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Anemia: Causas e Processos Fisiológicos

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1 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
Anemia 
Anemia é definida como uma condição no qual o conteúdo de hemoglobina no sangue esta 
abaixo do normal. 
As causas da anemia podem ser: 
1. Por deficientes de vários nutrientes (Anemias carências como ferropriva e megaloblástica 
– como ferro, zinco, vitamina B12 e proteínas). 
2. Por ativação imune aguda ou crônica (Anemias Inflamatórias ou de Doenças crônicas); 
3. Por defeito quantitativo na produção de cadeias de globina (Talassemias). 
4. Por falha na ativação do grupo Heme (Anemia Sideroblástica – hereditária ou adquirida); 
5. Por substituição do tecido hematopoiético por gordura (Anemia Aplásica); 
6. Por sangramento agudo (Anemias hemolíticas); 
7. Por desregulação endócrina (anemia das doenças endócrinas) 
8. Por defeito na síntese de DNA (anemia megalobástica). 
Porem, a anemia causada por deficiência de ferro denominada Anemia Ferropriva é muito mais 
comum que as demais. 
O diagnostico de anemia pode ser feita por qualquer um dos 3 componentes da serie vermelha: 
hemoglobina (Hb), Hematócrito (Ht) ou numero de glóbulos vermelhos. 
Segundo a OMS a anemia é definida quando: 
A hemoglobina e o hematócrito dependem do volume 
plasmático, assim, em gravidez e esplenomegalia em 
que há aumento do volume, esses podem se diluir 
caracterizando uma falsa anemia. 
 
 
HEMATOPOESE 
A hematopoese é o processo fisiológico responsável pela produção de células presentes no 
sangue periférico. Essas células são geradas a partir de progenitores pluripotentes na medula 
óssea: as células-tronco (stem cells) hematopoiéticas. 
Assim, a medula óssea é o órgão responsável pela hematopoese em um ser humano adulto. Na 
vida intra-uterina, a hematopoese ocorre sequencialmente no saco vitelínico, na região 
mesodérmica do feto, na placenta, no fígado, no baço e na medula óssea. 
A proliferação e a sobrevida das células hematopoiéticas são governadas por dois mecanismos 
associados: o padrão de expressão genética da célula e o equilíbrio entre sinais externos do 
meio ambiente. 
 
 
2 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
ERITROPOESE 
Já a eritropoese é a produção de eritrócitos a partir de células progenitoras. Após o período 
embrionário e fetal, a eritropoese pode ocorrer fora da medula óssea em duas circunstancias: 
resposta a um estimulo proliferativo (como nas anemias hemolíticas) ou como parte de um 
quadro de proliferação neoplásica do tecido mieloide. 
Assim, os níveis elevados de eritropoietina podem levar a substituição da medula gordurosa por 
medula ativa, inclusive nos ossos longos. 
Inicialmente, o proeritroblasto é o tipo celular mais imaturo. Inicialmente, os eritroblastos possuem 
um acumulo de RNAm no seu citoplasma, dando a ele uma característica basófila, sendo então 
chamados de eritroblastos basófilos. À medida que vai amadurecendo a hemoglobina vai 
sendo acumulada no interior da célula e nesse processo passam a ser chamados de eritroblastos 
policromáticos. 
Ao acumular hemoglobina suficiente para alterar a tonalidade do citoplasma para mais 
acidófila, transforma-se então em eritroblastos ortocromáticos. Essas células por sua vez, não 
apresentam mais capacidade de se dividir, perdendo o núcleo e dando origem aos 
reticulócitos. Esse processo vai depender da presença de receptores para duas substancias 
essenciais: a eritropoietina (EPO) e a transferina. 
O eritroblasto ortocromático ao perder o núcleo, se transforma em reticulócito. Após 3 dias de 
sua formação, a medula libera-o na sua corrente sanguínea e após dois dias acaba perdendo o 
resto das organelas, transformando-se na hemácia. 
A determinação da porcentagem de reticulócitos no sangue periférico constitui um importante 
indicador da capacidade funcional da medula óssea diante da anemia. 
 
HEMOGLOBINA 
A hemoglobina tem a função primordial de carrear oxigênio para os diversos tecidos do 
organismo. A hemácia nada mais é do que um “pacote” de hemoglobina. 
A hemoglobina é uma macromolécula constituída por quatro cadeias polipeptídicas 
denominadas globinas, cada uma combinada a uma porção heme. O heme é uma molécula 
formada por quatro anéis aromáticos (protoporfirina) com um átomo de ferro no centro, no seu 
estado de íon ferroso (Fe+2), capaz de ligar o O2 . Portanto, cada molécula de hemoglobina é 
capaz de ligar quatro moléculas de O2, pois contém quatro grupamentos heme. 
 
 
 
3 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
DESTRUIÇÃO DAS HEMÁCIAS 
A duração de vida das hemácias é de cerca de 120 dias. Logo essas são removidas e destruídas 
pelos macrófagos do baço, fígado e medula óssea. 
A hemoglobina é decomposta em globina e grupo heme, que por sua vez, libera o ferro e forma 
a bilirrubina. O ferro é reaproveitado para síntese da hemoglobina. 
A bilirrubina lipossolúvel (indireta ou não conjugada) circula ligada à albumina, sendo retirada 
da circulação pelos hepatócitos. No fígado, é conjugada com compostos, como acido 
glicurônico, tornando-a hidrossolúvel (direta ou conjugada). Esse composto formado é 
excretado pelos canalículos hepáticos, alcançando o duodeno como parte da bile. 
No intestino, o resultado do metabolismo da bilirrubina direta é denominado urobilinogênio fecal, 
responsável pela coloração das fezes. Parte desse urobilinogênio é reabsorvido e alcança o 
fígado pela circulação portal, no qual é absorvido pelos hepatócitos e re-excretado no intestino. 
Apenas quando há lesão dos hepatócitos, esse urobilinogênio alcança a circulação sistêmica, 
sendo filtrado pelos rins, aparecendo na urina. 
Portanto, a maior destruição da hemoglobina, que caracteriza as anemias hemolíticas, aumenta 
a concentração de bilirrubina indireta no plasma e a quantidade de urobilinogênio fecal 
produzida diariamente, 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
As manifestações clinicas da anemia são variáveis. 
Nos quadros agudos devido à baixa oxigenação, o coração passa a trabalhar em ritmo mais 
acelerado, levando o paciente a apresentar: dispneia, palpitações, tontura e fadiga extrema. 
Assim, dependendo do grau, pode-se manifestar com palidez, cefaleia, vertigem, hipotensão 
postural, fraqueza, dispneia, palpitações, sopros sistólicos, angina, ICC, astenia, anorexia, 
alterações tróficas da pele e anexos, queilite angular (presente nas anemias carenciais de ferro, 
vitamina B ou ácido fólico), coiloníquia (unha em formato de colher). 
Queixas especificas também podem ocorrer, como por exemplo, a perversão do apetite na 
anemia ferropriva e queixas neurológicas na anemia por deficiência de cobalamina. 
No geral, os sintomas do quadro anêmico provem do prejuízo na capacidade carreadora de O2 
do sangue, predispondo à hipóxia tecidual e estimulando o coração aumentar o debito 
cardíaco de forma compensatória. 
Dois são os principais mecanismos que amenizam a hipóxia tecidual decorrente da anemia: 
1. Aumento do debito cardíaco – o maior fluxo orgânico mantem a oxigenação tecidual 
mesmo com menos conteúdo de O2. 
2. Aumento do 2,3DPG (glicose difosfato) na hemácia, pois este metabolito reduz a 
afinidade da hemoglobina pelo O2, facilitando assim a extração do oxigênio pelos 
tecidos. 
Os sinais e sintomas da anemia decorrente de sangramento agudo são muito piores, pois 
juntamente à anemia temos hipovolemia. A hipovolemia deve ser imediatamente corrigida, pois 
promove um estado de má perfusão orgânica, às vezes com choque, acidose lática e morte. 
 
4 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
INVESTIGAÇÃO E EXAXME FÍSICO 
Na anamnese deve pesquisar algumas pistas importantes, como o tempo de instalação dos 
sintomas, visto que as anemias carências (ferropriva e megaloblástica), a anemia aplásica, as 
mielodisplasias são caracterizamente de instalação insidiosa. Enquanto a anemia hemorrágica 
aguda e a anemia hemolítica autoimune geralmente têm inicio abrupto. 
Outra coisa importante para investigar são os sintomas associados, pois estas muitas vezes 
podem denunciar a existênciade uma doença de base. 
Ao exame físico, o paciente em geral encontra-se pálido. Pode-se ainda observar hipotrofia das 
papilas da língua nas anemias ferroprivas e megaloblásticas, edema maleolar. 
A ictérica e a esplenomegalia são sinais sugestivos de anemia hemolítica ou de anemia 
megaloblástica. Outros achados podem sugerir síndromes de falências ou infiltração da medula 
óssea como a presença de petéquias e a febre. 
Ao encontrar glossite e queilite angular, o medico deve pensar nas anemias carências. 
DIAGNÓSTICO 
Ao suspeitarmos de anemia, a conduta a ser feita é a solicitação de alguns exames laboratoriais. 
Os 3 principais componentes do sangue que são 
investigados são: 
1. Concentração de hemoglobina; 
2. Hematócrito (fração volumétrica ocupada pelos 
eritrócitos no sangue). 40% M e 45%H HT:HBx3 
3. Numero de glóbulos vermelhos; 
A partir disso outras informações são necessárias para 
determinar tamanho, forma, coloração e uniformidade das hemácias. 
4. Volume Corpuscular Médio (VCM): é o volume médio das hemácias que vai determinar a 
classificação das anemias em macro/normo/microcítica. 
5. Hemoglobina Corpuscular Média (HCM): é a quantidade de hemoglobina dentro da 
hemácia. Classifica as anemias em hiper/normo/hipocrômicas. 
6. Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM): é o peso da hemoglobina 
dentro de determinado volume de hemácia. Também é útil para classificar as hemácias 
em hiper/hormo/hipercrîmicas. 
7. Contragem de reticulócitos: são as células percursosas dos eritrócitos, sendo muito útil na 
classificação das anemias em hiper e hipoproliferativas. Contribui para definir a 
magnitude da eritropoese, ou seja, se trata-se de causa de origem central (anemia 
hiperproliferativa) ou destruição de eritrócitos (reticulocitose). 
O diagnóstico das anemias carenciais não costuma apresentar dificuldade na maioria dos 
casos. Na anemia ferropriva, observa-se redução da saturação da transferrina (quantidade de 
proteína ligada ao ferro) e da concentração da ferritina sérica. Na anemia da doença 
inflamatória crônica, a saturação da transferrina também é baixa, Nas anemias megaloblásticas, 
as concentrações de cobalamina (vitamina B12) ou de ácido fólico estão comumente 
reduzidas. 
 
5 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
Além dos exames mencionados, outros também podem ser necessários, a depender da 
hipótese diagnóstica, por exemplo, a análise do aspirado e biópsia de MO para o diagnóstico 
da anemia aplásica ou da leucemia aguda; os exames de imagem (esplenomegalia). 
CLASSIFICAÇÃO DAS ANEMIAS 
A anemia pode ser classificada em: 
Microcíticas (VCM < 80fl): Diminuição da Hb dentro do eritrócito, o que torna as hemácias 
hipocrômicas e microcíticas. Geralmente ocorre por diminuição da síntese do grupo heme por 
deficiência de Ferro. Também ocorre nas talassemias (redução da síntese de globina). 
 
Normocíticas (VCM 80-100 fl): Também são normocrômicas. Corresponde a maioria das anemias 
de doenças crônicas. 
 
Macrocíticas (VCM > 100 fl): Hemácias de grande volume e, geralmente, hipercrômicas. Não 
necessariamente indica anemia. Causada muitas vezes pelo consumo de álcool, quimioterapia 
ou anemia perniciosa. São divididas em megaloblásticas, decorrentes de deficiência de vit. B12 
e/ou ácido fólico, e não megaloblásticas, podendo ser decorrente de reticulocitose ou 
reticulocitopenia associada à hipotireoidismo, hepatopatia e aplasia de série vermelha. 
 
1. Aguda e crônica, quanto ao tempo de instalação; 
2. Hipoproliferatica (diminuição da produção) e Hiperproliferativa (aumento da 
destruição dos eritrócitos por perda ou hemólise). 
3. Microcítica, normocítica e macrocítica, quanto ao volume corpuscular médio. 
 
6 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
Basicamente a hemoglobina é o principal componente da hemácia. Se eu não fabrico 
hemoglobina eu não consigo encher a hemácia e ela fica vazia, pequena e quase translucida, 
sendo caracterizada como microcítica/hipocrômica. 
Hipoproliferativa ou por deficiência de produção: contagem de reticulócitos abaixo de 
50.000/mm3. Ocorre por acometimento primário ou secundário da medula óssea ou por falta de 
estimulo à eritropoese (ex:eritropoietina), falta de ferro, vit.B12 ou acido fólico. Podem 
acompanhar doenças inflamatórias, infecciosas e neoplásicas. INDICE DE RETICULÓCITOS: 0,5 A 
2% 
 
Indice de 
reticulócitos: 
reticulocitos x ht 
do paciente / 
hemat. Padrão 
 
 
 
 
 
 
Hiperproliferatica ou por excesso de destruição: típica das anemias hemolíticas, mas também 
pode ocorrer após perdas agudas de sangue. Sob estimulação máxima, a medula pode 
aumentar sua produção de 6 a 8 vezes, entretanto a sobrevida dos glóbulos vermelhos pode 
encurtar 15-20 dias, levando a presença de reticulocitose, sem presença de anemia. O estado 
de anemia hemolítica se estabelece quando a produção medular não é capaz de superar a 
taxa de destruição. 
ANEMIA FERROPRIVA 
 
A anemia ferropriva é a condição mais exacerbada da deficiência de ferro. Essa deficiência 
afeta todo o organismo, não apenas a eritropoese e o transporte de oxigênio, uma vez que o 
ferro é constituinte de todas as células e tecidos, como por exemplo, músculos, cuja proteína 
mioglobina também contem o grupo heme. 
Na AF, ocorre uma serie de mecanismos compensatórios da anemia, desde os cardiovasculares, 
comuns a todo tipo de anemia, ate os mais específicos, como a redução de síntese do hormônio 
hepcidina, que resulta em aumento da absorção de ferro, que tem lugar no duodeno. 
A maioria dos casos de AF decorre de perda aumentada de sangue ou da demanda aumentada 
por ferro, observada na infância, especialmente nos lactentes prematuros, na adolescência e na 
gestação. 
 
7 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
Nos adultos, presume-se que a AF decorra de 
perda de sangue, especialmente na 
menstruação. Nos homens e nas mulheres pós-
menopausa, é recomendável investigar 
sangramento por trato gastrointestinal, que 
pode ser oculto e assintomático. 
Outro caso de AF observada nos duas ultimas 
décadas são o uso prolongado de inibidores 
da bomba de prótons e cirurgia bariátrica, que 
podem acarretar má absorção de ferro. 
Não é comum a deficiência por falta de 
ingestão desse metal, exceto em crianças em 
regime alimentar restrito ao leite por períodos 
prolongados, pois o leite é relativamente 
pobre em ferro. 
O quadro clínico não difere dos outros tipos, com exceção da perversão do apetite (PICA). O 
sinal mais prevalente é a taquicardia. 
O diagnostico é relativamente fácil, sendo o grau de anemia variável. Sua característica 
morfológica é de Anemia Microcítica e hipocrômica. No entanto nas fases iniciais é comum 
encontrar Anemia Normocítica/Normocrômica. 
O ferro sérico esta diminuído, a transferrina (proteína que transporta o ferro) costuma esta 
aumentada, pois não tem nenhuma transportando ferro, TIBC que é a capacidade que eu tenho 
de ligar ao ferro, ou seja, é uma medida indireta da transferrina, vai estar aumentado, porque 
como não tá tendo ferro, qualquer uma que entrar vai se ligar a transferrina. E Ferritina é o 
primeiro exame que se altera nesse caso e vai estar diminuído, pois como não está tendo ferro o 
corpo vai consumir o estoque. A saturação de transferrina também vai diminuir, pois ela indica a 
quantidade de transferrina ligada ao ferro, como não tem ferro, fica mais transferrina livre. 
O tratamento padrão é a suplementação de sal de ferro por VO, na dose de 50-200mg/dia de 
ferro elementar para indivíduos adultos. Em casos de intolerância ao sal de ferro oral, pode-se 
administrar ferro por via parenteral. Essa suplementação de ferro deve ser feita ate a 
normalização da concentração de Hb e das resevas de ferro (ferritina). Acompanhar pelo VCM 
até depois que ele estiver normal + 3 meses ou acompanhar Ferritina até que esteja entre 50 e 
100. 
Ferro e ferritina são os últimos a normalizarem no tratamento.Incialmente aumenta a 
hemoglobina, VCM, ferro sérico e ferritina. 
ANEMIA DA DOENÇA INFLAMATÓRIA 
 
A anemia da doença inflamatória (ADI) também conhecida como anemia da doença crônica é 
a segunda mais prevalente nos pacientes com anemia e a primeira com pacientes internados 
ou com doenças crônicas. 
 
8 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
A ADI ocorre em doenças que causam 
ativação imune e inflamação, tais como 
infecção crônica, doenças autoimunes, 
câncer, doença renal crônica, insuficiência 
cardíaca congestiva, doença pulmonar 
crônica e a obesidade. 
A fisiopatologia da ADI envolve 3 
mecanismos principais: 
1. Restrição à mobilização do ferro de 
seus depósitos, principalmente nos 
macrófagos e diminuição da 
absorção intestinal. 
2. Supressão da eritropoese pelos mediadores da inflamação. 
3. Redução da sobrevida das hemácias. 
O diagnóstico de ADI as vezes é dificultado por sua concomitância com a deficiência de ferro 
ou de outro nutriente, com a hemorragia. 
Os sintomas e sinais são similares aos das outras anemias, entretanto é comum haver no quadro 
clinico características especificas das doenças de base, por exemplo: artrite (artrite reumatoide), 
linfadenomegalia (linfoma, tiberculose). 
Laboratorialmente, a anemia da ADI se caracteriza por ser leve a moderada, normocítica e 
 
9 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
normocrômica. Observam-se ainda hipoferremia, hipotransferrinemia e hiperferritinemia, 
Por conta da doença inflamatória crônica o ferro fica preso no estoque e não consegue ser 
disponibilizado. Com isso o nível de ferro sérico está diminuído, a ferritina elevada e o TIBC vai 
estar reduzido, pois essas doenças inflamatórias reduzem a síntese de transferrina que é a 
proteína que transporta o ferro. 
Define-se marcador de fase aguda positivo como qualquer proteína ou molécula circulante no 
sangue que tenha os seus níveis séricos aumentados em pelo menos 25% em relação ao basal 
em consequência a uma estimulação inflamatória. Ex: Ferritina (ou seja se na presença de 
inflamação seu valor aumentar). 
Já o marcador de fase aguda negativo é uma proteína ou molécula que circula no sangue que 
tem os seus níveis séricos reduzidos em pelo menos 25% em resposta a um insulto inflamatório. Ex: 
Transferrina, TBIC (na presença de uma inflamação seu valor diminui). 
Além desses exames, é importante investigar a causa da anemia, que pode ser evidente num 
primeiro momento. Então recomenda-se avaliar as funções renais, hepática e tireoidiana e dosar 
vitamina D. 
O tratamento da ADI é principalmente o tratamento da doença de base. Eventualmente pode 
ser útil o uso da eritropoietina, especialmente em pacientes idosos. Entretanto seu uso pode 
acarretar complicações como HAS e levar a aumento de risco de trombose. 
A administração da composição de ferro também pode trazer beneficio, mesmo com valores de 
ferritina na faixa da normalidade. 
ANEMIA NA GESTAÇÃO 
 
A anemia na gestação é um conhecido problema de saúde publica. Durante a gestação, 
ocorre o fenomeno da hemodiluição, decorrente do aumento da volemia plasmática, enquanto 
o aumento da massa eritrocitária chega a aproximadamente 25%, o que explica a queda da 
concentração de Hb. 
Das causas de anemia na gestação a mais comum é por deficiência de ferro. A gestação 
requer uma quantidade adicional de ferro de mais de 1.000 mg, dos quais 350 mg para o feto e 
a placenta, 500 mg para a expansão da massa eritrocitária e 250 para as perdas do parto, 
aproximadamente. Portanto, as gestantes tem que mobilizar ferro de suas reservas, que quando 
não são suficientes, resultam em anemia. 
As pacientes sob maior risco são as multigestas, as que tiveram gestação menos de 1 ano atrás, 
as adolescentes, as vegetarianas e as que tem historia de perdas menstruais aumentadas. 
A anemia ferropriva no inicio da gestação esta associada a maior risco de parto prematuro e de 
neonato com déficit ponderal ao nascimento. 
Sugere-se iniciar a suplementação de sulfato ferroso por via oral (mais barato e mais seguro), 50-
200 mg/dia de ferro elementar, mesmo com a concentração de Hb dentro da faixa de 
normalidade. A ingestão do sal de ferro de estômago vazio ou associado a vitamina C aumenta 
a sua absorção. A administração por via parental so pode ser feita a partir do segundo trimestre 
de gestação. 
 
10 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
Depois de iniciado o tratamento por via oral, é importante monitorar periodicamente a sua 
eficácia, por exemplo, 2 a 4 semanas depois do seu início, inclusive para mudar a via de 
administração de oral para parenteral caso não se tenha observado aumento da concentração 
de Hb. 
Além da deficiência de ferro, também podem ocorrer durante a gestação outras deficiências 
de nutrientes, como a do ácido fólico e a da cobalamina (vitamina B12) – levando a Anemia 
megalobástica. A anemia por deficiência de folato tem se tornado menos frequente que antes 
em razão da suplementação desse nutriente no início, ou mesmo antes, da gestação, para 
evitar má-formação em tubo neural do feto. 
Para esse fim, ou para tratar a anemia, basta administrar 1 mg/dia de folato, dose mais que 
suficiente para compensar as necessidades aumentadas da gestação. A deficiência de 
cobalamina pode ser tratada com a suplementação oral desse nutriente. 
ANEMIA MEGALOBLÁSTICA 
A anemia megaloblástica é um distúrbio ocasionado por um bloqueio na síntese do DNA, que se 
caracteriza por um estado em que a divisão celular se torna lenta, a despeito do crescimento 
citoplasmático. 
As células mais afetadas são aquelas que possuem renovação mais rápida, como as precursoras 
da Medula Óssea (MO) e as células da mucosa do trato gastrointestinal. 
Vamos ter uma célula grande com um núcleo imaturo, ou seja, o núcleo não vai se dividir. Isso 
resulta em uma menor quantidade de células. Essas células tem um aspecto característico 
chamado de Megaloblastose, que nada mais é o produto da assicronia núcleo-citoplasmatico, 
ou seja, a célula fica grande com citoplasma para duas células, mas com um núcleo imaturo, 
reduzindo a proliferação celular. 
Até prova em contrário, uma anemia megaloblástica deve ser atribuída à carência de vitamina 
B12 (cianocobalamina) e/ou ácido fólico (folato), importantes cofatores para a síntese de DNA. 
Outras condições que podem causar esse distúrbio são o uso de medicamentos que bloqueiam 
a síntese de DNA (antagonistas de purinas e pirimidinas – p. ex.: certos quimioterápicos e 
imunossupressores) ou que interferem no metabolismo do ácido fólico (metotrexato, 
anticonvulsivantes). 
1- Causas de deficiência de ácido fólico 
A deficiência de ácido fólico é vista em indivíduos que não se alimentam adequadamente, 
alcoólatras, gestantes e portadores de síndromes disabsortivas no jejuno proximal, como a 
doença celíaca. O alcoolismo predispõe à deficiência de folato por dois mecanismos: (1) como 
o álcool tem alto valor calórico, o alcoólatra geralmente consome poucos alimentos, inclusive os 
ricos em folato; (2) o álcool dificulta a absorção e recirculação de folato através do ciclo êntero-
hepático. Anticonvulsivantes (fenitoína, ácido valproico, primidona) e barbitúricos prejudicam a 
absorção, enquanto pirimetamina, trimetoprim em altas doses e metotrexate, Sulfametaxol + 
Trimetoprima inibem o metabolismo da vitamina. 
2- Causas de deficiência de vitamina B12 
 
11 Marcela Oliveira – Medicina 2021 
A deficiência de cobalamina pode resultar de causas diversas. Veja as principais: (1) acloridria 
gástrica quando não ocorre a separação da vitamina B12 das proteínas alimentares; (2) 
deficiência de Fator Intrínseco (anemia perniciosa, gastrectomia total); 
Grande parte dos pacientes afetados pela carência de B12 apresenta manifestações 
hematológicas, na mucosa gastrointestinal e, principalmente, neuro-psiquiátricas. 
Os achados neurológicos ou, melhor dizendo, neuropsiquiátricos, incluem: (1)parestesia em 
extremidades (alteração mais precoce) decorrente de uma polineuropatia; (2) diminuição da 
sensibilidade profunda (proprioceptiva e vibratória); (3) desequilíbrio, marcha atáxica, sinal de 
Romberg, refletindo a perda da propriocepção inconsciente nos membros inferiores; (4) fraqueza 
e espasticidade nos membros inferiores, com sinal de Babinski, hiperreflexia profunda, refletindo 
uma síndrome piramidal nos membros inferiores; (5) deficits cognitivos, demência e psicoses. 
Os pacientes com deficiência de folato geralmente estão mais desnutridos do que aqueles 
deficientes em cobalamina. As manifestações clínicas são semelhantes às da anemia por 
deficiência de vitamina B12, exceto por dois fatores importantes: (1) os achados do aparelho 
digestivo são mais exuberantes; e (2) não ocorrem manifestações neurológicas. 
O VCM está caracteristicamente aumentado, podendo atingir valores de até 140 fL. O ácido 
metilmalônico encontra-se elevado apenas na deficiência de cobalamina. Seus valores normais 
situam-se entre 70 e 270 nmol/L. A homocisteína (n = 5-14 nmol/L) tem seus valores elevados 
tanto na deficiência de cobalamina quanto na de folato. 
O tratamento para pacientes com deficiência em cobalamina é a reposição dessa vitamina. 
Assim, a via de administração tradicional é a parenteral. A vitamina B12 é prescrita sob a forma 
de cianocobalamina ou hidroxicobalamina. A deficiência de folato é tratada com terapia de 
reposição, na dose usual de 1-5 mg/dia por via oral 
 
12 Marcela Oliveira – Medicina 2021

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