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01/08/2021 1 PRODUTOS CÁRNEOS FERMENTADOS DISCENTE: MARIANY CRUZ UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADU AÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGI A DE ALIMENTOS DISCIPLINA: TECNOLOGIA DAS FERMENTAÇÕES DEFINIÇÃO Embutidos fermentados são produtos feitos a base de pedaços de carne que sofrem uma fermentação por microrganismos, podendo subsequentemente serem cozidos e defumados Também conhecidos como produtos crus curados A fermentação microbiana leva ao acúmulo de ácido láctico com a consequente queda de pH, que rege o crescimento microbiano e as complexas reações bioquímicas que ocorrem durante o processo de maturação (secagem) Estão incluídos neste grupo salames, algumas linguiças e chouriço (MARTINS, 2006) SALAME Produto cárneo industrializado obtido de carne suína ou suína e bovina, adicionado de toucinho, ingredientes, embutido em envoltórios naturais e/ou artificiais, curado, fermentado, maturado, defumado ou não e dessecado (BRASIL, 2000) Internacionalmente, os salames são classificados em dois grandes grupos, observando-se a tecnologia de fabricação e o pH final do embutido cárneo Norte • Carne bovina e suína • Fermentação de curta duração • Sabor picante • pH < 5,0 Mediterrâneo ou Sul • Carne suína • Fermentação de larga duração • pH > 5,0 • Aroma e sabor marcantes (MARTINS, 2006) • Berço dos produtos fermentados devido ao clima favorável à fermentação • Embutidos fermentados serviram de alimento para soldados romanos LEGISLAÇÃO Instrução Normativa nº 22, de 31 de julho de 2000 do MAPA: características de identidade e qualidade de oito tipos de salames estão definidas, e a diferenciação entre eles está no tipo de matéria-prima, na granulometria da carne e do toicinho, com ênfase na condimentação O produto será designado de Salame, seguido ou não das expressões que caracterizem sua origem ou processo de obtenção Tipo Italiano Tipo Milano Tipo Hamburguês Tipo Friolano Tipo Calabrês Tipo Alemão Napolitano Salaminho(BRASIL, 2000) O mais difundido e caracteriza-se por ser obtido a partir de carne suína, maturado por aproximadamente 30 dias e com pH final em torno de 5,4 FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO Seleção de matérias primas e ingredientes Moagem Preparo e formulação Adição de cultura starterEmbutimentoFermentação Secagem e maturação Embalagem FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO Ingredientes Obrigatórios: Carne Suína (mínimo de 60%, exceto para o salame tipo hamburguês para o qual permite-se no mínimo 50%); Toucinho; Sal, nitrito e/ou nitrato de sódio e/ou potássio. Ingredientes Opcionais: Carne Bovina, Leite em pó, Açúcares, Maltodextrinas, Proteínas lácteas, Aditivos intencionais, Vinho Condimentos (aromas e especiarias), Substâncias glaceantes (revestimento externo) Coadjuvantes de tecnologia: Cultivos iniciadores (starters) Seleção de matérias primas e ingredientes (BRASIL, 2000) 01/08/2021 2 FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO Calibre característico do tipo Condições higiênicas (cuidados devido ao aumento da superfície de contato) Moagem Carne a baixa temperatura Preparo e formulação Recomenda-se: Culturas puras e selecionadas Redução do tempo de fermentação Homogeneidade do produto Controle das características Adição das culturas starter Penicillium nalgiovense FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO Culturas individuais ou mistas de cepas de microrganismos (vivos ou em estado latente) selecionados com uma determinada atividade enzimática e que são adicionadas em quantidades definidas para a produção da desejada transformação do substrato Microrganismos da própria carne versus Culturas starter Lactobacillus e Pediococcus Staphylococcus e Micrococcus Adição das culturas starter FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO Principais objetivos desejáveis: (1) melhorar a segurança do produto através do controle de patógenos pela competição entre eles, (2) estender a vida útil do produto pela inibição de microrganismos deteriorantes, (3) diversificar o produto, modificando a matéria-prima, a fim de se obterem novas propriedades sensoriais e (4) promover benefícios à saúde através de efeitos positivos na microbiota intestinal (BERNARDI et al., 2010) Adição das culturas starter FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO Deve ser: Compacto Evitar as bolsas de ar Evitar a oxidação da massa prejudicando a qualidade. Podem ser utilizadas tripas naturais ou sintéticas. Embutimento FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO Bactérias Lácticas: Açúcares ácido láctico - Inibição de bactérias patogênicas e deteriorantes; - Acidificação rápida (pH entre 5,0 e 5,5); - Temperatura ótima entre 30 e 35ºC; - Reduzem a atividade de água - Favorecem a reação entre óxido nítrico e mioglobina formando nitrosomioglobina – cor desejável - Formação do composto aromático ácido do embutido Fermentação (BERNARDI et al., 2010) 01/08/2021 3 FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO Fermentação Acidificam Flavourizantes Conferem aromas e limitam a desidratação FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO Desenvolvimento de aromas característicos Formação da cor Retardo da oxidação Bolores na superfície externa Limitação da desidratação e entrada de oxigênio Fermentação aroma textura sabor FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO Fermentação - Técnicas Rápida • Salas de maturação à temperatura de 24 a 26 ºC por 12-14 horas; • Em seguida a temperatura cai para 18 a 20 ºC completando-se a fermentação, pré-secagem, formação de cor e liga • Neste tipo de fermentação adiciona-se: nitrito – cor; ascorbato de sódio – estabilidade da cor e dextrose e xarope de milho – acidificação rápida Fermentação ‘Suor’ (sweating) • Temperaturas 25-28 ºC • Adiciona-se vapor nas câmaras de maturação para obter 100% de umidade relativa • Após um período abaixa-se a temperatura para 16-18 ºC e depois aumenta para 28 ºC novamente • Adiciona-se mais sal Defumação úmida • Fermentação, defumação e secagem simultâneas • Temperaturas entre 18 e 22 ºC e U.R. > 90-95% • Após muitas horas adiciona-se fumaça Sob pressão • Os embutidos são colocados em formas de pressão, de metal ou plástico, separados uns dos outros com placas de madeira • As formas são fechadas e pressionadas, mantidas em câmara a 20 – 22 ºC • Os produtos perdem água por drenagem através de aberturas específicas nas formas Em salmoura • Salmoura de 6-8% - salitre e ascorbato de sódio • Pode ser fria (8 ºC) ou a temperatura entre 18 e 22 ºC • Cor e consistência aceitáveis de 3 a 5 dias À vácuo • Câmaras à vácuo: inicialmente pressão de 0,2 atm, faz-se algumas mudanças e depois mantem-se 0,5 de pressão • Vácuo possibilita melhor ligação e estabilidade da cor e dificulta rancificação • Temperatura entre 20 e 22ºC por aprox. 5 dias Lenta (natural) • Temperatura normalmente maior que 20 ºC • Formação de cor e ligação mais demoradas • Perda de peso menor que 20% • Atividade de água na faixa de 0,7-0,96 Fermentação - Técnicas FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO Fase em que ocorre a maior parte da desidratação do produto e a hidrólise enzimática de proteínas e gorduras. Temperatura ideal: entre 12 e 18ºC e UR: de 75 a 85% Secagem e Maturação Hidrólise de proteínas Peptídeos Aminoácidos Sabor do embutido Hidrólise de gorduras Glicerol Ácidos graxos livres Glicerídeos Sabor e aroma do embutido FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO Secagem e Maturação Quanto ao rendimento: • Secos – 60% • Semi-secos – 80% A secagem remove 40 a 60% da umidade inicial e o produto final contem cerca de 25 a 40% de água Aumenta o percentual de sal para 4,0 a 5,5% A água que resta no embutido forma uma salmoura com concentração de 7% ou mais Inibe microrganismos deteriorantes 01/08/2021 4 FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO Temperatura não deve ultrapassar 30 °C Umidade Relativa de 75% Presença de organismos vivos Temperaturas maiores retardariam a fermentação Defumação (se houver) FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO Materiais adequados Condições de armazenamento • Exposto temperatura ambiente quando fechado • Produtosfatiados: - vácuo, - refrigeração. Embalagem SALAME Características Físico-químicas Salame Salame Tipo Italiano Salame Tipo Milano Salaminho Aw (máx) 0,92 0,9 0,9 0,9 Umidade (máx) 40% 35% 35% 35% Gordura (máx) 35% 32% 35% 32% Proteína (mín) 20% 25% 23% 25% Carboidratos (máx) 4% 4% 4% 4% (BRASIL, 2000; BRASIL, 2003) Microrganismo Tolerância para amostra indicativa Coliformes a 45ºC 103 NMP g-1 Estafilococos coagulase positiva 5×103 UFC g-1 Salmonella sp. Ausência em 25 g Padrões microbiológicos sanitários para salames: DEFEITOS EM FERMENTADOS CÁRNEOS Desenvolvimento insuficiente da cor, propriedades de liga e estabilização Película seca por dentro do invólucro: Erros na secagem desenvolvimento microbiano alterações sensoriais Formação de bolsas de ar e porosidade Falta de definição das partículas das fatias Rancidez – calor e luz Aroma e sabor – microrganismos heterofermentativos Aparência: durante a secagem podem aparecer sulcos na superfície e o produtos terá aparência de enrugado REFERÊNCIAS BERNARDI, S.; GONELI, B.B.; CONTERAS-CASTILLO, C.J. Aspects of the application of starter cultures in fermented meat sausage production. Brazilian Journal of Food Technology, v. 13, n. 2, p. 133-140, 2010 BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Instrução Normativa nº 22, de 31 de julho de 2000. Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Salame. 2000 BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Instrução Normativa nº 55 de 07 de julho de 2003. Altera o subitem nº 4.2.2, dos anexos V, VI, VII, VIII, IX, X, XI, XII e XIII, da Instrução Normativa nº 22, de 31 de julho de 2000, referente aos Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade de Salames. 2003 MARTINS, R. Dossiê Técnico- Produção de Embutidos Crus- Curados (Salame) . REDETEC-Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro. Junho, 2006 Obrigada UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADU AÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGI A DE ALIMENTOS DISCIPLINA: TECNOLOGIA DAS FERMENTAÇÕES
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