhora. Histórico familiar de mastectomia em mãe e tia já falecidas. Hipótese inicial de mastite, mas não houve melhora após o tratamento. Hipótese secundária de neoplasia, sendo considerada uma paciente de alto risco. Não possui exame prévio de mama e nunca recebeu orientação para acompanhamento. TUTO4 | CASO 01 Maria Eduarda Rocha Guedes 2 Ponto G1 É o principal ponto de checagem da célula, pois decide-se o início (ou não) da divisão. Após este ponto a célula fica irreversivelmente comprometida com a divisão (se ocorrer algum erro irreversível, entrará em apoptose). Nesta primeira checagem, avalia-se: > Tamanho: se é o suficiente pra dividir. > Nutrientes: se possui reserva energética e ambiente favorável. > Sinais moleculares: se está recebendo estímulo positivo (fatores de crescimento) das células vizinhas. > Integridade do DNA: se há presença de DNA danificado. Caso a célula não obtenha sinais positivos para seguir com o ciclo celular, entra em G0. Contudo, se o feedback for favorável, o mitógeno (subtância que induz à mitose) presente no ambiente se liga ao seu receptor e inicia uma cascata de sinalização para iniciar a fase G1. Nesta, ocorre a ativação da proteína RAS que, por sua vez, ativa a MAP- cinase e resulta na ativação da transcrição da proteína MYC. A progressão do ciclo celular está diretamente relacionada a proteína CDK (quinase dependente de ciclina). A alta concentração da MYC leva ao aumento da expressão de ciclina, que se liga a CDK formando o complexo G1-CDK ativado. Este complexo fosforila e inativa a proteína Rb, que resulta na ativação da proteína E2F, levando à passagem de G1 para S. Ponto G2 Neste, a célula verifica a integridade do DNA (se há dano) e replicação do DNA (se foi completamente copiado em S). Caso apresente algum erro, a célula ativará as proteínas quinases ATM e ATR, as quais se ligam a região errada do DNA e fosforilam CHK1 e CHK2, que fosforilam a p53 e, por sua vez, ativa a transcrição da gene p21 (inibidora de CDK), impedindo a continuação do ciclo. Esta pausa permitirá a reparação do erro e, caso não consiga, a célula entra em apoptose para evitar a multiplicação do DNA alterado. Ponto M Ocorre entre a metáfase e anáfase, onde a célula examina se todas as cromátides irmãs estão ligadas aos microtúbulos do fuso mitótico. Em caso positivo, segue para a anáfase e continua o processo final de divisão celular. Em caso negativo, a célula pausará o processo para que o fuso capture o cromossomo perdido. Reguladores do ciclo celular Ciclinas Grupo de proteínas que pode ser dividido em quatro grupos principais: ciclinas G1, ciclinas G1/S, ciclinas S e ciclinas importante Proteínas de supressão tumoral bloqueiam a progressão do ciclo celular durante a fase G1 em casos de danos ao DNA cromossômico. TUTO4 | CASO 01 Maria Eduarda Rocha Guedes 3 M. Cada grupo está associado a uma fase específica do ciclo celular, ajudando a conduzi-los. Com relação à concentração, os níveis variam conforme as fases do ciclo, aumentando apenas no momento necessário. Apenas as ciclinas G1 se mantém constantes na maior parte do ciclo, pois são necessárias na maior parte do tempo. Quinases dependentes de ciclinas (CDK) O ciclo celular só avança quando a ciclina ativa/desativa algumas proteínas dentro da célula. Todo este processo é desencadeado com a ciclina associada a enzimas quinases dependentes de ciclinas (CDK), tendo como função principal a fosforilação de proteínas alvo específicas. Ao ser ativado, o complexo pode ativar o CDK como quinase ou direcionar o CDK para um conjunto específico de proteínas alvo adequadas para o período do ciclo celular em que se encontra. Os níveis de CDK se mantém constantes ao longo do ciclo celular, mas sua atividade e as proteínas-alvo mudam conforme a variação dos níveis das ciclinas. Fator de promoção de maturação (MPF) A MPF (CDK+ciclina M) é um exemplo de como as ciclinas e CDK atuam juntas. A ciclina M se mantém em níveis baixos ao longo de todo ciclo, se acumulando perto da fase G2/M, momento no qual se liga a CDK e forma o complexo inativado. Ao receber o sinal da célula de que está tudo certo no ponto de checagem, o complexo se ativa e inicia a fase M. Complexo promotor de anáfase/ciclossomo (APC/C) O MPF também atua na transição da fase M/G1, através do acionamento da sua própria destruição. Isto ocorre quando ativa o complexo promotor de anáfase/ciclossomo (APC/C) que destrói as ciclinas M a partir da anáfase, forçando a célula a sair da mitose e entrar em G1. O APC/C também atua na separação das cromátides irmãs durante a mitose através da destruição da coesina, que mantém estas cromátides juntas. De maneira geral, as ciclinas, CDK e APC/C são reguladores de transição do ciclo que respondem à sinais internos e externos (fator de crescimento aumenta a atividade e danos ao DNA, diminuem). Supressor tumoral (p53) A p53 atua protegendo o genoma e garantindo que o DNA danificado não seja repassado na divisão celular. No ponto G1, para o ciclo pois ativa as proteínas inibidoras de CK (CKI), bloqueando a sua atividade. Em seguida, a p53 ativa enzimas de reparo do DNA e, se o dano não for reparável, a p53 ativa a apoptose da célula. Logo, caso esta proteína esteja danificada, as mutações podem se acumular rapidamente, levando a neoplasias benignas ou malignas (maioria dos casos). A p53 é a molécula mutada com maior frequência nos cânceres. TUTO4 | CASO 01 Maria Eduarda Rocha Guedes 4 FISIOPATOLOGIA Alterações no processo de diferenciação e crescimento celular resultam em neoplasias, que se caracterizam por um crescimento descoordenado e autônomo. Câncer e ciclo celular Pode-se dizer que o cânceré uma doença causada por divisão celular descontrolada, sendo sua progressão relacionada a uma série de alterações nas atividades dos reguladores do ciclo celular (ciclinas, CDK, MPF, APC/C e p53). Isto ocorre, na maioria das vezes, devido a mutações nos genes que codificam as proteínas reguladoras do ciclo celular. Características das células cancerosas Diferente das células normais, estas são capazes de se multiplicar em cultura, sem sinais externos que estimulem o seu crescimento, pois produzem seus próprios fatores de crescimento (ou fazem as células vizinhas produzirem). As células cancerosas também ignoram os sinais de interrupção da divisão e continuam se dividindo mesmo em ambientes que já estão cheios de células (perda da inibição de contato). Além disso, possuem imortalidade replicativa devido a produção de telomerase (não entra em senescência celular). No mais, as células cancerosas também são capazes de realizar metástase, angiogênese (crescimento de novos vasos sanguíneos) e não se submetem à apoptose. Carcinogênese/Oncogênese Consiste no processo de desenvolvimento do tumor, através de múltiplas etapas onde há a falha de diversos mecanismos. A maioria dos cânceres são resultado de alterações que interferem no material genético, como mutações, translocações, deleções e alterações epigenéticas (não altera diretamente no DNA, mas estruturas relacionadas com o material genético, como proteínas de iniciação, enzima etc). Isto faz com que as células se dividam mais rapidamente e escapem dos controles de divisão, evitando a apoptose. Este processo ocorre em etapas: > Célula recebe estímulo carcinogênico inicial > Aparecimento de alterações de DNA/epigenéticas > Multiplicação da célula sem correção do erro > Aumento do número de células com alteração de DNA (células passam a acumular alterações) > Progressão para um tumor Inicialmente, o aumento da velocidade da divisão celular pode formar tumores benignos, sem potencial de desenvolver metástases. Contudo, as diversas mutações podem levar a uma linhagem de células cancerosas (a medida que o tumor progride, aumenta-se o número de mutações), resultando em um tumor maligno. As alterações genéticas surgem, em alguns casos, de mutações inativadas pelos próprios genes que mantêm o genoma estável. Se um desses genes estiver mutado ou não for funcional, outras mutações se acumulam rapidamente. O início do processo carcinogênico pode ser DEFINIÇão de neoplasia O neoplasma (tumor) consiste em massas anormais de tecido formadas devido a multiplicação excessiva, persistente e desordenada das células de um tecido. São formadas devido a mutações no DNA que não foram corrigidas durante o ciclo celular. TELOMERASE A cada divisão celular, os telômeros perdem uma parte deles até o momento em que se torna impossível se dividir, pois perderia uma parte do DNA (senescência celular). Nas células tumorais, ocorre a produção de telomerase (enzima que repõe o telômero) e a célula nunca entra em senescência replicativa. Prevalência de Câncer em idosos Esse processo explica o motivo de muitos cânceres surgirem em idosos: como suas células já se dividiram muitas vezes, é possível acumular muitas mutações no material genético, levando a formação de um tumor maligno. TUTO4 | CASO 01 Maria Eduarda Rocha Guedes 5 devido a alterações do proto-oncogene (torna-se oncogene) ou do gene supressor de tumor. Oncogenes Os proto-oncogenes são genes que codificam proteínas que estimulam a proliferação e diferenciação em células normais. Caso estes reguladores positivos estejam superativados, sua atividade pode ser alterada (torna-se oncogene). Logo, pode ocorrer uma mutação na célula sem que haja correção, o proto-oncogese estimula a proliferação, ocorre o acúmulo de mutações e este gene se transforma em oncogene, dando início a formação do tumor. Muitas das proteínas que transmitem sinais de fator de crescimento são codificadas por proto- oncogenes, como Ras e enzima Raf. Portanto, se uma das proteínas estiver hiperativa devido a mutação, pode transmitir sinais de fator de crescimento mesmo quando não estiver presente. No caso da Ras (proteína G), as mutações frequentemente mudam sua estrutura para que não entre mais na forma inativa, ficando presas em um estado ativado. Supressores de tumor Os genes supressores de tumor são reguladores negativos do ciclo celular responsáveis pelo bloqueio da proliferação celular e ativação da apoptose, sendo os principais representantes p53 e Rb. Neste caso, o início do processo carcinogênico ocorre por alteração do gene supressor de tumor ou gene de reparação do material genético, os quais ficam menos ativos ou não funcionais, deixando passar erros no DNA e resultando em um tumor. A p53 é o gene mais comumente mutado nos cânceres humanos e, quando isto não ocorre, costumam estar inativadas. Receptores hormonais Os receptores de estrogênio/progesterona presentes em alguns CA de mama são receptores nucleares de hormônios capazes de promoves a replicação do DNA e divisão celular quando ligados a hormônios apropriados. Outro receptor celular é a proteína do fator de crescimento epitelial humano (HER2), sendo superexpressos em 20% das pacientes com CA de mama. Fármacos que inibem estes dois receptores são parte do tratamento padrão. Neoplasias e processos inflamatórios/INFECCIOSOS Os agentes químicos do próprio sistema imunológico podem causar mutações e levar ao processo de carcinogênese. Isso acontece em alguns tipos de câncer, como o mesotelioma (variação do câncer pulmonar). Quando o corpo reconhece uma infecção e o sistema imunológico é ativado, há liberação de moléculas de água oxigenada na região que, além de destruir o invasor, pode danificar uma das bases da estrutura do DNA (citosina). Essa citosina se transforma numa forma variante e passa a ser disseminada pelos outros nucleotídeos e transmitida para novas células no ciclo celular. Como a molécula é instável, se torna mais suscetível a formar uma neoplasia maligna. Do mesmo modo, uma inflamação crônica pode inibir a imunidade do organismo, impossibilitando de reconhecer o câncer como corpo estranho. Isso faz com que o câncer se desenvolva com mais facilidade, sem agentes imunológicos para combatê-lo. Tipos de neoplasias e características As neoplasias podem ser do tipo benigno ou maligno, se diferenciando através de algumas características: nível de diferenciação, ritmo de crescimento, invasão local e metástase. Síndrome de down e câncer A mutação que acontece nas células cancerígenas geralmente possui caráter recessivo (aa). Portanto, pessoas com Síndrome de Down possuem menos chances de desenvolverem a doença, pois têm trissomia. No cromossomo 21, que é onde se encontra um gene que inibe a angiogênese, então tem 3x mais capacidade de impedindo o crescimento dos tumores. TUTO4 | CASO 01 Maria Eduarda Rocha Guedes 6 Nível de diferenciação Equivale ao grau de semelhança da célula neoplásica em comparação com o tecido anormal. Ou seja, a classificação é com base em um padrão anormal, logo, quanto mais diferenciada a célula for, melhor. Pode ser classificado em: tumor bem diferenciado (bem diferente do anormal), tumor moderadamente diferenciado ou pouco diferenciado (meio termo) e tumor indiferenciado/ anaplásico (padrão anormal). Ritmo de crescimento Depende de outros fatores, como hormônios, suprimento sanguíneo, local em que está inserido etc. As neoplasias malignas costumam ter ritmo de crescimento mais acelerado do que as benignas, devido a isso, é comum o aparecimento e isquemia e lesão tecidual, pois a rápida taca de crescimento pode levar a compressão dos vasos sanguíneos e comprometer o suprimento local. As neoplasias benignas, por sua vez, possuem ritmo de crescimento lento e progressivo,podendo, ainda paralisar ou regredir. Invasão local É uma característica exclusiva das neoplasias malignas, sendo capazes de invadir o próprio tecido que deu origem a neoplasia (tumor in situ = ainda não sofreu metástase). As neoplasias benignas não possuem essa capacidade, pois crescem por expansão (e não invasão) e permanecendo no local de origem, sendo, geralmente, encapsuladas e com bordas bem delimitadas (facilmente removidas por cirurgias locais). metástase Assim como a invasão local, é característica exclusiva das neoplasias malignas. Consiste na capacidade das células neoplásicas de saírem do local de origem em direção a outros tecidos do corpo. Essa disseminação pode ser por via linfática (comum nos carcinomas), via hematogênica (comum nos sarcomas) ou cavidades corporais. Nomenclatura Benignas Possuem nomenclatura com prefixo (referente ao tecido em que se encontra) + sufixo OMA. Exceções: glaucoma e hematoma (não são neoplasias), melanoma, linfoma e mieloma (são malignas). Malignas Possuem nomenclatura de acordo com a origem embrionária do tecido. Originários do ectoderma e endoderma são chamados de carcinoma e do mesoderma, sarcoma. ETIOLOGIA e fatores de risco > História familiar de 1º grau: quando ≥ 2 parentes de 1º grau desenvolvem CA de mama, o risco pode ser 5-6x maior > Idade > 40 anos: é o fator de risco mais forte > Gênero: feminino > Menacme longo: menarca precoce e menopausa tardia > Nuliparidade > Último parto tardio: mulheres que engravidam pela primeira vez após os 30 anos têm maior risco que as nulíparas > AP de CA de mama ou ovário > Obesidade: o tecido adiposo produz uma quantidade maior de estrógeno. Além disso, obesos apresentam nível aumentado de leptina, que promove a proliferação celular, e nível reduzido de adiponectina, que possui efeito antiproliferativo. anaplasia É o referencial extremo de anormalidade celular e, portanto, a neoplasia pode ser considerada de estágio avançado. Se caracteriza por: pleomorfismo nuclear e celular (mudanças estruturais na célula e seu núcleo), cariomegalia e hipercromasia (aumento do núcleo e coloração intensa), mitoses abundantes, perda da polaridade, células gigantes, invasão local e metástase. IMPORTANTE As neoplasias benignas (se não tratadas) podem evoluir para o estágio maligno, pois as células vão adquirindo novas habilidades com o passar do tempo. Contudo, isso costuma ser difícil de acontecer, visto que a progressão deste tipo de neoplasia é muito lenta. De maneira geral, as neoplasias benignas não costumam ser uma ameaça à vida, apenas nos casos em que interferem nas funções vitais devido a sua localização (ex: neoplasia benigna na cavidade craniana). Tipos de neoplasia maligna Existem dois tipos de neoplasia maligna: neoplasias sólidas e cânceres hematológicos. As neoplasias sólidas ficam confinadas a um órgão ou tecido específico inicialmente e, com o passar do tempo e progressão da doença, as células se separam da massa original e invadem os tecidos circundantes, atingindo os vasos sanguíneos e linfáticos (metástase). Nos cânceres hematológicos, por sua vez, a neoplasia ocorre em células encontradas no sangue ou na linfa, sendo disseminados desde o início. Níveis elevados de estrogênio/progesterona Existem receptores de estrogênio/progesterona presentes em alguns CA de mama, sendo receptores nucleares de hormônios que promovem a replicação do DNA e divisão celular. TUTO4 | CASO 01 Maria Eduarda Rocha Guedes 7 > Etilismo > Hormonioterapia endógena: anticoncepcional ou reposição hormonal na menopausa (TRH combinada) > Exposição à radiação: provoca dano direto ao DNA (o risco de câncer por procedimentos de radioterapia e exames de imagem são baixos, geralmente se relacionam a uma neoplasia secundária) > Alterações genéticas: mutação BRCA 1 e 2. Mulheres que apresentam mutações nestes genes devem realizar acompanhamento rigoroso com medidas preventivas, como uso de tamoxifeno, ou realizar mastectomia bilateral profilática. Vale salientar que somente 10% dos casos de CA de mama são atribuídos a fatores correlacionados aos genes. > Carcinoma lobular in situ (LCIS): aumenta 25x o risco de desenvolver carcinoma invasivo > Traumas recorrentes: o processo de inflamação e cicatrização constantes pode levar a formação de tumor Fatores de proteção > Atividade física: regula o metabolismo hormonal, insulínico e fatores inflamatórios e imunológicos. > Amamentação Influência do vírus no processo carcinogênico O vírus não tem como objetivo principal causar o câncer, mas o processo pode ocorrer como consequência. Alguns vírus são capazes de modificar o ciclo celular e, consequentemente, levar a um processo de carcinogênese, a exemplo do HPV. A infecção por HPV pode levar ao câncer cervical, pois o vírus codifica uma proteína chamada E6, que se liga à proteína p53 e a marca para sofrer degradação. Existem vários mecanismos que o vírus pode usar para levar a um processo carcinogênico, mas o mecanismo mais comum é a partir das proteínas virais nas vias de sinalização celular. Uma das principais vias é a wnp/beta- catenina, que está envolvida diretamente na proliferação celular, e o vírus é capaz de superativar a proto-oncogene e transformá-la em oncogene. PACIENTE DE ALTO risco São considerados pacientes de alto risco aqueles que possuem as seguintes características: > AF de 1º grau com CA de mama < 50 anos > AF 1º grau com CA de mama bilateral > AF de CA de mama em homem > AF CA de ovário > Mutações genética BRCA, PTEN ou p53 prevenção Os exames recomendados para rastreamento de CA mama variam conforme a fonte, podendo ser: > MS/INCA: realizar a mamografia (MMG) a partir dos 50- 69 anos, bianual (a cada 2 anos). > SBM/FEBRASGO: realizar MMG a partir dos 40 anos, anualmente. Vale lembrar que as recomendações de rastreamento variam, também, conforme a classificação de risco do paciente. Para pacientes de alto risco, indica-se a realização da mamografia + RM a partir dos 30 anos, anualmente. diagnóstico O diagnóstico é realizado com base no exame clínico, exames de imagem (MMG e/ou USG), biópsia e imuno- histoquímica (receptores hormonais e HER2). A ressonância magnética (RM) é um método mais sensível e específico que a MMG, sendo utilizado quando as lesões não são bem vistas na MMG ou USG. Contudo, tem alto custo e gera muitos resultados falsos-positivos. Para o diagnóstico de câncer de mama, deve-se solicitar uma amostra histológica (biópsia). Dos subtipos histológicos, o mais comum (80% dos casos) é o carcinoma ductal invasivo, seguido pelo carcinoma lobular invasivo. Bi-rads Os resultados das imagens utilizadas no diagnóstico de doenças mamárias devem ser classificados conforme o BI-RADS: quando menor a sua classificação, menor sua chance de evoluir para uma malignidade. Os BI-RADS ≥ 5 são altamente sugestivos de malignidade e mais de 95% são cancerosos. IDADE RECOMENDADA PARA MAMOGRAFIA A mamografia não costuma ser indicada antes dos 30 anos, pois a mama jovem é muito densa (muitas glândulas mamárias) e o exame é mais vantajoso em mamas lipossubstituídas (menos glândulas e mais gorduras). Teste triplo Na investigação de doenças mamárias, o exame clínico pode estar associado a exames de imagem e biópsia (=teste triplo). Um teste triplo concordante benigno possui 99% de acurácia e os nódulos podem ser acompanhados com exame clínico a cada 6 meses. Contudo, quando uma das três avaliações apresentar resultado sugestivo de malignidade, o nódulo deve ser excisionado independente do resultado das outras avaliações. TUTO4 | CASO 01 Maria Eduarda Rocha Guedes 8 estadiamento Após a confirmação do CA de mama, deve-se realizar o estadiamento do mesmo para planejar o tratamento adequado, dar indicaçãode prognóstico e ajudar na avaliação do tratamento. A classificação mais utilizada para o estadiamento dos tumores malignos é com base no sistema TNM, determinando a extensão do crescimento e disseminação das neoplasias malignas. Se baseia em três componentes: tamanho (T=tumor), nódulo regional comprometido (N=linfonodos) e metástase (M). A associação destes três fatores classifica os tumores em cinco estádios/estágios clínicos (0, I, II, III e IV). > Estágio 0: carcinoma restrito à área inicial. > Estágio I: tumor restrito a uma parte do corpo, sem comprometimento linfático. >Estágio II: tumor localmente avançando com comprometimento do sistema linfático ou espalhado por mais de um tecido. > Estágio III: tumor localmente avançado, espalhado por mais de um tecido e causando comprometimento linfático. > Estágio IV: metástase a distância, ou seja, câncer espalhado para outros órgãos ou todo o corpo. Mastite e câncer de mama A mastite consiste em um processo infecioso que ocorre no tecido mamário no período da gravidez, puerpério ou não puerperal. A mastite puerperal tem como principal agente infeccioso o Staphylococcus aureus, sendo caracterizada pela formação de abscessos, eritema, calor, aumento do volume mamário e sinais de infecção sistêmica. Diferente da mastite puerperal, a não puerperal costuma ter evolução lenta, surgir em surtos sem infecção aguda perceptível em alguns casos. Deve-se realizar o diagnóstico diferencial com CA de mama inflamatório. tratamento tipos Cirurgia > Mastectomia: simples (retira apenas a mama) ou radical (em conjunto com esvaziamento axilar). Câncer de mama inflamatório Possui crescimento rápido e muitas vezes é fatal. As células neoplásicas bloqueiam os vasos linfáticos na pele da mama, a qual parece inflamada, com a pele mais espessa (semelhante à casca de laranja). Costuma se espalhar pelos gânglios linfáticos da axila e os linfonodos se parecem com nódulos duros. Muitas vezes, nenhuma massa é sentida na própria mama porque o câncer é disperso na região. TUTO4 | CASO 01 Maria Eduarda Rocha Guedes 9 > Conservadora: retira apenas um quadrante ou setor da mama., sendo necessária sua associação com radioterapia. Deve-se analisar a relação tumor/mama para deixar margens livres e resultado esteticamente positivo. Esvaziamento axilar Realiza-se uma avaliação dos linfonodos axilares para identificar o comprometimento e, caso estejam muito comprometidos, indica-se o esvaziamento. > Pesquisa de linfonodo sentinela: indicado quando a axila se encontra clinicamente negativa, identificando se o linfonodo sentinela (primeiro linfonodo da drenagem) está comprometido. > Esvaziamento axilar: indicada quando a axila se encontra clinicamente comprometida, apresentar linfonodo sentinela positivo ou carcinoma inflamatório. Quimioterapia Indicada para pacientes com ≥ 4 linfonodos positivos, tumor >5cm, invasão vascular peritumoral (possui maior risco de disseminação), baixa expressão de receptor hormonal (não responde bem a hormonioterapia) e alto índice de proliferação celular ou grau histológico 3 (GH3). Não é indicada para pacientes sem comprometimento axilar, sem invasão vascular, alta expressão de receptores hormonais e baixo índice de proliferação celular ou GH1. Terapias sistêmicas > Hormonioterapia: se tiver receptores hormonais positivos (estrogênio/progesterona) > Terapia anti-HER2: atua sobre receptores na membrana citoplasmática/citoplasma, sendo alvo-dirigida e, consequentemente, diminuindo os efeitos deletérios sobre as células normais Radioterapia adjuvante Indicada em associação a cirurgias conservadoras e tumor >5cm ou >3 linfonodos positivos. Escolha do tratamento A escolha do tratamento dependerá de alguns fatores, como: perfil do paciente, estadiamento do tumor, fatores de risco, fatores prognósticos e relação tumor/mama. > Estádios iniciais (T1-2, <5cm, N0, M0): retirada cirúrgica > Localmente avançados (T3-4, >5cm, com invasão de pele/músculo, carcinoma inflamatório ou linfonodos comprometidos): cirurgia ou quimioterapia neoadjuvante (antes da cirurgia)+cirurgia > Metastáticos: tratamento sistêmico (quimioterapia ou hormonioterapia) Abbas – Bases patológicas das doenças, 8ed. Thompson & Thompson – Genética médica, 7ed. https://pt.khanacademy.org/science/biology/cellular- molecular-biology/stem-cells-and-cancer/a/cancer https://www.msdmanuals.com/pt- pt/profissional/ginecologia-e- obstetr%C3%ADcia/doen%C3%A7as- mam%C3%A1rias/c%C3%A2ncer-de-mama https://w2.fop.unicamp.br/ddo/patologia/downloads/db301_ un5_Aula44CaracGerNeop.pdf
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