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DAS LESÕES CORPORAIS

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DAS LESÕES CORPORAIS 
 
Rápida introdução 
Artigos 129 até 136 do CP 
Após análise dos crimes contra a vida, as condutas agora 
avaliada diz respeito as ofensas à integridade física ou à 
saúde do corpo humano. No entanto, como bem lembra o 
professor Nucci, NÃO se enquadra neste tipo penal qualquer 
ofensa moral. Para a configuração do tipo é preciso que a 
vítima sofra algum dano em seu corpo, alterando-se interna 
ou externamente, podendo, ainda abranger qualquer 
modificação prejudicial à sua saúde, transfigurando-se 
qualquer função ou orgânica ou causando-lhe abalos 
psíquicos comprometedores. 
 
Considerações Iniciais 
O objeto jurídico do crime em estudo é a incolumidade 
pessoal do indivíduo, protegendo-se na sua saúde corporal, 
fisiológica e mental (atividade intelectiva, volitiva) 
As lesões podem ser divididas quanto ao elemento subjetivo 
e intensidade. 
No primeiro critério a lesão pode ser: 
a) Dolosa simples (caput) 
b) Dolosa qualificada (§§1º, 2º e 3º) 
c) Dolosa privilegiada (§§4º e 5º) 
d) Culposa (§6º) 
 
O segundo critério poder ser assim classificado: 
 
a) Leve (caput) 
b) Grave (§1º) 
c) Gravíssima (§2º) 
d) Seguida de morte (§3º) 
 
Atenção: Tratando-se de ofendida mulher, praticada em 
ambiente doméstico e familiar (§§9º, 10 e 11), não se 
aplica as benesses previstas na Lei. 9.099/95 (art. 41 da 
Lei 11.340/06) 
 
SUJEITOS DO CRIME 
 
Qualquer pessoa pode ser sujeito do crime de lesão corporal 
– crime comum. 
 
Sujeito passivo é o homem vivo. Observa-se, no entanto que 
nas hipóteses do art. 129, §§1º, IV, e 2º, V, A VÍTIMA 
deve, necessariamente, ser mulher grávida. 
 
CONDUTA 
 
Pune-se a conduta, AÇÃO OU OMISSÃO – de ofender, direta ou 
indiretamente, a integridade corporal ou a saúde de outrem, 
quer causando uma enfermidade, quer agravando a que já 
existe. 
 
“o DANO ao corpo ocorre quando a lesão determina qualquer 
prejuízo à integridade do conjunto orgânico da pessoa. Dano 
à saúde é a desordem causada às atividades psíquicas ou ao 
funcionamento regular do organismo” (Bento De Faria) 
 
Algumas observações: 
 
 Pluralidade de ferimentos deve ser encarada como 
resultado de uma pluralidade de atos de uma mesma 
conduta, não desfigurando a unidade do crime, 
devendo, porém, ser considerada tal circunstância na 
fixação da pena - art. 59 do CP – consequência do 
crime para a vítima) 
 
Ponto de discussão: 
 
A integridade física é um bem indisponível? De nada 
servindo eventual consentimento do sujeito? 
 
VOLUNTARIEDADE 
 
O CRIME e lesão corporal é punido a título de dolo (caput, 
§§ 1º e 2,º) culpa (§6º) e preterdolo (§§1º,2º e 3º). 
 
Consumação e tentativa 
 
Consuma-se o crime no instante e que ocorre a 
ofensa à integridade corporal ou à saúde física ou mental 
da vítima (crime material) 
 
Lesão Corporal dolosa de natureza leve 
 
O conceito de lesão leve é formulado por 
exclusão, isto é, não chegando a nenhum dos resultados 
previstos nos §§, 1º, 2º e 3º (lesões graves, gravíssimas e 
seguidas de morte). 
 
Qualificadoras, majorantes de pena e forma privilegiada 
 
Lesão corporal de natureza grave. 
 
O presente parágrafo trás lesões qualificadas pelo 
resultado, podendo o evento ser querido ou aceito pelo 
agente (dolo, direito ou eventual) ou culposamente 
provocado (culpa) hipótese configuradora do preterdolo. 
 
Excepcionalmente, porém, algumas qualificadoras são 
punidas somente a título de preterdolo, pois se dolosas 
também no consequente, outro será o crime. 
 
Vejamos: 
 
a)incapacidade para ocupações habituais por mais de 
30 (trinta) dias. 
 
Entende-se por ocupação habitual qualquer atividade 
corporal costumeira, tradicional, não necessariamente 
ligada a trabalho ou ocupação lucrativa, devendo ser 
lícita, não importando se moral ou imoral, podendo ser 
intelectual, econômica, esportiva. 
 
b) perigo de vida: qualifica o crime, se da 
gravidade da lesão resultar perigo de vida, consistente na 
probabilidade séria, concreta e imediata do êxito letal, 
devidamente comprovado por perícia. Percebe-se que assim o 
perigo deve ser presente, real, e não somente opinado, 
resultante de simples conjecturas. 
 
c) debilidade permamente de membro, sentido ou 
função: 
 
Segundo o Dicionário Aurélio, entende-se por membro 
cada um dos quatro apêndices do tronco, ligado a este por 
meio de articulação, sendo dois superiores e dois 
inferiores, um superior e um inferior de cada lado, e que 
realizam movimentos diversos, entre os quais a locomoção 
(braços, antebraços, mãos, pernas, coxas e pés) 
 
Já o sentido, É A FACULDADE de experimentar certa classe de 
sensações, e de perceber as coisas externas e o meio pelo 
qual essa faculdade se exercita (visão, audição, tato, 
paladar e olfato) 
 
A função, consiste na atividade própria ou natural de um 
órgão (respiratório, circulatório, digestiva etc) 
 
Resultando do evento diminuição (redução) ou 
enfraquecimento da capacidade funcional de membro, sentido 
ou função, cuja recuperação seja incerta e por tempo 
indeterminado (não significa perpetuidade), a lesão será de 
natureza grave. 
 
e) Acelaração de parto. O inciso IV trata da 
qualificadora da aceleração do parto, ou seja, quando em 
decorrência da lesão, o feto é expulso, com vida, antes do 
tempo normal. 
 
Se o feto é expulso com vida, ou mesmo se com vida logo vem 
a morrer em razão dos ferimentos, a lesão corporal será de 
natureza gravíssima. 
 
Para que se configure a qualificadora é indispensável que o 
agente saiba ou pudesse saber, em razão das circunstâncias 
do fato, estar a ofendida grávida. Caso ignorado o fato, o 
agente responderá por lesão corporal de natureza leve. 
 
 
Lesão Corporal de natureza gravíssima 
 
No presente dispositivo temos elencados os casos de lesão 
gravíssima, de regra irreparável (ou de maior permanência). 
Apesar do CP não utilizar essa expressão “gravíssima” a 
doutrina a criou, o que vem sendo aceito pelo operadores do 
direito como forma de pôr em evidência as consequências 
mais graves do parágrafo quando comparado com o anterior. 
 
Vejamos: 
 
a) Incapacidade permanente para o trabalho: 
 
 Aqui a incapacidade é para o trabalho, profissão, 
emprego, ofício, etc. permamente (não mais temporário, 
absoluta (não basta ser relativa), duradoura no tempo e sem 
previsibilidade de cessação. 
 
Tal incapacidade deve ser para o exercício de 
qualquer espécie de trabalho. 
 
Ponto de discussão: 
 
E se o sujeito ficar incapacitado apenas para a 
função ao qual ocupava antes da lesão, podendo exercer 
outra atividade laborativa, ainda deveria considerar lesão 
corporal gravíssima? 
 
b) Enfermidade incurável: O Inciso II trata da 
qualificadora da enfermidade incurável, entendendo-se 
esta como sendo a alteração permanente da saúde em 
geral por processo patológico, ou seja, a transmissão 
intencional de uma doença para a qual não existe cura 
no estágio atual da medicina (ex: vítima, depois das 
lesões, passa apresentar convulsões ocasionadas em 
decorrência de traumatismo cranioencefálico) 
 
c) Perda ou inutilização de membro, sentido ou função: 
 
É circunstância mais grave do que a do parágrafo 
anterior, não mais se falando em debilidade, mas sim 
em perda (amputação ou mutilação) ou inutilização 
(membro, sentido ou função inoperante, isto é, sem 
qualquer capacidade de exercer suas atividades 
próprias) 
 
Ponto de discussão: E se a lesão atingir apenas um dos 
órgãos, por exemplo, atingir tão apenas um olho, rim, 
orelhas, aqui entraria a qualificadora gravíssima? 
 
d) Deformidade permanente: 
 
Consiste no dano estético, aparente, considerável, 
irreparável pela própria força da natureza e capaz de 
provocar impressão vexatória (desconforto para quem 
olha e humilhação para vítima) 
 
Ponto de discussão: Se o agressor custear um 
tratamento estético - cirurgiaplástica reparadora, a 
qualificadora pode ser afastada? 
 
Não. pois o fato criminoso é valorado no momento de 
sua consumação. 
 
e) Aborto 
 
Aqui pune-se a lesão a título de dolo e o abortamento 
(interrupção da gravidez) a título de culpa (crime 
preterdoloso ou preterintencional) 
 
É indispensável que o agente tenha ciência de que a 
vítima esteja grávida, jamais aceitando o resultado 
mais grave, caso em que haveria o crime do art. 125 
CP. 
Coexistência de qualificadoras 
 
Possível a coexistência, num determinado fato, de 
qualificadoras várias, inclusive de natureza grave e 
gravíssima, como quando, por exemplo, além de ficar 
incapacitada para ocupações habituais por mais de 
trinta dias, a vítima sofreu deformidade permanente. 
Nesse caso, o crime permanece único, aplicando-se as 
penas do parágrafo mais grave, devendo o juiz, por 
ocasião da fixação da pena-base, considerar as demais 
consequências sofridas pelo ofendido. 
 
Lesão corporal seguida de morte 
 
 O §3º incrimina a lesão corporal seguida de morte, 
chamada pela doutrina de homicídio preterdoloso, 
hipótese em que o agente, querendo apenas ofender a 
integridade ou a saúde de outrem, acaba por matar a 
vítima culposamente. 
 
Pois falta a intenção do autor animus necandi, agindo 
apenas com a intenção de ofender a integridade 
corporal ou a saúde da vítima. 
 
Lesão corporal dolosa (ou preterdolosa) majorada 
O §7º, no caso de lesão corporal dolosa (ou 
preterdolosa), aumenta a pena de um terço, se ocorrer 
qualquer das hipóteses do art. 121, §4, 2ª parte 
(delito praticado contra pessoa menor de 14 anos), ou 
art. 121,§6º (se o crime for praticado por milícia 
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de 
segurança, ou por grupo de extermínio) 
Substituição da pena 
Não sendo graves as lesões e presente qualquer das 
hipóteses relacionadas no §4º (se o agente comete o 
crime impelido por motivo de relevante valor social ou 
moral, ou sob o domínio de violente emoção, logo em 
seguida a injusta provocação da vítima), a pena de 
detenção poderá ser substituída por multa. 
O mesmo acontece quando as lesões forem mútuas. Aliás, 
nesse último caso (lesões recíprocas), sintetizamos 
algumas hipóteses: 
1 – ambos se ferem e um agiu em legítima defesa: 
absolve-se um e condena-se o outro, como o privilégio. 
2 – ambos se ferem e dizem ter agido em legítima 
defesa, não havendo prova do início da agressão: nesta 
hipótese, segundo entendimento, ambos devem ser 
absolvidos. 
3 – ambos são culpados e nenhum agiu em legítima 
defesa: devem os dois ser condenados com o privilégio. 
 
Lesão corporal leve qualificada pela Violência 
doméstica e familiar 
A lei 11.340/06, alterou a redação do §9º, tornando 
mais rigorosa a punição nos casos de violência 
doméstica e familiar. 
Com a mudança, AUMENTANDO a pena máxima de um para 
três anos (deixando, consequentemente, de ser de menor 
potencial ofensivo) se a lesão for praticada contra 
ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou 
companheiro, ou quem conviva ou tenha convivido, ou 
ainda, prevalecendo-se o agente das relações 
domésticas, de coabitação ou hospitalidade. 
 
Lesão corporal 
 Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde 
de outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 Lesão corporal de natureza grave 
 § 1º Se resulta: 
 I - Incapacidade para as ocupações habituais, por 
mais de trinta dias; 
 II - perigo de vida; 
 III - debilidade permanente de membro, sentido ou 
função; 
 IV - aceleração de parto: 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 § 2° Se resulta: 
 I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
 II - enfermidade incuravel; 
 III perda ou inutilização do membro, sentido ou 
função; 
 IV - deformidade permanente; 
 V - aborto: 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 Lesão corporal seguida de morte 
 § 3° Se resulta morte e as circunstâncias 
evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o 
risco de produzi-lo: 
 Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 Diminuição de pena 
 § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo 
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da 
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
 Substituição da pena 
 § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda 
substituir a pena de detenção pela de multa. 
 I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo 
anterior; 
 II - se as lesões são recíprocas. 
 Lesão corporal culposa 
 § 6° Se a lesão é culposa: 
 Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
 Aumento de pena 
 § 7
o
 Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se 
ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4
o
 e 6
o
 do art. 121 
deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#art3
 § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º 
do art. 121. (Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) 
 Violência Doméstica 
§ 9
o
 Se a lesão for praticada contra ascendente, 
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem 
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o 
agente das relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
 Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) 
anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) 
 § 10. Nos casos previstos nos §§ 1
o
 a 3
o
 deste 
artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9
o
 deste 
artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela 
Lei nº 10.886, de 2004) 
 § 11. Na hipótese do § 9
o
 deste artigo, a pena 
será aumentada de um terço se o crime for cometido contra 
pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 
11.340, de 2006) 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou 
agente descrito nos arts.142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força 
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em 
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou 
parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa 
condição, a pena é aumentada de um a dois 
terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) 
 
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE 
 
A lei trata dos crimes de perigo, ISTO é, infrações penais 
que ofendem o bem jurídico com a simples probabilidade de 
dano, não havendo lesão substancial. 
Esta espécie de crime subdivide-se em perigo concreto e de 
perigo abstrato (ou presumido). 
O primeiro EXIGE a comprovação do risco de lesão, indicando 
quem, efetivamente, foi exposto ao perigo. 
O segundo exige dispensa a constatação do risco real, sendo 
absolutamente presumido por lei. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art129%C2%A77
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.886.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.886.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13142.htm#art2
Ponto importante: O crime de perigo abstrato resulta em 
última análise de perigo que não existe, de modo que acaba 
por criminalizar uma presunção de “perigo”.Ou seja, a 
simples atividade de portar arma de fogo de forma ilegal. 
Muito embora é preciso dizer que o STF reconheceu e admitiu 
a criação do delito de perigo presumido, dentre as 
alegações diz que seria o meio eficiente do Estado proteger 
certos interesses. 
Vejamos os principais tipos penais do Capítulo em estudo. 
 
Perigo de contágio venéreo 
 Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações 
sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia 
venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Forma qualificada. 
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 § 2º - Somente se procede mediante representação. 
Considerações Iniciais 
O bem jurídico protegido é a incolumidade física e saúde da 
pessoa, aqui exposta por meio de relação sexual ou qualquer 
ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea. 
 Trata-se de delito de perigo abstrato, isto é, basta a 
exposição a contágio de moléstia venérea. 
 O tipo subjetivo: é o dolo ou eventual, assim na 
primeira parte do artigo é o dolo direto. 
 Consumação: Com o contato sexual, independentemente do 
efetivo contágio. 
 Tentativa: admissível (delito plurissubsistente) 
Pergunta. E se a vítima encontra-se contaminada da mesma 
doença? 
Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa contaminada 
Sujeito passivo: Qualquer pessoa – e se tal pessoa exercer 
a prostituição? 
E se houver consentimento da vítima exposta a doença? 
A lei penal não define o que se entende por moléstia 
venéreas. E sim a medicina. 
Elemento normativo do tipo: é extrajurídico, sua 
delimitação é feita pelas ciências médicas, e averiguada 
por perícia. 
Moléstias graves: Aquelas que afetam seriamente a saúde, 
perturbando o funcionamento regular do organismo. 
 É indispensável que a moléstia grave – aguda ou 
crônica, curável ou incurável, seja transmissível 
por contagio – (TUBERCULOSE, lepra, febre amarela, 
cólera, sarampo, AIDS etc) 
Atenção: Estão excluídas as doenças não transmissíveis por 
contágio. 
Perigo de contágio de moléstia grave 
 Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a 
outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de 
produzir o contágio: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 Perigo para a vida ou saúde de outrem 
 Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a 
perigo direto e iminente: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato 
não constitui crime mais grave. 
 Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a 
um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a 
perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de 
serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em 
desacordo com as normas legais. (Incluído pela Lei nº 
9.777, de 1998) 
Sujeito Ativo: qualquer pessoa 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9777.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9777.htm#art1
Sujeito passivo: Qualquer pessoa cuja vida ou a saúde sejam 
expostas a perigo pela conduta do agente, ainda que entre 
um e outro não haja relação de subordinação ou assistência. 
Atenção: é preciso que a seja pessoa certa ou determinada, 
isso não significa restrição quanto ao número de vítimas. 
Perigo direto: É o dirigido a pessoa determinadas, 
perfeitamente individualizadas. 
Perigo iminente: é aquele que esta preste a acontecer, 
apresentando-se como realidade concreta. 
Trata-se de crime de perigo concreto, exigindo a 
demonstração deste. 
Elemento Subjetivo: Dolo 
Consumação: com a exposição do perigo da vida ou saúde. 
Tentativa: admissível 
 
 Abandono de incapaz 
 Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu 
cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer 
motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do 
abandono: 
 Pena - detenção, de seis meses a três anos. 
 § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de 
natureza grave: 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 § 2º - Se resulta a morte: 
 Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 Aumento de pena 
 § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se 
de um terço: 
 I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 
 II - se o agente é ascendente ou descendente, 
cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. 
 III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) 
anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) 
 
Considerações Iniciais 
Tutelam-se a vida, e a saúde da pessoa humana, em especial 
daqueles que não podem se defender do perigo oriundo da 
violação do dever de guarda, assistência e proteção. 
A lei busca proteger os indivíduos incapazes, por qualquer 
motivo, de oferecer resistência aos riscos resultantes do 
abandono. 
O crime pode ser comissivo ou omissivo, a conduta proibida 
se refere a uma ação – abandonar – e ao mesmo tempo, a 
vincula à infração de um dever de assistência. 
Abandonar: significa desamparar, deixar sem assistência a 
vítima, inapta a defender-se dos riscos resultantes da 
conduta do agente. 
Duração do abandono é indiferente, pode ser temporário ou 
definitivo, desde que perdure por lapso temporal hábil a 
permitir o delineamento de uma situação de perigo para o 
bem jurídico protegido. 
Expressão Cuidado: é a assistência conferida a quem, 
acidentalmente, encontra-se incapacitado de defender-se 
(enfermeiro em relação ao paciente) 
Vigilância: É a assistência acautelatória, com vistas a 
resguardar a integridade pessoal alheia (guia, salva-vidas) 
Autoridade: é o poder, derivado de direito público ou 
privado, exercido por alguém sobre outrem. (diretores de 
escola, policial penal etc. 
 
Sujeito Ativo: é apena aquele que possua uma especial 
relação de assistência para com a vítima, que se encontra 
sob seu cuidado, guarda, vigilância ou imediata 
autoridade. 
Atenção: O dever de proteção, consistente no cuidado, 
guarda, vigilância ou autoridade de que incumbe ao agente 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art133%C2%A73iii
em relação ao incapaz – pode resultar de lei, de contrato 
ou da própria situação fática. 
Sujeito passivo: é aquele que está sob a guarda ou 
assistência do agente, diz respeito a todos os incapazes de 
se resguardarem dos riscos resultantes da situação de 
abandono criado pelo agente. 
Atenção: tal incapacidade pode abarcar pessoa civilmente 
capazes, que circunstancialmente, encontram-se 
impossibilitadas de oferecer resistências ao perigo 
advindo. 
E se for pessoa embriagada? 
Elemento subjetivo: é o dolo, isto é, pela consciência e 
vontade do agente de expor a perigo concreto a vida ou a 
saúde do sujeito passivo através do abandono. 
Consumação: consuma-se com o efetivo abandono, desde que 
deste resulte perigo concreto à vida ou a saúde da vítima. 
É indispensável, que o advento do perigo, ainda que 
momentâneo. 
Tentativa: admissível. 
 
Exposição ou abandono de recém-nascido 
 Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para 
ocultar desonra própria: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
 § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de 
natureza grave: 
 Pena - detenção, de um a três anos. 
 § 2º - Se resulta a morte: 
 Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
Considerações Iniciais: 
O artigo em questão consagra uma espécie privilegiada de 
abandono de incapaz. 
O bem jurídico protegido é a vida e a saúde do recém-
nascido. 
Sujeito ativo: é tão somente a mãe que concebe extra 
matrimonium (delito especial) 
A descrição do tipo penal sugere que o nascimento não pode 
ser do conhecimento público. O privilégio somente subsiste 
se o nascimento do filho ilegítimo é sigiloso. Se a 
concepção ou nascimento são notórios, ultrapassando o 
âmbito familiar,não haverá o que ocultar. 
Sujeito passivo: recém-nascido. 
 Não existe concurso de pessoas. 
O motivo honra: indiscutivelmente é uma condição de cunho 
pessoal. No entanto, figura como elementar do tipo de 
exposição ou abandono de recém-nascido, essencial à sua 
configuração. Eliminada tal circunstância, resta 
caracterizado o crime de abandono de incapaz. 
A honra, DEVE ser avaliada no aspecto subjetivo ou 
psicológico. Por exemplo, o sujeito ativo encontra-se em um 
estado de tortura íntima, ante a perspectiva iminente da 
perda da reputação que até então desfrutava. 
Consumação: Com a afetiva exposição ou abandono, 
condicionados, porém à superveniência de perigo concreto à 
vida ou à saúde do neonato. Faz-se necessário o advento da 
situação de perigo. 
Tentativa: admissível 
Elemento subjetivo: é o dolo. 
 
 Omissão de socorro 
 Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando 
possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou 
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou 
em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o 
socorro da autoridade pública: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se 
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e 
triplicada, se resulta a morte. 
 Condicionamento de atendimento médico-hospitalar 
emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). 
 
Considerações iniciais 
Tutelam-se a vida e a saúde da pessoa humana. É dispensada 
particular ênfase à proteção da integridade física ou 
psíquica de pessoa necessitada de auxílio, tais como 
crianças abandonadas, pessoa inválida ou ferida, ao 
desamparo, bem como de todos aqueles em grave e iminente 
perigo. O bem jurídico tutelado é indisponível. 
Importa dizer, ademais, que o dever de prestar assistência 
ou de solicitar o socorro da autoridade pública limita-se à 
preservação da vida ou da saúde alheias, não abarcando 
outros bens jurídicos eventualmente em perigo. (patrimônio, 
honra) 
Sujeito Ativo: pode ser qualquer pessoa, sem restrição. O 
sujeito responde individualmente, na medida de sua posição 
ocupada diante do bem jurídico: 
Vejamos: O pai ocupa posição de garante, e sua omissão 
viola o dever de impedir o resultado. 
O terceiro transgride dever geral de assistência, porque, 
em face da situação de perigo, devia prestar a assistência 
exigida pelo comando normativa. 
Elementos Objetivo e Subjetivo 
As condutas alternativamente incriminadas consistem em 
deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem 
risco pessoal, ou não pedir socorro da autoridade pública, 
ao se deparar com criança abandonada ou extraviada, ou com 
pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e 
iminente perigo (tipo básico, misto cumulativo) 
Trata-se de delito omissivo próprio ou puro. Pune-se a não 
realização de uma ação que o autor podia realizar na 
situação concreta que se encontrava. 
Atenção: Ao encontrar o sujeito passivo, fica o agente 
adstrito a uma assistência direta (deve prestar assistência 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm#art1
pessoalmente) ou indireta (deve solicitar o socorro da 
autoridade pública) 
É de observar o seguinte: A prestação de socorro somente é 
exigível se não importa em risco pessoal. A LEI não obriga 
ninguém a atos de heroísmo. 
 
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou 
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de 
formulários administrativos, como condição para o 
atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela 
Lei nº 12.653, de 2012). 
 Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e 
multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). 
 Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se 
da negativa de atendimento resulta lesão corporal de 
natureza grave, e até o triplo se resulta a 
morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). 
 Maus-tratos 
 Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de 
pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim 
de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-
a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer 
sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer 
abusando de meios de correção ou disciplina: 
 Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
 § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de 
natureza grave: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
 § 2º - Se resulta a morte: 
 Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é 
praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) 
anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990) 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art263

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