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DAS LESÕES CORPORAIS Rápida introdução Artigos 129 até 136 do CP Após análise dos crimes contra a vida, as condutas agora avaliada diz respeito as ofensas à integridade física ou à saúde do corpo humano. No entanto, como bem lembra o professor Nucci, NÃO se enquadra neste tipo penal qualquer ofensa moral. Para a configuração do tipo é preciso que a vítima sofra algum dano em seu corpo, alterando-se interna ou externamente, podendo, ainda abranger qualquer modificação prejudicial à sua saúde, transfigurando-se qualquer função ou orgânica ou causando-lhe abalos psíquicos comprometedores. Considerações Iniciais O objeto jurídico do crime em estudo é a incolumidade pessoal do indivíduo, protegendo-se na sua saúde corporal, fisiológica e mental (atividade intelectiva, volitiva) As lesões podem ser divididas quanto ao elemento subjetivo e intensidade. No primeiro critério a lesão pode ser: a) Dolosa simples (caput) b) Dolosa qualificada (§§1º, 2º e 3º) c) Dolosa privilegiada (§§4º e 5º) d) Culposa (§6º) O segundo critério poder ser assim classificado: a) Leve (caput) b) Grave (§1º) c) Gravíssima (§2º) d) Seguida de morte (§3º) Atenção: Tratando-se de ofendida mulher, praticada em ambiente doméstico e familiar (§§9º, 10 e 11), não se aplica as benesses previstas na Lei. 9.099/95 (art. 41 da Lei 11.340/06) SUJEITOS DO CRIME Qualquer pessoa pode ser sujeito do crime de lesão corporal – crime comum. Sujeito passivo é o homem vivo. Observa-se, no entanto que nas hipóteses do art. 129, §§1º, IV, e 2º, V, A VÍTIMA deve, necessariamente, ser mulher grávida. CONDUTA Pune-se a conduta, AÇÃO OU OMISSÃO – de ofender, direta ou indiretamente, a integridade corporal ou a saúde de outrem, quer causando uma enfermidade, quer agravando a que já existe. “o DANO ao corpo ocorre quando a lesão determina qualquer prejuízo à integridade do conjunto orgânico da pessoa. Dano à saúde é a desordem causada às atividades psíquicas ou ao funcionamento regular do organismo” (Bento De Faria) Algumas observações: Pluralidade de ferimentos deve ser encarada como resultado de uma pluralidade de atos de uma mesma conduta, não desfigurando a unidade do crime, devendo, porém, ser considerada tal circunstância na fixação da pena - art. 59 do CP – consequência do crime para a vítima) Ponto de discussão: A integridade física é um bem indisponível? De nada servindo eventual consentimento do sujeito? VOLUNTARIEDADE O CRIME e lesão corporal é punido a título de dolo (caput, §§ 1º e 2,º) culpa (§6º) e preterdolo (§§1º,2º e 3º). Consumação e tentativa Consuma-se o crime no instante e que ocorre a ofensa à integridade corporal ou à saúde física ou mental da vítima (crime material) Lesão Corporal dolosa de natureza leve O conceito de lesão leve é formulado por exclusão, isto é, não chegando a nenhum dos resultados previstos nos §§, 1º, 2º e 3º (lesões graves, gravíssimas e seguidas de morte). Qualificadoras, majorantes de pena e forma privilegiada Lesão corporal de natureza grave. O presente parágrafo trás lesões qualificadas pelo resultado, podendo o evento ser querido ou aceito pelo agente (dolo, direito ou eventual) ou culposamente provocado (culpa) hipótese configuradora do preterdolo. Excepcionalmente, porém, algumas qualificadoras são punidas somente a título de preterdolo, pois se dolosas também no consequente, outro será o crime. Vejamos: a)incapacidade para ocupações habituais por mais de 30 (trinta) dias. Entende-se por ocupação habitual qualquer atividade corporal costumeira, tradicional, não necessariamente ligada a trabalho ou ocupação lucrativa, devendo ser lícita, não importando se moral ou imoral, podendo ser intelectual, econômica, esportiva. b) perigo de vida: qualifica o crime, se da gravidade da lesão resultar perigo de vida, consistente na probabilidade séria, concreta e imediata do êxito letal, devidamente comprovado por perícia. Percebe-se que assim o perigo deve ser presente, real, e não somente opinado, resultante de simples conjecturas. c) debilidade permamente de membro, sentido ou função: Segundo o Dicionário Aurélio, entende-se por membro cada um dos quatro apêndices do tronco, ligado a este por meio de articulação, sendo dois superiores e dois inferiores, um superior e um inferior de cada lado, e que realizam movimentos diversos, entre os quais a locomoção (braços, antebraços, mãos, pernas, coxas e pés) Já o sentido, É A FACULDADE de experimentar certa classe de sensações, e de perceber as coisas externas e o meio pelo qual essa faculdade se exercita (visão, audição, tato, paladar e olfato) A função, consiste na atividade própria ou natural de um órgão (respiratório, circulatório, digestiva etc) Resultando do evento diminuição (redução) ou enfraquecimento da capacidade funcional de membro, sentido ou função, cuja recuperação seja incerta e por tempo indeterminado (não significa perpetuidade), a lesão será de natureza grave. e) Acelaração de parto. O inciso IV trata da qualificadora da aceleração do parto, ou seja, quando em decorrência da lesão, o feto é expulso, com vida, antes do tempo normal. Se o feto é expulso com vida, ou mesmo se com vida logo vem a morrer em razão dos ferimentos, a lesão corporal será de natureza gravíssima. Para que se configure a qualificadora é indispensável que o agente saiba ou pudesse saber, em razão das circunstâncias do fato, estar a ofendida grávida. Caso ignorado o fato, o agente responderá por lesão corporal de natureza leve. Lesão Corporal de natureza gravíssima No presente dispositivo temos elencados os casos de lesão gravíssima, de regra irreparável (ou de maior permanência). Apesar do CP não utilizar essa expressão “gravíssima” a doutrina a criou, o que vem sendo aceito pelo operadores do direito como forma de pôr em evidência as consequências mais graves do parágrafo quando comparado com o anterior. Vejamos: a) Incapacidade permanente para o trabalho: Aqui a incapacidade é para o trabalho, profissão, emprego, ofício, etc. permamente (não mais temporário, absoluta (não basta ser relativa), duradoura no tempo e sem previsibilidade de cessação. Tal incapacidade deve ser para o exercício de qualquer espécie de trabalho. Ponto de discussão: E se o sujeito ficar incapacitado apenas para a função ao qual ocupava antes da lesão, podendo exercer outra atividade laborativa, ainda deveria considerar lesão corporal gravíssima? b) Enfermidade incurável: O Inciso II trata da qualificadora da enfermidade incurável, entendendo-se esta como sendo a alteração permanente da saúde em geral por processo patológico, ou seja, a transmissão intencional de uma doença para a qual não existe cura no estágio atual da medicina (ex: vítima, depois das lesões, passa apresentar convulsões ocasionadas em decorrência de traumatismo cranioencefálico) c) Perda ou inutilização de membro, sentido ou função: É circunstância mais grave do que a do parágrafo anterior, não mais se falando em debilidade, mas sim em perda (amputação ou mutilação) ou inutilização (membro, sentido ou função inoperante, isto é, sem qualquer capacidade de exercer suas atividades próprias) Ponto de discussão: E se a lesão atingir apenas um dos órgãos, por exemplo, atingir tão apenas um olho, rim, orelhas, aqui entraria a qualificadora gravíssima? d) Deformidade permanente: Consiste no dano estético, aparente, considerável, irreparável pela própria força da natureza e capaz de provocar impressão vexatória (desconforto para quem olha e humilhação para vítima) Ponto de discussão: Se o agressor custear um tratamento estético - cirurgiaplástica reparadora, a qualificadora pode ser afastada? Não. pois o fato criminoso é valorado no momento de sua consumação. e) Aborto Aqui pune-se a lesão a título de dolo e o abortamento (interrupção da gravidez) a título de culpa (crime preterdoloso ou preterintencional) É indispensável que o agente tenha ciência de que a vítima esteja grávida, jamais aceitando o resultado mais grave, caso em que haveria o crime do art. 125 CP. Coexistência de qualificadoras Possível a coexistência, num determinado fato, de qualificadoras várias, inclusive de natureza grave e gravíssima, como quando, por exemplo, além de ficar incapacitada para ocupações habituais por mais de trinta dias, a vítima sofreu deformidade permanente. Nesse caso, o crime permanece único, aplicando-se as penas do parágrafo mais grave, devendo o juiz, por ocasião da fixação da pena-base, considerar as demais consequências sofridas pelo ofendido. Lesão corporal seguida de morte O §3º incrimina a lesão corporal seguida de morte, chamada pela doutrina de homicídio preterdoloso, hipótese em que o agente, querendo apenas ofender a integridade ou a saúde de outrem, acaba por matar a vítima culposamente. Pois falta a intenção do autor animus necandi, agindo apenas com a intenção de ofender a integridade corporal ou a saúde da vítima. Lesão corporal dolosa (ou preterdolosa) majorada O §7º, no caso de lesão corporal dolosa (ou preterdolosa), aumenta a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121, §4, 2ª parte (delito praticado contra pessoa menor de 14 anos), ou art. 121,§6º (se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio) Substituição da pena Não sendo graves as lesões e presente qualquer das hipóteses relacionadas no §4º (se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violente emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima), a pena de detenção poderá ser substituída por multa. O mesmo acontece quando as lesões forem mútuas. Aliás, nesse último caso (lesões recíprocas), sintetizamos algumas hipóteses: 1 – ambos se ferem e um agiu em legítima defesa: absolve-se um e condena-se o outro, como o privilégio. 2 – ambos se ferem e dizem ter agido em legítima defesa, não havendo prova do início da agressão: nesta hipótese, segundo entendimento, ambos devem ser absolvidos. 3 – ambos são culpados e nenhum agiu em legítima defesa: devem os dois ser condenados com o privilégio. Lesão corporal leve qualificada pela Violência doméstica e familiar A lei 11.340/06, alterou a redação do §9º, tornando mais rigorosa a punição nos casos de violência doméstica e familiar. Com a mudança, AUMENTANDO a pena máxima de um para três anos (deixando, consequentemente, de ser de menor potencial ofensivo) se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou quem conviva ou tenha convivido, ou ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou hospitalidade. Lesão corporal Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. Lesão corporal de natureza grave § 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incuravel; III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Lesão corporal seguida de morte § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Diminuição de pena § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Substituição da pena § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa. I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; II - se as lesões são recíprocas. Lesão corporal culposa § 6° Se a lesão é culposa: Pena - detenção, de dois meses a um ano. Aumento de pena § 7 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4 o e 6 o do art. 121 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#art3 § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. (Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) Violência Doméstica § 9 o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) § 10. Nos casos previstos nos §§ 1 o a 3 o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9 o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) § 11. Na hipótese do § 9 o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts.142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE A lei trata dos crimes de perigo, ISTO é, infrações penais que ofendem o bem jurídico com a simples probabilidade de dano, não havendo lesão substancial. Esta espécie de crime subdivide-se em perigo concreto e de perigo abstrato (ou presumido). O primeiro EXIGE a comprovação do risco de lesão, indicando quem, efetivamente, foi exposto ao perigo. O segundo exige dispensa a constatação do risco real, sendo absolutamente presumido por lei. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art129%C2%A77 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.886.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.886.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13142.htm#art2 Ponto importante: O crime de perigo abstrato resulta em última análise de perigo que não existe, de modo que acaba por criminalizar uma presunção de “perigo”.Ou seja, a simples atividade de portar arma de fogo de forma ilegal. Muito embora é preciso dizer que o STF reconheceu e admitiu a criação do delito de perigo presumido, dentre as alegações diz que seria o meio eficiente do Estado proteger certos interesses. Vejamos os principais tipos penais do Capítulo em estudo. Perigo de contágio venéreo Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Forma qualificada. § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 2º - Somente se procede mediante representação. Considerações Iniciais O bem jurídico protegido é a incolumidade física e saúde da pessoa, aqui exposta por meio de relação sexual ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea. Trata-se de delito de perigo abstrato, isto é, basta a exposição a contágio de moléstia venérea. O tipo subjetivo: é o dolo ou eventual, assim na primeira parte do artigo é o dolo direto. Consumação: Com o contato sexual, independentemente do efetivo contágio. Tentativa: admissível (delito plurissubsistente) Pergunta. E se a vítima encontra-se contaminada da mesma doença? Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa contaminada Sujeito passivo: Qualquer pessoa – e se tal pessoa exercer a prostituição? E se houver consentimento da vítima exposta a doença? A lei penal não define o que se entende por moléstia venéreas. E sim a medicina. Elemento normativo do tipo: é extrajurídico, sua delimitação é feita pelas ciências médicas, e averiguada por perícia. Moléstias graves: Aquelas que afetam seriamente a saúde, perturbando o funcionamento regular do organismo. É indispensável que a moléstia grave – aguda ou crônica, curável ou incurável, seja transmissível por contagio – (TUBERCULOSE, lepra, febre amarela, cólera, sarampo, AIDS etc) Atenção: Estão excluídas as doenças não transmissíveis por contágio. Perigo de contágio de moléstia grave Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Perigo para a vida ou saúde de outrem Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 1998) Sujeito Ativo: qualquer pessoa http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9777.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9777.htm#art1 Sujeito passivo: Qualquer pessoa cuja vida ou a saúde sejam expostas a perigo pela conduta do agente, ainda que entre um e outro não haja relação de subordinação ou assistência. Atenção: é preciso que a seja pessoa certa ou determinada, isso não significa restrição quanto ao número de vítimas. Perigo direto: É o dirigido a pessoa determinadas, perfeitamente individualizadas. Perigo iminente: é aquele que esta preste a acontecer, apresentando-se como realidade concreta. Trata-se de crime de perigo concreto, exigindo a demonstração deste. Elemento Subjetivo: Dolo Consumação: com a exposição do perigo da vida ou saúde. Tentativa: admissível Abandono de incapaz Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena - detenção, de seis meses a três anos. § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Aumento de pena § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: I - se o abandono ocorre em lugar ermo; II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) Considerações Iniciais Tutelam-se a vida, e a saúde da pessoa humana, em especial daqueles que não podem se defender do perigo oriundo da violação do dever de guarda, assistência e proteção. A lei busca proteger os indivíduos incapazes, por qualquer motivo, de oferecer resistência aos riscos resultantes do abandono. O crime pode ser comissivo ou omissivo, a conduta proibida se refere a uma ação – abandonar – e ao mesmo tempo, a vincula à infração de um dever de assistência. Abandonar: significa desamparar, deixar sem assistência a vítima, inapta a defender-se dos riscos resultantes da conduta do agente. Duração do abandono é indiferente, pode ser temporário ou definitivo, desde que perdure por lapso temporal hábil a permitir o delineamento de uma situação de perigo para o bem jurídico protegido. Expressão Cuidado: é a assistência conferida a quem, acidentalmente, encontra-se incapacitado de defender-se (enfermeiro em relação ao paciente) Vigilância: É a assistência acautelatória, com vistas a resguardar a integridade pessoal alheia (guia, salva-vidas) Autoridade: é o poder, derivado de direito público ou privado, exercido por alguém sobre outrem. (diretores de escola, policial penal etc. Sujeito Ativo: é apena aquele que possua uma especial relação de assistência para com a vítima, que se encontra sob seu cuidado, guarda, vigilância ou imediata autoridade. Atenção: O dever de proteção, consistente no cuidado, guarda, vigilância ou autoridade de que incumbe ao agente http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art133%C2%A73iii em relação ao incapaz – pode resultar de lei, de contrato ou da própria situação fática. Sujeito passivo: é aquele que está sob a guarda ou assistência do agente, diz respeito a todos os incapazes de se resguardarem dos riscos resultantes da situação de abandono criado pelo agente. Atenção: tal incapacidade pode abarcar pessoa civilmente capazes, que circunstancialmente, encontram-se impossibilitadas de oferecer resistências ao perigo advindo. E se for pessoa embriagada? Elemento subjetivo: é o dolo, isto é, pela consciência e vontade do agente de expor a perigo concreto a vida ou a saúde do sujeito passivo através do abandono. Consumação: consuma-se com o efetivo abandono, desde que deste resulte perigo concreto à vida ou a saúde da vítima. É indispensável, que o advento do perigo, ainda que momentâneo. Tentativa: admissível. Exposição ou abandono de recém-nascido Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - detenção, de um a três anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - detenção, de dois a seis anos. Considerações Iniciais: O artigo em questão consagra uma espécie privilegiada de abandono de incapaz. O bem jurídico protegido é a vida e a saúde do recém- nascido. Sujeito ativo: é tão somente a mãe que concebe extra matrimonium (delito especial) A descrição do tipo penal sugere que o nascimento não pode ser do conhecimento público. O privilégio somente subsiste se o nascimento do filho ilegítimo é sigiloso. Se a concepção ou nascimento são notórios, ultrapassando o âmbito familiar,não haverá o que ocultar. Sujeito passivo: recém-nascido. Não existe concurso de pessoas. O motivo honra: indiscutivelmente é uma condição de cunho pessoal. No entanto, figura como elementar do tipo de exposição ou abandono de recém-nascido, essencial à sua configuração. Eliminada tal circunstância, resta caracterizado o crime de abandono de incapaz. A honra, DEVE ser avaliada no aspecto subjetivo ou psicológico. Por exemplo, o sujeito ativo encontra-se em um estado de tortura íntima, ante a perspectiva iminente da perda da reputação que até então desfrutava. Consumação: Com a afetiva exposição ou abandono, condicionados, porém à superveniência de perigo concreto à vida ou à saúde do neonato. Faz-se necessário o advento da situação de perigo. Tentativa: admissível Elemento subjetivo: é o dolo. Omissão de socorro Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Considerações iniciais Tutelam-se a vida e a saúde da pessoa humana. É dispensada particular ênfase à proteção da integridade física ou psíquica de pessoa necessitada de auxílio, tais como crianças abandonadas, pessoa inválida ou ferida, ao desamparo, bem como de todos aqueles em grave e iminente perigo. O bem jurídico tutelado é indisponível. Importa dizer, ademais, que o dever de prestar assistência ou de solicitar o socorro da autoridade pública limita-se à preservação da vida ou da saúde alheias, não abarcando outros bens jurídicos eventualmente em perigo. (patrimônio, honra) Sujeito Ativo: pode ser qualquer pessoa, sem restrição. O sujeito responde individualmente, na medida de sua posição ocupada diante do bem jurídico: Vejamos: O pai ocupa posição de garante, e sua omissão viola o dever de impedir o resultado. O terceiro transgride dever geral de assistência, porque, em face da situação de perigo, devia prestar a assistência exigida pelo comando normativa. Elementos Objetivo e Subjetivo As condutas alternativamente incriminadas consistem em deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, ou não pedir socorro da autoridade pública, ao se deparar com criança abandonada ou extraviada, ou com pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo (tipo básico, misto cumulativo) Trata-se de delito omissivo próprio ou puro. Pune-se a não realização de uma ação que o autor podia realizar na situação concreta que se encontrava. Atenção: Ao encontrar o sujeito passivo, fica o agente adstrito a uma assistência direta (deve prestar assistência http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm#art1 pessoalmente) ou indireta (deve solicitar o socorro da autoridade pública) É de observar o seguinte: A prestação de socorro somente é exigível se não importa em risco pessoal. A LEI não obriga ninguém a atos de heroísmo. Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Maus-tratos Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando- a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a quatro anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art263
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