Buscar

Defeitos do Desenvolvimento da Região Oral e Maxilofacial

Prévia do material em texto

Defeitos do Desenvolvimento da Região Oral e Maxilofacial 
Fendas Orofaciais: 
A formação da face e da cavidade oral é 
de natureza complexa e envolve o 
desenvolvimento de múltiplos 
processos teciduais que devem se unir 
e fusionar de modo extremamente 
ordenado 
Distúrbios no crescimento desses 
processos teciduais ou nas suas fusões 
podem resultar na formação de fendas 
orofaciais 
>>O desenvolvimento da porção central 
da face tem início por volta do final da 
quarta semana de desenvolvimento 
humano, com o aparecimento dos 
placoides nasais (olfatórios) de cada 
lado da parte inferior do processo 
frontonasal 
O palato primário é formado pela união 
dos processos nasais medianos para 
compor o segmento intermaxilar 
>>Tal segmento dá origem à pré-maxila, 
uma estrutura óssea com formato 
triangular que irá abrigar os quatro 
incisivos superiores 
O palato secundário, que constitui mais 
de 90% do palato duro e palato mole, é 
formado pelos processos maxilares do 
primeiro arco branquial 
- Por volta da oitava semana, já ocorreu 
crescimento suficiente para permitir que 
as porções anteriores de tais cristas 
iniciem a fusão entre si, as cristas 
palatinas também se fusionam com o 
palato primário e com o septo nasal 
>> A fusão das cristas palatinas inicia-
se na porção anterior do palato e 
progride posteriormente, estando 
completa por volta da décima segunda 
semana de vida 
**A fusão defeituosa do processo nasal 
mediano com o processo maxilar resulta 
na fenda labial (FL) 
 
>>Do mesmo modo, a falha na fusão 
das cristas palatinas resulta na fenda 
palatina (FP) 
**Frequentemente, a FL e a FP ocorrem 
juntas 
OBS: Acredita-se que tanto a FL 
isolada como a FL associada à FP 
sejam condições relacionadas 
etiologicamente, podendo ser 
consideradas um grupo: FL com ou 
sem FP (FL ± FP) 
A FP isolada parece representar uma 
entidade separada da FL ± FP 
 
>>Apesar de muitas fendas serem 
anomalias isoladas, já foram 
identificadas mais de 400 síndromes do 
desenvolvimento que podem estar 
associadas a FL ± FP ou FO isolada 
A causa das fendas não sindrômicas 
não segue um padrão simples 
mendeliano de herança, mas parece ser 
heterogênea. Logo, a propensão ao 
desenvolvimento de fendas pode estar 
relacionada a um número maior ou 
menor de genes e fatores ambientais 
que podem estar combinados para 
ultrapassar um limiar de 
desenvolvimento 
 Fenda Facial Lateral: 
é causada pela falta de fusão dos 
processos maxilar e mandibular e 
representa 0,3% de todas as fendas 
faciais. Essa fenda pode ser unilateral 
ou bilateral, estendendo-se da 
comissura labial até a orelha, resultando 
em macrostomia 
 A fenda facial lateral pode ocorrer como 
um defeito isolado 
Mas geralmente está associada a outras 
desordens: 
 Disostose mandibulofacial 
 Espectro óculo-aurículo-
vertebral (microssomia 
hemifacial) 
 Disostose acrofacial de Nager 
 Sequência de ruptura amniótica 
 
 Fenda Facial Oblíqua: 
Estende-se do lábio superior ao olho. 
Está quase sempre associada à FP, e 
muitas vezes, as formas graves são 
incompatíveis com a vida 
A fenda facial oblíqua pode envolver a 
narina, assim como na FL, ou pode 
passar lateralmente pelo nariz e se 
estender para o olho 
Essa fenda é rara, representando 
apenas um em cada 1.300 casos de 
fendas faciais. As fendas podem resultar 
da falha na fusão do processo nasal 
lateral com o processo maxilar, outras 
podem ser causadas por bandas 
amnióticas 
 Fenda Mediana do Lábio 
Superior 
É uma anomalia extremamente rara que 
resulta da falha na fusão dos processos 
nasais medianos 
 Ela pode estar associada a várias 
síndromes, incluindo a síndrome 
orodigitofacial e a síndrome de Ellis-van 
Creveld 
As fendas medianas do lábio superior 
mais aparentes, na verdade 
representam uma agenesia do palato 
primário associada à holoprosencefalia 
Características Clínicas e 
Radiográficas: 
 Nos indivíduos brancos, a FL ± FP 
ocorre em um a cada 700 a 1.000 
nascimentos 
 A frequência da FL ± FP nas 
populações asiáticas é 
aproximadamente 1,5 vez maior do 
que nos indivíduos brancos 
 A frequência da FL ± FP em 
indivíduos negros é muito inferior, 
ocorrendo 0,4 caso a cada 1.000 
nascimentos 
 Entre os norte-americanos, a 
frequência parece ser mais elevada, 
com cerca de 3,6 casos a cada 1.000 
nascimentos 
 Os casos de FP isolada são menos 
comuns que os de FL ± FP, com 
frequência de 0,4 caso por 1.000 
nascimentos em indivíduos brancos 
e negros 
 A FL ± FP é mais comum em homens 
>> quanto mais grave o defeito, 
maior a predileção por homens 
 Os casos de FP isolada são mais 
comuns em mulheres >> da mesma 
forma, quanto mais grave a fenda, 
maior a predileção por mulheres 
 Fendas que envolvem o palato mole 
e palato duro são duas vezes mais 
frequentes em mulheres, porém a 
relação é quase igual para as fendas 
que acometem apenas o palato 
mole 
As fendas completas que envolvem o 
alvéolo geralmente ocorrem entre o 
incisivo lateral e o canino 
Não é incomum os dentes, 
especialmente o incisivo lateral, 
estarem ausentes na área da fenda. 
Porém, dentes supranumerários podem 
ser observados 
**O defeito ósseo pode ser observado 
em radiografias 
A FP mostra considerável variação em 
relação à gravidade 
>>O defeito pode envolver os palatos 
duro e mole ou apenas o palato mole 
A menor expressão da FP é a úvula 
fendida ou úvula bífida 
 
A prevalência da úvula bífida é muito 
maior que a da FP, com frequência de 
um em cada 80 indivíduos brancos. A 
frequência em asiáticos e norte-
americanos é elevada: um em cada 10 
indivíduos 
>> A úvula bífida é menos comum em 
indivíduos negros, ocorrendo um caso a 
cada 250 pessoa 
Em alguns casos, uma fenda palatina 
submucosa pode se desenvolver. A 
superfície mucosa se apresenta intacta, 
porém existe um defeito na 
musculatura subjacente do palato mole 
Essa fenda incompleta ocasionalmente 
se manifesta como uma área de 
coloração azulada, porém é mais bem 
identificada através da inspeção 
realizada com um instrumento 
rômbico. Em geral ela também pode 
estar associada à úvula bífida 
 
A sequência de Pierre Robin (anomalia 
de Pierre Robin) é uma condição bem 
reconhecida caracterizada por FP, 
micrognatia mandibular e glossoptose 
(obstrução das vias aéreas causada pelo 
deslocamento posterior e inferior da 
língua) 
 
>> A sequência de Pierre Robin pode 
ocorrer como um fenômeno isolado, ou 
pode estar associada a uma ampla 
variedade de síndromes ou outras 
anomalias 
A síndrome de Stickler e a síndrome 
velocardiofacial são as duas doenças 
genéticas mais associadas 
>>Acredita-se que o crescimento 
reduzido da mandíbula no útero resulte 
na falha do deslocamento inferior da 
língua, impedindo, assim, a fusão das 
cristas palatinas 
A mandíbula retraída resulta em: 
 Deslocamento posterior da 
língua 
 Falta de suporte para a 
musculatura da língua 
 Obstrução das vias aéreas 
A dificuldade respiratória, especialmente 
quando a criança está em posição supina, é 
bastante observada ao nascimento e pode 
causar asfixia 
A fenda palatina geralmente tem a forma de 
U e apresenta-se mais larga do que a FP 
isolada 
O paciente portador de uma fenda é 
afetado por vários problemas, alguns muito 
óbvios e outros nem tanto 
 O problema mais evidente é a aparência 
clínica, que pode levar a dificuldades 
psicossociais. As dificuldades na fala e na 
alimentação são inerentes à condição, 
especialmente nos casos de FP 
 A maloclusão é causada pelo colapso do 
arco maxilar, possivelmente com ausência 
de dentes, dentes supranumerários ou 
ambos 
Tratamento e Prognóstico: 
A cirurgia reparadora geralmente envolve 
múltiplos procedimentos primários e 
secundários durante a infância 
Os tipos específicos de procedimentos 
cirúrgicos e a época em que sãorealizados 
variam de acordo com a gravidade do 
defeito e com a filosofia seguida pela equipe 
de tratamento 
Fossetas da Comissura Labial: 
São pequenas invaginações da mucosa que 
ocorrem no limite do vermelhão dos lábios, 
nos ângulos da boca 
 Tal localização sugere que elas ocorram 
devido à falha na fusão normal do processo 
embrionário maxilar e do processo 
mandibular 
>>As fossetas da comissura labial são mais 
frequentes em adultos, tendo sido relatadas 
em 12% a 20% da população 
>>Em crianças, a sua prevalência é menor, 
variando de 0,2% a 0,7% dos pacientes 
examinados 
Embora as fossetas da comissura labial 
sejam geralmente consideradas alterações 
congênitas, tais percentuais sugerem que 
essas invaginações muitas vezes 
desenvolvem-se tardiamente na vida 
 As fossetas da comissura labial são 
observadas com maior frequência em 
homens 
 Em alguns casos, a história familiar sugere 
uma transmissão autossômica dominante 
 
Características Clínicas: 
As fossetas da comissura labial são 
geralmente identificadas durante o exame 
clínico de rotina, e na maioria das vezes, os 
pacientes relatam nunca ter notado a sua 
presença 
**Podem ser unilaterais ou bilaterais 
Características Histopatológicas: 
Embora raramente seja realizada biopsia 
nos pacientes com fossetas da comissura 
labial, o exame microscópico revela uma 
invaginação estreita revestida por epitélio 
pavimentoso estratificado 
 Ductos de glândulas salivares menores 
podem drenar para essa invaginação 
Tratamento: 
Por serem quase sempre assintomáticas e 
inócuas, em geral não há necessidade de 
tratamento para as fossetas da comissura 
labial 
Em casos muito raros, as secreções salivares 
podem ser excessivas ou pode ocorrer 
infecção secundária, sendo necessária a 
remoção cirúrgica da fosseta 
Fossetas Labiais Paramedianas (Fístulas 
Congênitas do Lábio inferior, Fossetas 
Labiais Congênitas): 
São invaginações congênitas raras do lábio 
inferior 
 Acredita-se que elas se originam de sulcos 
laterais persistentes no arco mandibular 
embrionário 
>> Esses sulcos normalmente desaparecem 
por volta da sexta semana de vida 
embrionária 
Características Clínicas: 
As fossetas labiais paramedianas se 
apresentam tipicamente como fístulas 
bilaterais e simétricas em relação à linha 
média do vermelhão de lábio inferior 
 
A apresentação clínica pode variar de 
depressões sutis a fossas proeminentes, 
essas fístulas cegas podem se estender 
inferiormente a uma profundidade de 1,5 
cm e drenar saliva 
Ocasionalmente, uma fosseta única pode 
estar presente central ou lateralmente à 
linha média 
Em geral, elas são herdadas como um traço 
autossômico dominante em combinação 
com a fenda labial (FL) e/ou a fenda palatina 
(FP) 
A síndrome de van der Woude é a forma 
mais comum de fendas sindrômicas e 
representa 2% de todos os casos de FL e FP 
A hipodontia também pode ocorrer em 
associação 
Estudos genéticos demonstraram que a 
síndrome de van der Woude é causada por 
mutações no gene que codifica o fator 6 de 
regulação do interferon (IRF6), o qual foi 
mapeado na banda cromossômica 1q32-
q41 
 
OBS: Algumas pessoas portadoras do traço 
podem não apresentar as fendas ou ter uma 
fenda palatina submucosa, entretanto, 
podem passar todas as características da 
síndrome a seus herdeiros 
**As fossetas labiais paramedianas podem 
ser também componentes da síndrome do 
pterígio poplíteo ou da síndrome de Kabuki 
Características Histopatológicas: 
O exame microscópico das fossetas labiais 
paramedianas revela um trajeto revestido 
por epitélio pavimentoso estratificado 
 As glândulas salivares menores podem se 
comunicar com as fístulas 
Frequentemente, se observa um infiltrado 
inflamatório crônico no tecido conjuntivo 
circundante 
Tratamento e Prognóstico: 
Se necessário, as fossetas labiais podem ser 
excisadas por razões estéticas 
 Os problemas mais significantes estão 
relacionados às anormalidades congênitas 
associadas, como a fenda labial e/ou fenda 
palatina, e o potencial de transmissão do 
traço para as gerações subsequentes 
Lábio Duplo: 
Consiste em uma anomalia oral rara, 
caracterizada pelo crescimento exuberante 
de tecido na mucosa labial. Com mais 
frequência é de natureza congênita, porém 
pode ser adquirido tardiamente durante a 
vida 
>>Acredita-se que os casos congênitos 
desenvolvam-se durante o segundo ou 
terceiro mês da gestação como resultado da 
persistência do sulco entre a parte vilosa e 
a parte glabra do lábio 
**O lábio duplo adquirido pode ser um 
componente da síndrome de Ascher, ou 
pode ser causado por traumatismo ou 
hábitos orais, como sugar o lábio 
Características Clínicas: 
Em um paciente com lábio duplo, o lábio 
superior é afetado com frequência bem 
maior que o inferior e, em alguns casos, 
ambos podem estar envolvidos 
Com os lábios em repouso, a condição 
geralmente não é percebida, porém quando 
o paciente sorri ou quando os lábios são 
tensionados, o excesso de tecido se torna 
visível 
A síndrome de Ascher é caracterizada pela 
seguinte tríade: 
 Lábio duplo 
 Blefarocalásia 
 Aumento atóxico da tireoide 
Características Histopatológicas: 
Ao exame microscópico, o lábio duplo exibe 
essencialmente estruturas normais 
Muitas vezes, inúmeras glândulas salivares 
menores são observadas 
Em geral, a blefarocalásia da síndrome de 
Ascher revela hiperplasia das glândulas 
lacrimais e prolapso do tecido adiposo 
palpebral 
Tratamento e Prognóstico: 
Nos casos discretos de lábio duplo, pode 
não haver necessidade de tratamento 
 Nos casos mais graves, a excisão cirúrgica 
simples do tecido em excesso pode ser 
realizada com finalidade estética 
Grânulos de Fordyce: 
São glândulas sebáceas que ocorrem na 
mucosa oral, são tipicamente consideradas 
estruturas dérmicas anexas, e por isso, 
quando encontradas na cavidade oral, são 
muitas vezes consideradas “ectópicas” 
>>Sua presença deve ser considerada uma 
variação anatômica normal 
 
 
Características Clínicas: 
Se apresentam como múltiplas pápulas 
amareladas ou branco-amareladas, mais 
encontradas na mucosa jugal e na porção 
lateral do vermelhão do lábio superior 
Ocasionalmente, tais glândulas aparecem 
também na região retromolar e no pilar 
amigdaliano anterior 
São mais comuns em adultos do que nas 
crianças, provavelmente devido a fatores 
hormonais; a puberdade parece estimular o 
seu desenvolvimento 
>>As lesões são tipicamente assintomáticas, 
embora os pacientes sejam capazes de 
sentir uma leve rugosidade na mucosa 
Podem ocorrer variações clínicas 
consideráveis; em alguns casos, os 
pacientes podem ter uma quantidade 
pequena de lesões, enquanto outros podem 
ter literalmente centenas desses “grânulos” 
Características Histopatológicas: 
Exceto pela ausência de folículos pilosos, os 
grânulos de Fordyce são semelhantes às 
glândulas sebáceas normais encontradas na 
pele 
Tratamento e Prognóstico: 
Como os grânulos de Fordyce consistem em 
uma variação anatômica normal e são 
assintomáticos, nenhum tratamento é 
indicado 
Leucoedema: 
É uma condição comum da mucosa oral de 
etiologia desconhecida. Ocorre com mais 
frequência em indivíduos negros do que em 
brancos, sustentando a probabilidade de 
predisposição genética para o seu 
desenvolvimento 
>>Tem sido relatado em 70% a 90% dos 
adultos negros e em 50% das crianças 
negras 
Como leucoedema é muito comum, parece 
ser razoável argumentar que representa 
mais uma variação da normalidade do que 
uma doença 
Características Clínicas: 
O leucoedema caracteriza-se pela aparência 
difusa, opalescente e branco-acinzentada 
leitosa da mucosa 
A superfície se apresenta frequentemente 
pregueada, resultando em estrias 
esbranquiçadas ou rugosidades 
O leucoedema pode ser bem diagnosticado 
clinicamente, porque o aspecto 
esbranquiçado diminuimuito ou até mesmo 
desaparece quando a mucosa é evertida e 
distendida 
 
 
Características Histopatológicas: 
A superfície epitelial em geral é 
paraqueratinizada, e as cristas epiteliais são 
amplas e alongadas 
Tratamento: 
O leucoedema é uma condição benigna, e 
nenhum tratamento é necessário 
Microglossia: 
É uma alteração do desenvolvimento 
incomum, de etiologia desconhecida, 
caracterizada por uma língua 
anormalmente pequena 
A microglossia está bastante associada à 
hipoplasia da mandíbula, e os incisivos 
inferiores podem estar ausentes 
 
Tratamento: 
O tratamento do paciente com microglossia 
varia de acordo com a natureza e gravidade 
da condição. Procedimentos cirúrgicos e 
ortodônticos podem melhorar a função oral 
 
Macroglossia: 
É uma condição incomum caracterizada 
pelo aumento da língua. Esse aumento 
pode ser causado por diversas condições, 
incluindo malformações congênitas e 
doenças adquiridas. As causas mais 
frequentes são as malformações vasculares 
e a hipertrofia muscular 
 
Características Clínicas: 
Mais frequência em crianças, e sua 
apresentação pode variar de leve a grave 
A pressão da língua contra a mandíbula e os 
dentes pode produzir endentações na 
margem lateral da língua, mordida aberta e 
prognatismo mandibular 
A macroglossia é um achado característico 
da síndrome de Beckwith-Wiedemann, uma 
condição rara que inclui vários outros 
possíveis defeitos, tais como: 
 Onfalocele (protrusão de parte do 
intestino através de um defeito na 
parede abdominal na altura do 
umbigo) 
 Visceromegalia 
 Gigantismo 
 Hipoglicemia neonatal 
As características faciais podem incluir o 
nevo vascular da fronte e pálpebras, 
endentações lineares dos lóbulos das 
orelhas e hipoplasia de maxila (resultando 
em prognatismo mandibular relativo) 
 
 
Características Histopatológicas: 
O aspecto microscópico da macroglossia 
varia de acordo com a causa específica. Em 
alguns casos, como na síndrome de Down 
ou nos pacientes edêntulos, o aumento da 
língua pode não exibir alterações 
histológicas 
Quando a macroglossia é devido a um 
tumor, uma proliferação neoplásica de um 
tecido em particular pode ser observada 
(ex. vasos linfáticos, vasos sanguíneos, 
tecido nervoso) 
Tratamento e Prognóstico: 
O tratamento e prognóstico da 
macroglossia dependem da causa e da 
gravidade da condição 
 Nos casos leves, o tratamento cirúrgico 
pode não ser necessário, embora a 
fonoaudiologia possa ser útil quando a fala 
é afetada 
 Nos pacientes sintomáticos, pode haver 
necessidade de redução da língua através 
da glossectomia 
Anquiloglossia (língua presa): 
É uma alteração do desenvolvimento da 
língua, caracterizada pelo freio lingual 
curto, resultando na limitação dos 
movimentos da língua. É observada em 
1,7% a 10,7% dos recém-nascidos, sendo 
mais comum no gênero masculino 
 
Características Clínicas: 
A anquiloglossia pode apresentar 
manifestações clínicas variadas, desde 
casos leves e com pouco significado clínico, 
até casos raros de anquiloglossia completa, 
em que a língua é totalmente fusionada ao 
assoalho bucal 
Tratamento e Prognóstico: 
Como a maioria dos casos de anquiloglossia 
causa pouco ou nenhum problema clínico, 
não há necessidade de tratamento 
>>Para recém-nascidos com problemas 
específicos de amamentação, uma 
frenotomia (um “corte” ou apenas a 
liberação do freio) pode ser realizada, o que 
já demonstrou minimizar a dor no mamilo e 
facilitar a amamentação 
>>Em crianças ou adultos com dificuldades 
funcionais ou periodontais, a frenectomia 
(liberação do freio com reparo plástico) 
pode permitir maior facilidade aos 
movimentos da língua 
Tireoide Lingual: 
Por volta da sétima semana de vida 
embrionária, o botão tireoidiano migra 
inferiormente para o pescoço 
O local de onde o botão migrou se invagina 
e se torna o forame cego, localizado na 
junção dos dois terços anteriores e terço 
posterior da língua, na linha média 
Quando a glândula primitiva não migra 
normalmente, um tecido tireoidiano 
ectópico pode ser encontrado entre o 
forame cego e a epiglote 
**De todas as tireoides ectópicas, 90% são 
encontradas nessa região 
 
Características Clínicas: 
As tireoides linguais podem variar de lesão 
nodular pequena e assintomática a grandes 
massas, que podem bloquear as vias aéreas 
 Os sintomas clínicos mais comuns são a 
disfagia, a disfonia e a dispneia 
Tratamento e Prognóstico: 
Nenhum tratamento é necessário para a 
tireoide lingual assintomática, a não ser um 
acompanhamento periódico 
Nos pacientes sintomáticos, a terapia 
supressiva com suplemento de hormônio 
tireoidiano pode, com frequência, reduzir o 
tamanho da lesão 
Língua Fissurada: 
É uma condição relativamente comum 
caracterizada pela presença de várias 
fissuras ou sulcos na superfície dorsal da 
língua 
 
Características Clínicas: 
Os pacientes com língua fissurada exibem 
múltiplos sulcos ou fissuras, na superfície da 
língua, variando de 2 a 6 mm de 
profundidade, variações consideráveis 
podem ser observadas no aspecto clínico da 
língua fissurada. Nos casos mais graves, 
numerosas fissuras cobrem completamente 
a superfície dorsal e dividem as papilas 
linguais em múltiplas “ilhas” 
Características Histopatológicas: 
O exame microscópico da língua fissurada 
revela hiperplasia das projeções epiteliais e 
perda dos “pelos” de queratina na 
superfície das papilas filiformes 
 As papilas variam de tamanho, e muitas 
vezes estão separadas por fendas profundas 
Tratamento: 
É uma condição benigna, e nenhum 
tratamento específico é indicado 
O paciente deve ser orientado a escovar a 
língua, uma vez que restos alimentares 
retidos podem atuar como fonte de 
irritação 
Língua Pilosa: 
A caracteriza-se por acúmulo acentuado de 
queratina nas papilas filiformes do dorso 
lingual, resultando em uma aparência 
semelhante a pelos 
Aparentemente, essa condição ocorre por 
um aumento na produção de queratina ou 
por um decréscimo na descamação da 
queratina normal 
 É observada em cerca de 0,5% dos adultos 
Embora a sua causa seja incerta, muitos 
pacientes afetados são fumantes 
 
Características Clínicas: 
É mais comum na linha média anterior às 
papilas circunvaladas, espalhando-se para 
as bordas lateral e anterior. As papilas 
alongadas em geral são acastanhadas, 
amareladas ou enegrecidas, como resultado 
da colonização e crescimento de bactérias 
cromogênicas, pigmentos do tabaco e 
alimentos 
Algumas vezes, a maior parte do dorso 
lingual pode estar envolvida, resultando em 
uma aparência espessada 
Características Histopatológicas: 
No exame histopatológico, a língua pilosa 
caracteriza-se por alongamento 
pronunciado e hiperparaqueratose das 
papilas filiformes 
 Em geral, observa-se o crescimento de 
várias bactérias na superfície epitelial 
Tratamento: 
A língua pilosa ou saburrosa é uma condição 
benigna que não traz sequelas relevantes 
Quaisquer fatores predisponentes, como 
tabaco, antibióticos ou antissépticos bucais, 
devem ser eliminados, e uma excelente 
higiene oral deve ser efetuada 
Varicosidades: 
Consistem em veias anormalmente 
dilatadas e tortuosas 
>>A idade parece ser um fator etiológico 
importante, uma vez que as varizes são 
raras em crianças, mas comuns em adultos 
 
Características Histopatológicas: 
O exame microscópico de uma variz revela 
uma veia dilatada, cuja parede exibe uma 
fina camada de musculatura lisa e tecido 
elástico pouco desenvolvido 
Se tiver ocorrido trombose secundária, a luz 
do vaso pode conter camadas concêntricas 
de plaquetas e hemácias (linhas de Zahn) 
Tratamento: 
As varicosidades sublinguais são 
tipicamente assintomáticas, e não há 
indicação de tratamento 
Nas varicosidades solitárias dos lábios e da 
mucosa jugal pode haver necessidade de 
remoção cirúrgica para confirmação dodiagnóstico ou por razões estéticas 
Artéria de Calibre Persistente: 
É uma alteração vascular comum, na qual 
um ramo arterial principal estende-se para 
a superfície da mucosa sem redução no seu 
diâmetro 
 
Características Clínicas: 
A artéria de calibre persistente ocorre 
quase que exclusivamente na mucosa labial. 
Tanto o lábio superior como o inferior 
podem ser afetados, e alguns pacientes 
apresentam lesões bilaterais ou em ambos 
os lábios 
Na maioria das vezes, a lesão é 
assintomática, sendo identificada 
acidentalmente durante o exame clínico de 
rotina; em casos raros, um paciente pode 
notar um nódulo pulsátil no lábio 
Tratamento: 
Se a verdadeira natureza da artéria de 
calibre persistente pode ser reconhecida 
clinicamente, nenhum tratamento é 
necessário 
>>Muitas vezes uma biopsia é realizada 
quando a lesão é confundida com mucocele 
ou outra lesão vascular, como variz ou 
hemangioma 
Fístula Laterais do Palato Mole: 
São alterações raras de patogênese incerta. 
Muitos casos parecem ser congênitos, 
possivelmente relacionados com um 
defeito do desenvolvimento da segunda 
bolsa faringiana 
 
Características Clínicas: 
As fístulas laterais do palato mole são 
geralmente bilaterais, mas podem ocorrer 
em apenas um lado. São mais comuns no 
pilar amigdaliano anterior 
Tratamento: 
É uma alteração de desenvolvimento rara 
que pode resultar na limitação dos 
movimentos mandibulares 
 A causa da hiperplasia coronoide é 
desconhecida, mas essa condição é 3 a 5 
vezes mais comum em homens 
 Como a maioria dos casos é observada em 
homens na puberdade, uma influência 
hormonal tem sido sugerida. A 
hereditariedade também possui um papel 
significante, uma vez que alguns casos têm 
sido identificados em irmãos 
O aumento unilateral do processo 
coronoide também pode ser resultante de 
um tumor verdadeiro, como um osteoma 
ou osteocondroma 
Características Clínicas: 
Em um paciente com hiperplasia coronoide 
unilateral, o aumento do processo 
coronoide toca a superfície posterior do 
zigoma, restringindo a abertura da boca 
Na hiperplasia coronoide bilateral, a 
limitação de abertura bucal pode piorar 
progressivamente durante anos, desde a 
infância, até atingir a gravidade máxima no 
final da adolescência 
Tratamento: 
O tratamento da hiperplasia coronoide 
consiste na remoção cirúrgica do(s) 
processo(s) alongado(s) para permitir a 
movimentação livre da mandíbula 
Hiperplasia Condilar: 
É uma malformação rara da mandíbula, 
causada pelo crescimento excessivo de um 
dos côndilos 
A causa desta hiperplasia é desconhecida, 
porém alterações circulatórias locais, 
distúrbios endócrinos e trauma têm sido 
sugeridos como possíveis fatores 
etiológicos 
 
Características Clínicas: 
A hiperplasia condilar pode se manifestar 
de várias formas distintas, incluindo 
assimetria facial, prognatismo, mordida 
cruzada e mordida aberta 
Características Histopatológicas: 
Durante o crescimento ativo, observa-se a 
proliferação da cartilagem condilar 
Uma vez que o crescimento condilar tenha 
cessado, o côndilo apresenta um aspecto 
histológico normal 
Tratamento: 
A hiperplasia condilar é uma condição 
autolimitante, e o seu tratamento é 
baseado no grau de dificuldade funcional e 
comprometimento estético 
Hipoplasia Condilar: 
Pode ser congênita ou adquirida. Muitas 
vezes, a hipoplasia condilar congênita está 
associada a síndromes da cabeça e do 
pescoço: 
 Disostose mandibulofacial 
 Síndrome oculoauriculovertebral 
(síndrome de Goldenhar) 
 Microssomia Hemifacial 
Nos casos mais graves, pode ser 
observada agenesia de todo o côndilo ou 
ramo (aplasia condilar) 
A hipoplasia condilar adquirida ocorre por 
distúrbios do centro de crescimento do 
côndilo em desenvolvimento 
 A causa mais comum é o trauma na região 
condilar durante a primeira e a segunda 
décadas de vida 
Outras causas incluem infecções, 
radioterapia e artrite reumatoide ou 
degenerativa 
Características Clínicas: 
A hipoplasia condilar pode ser unilateral ou 
bilateral, resultando em uma mandíbula 
pequena, com maloclusão do tipo Classe II 
 A hipoplasia unilateral resulta em distorção 
e depressão da face no lado afetado 
A linha média da mandíbula é desviada para 
o lado afetado quando o paciente abre a 
boca, acentuando a deformidade. Nos casos 
relacionados a trauma pode ocorrer 
anquilose da articulação 
temporomandibular (ATM) 
Tratamento: 
O tratamento do paciente com hipoplasia 
condilar varia de acordo com a causa e 
gravidade do defeito, porém, muitas vezes, 
a cirurgia é necessária 
Côndilo Bífido: 
Consiste em uma alteração de 
desenvolvimento rara caracterizada por um 
côndilo mandibular com duas cabeças 
Características Clínicas: 
Em geral, o côndilo bífido é unilateral, mas 
eventualmente ambos os lados podem ser 
afetados 
 A malformação na maioria das vezes é 
assintomática e pode ser identificada em 
radiografias de rotina, embora alguns 
pacientes tenham um “clique” ou “estalo” 
da ATM durante a abertura de boca 
Tratamento: 
Por ser usualmente assintomático, o côndilo 
bífido, na maioria das vezes, não requer 
tratamento 
Quando o paciente tem queixas na ATM, o 
tratamento temporomandibular pode ser 
necessário 
Exostoses: 
São protuberâncias ósseas localizadas que 
surgem da cortical óssea. Estes 
crescimentos benignos frequentemente 
afetam a maxila e a mandíbula 
 
Características Clínicas: 
 São identificadas com mais 
frequência em adultos 
 Ocorrem como aumentos de 
volume ósseos bilaterais ao longo 
da face vestibular dos rebordos 
alveolares da maxila e/ou 
mandíbula 
 Geralmente, as exostoses 
vestibulares são assintomáticas, a 
menos que a fina mucosa de 
recobrimento se torne ulcerada por 
trauma 
As exostoses palatinas (tubérculos 
palatinos) são protuberâncias ósseas 
semelhantes que se desenvolvem no lado 
lingual das tuberosidades palatinas. Essas 
lesões são geralmente bilaterais, mas 
podem acometer apenas um lado 
 
Características Histopatológicas: 
O exame histopatológico revela uma massa 
densa de osso cortical lamelar com uma 
pequena quantidade de medula óssea 
fibroadiposa 
Em alguns casos, uma zona mais interna de 
osso trabecular também está presente 
Tratamento: 
Na maioria das exostoses, o aspecto clínico 
é suficiente para o diagnóstico, tornando a 
biopsia desnecessária. Quando existem 
dúvidas no diagnóstico, a biopsia deve ser 
realizada para excluir outras lesões ósseas 
>>Quando as exostoses estão expostas a 
traumatismo constante ou quando existe 
ulceração e dor, há indicação de remoção 
Tórus Palatino: 
É uma exostose comum que ocorre na linha 
média do palato duro 
Alguns autores sugeriram que o tórus 
palatino é herdado como um traço 
autossômico dominante 
Outros acreditam que o seu 
desenvolvimento seja multifatorial, 
incluindo tanto influências genéticas, como 
ambientais 
 
Características Clínicas: 
Se apresenta como uma massa dura de osso 
que surge na linha média do palato duro. Às 
vezes, os tórus palatinos são classificados de 
acordo com a sua aparência morfológica: 
 Tórus Plano 
 Tórus Alongado 
 Tórus Nodular 
 Tórus Lobular 
**A maioria dos tórus palatinos é pequena, 
medindo menos de 2 cm de diâmetro, 
entretanto eles podem aumentar 
lentamente de tamanho ao longo da vida, às 
vezes ocupando toda a extensão da 
abóbada palatina 
Características Histopatológicas: 
O exame microscópico do tórus mostra uma 
massa de osso cortical lamelar denso 
 Às vezes, uma zona mais interna de osso 
trabecular é observada 
Tratamento: 
A maioria dos tórus palatinos pode ser 
diagnosticada clinicamente com base no 
seu aspecto clínico característico, logo, a 
biopsia é necessária em casos raros 
**É importante ressaltar que o tórus 
palatino apresenta tendência ao 
desenvolvimento de osteonecrose induzida 
por medicamentosTórus Mandibular: 
É uma exostose comum que se desenvolve 
ao longo da superfície lingual da mandíbula 
 Assim como no tórus palatino, a causa do 
tórus mandibular é provavelmente 
multifatorial, incluindo influências 
ambientais e genéticas 
 
Características Clínicas: 
Apresenta-se como uma protuberância 
óssea ao longo da superfície lingual da 
mandíbula acima da linha miloióidea, na 
região de pré-molares 
 O envolvimento bilateral ocorre em mais 
de 90% dos casos 
A maioria dos casos de tórus mandibular se 
apresenta como nódulos únicos, ainda que 
múltiplos lóbulos paralelos aos dentes não 
sejam incomuns 
Geralmente, os pacientes não sabem que 
apresentam tórus mandibular, a menos que 
a mucosa de recobrimento se torne 
secundariamente ulcerada por trauma 
>>Os tórus mandibulares são facilmente 
visualizados nas radiografias oclusais 
Características Histopatológicas: 
O aspecto histopatológico do tórus 
mandibular é semelhante ao das outras 
exostoses, consistindo principalmente em 
uma densa massa lamelar de osso cortical 
Tratamento: 
A maioria dos tórus mandibulares é bem 
diagnosticada clinicamente, e não há 
necessidade de tratamento 
Entretanto, a remoção cirúrgica pode ser 
necessária para acomodar uma prótese 
total ou parcial. Em alguns casos, o tórus 
mandibular pode recorrer se os dentes 
permanecerem no local

Continue navegando