Buscar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 205 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 205 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 205 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Sumário: 
 
I Samuel 1 1 
I Samuel 2 13 
I Samuel 3 27 
I Samuel 4 33 
I Samuel 5 38 
I Samuel 6 42 
I Samuel 7 47 
I Samuel 8 54 
I Samuel 9 59 
I Samuel 10 64 
I Samuel 11 72 
I Samuel 12 74 
I Samuel 13 78 
I Samuel 14 86 
I Samuel 15 94 
I Samuel 16 104 
I Samuel 17 110 
I Samuel 18 123 
I Samuel 19 132 
I Samuel 20 137 
I Samuel 21 143 
I Samuel 22 147 
I Samuel 23 153 
I Samuel 24 159 
I Samuel 25 166 
I Samuel 26 174 
I Samuel 27 180 
I Samuel 28 184 
I Samuel 29 193 
I Samuel 30 195 
I Samuel 31 200 
 
 
 
 
I Samuel 1 1 
 
O Nascimento do Grande Profeta Samuel 
 
O primeiro capítulo do livro de I Samuel destaca a maravilhosa e 
sobrenatural providência e presciência de Deus trazendo ao mundo 
um menino que marcaria uma grande diferença na história de 
Israel, reconduzindo o povo do Senhor aos Seus caminhos, 
influenciando a muitos em Israel, pelo seu exemplo de santidade e 
obediência. 
Com Samuel, Deus estaria comprovando mais uma vez, tal como 
fizera no período dos Juízes, que é pela Sua própria soberania e 
poder, que Ele reconduz o Seu povo à verdade, e que aviva aquilo 
que estava morrendo, e com isto nós podemos tirar a lição de que 
podemos confiar inteiramente nEle, de modo a não concluirmos 
que a situação da Igreja possa ser de desespero, isto é, de não haver 
qualquer esperança para ela, quando as coisas não caminham 
segundo a verdade, e quando o povo de Deus se desvia da prática 
da Sua vontade. 
A Igreja prevalecerá como Cristo tem prometido. E isto está sendo 
demonstrado pelo Senhor ao longo da história. 
A Igreja não estava morta na Inglaterra, no País de Gales, na própria 
América, nos primórdios do século XVIII? 
E o que fez Deus a partir de fins da década de 30 daquele século? 
Ele não reavivou poderosamente a Igreja através do testemunho e 
da pregação dos homens que levantou? 
Os Wesleys e George Whitefield na Inglaterra; Daniel Rowland e 
Howell Harris, no País de Gales; Jonathan Edwards nos EUA, para 
não citar outros. 
E quando as coisas não iam bem de igual modo, na Igreja antiga de 
Israel, Ele levantou Samuel, conforme nos é revelado na Sua 
Palavra, e é isto que devemos aprender principalmente de toda esta 
história que nos é narrada no livro que estamos estudando: a 
dependência que os servos de Deus têm da Sua ação direta para 
promover os consertos de rumo que são necessários na história do 
Seu povo. 
 
I Samuel 1 2 
 
Podemos estar certos de que Ele sempre levantará pastores 
segundo o Seu coração, que apascentem o Seu rebanho com 
inteligência e com conhecimento, conforme tem prometido. 
E Ele tem sido inteiramente fiel no que nos tem prometido, de modo 
que isto sirva de encorajamento a confiarmos e intensificarmos 
nossas orações junto ao trono da graça, para que o próprio Deus 
venha estabelecer o Seu reino entre nós e a capacitar-nos a fazer a 
Sua vontade. 
Comparando a citação do primeiro versículo: “Houve um homem de 
Ramataim-Zofim, da região montanhosa de Efraim, cujo nome era 
Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de Zufe, 
efratita.”, com o texto de I Cr 6.33-38, que destacamos a seguir, nós 
podemos ver que apesar de a família de Samuel residir em Efraim, 
e se afirmar isto no primeiro versículo de I Sm 1, todos eles eram 
levitas, e da mesma genealogia de Coate, um dos filhos de Levi, tal 
como Moisés e Arão o foram. 
No texto de I Crôn 6.33-38, nós vemos que Hemã, que foi designado 
ao lado de Asafe e Etã a entoarem salmos e cânticos no templo (I Cr 
15.19), era neto de Samuel, pois era filho de Joel, filho de Samuel. 
Concluímos então que a citação a Efraim deveu-se não à 
naturalidade dos familiares de Samuel como pertencentes àquela 
tribo, mas como levitas que haviam se fixado na citada tribo, pois 
como sabemos, os levitas não receberam herança em Canaã, senão 
quarenta e oito cidades espalhadas em todo Israel, nas quais 
habitavam; e também já aprendemos especialmente em Josué, que 
seis destas quarenta e oito cidades eram cidades de refúgio. 
Muitas versões traduzem de modo equivocado a palavra do original 
hebraico, que aparece no final do verso 1: “, efrata, por efraimita, 
quando a melhor tradução seria efratita ou efrateu, isto é, alguém 
natural, de Efrata, uma antiga designação de Belém (Rute 1.2). 
Como se vê neste primeiro capitulo do primeiro livro de Samuel, a 
sua família era devotada a Deus, especialmente em razão de serem 
levitas. 
Elcana seu pai, subia de ano em ano a Siló, onde estava o 
tabernáculo, para apresentar sacrifícios e adorar ao Senhor (v. 3). 
I Samuel 1 3 
 
E é aqui que é usada pela primeira vez nas Escrituras o nome de 
Senhor dos Exércitos, Jeová Tzabaoth (v. 3, 11), provavelmente 
para confortar Israel naquela época em que o seu exército era 
pequeno e fraco, e era consolador saber que o Deus que serviam 
era o Senhor de todos os exércitos, quer na terra como no céu. 
A fidelidade de Elcana é particularmente destacada porque num 
tempo em que os próprios sacerdotes, Hofni e Fineias, filhos de Eli, 
eram infiéis a Deus e ao serviço sagrado, que deveriam realizar com 
zelo e fidelidade; e que tantos em Israel estavam entregues a uma 
grosseira idolatria. 
Mas em meio a tudo isto, Elcana mantinha a sua integridade no 
dever de adorar ao Senhor, e o fazia com toda a sua família, quando 
a Lei exigia somente dos homens o dever de subir anualmente ao 
local onde se encontrasse o tabernáculo, para celebrarem as festas 
fixas e solenes determinadas pelo Senhor. 
E seria no meio desta família devotada, que o Senhor se proveria de 
um menino, que lhe seria consagrado desde o seu nascimento, 
conforme inspiraria a Sua mãe a fazê-lo, de modo que purificasse o 
ofício sagrado do sacerdócio do tabernáculo, pondo-o como 
sacerdote no lugar de Eli e seus filhos Hofni e Fineias. 
A obra de um Deus santo deve ser realizada obrigatoriamente por 
aqueles que atentam para a necessidade de santidade de suas 
próprias vidas. Todavia, mesmo que o ministro seja infiel, Deus 
permanecerá fiel e fará a sua parte relativamente às bênçãos que 
tem determinado para o Seu povo, e esta é a razão de derramar a 
Sua graça sobre aqueles que o buscam, e que se encontram debaixo 
de um ministério infiel, porque a validade e a eficácia do 
sacramento não depende da pureza daquele que o administra, 
senão da sinceridade daquele que os recepciona, com verdadeira fé 
no Senhor. 
É por isso que os sacrifícios oferecidos por Elcana eram aceitáveis a 
Deus, apesar de os sacerdotes Hofni e Fineias terem estado 
reprovados aos olhos do Senhor. 
Este é o motivo de que mesmo no ministério de pastores, que não 
honram ao Senhor do modo adequado, pelo qual deve ser honrado, 
I Samuel 1 4 
 
se veja as graças de Deus sendo derramadas sobre o povo que se 
encontra debaixo da direção deles, porque buscam o Senhor com 
sinceridade de coração. 
Por isso, nenhum crente está impedido de ser abençoado por Deus. 
ainda que, por força das circunstâncias, esteja debaixo de um mau 
ministério. 
Ainda que os dons da graça não possam ser revogados e impedidos 
de serem concedidos por Deus em Sua soberania aos Seus 
escolhidos, por conta de um ministério infiel, descuidado e 
pecaminoso, certamente aqueles que o ocupam receberão das 
mãos dEle, no tempo apropriado, a devida paga pelos seus maus 
atos, tal como sucedera com Eli e seus dois filhos. 
O Senhor não terá por inocente aquele que faz a Sua obra 
relaxadamente, e interpõe uma maldição sobre os tais. 
Eles ficam sob a pena de um anátema que trará os juízos do Senhor 
sobre eles, tal como se refere o apóstolo em Gálatas, quanto 
àqueles que pregam um evangelho diferente do único e verdadeiro 
evangelho. 
Não se pense, portanto, que a dispensação da graça alterou o modo 
de Deus julgar o Seu próprio povo, pois Jesus fala da remoção de 
castiçais (Igrejas) cujos anjos (pastores) não levassem a sério as Suas 
exortações, sobre a necessidade de arrependimento (Apo 2.5). 
E isto se aplica às Igrejas de todas as épocas,que tal como a Igreja 
de Éfeso, citada em Apocalipse, abandonam o primeiro amor e 
necessitam, portanto, de arrependimento. 
Não temos deste modo, diante de nós uma história que ilustra a 
maneira de se gerar um filho quando se é estéril, mas como Deus 
cumpre os seus propósitos, trazendo ao mundo pessoas até mesmo 
de mulheres estéreis, como foi o caso não apenas de Ana, mãe de 
Samuel, mas de Sara, Rebeca, Raquel, da mãe de Sansão e de Isabel, 
mãe de João, que geraram filhos segundo o propósito estabelecido 
por Deus para a vida daqueles que seriam por elas gerados. 
A lição é que nenhum impedimento natural poderá frustrar o 
cumprimento do propósito sobrenatural de Deus, conforme bem o 
 
I Samuel 1 5 
 
ilustra a história de todos os filhos que foram gerados por estas 
mulheres. 
Possivelmente Ana era a primeira e legítima esposa de Elcana, e ele 
deve ter tomado a Penina como sua segunda esposa pelo fato de 
Ana não ter gerado filhos. 
E assim, transgredindo a instituição original do matrimônio (Mt 
19.5,8), ele ficou sujeito ao mesmo dano de divisões a que haviam 
ficado sujeitos no passado tanto Jacó, quanto Abraão. No entanto, 
as divisões não puderam impedir a devoção daquela família. 
E por certo, nenhum tipo de divisão na Igreja pode impedir a nossa 
devoção ao Senhor, caso estejamos determinados a isto, tal como 
Elcana. 
Na verdade, a devoção de uma família deve acabar com as suas 
divisões. 
Daí a importância do chamado culto doméstico, que é um poderoso 
instrumento para acabar com as divisões num lar, pelas 
intervenções e operações do Espírito Santo, que gera unidade nos 
corações daqueles que buscam a Deus. 
Se as devoções de uma família não conseguem acabar com suas 
divisões, contudo não deixe as divisões acabarem com as devoções. 
Nós vemos no verso 5 que tal como no caso de Jacó, Penina era 
como Leia, que deu muitos filhos a Jacó, mas Ana, como Raquel, 
apesar de estéril era mais amada por Elcana, e ele procurava 
compensá-la com agrados e atenções maiores do que os que 
dispensava a Penina, para mostrar o maior afeto que sentia por ela. 
Isto certamente provocava ciúmes em Penina, que se tornou 
arrogante e insolente, pois procurava ocasião para humilhar Ana, 
pelo fato de ser estéril (v. 6,7). 
E isto sucedia especialmente quando iam anualmente a Siló para 
apresentarem sacrifícios ao Senhor e adorá-lo; pois era uma forma 
que Penina encontrava para tentar impedir a devoção de Ana a 
Deus. 
A provocação que lhe era dirigida a entristecia de tal modo que se 
sentia impedida de comer da oferta pacífica que era oferecida ao 
Senhor. 
I Samuel 1 6 
 
A Lei determinava que a parte que cabia ao ofertante deveria ser 
comida na presença do sacerdote, com alegria. 
Então a tristeza seria um impedimento para se comer como sinal de 
gratidão a Deus (Lev 10.19; Dt 26.14). 
Certamente Penina sabia disto e era por este motivo que irritava 
Ana. 
Apesar de receber uma porção maior da parte de Elcana, ela ficaria 
impedida de comê-la, por causa da tristeza que era produzida por 
Penina no seu coração. 
Veja que isto sucedeu por anos sucessivos até que Ana resolveu 
derramar a sua alma na presença de Deus. 
Vale a pena destacar o modo pelo qual ela o fizera, e quais foram as 
consequências imediatas daquela oração, pois se diz que o seu rosto 
já não era triste e ela pôde assim demonstrar a Sua gratidão a Deus, 
mesmo em meio ao seu sofrimento, porque agora havia esperança 
em seu coração de que o Senhor faria algo em seu favor. Isto nós 
vemos nos versos 10 a 18. 
Ela orou com amargura de alma e chorou muito (v. 10), e fez um 
voto, dizendo que se Deus atentasse para a sua aflição e lhe desse 
um filho varão, ao Senhor ela o dedicaria por todos os dias da sua 
vida, e pela sua cabeça não passaria navalha, por consagrá-lo para 
sempre como nazireu a Deus (v. 11). 
Ela orava com o seu coração, movendo apenas os lábios, de modo 
que sua voz não fosse ouvida, e para não ser revelado a ninguém a 
amargura da sua alma e o voto que estava fazendo a Deus (v. 12,13). 
Tendo o sacerdote Eli observado o seu comportamento pensou que 
estivesse embriagada e a repreendeu (v. 14), e não era fácil para ele 
distinguir entre mulheres sinceramente devotadas e o contrário, 
porque era muito mais comum os casos de prostituição 
desenfreada promovida pelos seus próprios filhos, que se 
prevaleciam do cargo que ocupavam, para se deitarem com 
mulheres que serviam no tabernáculo (2.22). Entretanto, Ana não 
levou em conta a repreensão de Eli e revelou a ele a tribulação do 
seu espírito (v. 15 e 16). Contudo, não lhe disse nada sobre o voto 
que fizera. 
I Samuel 1 7 
 
Mas tendo Eli visto a sua sinceridade, disse-lhe que fosse em paz e 
que o Deus de Israel lhe concedesse a petição que fizera (v. 17). 
E ela acrescentou o seu amém à bênção de Eli dizendo que esperava 
achar graça aos seus olhos, e tendo sido revigorada em sua alma, 
pela oração que fizera, saiu da presença de Eli e comeu a parte da 
oferta pacífica que lhe cabia, e se afirma que o seu semblante já não 
era triste (v. 18). 
A submissão de Ana e seu respeito ao ofício sumo sacerdotal, do 
qual Eli estava investido, fez com que a repreensão dele se 
transformasse em bênção. 
E há nisto uma grande lição para todos nós no sentido de que pela 
nossa atitude submissa e humilde diante da repreensão injusta que 
sofremos por parte daqueles que estão investidos de autoridade, 
podemos torná-los favoráveis a nós, e transformar as suas censuras, 
em orações em nosso favor. 
Aqui cabe assinalar que a palavra templo é usada pela primeira vez 
em relação ao tabernáculo no verso 9, porque agora ele estava 
instalado de forma fixa em Siló, e já não era mais transportado de 
lugar a lugar, como nos dias da peregrinação no deserto. 
A palavra para tabernáculo é mishekan, que significa morada 
habitação, e a que encontramos aqui no verso 9, para templo é 
heykal, que significa um lugar público espaçoso, um palácio, um 
templo propriamente dito. 
Ana era realmente uma mulher consagrada ao Senhor, e esta era a 
razão pela qual Satanás a provocava através de Penina, pois ele 
sempre procura interferir na adoração dos filhos de Deus, tentando 
desfigurá-la ou mesmo impedi-la. Mas a vigilância, a perseverança 
na oração sempre o vencerá, tal como sucedeu com Ana. 
Por isso nós lemos em Jó 1.6 que quando os filhos de Deus vieram 
se apresentar ao Senhor, Satanás veio entre eles. 
Como o voto das mulheres, segundo a lei, deveriam ser confirmados 
pelos maridos, certamente Elcana foi informado por Ana do voto 
que fizera e este o confirmara com o seu silêncio ou com sua 
aprovação positiva, conforme prescrito na Lei de Moisés. 
 
I Samuel 1 8 
 
E é um direito dos pais o de dedicarem seus filhos a Deus, 
especialmente para que venham a servi-lo como seus ministros, 
quando crescerem e se converterem a Ele, pela instrução recebida 
de seus pais, quanto ao modo que o Deus vivo deve ser adorado e 
servido. 
É uma ordenança de Deus de que os pais ensinem a seus filhos o 
caminho do Senhor, e especialmente a Sua Palavra. 
E nenhuma consagração que não leve em conta este dever, terá sido 
uma consagração verdadeira, porque aquele que não honra e não 
teme a Deus e não obedece a Sua Palavra, não está em condições 
de dedicar nenhum outro ser, enquanto o seu próprio não Lhe está 
consagrado. 
No verso 19 é dito que antes de regressar à sua residência em Ramá, 
Elcana e sua família se levantaram de madrugada para adorarem 
perante o Senhor. E se diz também que Elcana conheceu a Ana e o 
Senhor se lembrou dela, isto é, da petição que ela lhe havia dirigido, 
e decorrido o tempo devido, Ana concebeu e teve um menino ao 
qual chamou de Samuel, Shemuel, que no hebraico significa pedido 
a Deus (v. 20). 
Depois do nascimento de Samuel, Elcana retornou a Siló com sua 
família no tempo designado, para oferecer o sacrifício anual e 
cumprir o seu voto (v. 21). Entretanto, Ana decidiu não subir até que 
o menino fosse desmamado, ocasião em que compareceriaperante 
o Senhor para cumprir o voto de dedicação que havia feito, de modo 
que Samuel ficaria no tabernáculo para sempre (v. 22). 
Nós vemos nisto tudo a mão do Senhor, porque humanamente 
falando, é totalmente contrário à natureza materna, especialmente 
no caso de uma mulher piedosa como Ana, abrir mão de um filho, e 
ainda mais em se tratando de um filho único que fora concebido em 
meio a uma esterilidade, sem que houvesse sequer o vislumbre da 
possibilidade de uma nova gravidez. 
Ela dera um passo pela fé, sem a qual é impossível agradar a Deus, 
e como agira pela fé, o Senhor que é bom e gracioso viria a conceder 
que ela engravidasse no futuro e ela teve mais três filhos e duas 
filhas (2.21), mas tudo isto estava encoberto a Ana quando agiu 
I Samuel 1 9 
 
contra a sua própria natureza, por inspiração e capacitação recebida 
de Deus para dar-lhe por devolvido aquele que a história de Israel 
haveria de comprovar, que pertencia de fato ao Senhor e não a Ana. 
Ela pôs este nome no menino (pedido a Deus) para certamente 
recordar da obrigação que tinha se comprometido a cumprir por 
meio de voto, de dedicá-lo para sempre ao Senhor, pois fora 
recebido dEle como resposta de oração, para o propósito afirmado 
em seu coração de dá-lo de volta ao Senhor, de quem ela o havia 
recebido de modo sobrenatural, pois não poderia concebê-lo de 
outro modo porque era estéril. 
Ao conceder-lhe que concebesse, o Senhor retirou de sobre ela a 
vergonha que sentia no seio de sua família, e o motivo das 
acusações cruéis de Penina, e estaria agora, em reconhecida 
gratidão, cumprindo o voto que se sentira inspirada a fazer a Deus, 
pois este fizera com que concebesse um menino muito especial, que 
Ele conhecera antes mesmo de formá-lo no seu ventre, de forma 
que seria grandemente usado para fazer aquilo que nenhum dos 
juízes de Israel havia conseguido, num período superior a trezentos 
anos, a saber, reestruturar a vida religiosa de Israel segundo a Lei 
de Moisés, e fazer com que retornassem os dias áureos vividos por 
Israel enquanto vivia Josué. 
Nada disto fora revelado a Ana, e Deus cumpriu o Seu propósito em 
meio ao que parecia uma simples questão de atendimento de uma 
necessidade pessoal. 
Interesses muito mais elevados e de toda uma nação estavam em 
jogo em tudo aquilo. 
Certamente o mesmo se dá conosco em obras, que começamos a 
fazer pela vontade de Deus, e que culminam em resultados 
extraordinários, que jamais seríamos capazes de conceber, que já 
se encontravam no coração de Deus desde antes do início da 
chamada que nos fizera para dar os primeiros passos de um 
empreendimento que haveria de culminar em obras muito maiores 
do que a simples imaginação humana seria capaz de conceber. 
E quando Samuel foi desmamado, quando era ainda muito criança, 
Ana tomou consigo um novilho de três anos para ser oferecido em 
I Samuel 1 10 
 
sacrifício ao Senhor, uma efa de farinha e um odre de vinho como 
oferta pacífica e libação, e tendo apresentado tais ofertas em Siló 
trouxe Samuel a Eli e somente então lhe revelou qual era o pedido 
que havia feito ao Senhor, quando ele, Eli, lhe havia abençoado, e 
que havia consagrado Samuel ao Senhor por todos os dias da sua 
vida. 
Tendo feito isto, ambos adoraram ali mesmo ao Senhor (v. 24 a 28). 
 
“1 Houve um homem de Ramataim-Zofim, da região montanhosa 
de Efraim, cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho 
de Toú, filho de Zufe, efratita. 
2 Tinha ele duas mulheres: uma se chamava Ana, e a outra Penina. 
Penina tinha filhos, porém Ana não os tinha. 
3 De ano em ano este homem subia da sua cidade para adorar e 
sacrificar ao Senhor dos exércitos em Siló. Assistiam ali os 
sacerdotes do Senhor, Hofni e Fineias, os dois filhos de Eli. 
4 No dia em que Elcana sacrificava, costumava dar porções deste a 
Penina, sua mulher, e a todos os seus filhos e filhas; 
5 porém a Ana, porque a amava, dava porção dupla, ainda mesmo 
que o Senhor a houvesse deixado estéril. 
6 Ora, a sua rival muito a provocava para irritá-la, porque o Senhor 
lhe havia cerrado a madre. 
7 E assim sucedia de ano em ano que, ao subirem à casa do Senhor, 
Penina provocava a Ana; pelo que esta chorava e não comia. 
8 Então Elcana, seu marido, lhe perguntou: Ana, por que choras? e 
por que não comes? e por que está triste o teu coração? Não te sou 
eu melhor do que dez filhos? 
9 Então Ana se levantou, depois que comeram e beberam em Siló; 
e Eli, sacerdote, estava sentado, numa cadeira, junto a um pilar do 
templo do Senhor. 
10 Ela, pois, com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou 
muito, 
11 e fez um voto, dizendo: ó Senhor dos exércitos! se deveras 
atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da 
tua serva não te esqueceres, mas lhe deres um filho varão, ao 
I Samuel 1 11 
 
Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e pela sua cabeça não 
passará navalha. 
12 Continuando ela a orar perante o Senhor, Eli observou a sua 
boca; 
13 porquanto Ana falava no seu coração; só se moviam os seus 
lábios, e não se ouvia a sua voz; pelo que Eli a teve por embriagada, 
14 e lhe disse: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o 
teu vinho. 
15 Mas Ana respondeu: Não, Senhor meu, eu sou uma mulher 
atribulada de espírito; não bebi vinho nem bebida forte, porém 
derramei a minha alma perante o Senhor. 
16 Não tenhas, pois, a tua serva por filha de Belial; porque da 
multidão dos meus cuidados e do meu desgosto tenho falado até 
agora. 
17 Então lhe respondeu Eli: Vai-te em paz; e o Deus de Israel te 
conceda a petição que lhe fizeste. 
18 Ao que disse ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos. Assim a 
mulher se foi o seu caminho, e comeu, e já não era triste o seu 
semblante. 
19 Depois, levantando-se de madrugada, adoraram perante o 
Senhor e, voltando, foram a sua casa em Ramá. Elcana conheceu a 
Ana, sua mulher, e o Senhor se lembrou dela. 
20 De modo que Ana concebeu e, no tempo devido, teve um filho, 
ao qual chamou Samuel; porque, dizia ela, o tenho pedido ao 
Senhor. 
21 Subiu, pois aquele homem, Elcana, com toda a sua casa, para 
oferecer ao Senhor o sacrifício anual e cumprir o seu voto. 
22 Ana, porém, não subiu, pois disse a seu marido: Quando o 
menino for desmamado, então o levarei, para que apareça perante 
o Senhor, e lá fique para sempre. 
23 E Elcana, seu marido, lhe disse: faze o que bem te parecer; fica 
até que o desmames; tão-somente confirme o Senhor a sua palavra. 
Assim ficou a mulher, e amamentou seu filho, até que o desmamou. 
 
 
I Samuel 1 12 
 
24 Depois de o ter desmamado, ela o tomou consigo, com um touro 
de três anos, uma efa de farinha e um odre de vinho, e o levou à 
casa do Senhor, em Siló; e era o menino ainda muito criança. 
25 Então degolaram o touro, e trouxeram o menino a Eli; 
26 e disse ela: Ah, meu Senhor! tão certamente como vive a tua 
alma, meu Senhor, eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, 
orando ao Senhor. 
27 Por este menino orava eu, e o Senhor atendeu a petição que eu 
lhe fiz. 
28 Por isso eu também o entreguei ao Senhor; por todos os dias que 
viver, ao Senhor está entregue. E adoraram ali ao Senhor.” (I Sm 1.1-
28). 
 
I Samuel 2 
 
O Deus Que Exalta e Que Abate 
 
Nós vemos no segundo capítulo de I Samuel, que Ana entoou um 
cântico de louvor e gratidão a Deus pelo menino que lhe nascera, e 
que havia pedido emprestado ao Senhor por um tempo, 
reconhecendo que de fato aquela criança pertencia a Ele e não a 
ela. 
Na verdade, tudo o que somos e temos, com exceção do pecado e 
suas consequências, o temos recebido emprestado do Senhor, para 
ser usado como mordomos, que têm que prestar contas Àquele a 
quem de fato pertencem todas as coisas. 
E o menino Samuel havia nascido tanto para bênção quanto para 
juízo de muitos em Israel, a começar pela casa do próprio Eli, pois 
que Deus estava se provendo de um sacerdote fiel na pessoa de 
Samuel, para trazer juízos sobre Eli e seus filhos. 
É por isso que nós vemos no cântico profético que foradado a Ana, 
por inspiração do Espírito Santo (versos 1 a 10), tanto palavras de 
bênçãos, quanto de juízos, pois seria exatamente isto que o 
nascimento daquela criança propiciaria. 
 
I Samuel 2 14 
 
Nós vemos isto também no cântico de Maria, mãe de Jesus (Lc 1.46-
55), e nas palavras de Simeão a respeito dEle: “E Simeão os 
abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este é posto 
para queda e para levantamento de muitos em Israel, e para ser 
alvo de contradição,” (Lc 2.34). 
O mesmo teor de bênção e de juízos são encontrados no cântico de 
Isabel, mãe de João Batista, no ensejo do nascimento do menino. 
Tal como Jesus, guardadas as devidas proporções, todos estes 
foram levantados por Deus tanto para bênção dos humildes quanto 
para juízo dos arrogantes. 
O atributo da justiça divina requer tanto uma coisa quanto outra. A 
recompensa dos justos e o castigo dos ímpios. 
Por isso se diz dos cristãos serem o bom perfume de Cristo, sendo 
aroma de vida para vida nos que se salvam, e cheiro de morte para 
morte nos que se perdem (II Cor 2.15,16). 
Foi para o mesmo propósito que Samuel fora levantado em Israel, 
sendo assim, um tipo de Jesus, e é por este motivo que 
encontramos o teor das palavras, tanto de bênçãos quanto de 
juízos, no cântico que foi proferido pela sua mãe. 
Nele se destaca especialmente, a soberania de Deus sobre tudo e 
todos na Sua criação, e que todas as ações dos homens são pesadas 
por Ele, de modo que o homem deve se cuidar da altivez e da 
arrogância (v. 3). 
Porque os fortes são quebrados (Deus abate o soberbo) e os fracos 
são fortalecidos (Deus dá graça aos humildes) (v.4); o rico será 
arruinado com toda a sua prosperidade, e o faminto será farto 
(especialmente da justiça) (v. 5), pois na Sua soberania o Senhor tira 
a vida e a dá, conduz a quem quer ao Seol, da palavra Sheol, no 
original hebraico, que significa a sepultura e todos os acessórios que 
lhe seguem no caso da morte dos ímpios, como por exemplo o 
castigo eterno e as chamas do inferno; e também livra a quem quer 
dali (terá misericórdia de quem Lhe aprouver ter misericórdia) (v. 
6), de modo que provê aos homens do modo que Lhe agrada, 
repartindo os Seus dons como quer e a quem quer, enriquecendo e 
empobrecendo, abatendo e exaltando (v. 7). 
I Samuel 2 15 
 
Ele pode, se o desejar, fazer com que o pobre e necessitado venha 
a se assentar entre os príncipes, e fazê-los herdar um trono de glória 
(nisto se incluem todos os verdadeiros cristãos, lavados e remidos 
no sangue de Jesus, conforme há de se revelar no porvir) (v.8). 
Os pés dos santos serão guardados (Deus os fará perseverar em 
santidade, de modo a garantir a plena segurança da sua salvação); 
mas os ímpios ficarão mudos nas trevas, porque o homem não 
prevalecerá pela força (v.9). 
No mesmo verso 9 se diz que Deus guardará os pés dos seus santos, 
isto é, o caminhar deles na Sua presença será garantido pelo próprio 
Deus, com Sua graça, amor e poder, como podemos ler no Sl 
37.23,24: 
“Confirmados pelo Senhor são os passos do homem em cujo 
caminho ele se deleita; ainda que caia, não ficará prostrado, pois o 
Senhor lhe segura a mão.”. 
Enquanto nós retivermos as ordenanças de Deus e guardá-las, Ele 
manterá firmes os nossos pés. 
Quando os nossos pés estiverem a ponto de deslizarem (Sl 73.2), a 
misericórdia do Senhor nos segurará e nos manterá de pé (Sl 94.18) 
e Ele nos guardará de cair (Jd 24). 
Não é pela própria capacidade, força, sabedoria, riqueza, poder que 
se alcança a salvação eterna, senão unicamente pela graça de Deus, 
que é concedida aos que se arrependem dos seus pecados. 
De modo que todos os que contendem com Deus, e resistem à Sua 
vontade, serão abatidos, porque a justiça de Deus se manifestará 
desde os céus contra eles, e o fará por meio dos Seus juízos, dando 
força e poder ao seu rei e ungido, para que julgue com justiça (v. 
10). 
Esta última palavra profética do cântico de Ana aponta certamente 
para o reino de Cristo, mas nela pode ser incluído o reino de Davi, 
que ainda seria levantado para ser um tipo do reino de poder e 
justiça do Senhor Jesus, e Israel, nos dias de Davi seria fortalecido 
de modo que triunfaria sobre todos os seus inimigos ao redor, 
especialmente contra os jebuseus e os filisteus. 
 
I Samuel 2 16 
 
Segundo a Lei de Moisés, os levitas somente poderiam ser 
admitidos oficialmente no serviço do tabernáculo a partir dos trinta 
anos de idade, e assim, podemos concluir que a expressão que o 
menino Samuel ficou servindo ao Senhor perante o sacerdote Eli, 
quando seu pai e toda a sua família retornaram a Ramá, quer se 
referir à ajuda que ele prestava a Eli como sumo sacerdote, pois se 
diz que ele ficou servindo ao Senhor perante Eli. 
Imediatamente, no verso seguinte (12) é dito que os filhos de Eli 
(Hofni e Fineias, que oficiavam como sacerdotes), eram homens 
ímpios (no original hebraico nós temos a expressão “filhos de 
Belial”, aqui traduzida por ímpios), e que eles não conheciam ao 
Senhor. 
Com isto, se quer dizer que não eram convertidos, que não eram 
homens de Deus, e esta era razão de praticarem todas as 
impiedades e sacrilégios que são descritos nos versos 13 a 17 e no 
verso 22. 
Em contraste com a impiedade deles é referido no verso 23 que 
Samuel ministrava perante o Senhor, sendo ainda menino, vestido 
de uma estola sacerdotal de linho. 
Não que ele fosse um sacerdote em idade tão tenra, mas 
certamente Eli providenciou uma estola sacerdotal para ele por ter 
reconhecido que Deus era com o menino (v. 21 e 26), apesar da sua 
pouca idade, e da forma devotada como o pequeno Samuel servia 
ao Senhor, e isto talvez para se consolar e compensar dos maus atos 
de seus próprios filhos, que apesar de serem sacerdotes, por direito 
hereditário, não se comportavam à altura do que era exigido por 
tão elevado ofício, de modo que se diz no verso 17 que era grande 
o pecado de ambos, e que vieram a desprezar as ofertas do Senhor, 
que eram apresentadas no tabernáculo, pois desrespeitavam tudo 
o que a Lei prescrevia em relação à parte das ofertas a que tinham 
direito os sacerdotes, e se apropriavam do que não lhes era devido, 
bem como não queimavam a carne destinada aos holocaustos para 
tê-la crua, possivelmente com a intenção de comercializá-la 
posteriormente. 
 
I Samuel 2 17 
 
Além de profanos se entregavam à prática de impurezas no próprio 
tabernáculo, porque se deitavam com mulheres naquele recinto 
tendo relações sexuais com elas (v. 22), e isto era do conhecimento 
de todo o povo ( v. 23). 
Eli já era muito velho (v. 22) na ocasião que decidiu advertir os seus 
filhos, pelo que eles vinham fazendo (v. 23 a 25), mas não foi 
concedida graça a eles por Deus para que se arrependessem, pois o 
Senhor já havia determinado destruir a ambos (v. 25). 
É possível que Eli tenha decidido repreender os abusos de seus 
filhos somente quando ficou sabendo da impureza sexual 
que vinham praticando com as mulheres que vinham ao 
tabernáculo, como se estivesse esperando por tantos anos por esta 
gota de água, para que enfim pudesse partir para algum tipo de 
repreensão, pelo mau comportamento deles. 
Na verdade ele deveria tê-lo feito desde o princípio, e com toda a 
firmeza que o caso requeria, até mesmo pela medida extrema de 
proibi-los de continuarem oficiando no tabernáculo. 
É possível que o sentimento paternal falou mais ao seu coração do 
que o seu amor pelo Senhor, e assim deixou de amar 
verdadeiramente a Deus e a seus filhos, porque o amor não folga 
com a injustiça, senão com a verdade, e é portanto, prova de amor 
e não o contrário, disciplinarmos nossos filhos, porque um bom pai 
disciplina os seus filhos para poupá-los, tanto como a si próprio, dos 
justos juízos de Deus. 
Eli teve de certa forma uma participação direta no juízo de morte 
que sobreviria aos seus filhos, porque os deixou entregues a si 
mesmos, e só veio a repreendê-los, quando já era muito velho. 
Nós lemos em I Sm 3.13 as seguintes palavras do Senhor em relação 
aEli e seus dois filhos: “porque já lhe fiz saber que hei de julgar a 
sua casa para sempre, por causa da iniquidade de que ele bem 
sabia, pois os seus filhos blasfemavam a Deus, e ele não os 
repreendeu.”. 
Não estamos portanto amando os nossos filhos quando os 
deixamos entregues a si mesmos, praticando toda sorte de pecados, 
 
I Samuel 2 18 
 
sem repreendê-los e sem dizer a eles o dever que têm de 
mortificarem os seus pecados. 
A omissão de Eli prejudicou a muitos e não somente os seus 
próprios filhos. 
Porque o sacerdote tinha a função de desviar as pessoas dos seus 
maus caminhos, e de conduzi-las ao Senhor. 
Mas os filhos de Eli estavam fazendo exatamente o contrário, 
porque em vez de ajudarem Israel a se santificar, estavam expondo 
o povo a uma condição ainda pior do que a em que se encontravam. 
Por isso, são exatas as palavras que Eli dirigiu a seus filhos: “Fazeis 
transgredir o povo do Senhor.” (v. 24). 
Nós vemos nesta porção dos versos 13 a 26, que Elcana e sua família 
se dirigiam todos os anos ao tabernáculo para adorarem a Deus, 
mesmo depois que Samuel foi consagrado inteiramente ao Senhor, 
sendo deixado aos cuidados de Eli, e que nas ocasiões que para lá 
se dirigiam Eli sempre os abençoava e orava em favor de Ana, para 
que Deus lhe desse outros filhos no lugar de Samuel, que ela havia 
emprestado ao Senhor (v. 20). 
O verbo emprestar, aqui, tem o sentido não de que Ana dera algo 
de si mesma a Deus, mas que ela havia dado por devolvido a Deus 
o filho que ela Lhe pedira emprestado, porque no hebraico, nós 
temos neste versículo a expressão shelah (emprestado) esher (que) 
shaal (pediu), que significa “que pediu emprestado”, indicando 
assim o modo como ela havia pedido um filho a Deus, a saber, como 
um empréstimo para ser devolvido posteriormente. 
Ela não pediu um filho para si para decidir sobre consagrá-lo depois 
ao Senhor. Não, ela já o havia pedido como quem pede algo 
emprestado por um tempo para ser devolvido em seguida ao seu 
legítimo dono. 
Em seu coração ela sabia que aquele filho era alguém muito especial 
para Deus, e que de fato procedia inteiramente dEle e para Ele, para 
fazer a Sua vontade. 
Nisto Ana e Samuel são respectivamente um tipo de Maria e de 
Jesus, pois Maria sabia desde o princípio que aquele menino que 
 
I Samuel 2 19 
 
nasceu em Belém, não era propriamente dela mas de Deus e para 
viver inteiramente dedicado a Ele, quanto a fazer a Sua vontade. 
E é bastante interessante notarmos que a expressão que é usada 
em relação ao desenvolvimento de Samuel, no verso 26, é a mesma 
que nós encontramos em relação a Jesus em Lc 2.52: 
 “E o menino Samuel ia crescendo em estatura e em graça diante do 
Senhor, como também diante dos homens.” (I Sm 2.26). 
“E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça diante de 
Deus e dos homens.” (Lc 2.52). 
Em ambos os casos nós não temos uma mera referência à condição 
pessoal de ambos, mas ao cumprimento do propósito de Deus de 
dar ao Seu povo quem poderia ser canal da Sua graça em favor 
deles, por viverem em santidade na Sua presença, e por terem sido 
o instrumento escolhido por Ele para tal propósito. 
Evidentemente, no caso de Samuel, estamos falando de um mero 
homem, mas no caso de Jesus do perfeito homem e Deus. 
Por isso, Samuel é apenas um pálido tipo dAquele que é dado por 
Deus, para converter a Si o verdadeiro Israel, e para conduzi-lo por 
toda a eternidade. 
Dos versos 27 a 36 nós lemos os juízos proferidos pelo Senhor 
contra Eli, seus dois filhos, e toda a descendência deles, por meio 
de um profeta. 
Deus lembra a Eli, em primeiro lugar, a grande honra do ofício 
sacerdotal do qual ele estava encarregado e a sua descendência, por 
direito perpétuo desde os dias de Arão (v. 27). 
Nisto estava mostrando que aqueles que são grandemente 
honrados por Ele têm o dever de Lhe tributar uma maior honra do 
que todos os demais. 
Em suma, se alguém é honrado por Deus, tem o dever de honrá-lo 
também. 
E a casa de Eli não estava fazendo isto, e por isso o Senhor 
repreendeu Eli com as palavras do verso 29: “Por que desprezais o 
meu sacrifício e a minha oferta, que ordenei se fizessem na minha 
morada, e por que honras a teus filhos mais do que a mim, de modo 
 
I Samuel 2 20 
 
a vos engordardes do principal de todas as ofertas do meu povo 
Israel?”. 
Como toda desonra ao nosso Criador e Senhor não ficará sem o 
devido castigo, foi proferido contra Eli e toda a sua casa os juízos 
que encontramos nos versos 30 a 36. 
Não sabemos quando foi que o sumo sacerdócio foi transferido por 
Deus da casa de Eleazar, filho de Arão, para a casa de Itamar, irmão 
de Eleazar, porém, nós vemos no verso 30 Deus afirmando que 
desfaria o arranjo que fizera, de modo que transferiria de novo o 
sacerdócio para a casa de Eleazar, e nós vemos que isto foi cumprido 
nos dias de Salomão, quando o sacerdote Abiatar, da casa de Eli, foi 
substituído por Zadoque, que era da casa de Eleazar (I Rs 2.26,27). 
Nisto nós podemos aprender pelo menos duas coisas importantes, 
a primeira delas se refere à grande longanimidade de Deus, que 
cumpriu o juízo de afastar a casa de Eli do sacerdócio, mais de 
oitenta anos depois de ter proferido tal sentença, pois temos sem 
contar o período em que Samuel julgou Israel, oitenta anos relativos 
aos reinados de Saul e Davi, antes que Salomão começasse a reinar. 
E a segunda coisa importante que podemos aprender é que a 
infidelidade de um ministro jamais poderá destruir o ministério 
determinado por Deus, como se pode ver no caso de Judas, que foi 
substituído por um outro em seu ofício, nos dias dos apóstolos, e 
nos descendentes de Eli. 
Por isso, como veremos adiante, o juízo sobre a casa de Eli foi 
acompanhado pelo levantamento de um sacerdócio fiel, que seria 
iniciado com Zadoque, e cuja culminância seria realizada no ofício 
sumo sacerdotal de Cristo, que é totalmente fiel e para sempre. 
Desta forma, a necessidade de um sacerdote fiel para o povo de 
Deus, não poderia jamais ser anulada pela infidelidade de alguns 
homens, que não honraram o seu ofício sagrado. 
Esta longanimidade de Deus a que nos referimos anteriormente, e 
que é fartamente exemplificada na Bíblia, no longo tempo que Ele 
costuma levar para cumprir muitos dos seus juízos, atesta que de 
fato há um juízo final que há de ser cumprido a partir da volta de 
 
I Samuel 2 21 
 
Jesus, e o motivo deste ser prolongado é exatamente o fato de Deus 
ser longânimo, como afirmado nas palavras do apóstolo Pedro: 
“O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por 
tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que 
ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se.” (II Pe 
3.9). 
A casa de Eli não havia honrado ao Senhor por uma estrita 
obediência a tudo o que Ele tem ordenado na Sua Lei, e 
especialmente, no caso deles, as leis relativas ao exercício do 
sacerdócio, e por isso não seriam honrados, antes teriam o desgosto 
de provar o Seu desagrado, porque Lhe haviam desprezado (v. 30). 
Não podemos negligenciar os mandamentos de Cristo, senão para 
a ruína de nossa própria alma, porque as grandes seções 
doutrinárias de todas as epístolas dos apóstolos, que falam de toda 
a graça, amor e perdão que alcançamos em Deus por meio de Cristo, 
são seguidas por seções finais introduzidas por um “portanto”, um 
“por conseguinte” indicando os deveres dos quais somos agora 
encarregados por Deus, quanto à estrita obediência que Lhe 
devemos, em razão do favor e da honra que Ele demonstrou a nós, 
por nos ter salvado por meio de Seu Filho. 
Ele nos honrou com a manifestação da Sua graça a nós, e é portanto 
nosso dever honrá-lo com a nossa obediência especialmente no que 
tange a mortificar o pecado, a adorá-lo e a praticar o que é justo 
tanto em relação a Ele quanto ao nosso próximo. 
Por isso bem vai a todo o cristão que se empenha em honrar ao 
Senhor, e mal vai a todo aquele que O despreza por viver numa 
desobediência voluntária. 
Por isso o apóstolo Paulo diz o quelemos em Rom 2.9-11: ”9 
tribulação e angústia sobre a alma de todo homem que pratica o 
mal, primeiramente do judeu, e também do grego; 10 glória, porém, 
e honra e paz a todo aquele que pratica o bem, primeiramente ao 
judeu, e também ao grego; 11 pois para com Deus não há acepção 
de pessoas.”. 
Ele fala de honra e paz para quem pratica o bem (v. 10), e de 
tribulação e angústia para quem pratica o mal (v. 9). 
I Samuel 2 22 
 
Isto é uma lei espiritual que governa as almas dos homens bem 
como todos os seres morais criados por Deus. 
A justiça é recompensada e honrada por Ele, mas a iniquidade é 
castigada e os seus praticantes não podem ser honrados pelo 
Senhor. 
Ele revelou no cântico profético que dera a Ana, honrará somente 
àqueles que Lhe honrarem. Nisto, estava sendo passada uma 
repreensão à casa de Eli. 
Todo cristão esclarecido quanto à justiça do Senhor sabe que apesar 
de estar coberto com o manto da justiça de Cristo, que obteve em 
sua justificação e que o livra da condenação eterna, pode no 
entanto, por causa da carne, viver de modo que não honre ao 
Senhor que o salvou, e enquanto permanecer nesta condição, não 
será honrado por Deus, enquanto viver neste mundo, ao contrário 
será sujeitado à Sua disciplina exatamente em razão do fato de que 
não será mais condenado eternamente juntamente com o ímpio, 
por causa de estar aliançado com Cristo e ter sido tornado um filho 
de Deus por meio da fé nEle, que lhe trouxe justificação e 
regeneração e o começo do processo da santificação, que ele 
paralisou por causa da sua prática deliberada do pecado, e por não 
estar vivendo de modo que honre ao Senhor que o salvou da 
condenação eterna. 
Eli, pelo que tudo indica, conhecia ao Senhor, e era um verdadeiro 
crente, e no entanto recebeu a sentença de um duro juízo, que lhe 
sobreveio da parte de Deus, por não tê-lo honrado da maneira 
devida. 
Que isto sirva de alerta para todos aqueles que estão aliançados 
com Deus por meio da fé em Cristo Jesus. 
Que sejam instruídos sobre esta verdade de que se não viverem 
para honrar ao Senhor, serão desonrados por Ele, e trarão a si 
mesmos muitas dores, por conta do seu caminhar desordenado. 
Quanto maior for a honra recebida de Deus maior será o Seu juízo, 
caso não O honremos. 
 
 
I Samuel 2 23 
 
Por isso Jesus disse o que lemos em Lc 12.47,48: “47 O servo que 
soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez 
conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites; 48 mas 
o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo, com poucos 
açoites será castigado. Daquele a quem muito é dado, muito se lhe 
requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.”. 
E a vida de Eli ilustra de modo bastante vivo esta verdade. 
Ele havia recebido muito de Deus pela honra do exercício do 
sacerdócio, e por isso também mais foi pedido a ele do que a 
qualquer outro em Israel, porque ele era o sumo-sacerdote. 
Por ter sido achado em falta no ajuste de contas que o Senhor fizera 
com ele, este foi o motivo do duro juízo que foi proferido sobre ele 
e toda a sua descendência, conforme podemos ver nos versos 31 a 
36, que fecham este segundo capítulo de I Samuel, e que se resumia 
no seguinte: 
Não haveria entre os descendentes de Eli quem chegasse a ser 
ancião, e provavelmente este juízo se cumpriria por Deus não 
permitir que nenhum descendente de Eli chegasse à velhice, em 
face da desonra que eles haviam trazido àquele sagrado ofício (v. 
31, 32). 
Todos os descendentes de Eli morreriam de morte violenta (pela 
espada dos homens), para servir de sinal que havia um juízo de Deus 
sobre a casa do sacerdote que havia desonrado o seu cargo. 
Com isto Israel estaria sendo ensinado a ter o devido temor pelas 
coisas sagradas relativas ao serviço do tabernáculo, que os filhos de 
Eli haviam desprezado de modo tão profundo, e que foi o motivo da 
ruína deles (v. 33). 
Para que se soubesse que a morte de Hofni e Fineias não foi obra 
do acaso mas de um juízo de Deus determinado sobre eles, foi 
profetizado que ambos morreriam no mesmo dia (v. 34). 
E juntamente com o juízo proferido sobre Eli e sua casa, Deus 
prometeu levantar um sacerdote fiel, que atuaria segundo aquilo 
que está na Sua mente e no Seu coração, e por causa desta 
fidelidade o próprio Deus edificaria para ele uma casa duradoura, 
 
I Samuel 2 24 
 
de modo que não sendo removido do seu ministério sacerdotal, 
poderia andar sempre diante do Seu ungido (v. 35). 
Aqueles que sobrassem da casa de Eli, por não terem sido ainda 
alcançados pelo juízo de morte determinado sobre eles, viriam a 
implorar a este sacerdote fiel, humilhando-se diante dele para 
serem admitidos em algum serviço relativo ao sacerdócio para que 
pudessem ter o direito que Deus concedeu aos sacerdotes de 
viverem das ofertas que fossem trazidas ao tabernáculo (v. 36). 
Eles haviam desprezado o sacerdócio do qual a sobrevivência deles 
dependia, e o valor do ofício e a necessidade dele para os 
descendentes de Arão, seria agora reconhecida por estes 
descendentes de Eli. 
Eli não repreendeu seus filhos com o rigor devido e assim ele ajudou 
a fortalecer as mãos deles na prática da maldade, em razão da sua 
negligência. 
Quando os homens de Deus são desleixados no cumprimento do 
seu dever, acabam contribuindo para o aumento do pecado dos 
pecadores, por entenderem erroneamente, no que observam na 
omissão dos justos, que eles são aprovados por Deus, apesar de 
todo o mal que possam praticar; isto é, o silêncio diante do mal é 
interpretado como consentimento, e daí o ditado de que aquele 
que cala, consente. 
 
“1 Então Ana orou, dizendo: O meu coração exulta no Senhor; o 
meu poder está exaltado no Senhor; a minha boca dilata-se contra 
os meus inimigos, porquanto me regozijo na tua salvação. 
2 Ninguém há santo como o Senhor; não há outro fora de ti; não há 
rocha como o nosso Deus. 
3 Não faleis mais palavras tão altivas, nem saia da vossa boca a 
arrogância; porque o Senhor é o Deus da sabedoria, e por ele são 
pesadas as ações. 
4 Os arcos dos fortes estão quebrados, e os fracos são cingidos de 
força. 
 
 
I Samuel 2 25 
 
5 Os que eram fartos se alugam por pão, e deixam de ter fome os 
que eram famintos; até a estéril teve sete filhos, e a que tinha 
muitos filhos enfraquece. 
6 O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer ao Seol e faz subir 
dali. 
7 O Senhor empobrece e enriquece; abate e também exalta. 
8 Levanta do pó o pobre, do monturo eleva o necessitado, para os 
fazer sentar entre os príncipes, para os fazer herdar um trono de 
glória; porque do Senhor são as colunas da terra, sobre elas pôs ele 
o mundo. 
9 Ele guardará os pés dos seus santos, porém os ímpios ficarão 
mudos nas trevas, porque o homem não prevalecerá pela força. 
10 Os que contendem com o Senhor serão quebrantados; desde os 
céus trovejará contra eles. O Senhor julgará as extremidades da 
terra; dará força ao seu rei, e exaltará o poder do seu ungido. 
11 Então Elcana se retirou a Ramá, à sua casa. O menino, porém, 
ficou servindo ao Senhor perante o sacerdote Eli. 
12 Ora, os filhos de Eli eram homens ímpios; não conheciam ao 
Senhor. 
13 Porquanto o costume desses sacerdotes para com o povo era 
que, oferecendo alguém um sacrifício, e estando-se a cozer a carne, 
vinha o servo do sacerdote, tendo na mão um garfo de três dentes, 
14 e o metia na panela, ou no tacho, ou no caldeirão, ou na 
marmita; e tudo quanto a garfo tirava, o sacerdote tomava para si. 
Assim faziam a todos os de Israel que chegavam ali em Siló. 
15 Também, antes de queimarem a gordura, vinha o servo do 
sacerdote e dizia ao homem que sacrificava: Dá carne de assar para 
o sacerdote; porque não receberá de ti carne cozida, mas crua. 
16 Se lhe respondia o homem: Sem dúvida, logo há de ser queimada 
a gordura e depois toma quanto desejar a tua alma; então ele lhe 
dizia: Não hás de dá-la agora; se não, à força a tomarei. 
17 Era, pois, muito grande o pecado destes mancebos perante o 
Senhor, porquanto os homens vierama desprezar a oferta do 
Senhor. 
 
I Samuel 2 26 
 
18 Samuel, porém, ministrava perante o Senhor, sendo ainda 
menino, vestido de uma estola sacerdotal de linho. 
19 E sua mãe lhe fazia de ano em ano uma túnica pequena, e lha 
trazia quando com seu marido subia para oferecer o sacrifício anual. 
20 Então Eli abençoava a Elcana e a sua mulher, e dizia: O Senhor te 
dê desta mulher descendência, pelo empréstimo que fez ao Senhor. 
E voltavam para o seu lugar. 
21 Visitou, pois, o Senhor a Ana, que concebeu, e teve três filhos e 
duas filhas. Entrementes, o menino Samuel crescia diante do 
Senhor. 
22 Eli era já muito velho; e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a 
todo o Israel, e como se deitavam com as mulheres que 
ministravam à porta da tenda da revelação. 
23 E disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? pois ouço de todo este 
povo os vossos malefícios. 
24 Não, filhos meus, não é boa fama esta que ouço. Fazeis 
transgredir o povo do Senhor. 
25 Se um homem pecar contra outro, Deus o julgará; mas se um 
homem pecar contra o Senhor, quem intercederá por ele? Todavia 
eles não ouviram a voz de seu pai, porque o Senhor os queria 
destruir. 
26 E o menino Samuel ia crescendo em estatura e em graça diante 
do Senhor, como também diante dos homens. 
27 Veio um homem de Deus a Eli, e lhe disse: Assim diz o Senhor: 
Não me revelei, na verdade, à casa de teu pai, estando eles ainda 
no Egito, sujeitos à casa de Faraó? 
28 E eu o escolhi dentre todas as tribos de Israel para ser o meu 
sacerdote, para subir ao meu altar, para queimar o incenso, e para 
trazer a estola sacerdotal perante mim; e dei à casa de teu pai todas 
as ofertas queimadas dos filhos de Israel. 
29 Por que desprezais o meu sacrifício e a minha oferta, que ordenei 
se fizessem na minha morada, e por que honras a teus filhos mais 
do que a mim, de modo a vos engordardes do principal de todas as 
ofertas do meu povo Israel? 
 
I Samuel 2 27 
 
30 Portanto, diz o Senhor Deus de Israel: Na verdade eu tinha dito 
que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim 
perpetuamente. Mas agora o Senhor diz: Longe de mim tal coisa, 
porque honrarei aos que me honram, mas os que me desprezam 
serão desprezados. 
31 Eis que vêm dias em que cortarei o teu braço e o braço da casa 
de teu pai, para que não haja mais ancião algum em tua casa. 
32 E tu, na angústia, olharás com inveja toda a prosperidade que hei 
de trazer sobre Israel; e não haverá por todos os dias ancião algum 
em tua casa. 
33 O homem da tua linhagem a quem eu não desarraigar do meu 
altar será para consumir-te os olhos e para entristecer-te a alma; e 
todos os descendentes da tua casa morrerão pela espada dos 
homens. 
34 E te será por sinal o que sobrevirá a teus dois filhos, a Hofni e a 
Fineias; ambos morrerão no mesmo dia. 
35 E eu suscitarei para mim um sacerdote fiel, que fará segundo o 
que está no meu coração e na minha mente. Edificar-lhe-ei uma 
casa duradoura, e ele andará sempre diante de meu ungido. 
36 Também todo aquele que ficar de resto da tua casa virá a 
inclinar-se diante dele por uma moeda de prata e por um pedaço de 
pão, e dirá: Rogo-te que me admitas a algum cargo sacerdotal, para 
que possa comer um bocado de pão.” (I Sm 2.1-36). 
 
I Samuel 3 
 
Deus Fala em Sonhos com Samuel 
 
O primeiro versículo deste 3º capítulo de I Samuel nos dá conta de 
uma religião morta em Israel, em razão não somente do pecado dos 
filhos de Eli, como de todo o povo, que como veremos adiante, 
necessitava ser purificado da sua idolatria. 
 
 
 
I Samuel 3 28 
 
A citação do verso 1 de que a palavra do Senhor era muito rara e 
que as visões não eram frequentes é uma forma de retratar a 
escassez das operações de Deus em face da desobediência do Seu 
povo. 
Um despertamento ou avivamento espiritual é sobretudo então um 
retorno do povo de Deus à obediência que Lhe é devida, mediante 
prática da Sua Palavra. 
Samuel foi confirmado como profeta do Senhor desde Dã até 
Berseba, e o motivo desta confirmação é citado no verso 19: “o 
Senhor era com ele e não deixou nenhuma de todas as suas palavras 
cair em terra.”. 
As palavras proféticas de Samuel procediam do céu e para lá 
retornavam, dando cumprimento ao propósito do Senhor. 
Não era uma palavra para agradar aos homens e que procedia do 
próprio homem. Era uma palavra que procedia de Deus e subia à 
presença de Deus nos céus, daí se dizer que nenhuma das palavras 
que Samuel proferiu em nome do Senhor caiu em terra. Deus 
aparecia no tabernáculo em Siló e se manifestava por meio da Sua 
palavra a Samuel (v. 21). 
A palavra ensinada por Samuel não eram palavras persuasivas de 
sabedoria humana, do que também se guardaram os apóstolos de 
Cristo, porque a Palavra de Deus traz em si mesma a força da 
persuasão de ser a verdade, e é poderosa para quebrar corações de 
pedra. 
Quando o Senhor se manifestou pela primeira vez a Samuel Ele lhe 
revelou que faria uma coisa incomum em Israel: “Eis que vou fazer 
uma coisa em Israel, a qual fará tinir ambos os ouvidos a todo o que 
a ouvir.”. 
Deus se moveria em Israel especialmente através do ministério de 
Samuel, e o povo reconheceria este mover e muitos chegariam ao 
arrependimento e à conversão dos seus maus caminhos, voltando à 
prática da Sua Palavra. 
Samuel haveria de ser confirmado como profeta do Senhor em todo 
Israel, como vemos no final deste terceiro capítulo (v. 20), e o 
 
I Samuel 3 29 
 
Senhor começaria a fazer isto se revelando a ele, ainda quando era 
muito jovem e quando se encontrava ainda sob os cuidados de Eli. 
As manifestações do Senhor Lhe trariam grande honra e glória e 
despertaria o desejo em muitos de Israel de honrarem o único Deus 
verdadeiro. 
Tal com o profeta Samuel foi levantado em Israel quando a nação 
estava desviada dos caminhos de Deus. 
O avivamento está ligado à necessidade de reforma. 
De trazer as pessoas ao modo pelo qual devem viver para o Senhor. 
 E isto está muito além de mero conhecimento da doutrina correta, 
a par deste ser muito importante e necessário, porque é possível 
ser absolutamente corretos em nossa doutrina, e não termos 
nenhuma prática daquilo em que cremos e também nenhuma 
comunhão real com o Senhor. 
Um falso profeta jamais conduzirá o povo do Senhor à prática da 
Sua Palavra, e não disciplinará os contradizentes, antes, falará 
segundo aquilo que o coração carnal humano deseja ouvir. 
Mas um verdadeiro profeta como Samuel, procurará apartar o povo 
de Deus das suas transgressões, para um viver obediente ao Senhor 
e à Sua Palavra. 
Por isso nós lemos em I Sm 7.3 o seguinte: “Samuel, pois, falou a 
toda a casa de Israel, dizendo: Se de todo o vosso coração voltais 
para o Senhor, lançai do meio de vós os deuses estranhos e as 
astarotes, preparai o vosso coração para com o Senhor, e servi a ele 
só; e ele vos livrará da mão dos filisteus.”. 
Israel estava lamentando a ausência da arca do Senhor do meio 
deles já por vinte anos, pois esta havia sido tomada pelos filisteus e 
se encontrava agora em Quiriate-Jearim (I Sm 7.2) e não no 
tabernáculo em Siló. 
A arca representava a presença abençoadora de Deus. 
E o que foi que eles fizeram naquela ocasião? 
O que foi que o líder espiritual deles lhes ordenou? 
Que dessem muitas glórias a Deus? 
Que eles determinassem pela fé a sua vitória? 
 
I Samuel 3 30 
 
Não! Eles lamentaram a ausência do Senhor e Samuel lhes convocou 
a um verdadeiro arrependimento, pelo abandono dos falsos deuses 
e a uma consagração total a Deus de todo o coração. 
A bênção é consequência da obediência ao Senhor e à Sua Palavra. 
Em outras palavras, a um caminhar na justiça. 
A bem-aventurança verdadeira é sempre fruto da justiça. De um 
caminhar em comunhão com Deus em santidade. 
Foi para isto que Cristo morreu e nos salvou. 
Ele não nos salvou para permanecermos na prática do pecado, 
senão para mortificá-lo e praticar a justiça do reino de Deus. 
O que fica aquém disso é mera religião e não cristianismo, porque 
este é a vida de Cristo em nós. 
Porcausa do pecado de Eli, apesar de ser o sumo sacerdote, Deus já 
não falava mais diretamente a ele, pois perdera a comunhão com o 
Senhor, pela falta desta santidade. 
Deus chamou o menino Samuel e insistiu em falar com ele por 
quatro vezes seguidas. 
Ele não falaria com Eli, senão por meio da boca de um dos seus 
profetas, que o repreendera duramente, conforme vimos no 
capítulo anterior, e também através do próprio Samuel, que iria 
confirmar as palavras proferidas pelo referido profeta, conforme 
vemos nos versos 11 a 14, deste terceiro capítulo. 
Nós podemos falar da perda de comunhão de Eli com Deus pelo teor 
das suas palavras quando soube do juízo que fora proferido por 
Deus a ele pela boca de Samuel: “Ele é o Senhor, faça o que bem 
parecer aos seus olhos (v. 18).”. 
Ele havia esquecido da misericórdia do Senhor e não insistiu, como 
Moisés para que perdoasse o seu pecado e o dos seus filhos. 
Moisés conseguira perdão para todo um povo, lutando em 
intercessão, jejuando por quarenta dias e noites, até que o obteve 
do Senhor. 
E Eli foi incapaz de lutar pelo próprio bem e da sua casa. 
Acrescente-se a isso que temendo lhe dizer os juízos proferidos por 
Deus, Samuel guardou silêncio, e Eli sabendo que se tratava de 
alguma palavra contra ele e seus filhos, constrangeu Samuel sob a 
I Samuel 3 31 
 
ameaça de maldição, dizendo que caso não lhe dissesse o que Deus 
lhe havia revelado, que viesse sobre o próprio Samuel os juízos que 
haviam sido proferidos e mais outro tanto (v. 17), isto é, que ele 
sofresse o dobro do que havia sido dito por Deus. 
Isto não seria de se esperar de um ministro do Senhor, que é 
levantado para interceder em favor daqueles que estão rodeados 
de fraquezas. 
Ele sequer atentou para a consagração que ele bem sabia existir na 
vida daquele menino. 
Temos aqui a atitude de um homem que não está de fato andando 
em comunhão com o Senhor. 
Ele estava ocupando o cargo de sumo sacerdote, mas não agindo 
em conformidade com a exigência do ofício que exercia. 
Importa que andemos humildemente com o Senhor e diante dEle. 
É por isso que sempre que o Espírito Santo nos enche, Ele primeiro 
nos esvazia, Ele nos humilha, revelando a nossa completa 
insuficiência e pequenez diante do Deus Altíssimo e da Sua gloriosa 
majestade. 
E isto nos abate e enfraquece em muitos modos, até mesmo 
fisicamente, de maneira que quando somos fortalecidos pela graça 
e levados a exultar na presença de Deus, geralmente temos este 
poder manifestado na nossa fraqueza, e com isto somos guardados 
do orgulho espiritual. 
E nós temos muitos motivos para caminharmos humildemente com 
o Senhor, porque ainda que haja uma manifestação poderosa da 
Sua santa presença na Igreja, ainda deveremos por toda a vida 
crescer espiritualmente, amadurecer o fruto que temos recebido do 
Espírito, pois não há fruto que nasça maduro, e todo fruto tem o seu 
tempo de amadurecimento. 
Relativamente às coisas espirituais, este é um processo que dura 
toda a nossa vida, e que razão teríamos para nos gloriar senão no 
Senhor mesmo e na nossa fraqueza? 
É andando em humildade que recebemos mais graça. Graça sobre 
graça conforme é da vontade de Deus. Pois dá graça a quem se 
humilha reconhecendo que tudo temos recebido dEle, e que por 
I Samuel 3 32 
 
mais que nos esforcemos e trabalhemos, tudo terá sido produzido 
em nós pela graça de Jesus, sendo assim simples servos inúteis, pois 
nada teríamos feito sem esta assistência da graça que tudo opera 
em nós e através de nós. 
 
“1 Entretanto, o menino Samuel servia ao Senhor perante Eli. E a 
palavra do Senhor era muito rara naqueles dias; as visões não eram 
frequentes. 
2 Sucedeu naquele tempo que, estando Eli deitado no seu lugar 
(ora, os seus olhos começavam já a escurecer, de modo que não 
podia ver), 
3 e ainda não se havendo apagado a lâmpada de Deus, e estando 
Samuel também deitado no templo do Senhor, onde estava a arca 
de Deus, 
4 o Senhor chamou: Samuel! Samuel! Ele respondeu: Eis-me aqui. 
5 E correndo a Eli, disse-lhe: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. 
Mas ele disse: Eu não te chamei; torna a deitar-te. E ele foi e se 
deitou. 
6 Tornou o Senhor a chamar: Samuel! E Samuel se levantou, foi a Eli 
e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Mas ele disse: Eu não 
te chamei, filho meu; torna a deitar-te. 
7 Ora, Samuel ainda não conhecia ao Senhor, e a palavra do Senhor 
ainda não lhe tinha sido revelada. 
8 O Senhor, pois, tornou a chamar a Samuel pela terceira vez. E ele, 
levantando-se, foi a Eli e disse: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. 
Então entendeu Eli que o Senhor chamava o menino. 
9 Pelo que Eli disse a Samuel: Vai deitar-te, e há de ser que, se te 
chamar, dirás: Fala, Senhor, porque o teu servo ouve. Foi, pois, 
Samuel e deitou-se no seu lugar. 
10 Depois veio o Senhor, parou e chamou como das outras vezes: 
Samuel! Samuel! Ao que respondeu Samuel: Fala, porque o teu 
servo ouve. 
11 Então disse o Senhor a Samuel: Eis que vou fazer uma coisa em 
Israel, a qual fará tinir ambos os ouvidos a todo o que a ouvir. 
 
I Samuel 3 33 
 
12 Naquele mesmo dia cumprirei contra Eli, do princípio ao fim, 
tudo quanto tenho falado a respeito da sua casa. 
13 Porque já lhe fiz: saber que hei de julgar a sua casa para sempre, 
por causa da iniquidade de que ele bem sabia, pois os seus filhos 
blasfemavam a Deus, e ele não os repreendeu. 
14 Portanto, jurei à casa de Eli que nunca jamais será expiada a sua 
iniquidade, nem com sacrifícios, nem com ofertas. 
15 Samuel ficou deitado até pela manhã, e então abriu as portas da 
casa do Senhor; Samuel, porém, temia relatar essa visão a Eli. 
16 Mas chamou Eli a Samuel, e disse: Samuel, meu filho! Ao que 
este respondeu: Eis-me aqui. 
17 Eli perguntou-lhe: Que te falou o Senhor? peço-te que não mo 
encubras; assim Deus te faça, e outro tanto, se me encobrires 
alguma coisa de tudo o que te falou. 
18 Samuel, pois, relatou-lhe tudo, e nada lhe encobriu. Então disse 
Eli: Ele é o Senhor, faça o que bem parecer aos seus olhos. 
19 Samuel crescia, e o Senhor era com ele e não deixou nenhuma 
de todas as suas palavras cair em terra. 
20 E todo o Israel, desde Dã até Berseba, conheceu que Samuel 
estava confirmado como profeta do Senhor. 
21 E voltou o Senhor a aparecer em Siló; porquanto o Senhor se 
manifestava a Samuel em Siló pela sua palavra. E chegava a palavra 
de Samuel a todo o Israel.” (I Sm 3.1-21). 
 
I Samuel 4 
 
Icabod - Foi-se a Glória de Deus, de Siló 
 
Este quarto capítulo de I Samuel descreve as circunstâncias em que 
teve cumprimento a profecia relativa à morte dos filhos de Eli. 
E nele também aprendemos a nulidade de invocarmos a presença 
de Deus, enquanto não nos convertemos dos nossos maus 
caminhos. 
 
 
I Samuel 4 34 
 
Os nossos inimigos espirituais prevalecerão contra nós, ainda que 
invoquemos o nome do Senhor e sejamos parte do Seu povo, caso 
estejamos vivendo deliberadamente na prática do pecado. 
Os israelitas trouxeram a arca da aliança para o campo de batalha, 
pensando que com isto poderiam prevalecer contra os filisteus, mas 
acabaram sendo derrotados e a arca foi apreendida pelos filisteus, 
ainda que para a sua ruína, conforme se descreve nos capítulos 
seguintes. 
Eles decidiram trazer a arca de Siló para o campo de batalha, porque 
haviam sido mortos cerca de quatro mil homens do exército de 
Israel (v. 2). 
Os filhos de Eli, Hofni e Fineias acompanharam a arca, na condição 
de sacerdotes, e foi com grande grita que os israelitas celebraram a 
sua chegada, confiantes de que ela traria temor aos filisteus, e Deus 
lhes daria vitória sobre eles. 
Realmente os filisteus foram tomados de grande temor e 
lembraram do que o Deus de Israel (que eles pensavam serem 
muitos deuses) havia feito aos egípcios (v. 7, e 8). 
Mas como o Senhor não era com Israel, Ele permitiu que os filisteus 
matassem a trinta mil homens do exército israelita (v. 10), e Hofni 
e Fineias foram mortos na batalha (v. 11). 
O pecado de idolatria deles foi agravado pelo conselhodos anciãos, 
que permitiu a retirada da arca do Santo dos Santos. 
Eles queriam fazer uma exposição pública do Deus deles. 
Queriam fazer uma exibição de poder, e usar a arca como uma 
espécie de talismã. 
Desde que haviam cessado as peregrinações no deserto, e que o 
tabernáculo foi instalado de maneira fixa em Siló, a arca não 
poderia de modo algum ser retirada do Santo dos Santos, e ninguém 
poderia vê-la, senão o sumo-sacerdote, senão uma única vez por 
ano, no Dia da Expiação Nacional. 
Eles estavam demonstrando uma grande irreverência para com o 
Senhor, quando retiraram a arca do tabernáculo, pelas mãos de dois 
sacerdotes, aos quais era vedado o próprio ato de entrada no Santo 
 
I Samuel 4 35 
 
dos Santos, pois isto era permitido somente ao sumo-sacerdote, no 
caso, Eli, o seu pai. 
E para marcar a grande transgressão deles, o Senhor permitiu que 
trinta mil israelitas caíssem diante dos filisteus. 
Eles haviam perdido quatro mil na primeira batalha e trouxeram a 
arca pensando que outros israelitas não morreriam, porque 
julgavam que Deus pelejaria por eles. 
Mas acabou ocorrendo uma derrota muito maior e uma grande 
perda de vidas. 
Quando nós tentamos adorar a Deus como os pagãos adoram os 
seus deuses. 
Quando nós estabelecemos uma forma de adoração de Deus 
diferente do que Ele nos tem ordenado na Sua Palavra, em vez de 
sermos beneficiados por isto, nós traremos Seus justos juízos sobre 
nós. 
Os coríntios se descuidaram da forma como deveriam celebrar a 
ceia do Senhor, e Deus visitou o pecado deles com muitas mortes e 
enfermidades. 
Eli contava na ocasião com noventa e oito anos de idade, e já não 
mais enxergava (v. 15), e sentiu um grande temor pela retirada da 
arca do tabernáculo (v. 13), porque ele não foi capaz de impedi-lo. 
Ele sabia que aquilo era uma grande transgressão da Lei de Moisés 
e Deus não deixaria aquela ação sem o devido castigo. 
E foi com esta grande inquietação de alma que ele ficou aguardando 
notícias sobre as coisas que sucederiam. 
Quando lhe trouxeram notícias sobre a morte de seus dois filhos, 
ele não se sentiu tão impactado quanto quando soube que a arca 
havia sido tomada pelos filisteus. 
Isto significava que ele fracassara totalmente no seu dever de ser o 
guardião do santuário e que ficaria sujeito a um juízo ainda maior 
da parte do Senhor. 
Tal foi o seu pavor que ele se desequilibrou da cadeira em que 
estava sentado, e tendo caído para trás quebrou o pescoço e 
morreu (v. 18). 
 
I Samuel 4 36 
 
Por mais de trezentos anos a arca estivera em Siló, na tribo de 
Efraim, mas a desonra trazida ao sacerdócio pela casa de Eli, 
determinaria a transferência do tabernáculo de Siló para Jerusalém, 
nos dias de Davi. 
A glória do Senhor abandonou Siló, e por isso, com a tomada da arca 
pelos filisteus, a esposa de Fineias que se encontrava grávida, deu à 
luz prematuramente a seu filho, ao qual deu o nome de Icabôd, (v. 
21), que no hebraico significa sem glória ou nenhuma glória, porque 
a glória do Senhor havia abandonado Siló. 
 
“1 Ora, saiu Israel à batalha contra os filisteus, e acampou-se perto 
de Ebenézer; e os filisteus se acamparam junto a Afeque. 
2 E os filisteus se dispuseram em ordem de batalha contra Israel; e, 
travada a peleja, Israel foi ferido diante dos filisteus, que mataram 
no campo cerca de quatro mil homens do exército. 
3 Quando o povo voltou ao arraial, disseram os anciãos de Israel: 
Por que nos feriu o Senhor hoje diante dos filisteus? Tragamos para 
nós de Siló a arca do pacto do Senhor, para que ela venha para o 
meio de nós, e nos livre da mão de nossos inimigos. 
4 Enviou, pois, o povo a Siló, e trouxeram de lá a arca do pacto do 
Senhor dos exércitos, que se assenta sobre os querubins; e os dois 
filhos de Eli, Hofni e Fineias, estavam ali com a arca do pacto de 
Deus. 
5 Quando a arca do pacto do Senhor chegou ao arraial, prorrompeu 
todo o Israel em grandes gritos, de modo que a terra vibrou. 
6 E os filisteus, ouvindo o som da gritaria, disseram: Que quer dizer 
esta grande vozearia no arraial dos hebreus? Quando souberam que 
a arca do Senhor havia chegado ao arraial, 
7 os filisteus se atemorizaram; e diziam: Os deuses vieram ao 
arraial. Diziam mais: Ai de nós! porque nunca antes sucedeu tal 
coisa. 
8 Ai de nós! quem nos livrará da mão destes deuses possantes? 
Estes são os deuses que feriram aos egípcios com toda sorte de 
pragas no deserto. 
 
I Samuel 4 37 
 
9 Esforçai-vos, e portai-vos varonilmente, ó filisteus, para que 
porventura não venhais a ser escravos dos hebreus, como eles o 
foram vossos; portai-vos varonilmente e pelejai. 
10 Então pelejaram os filisteus, e Israel foi derrotado, fugindo cada 
um para a sua tenda; e houve mui grande matança, pois caíram de 
Israel trinta mil homens de infantaria. 
11 Também foi tomada a arca de Deus, e os dois filhos de Eli, Hofni 
e Fineias, foram mortos. 
12 Então um homem de Benjamim, correndo do campo de batalha 
chegou no mesmo dia a Siló, com as vestes rasgadas e terra sobre a 
cabeça. 
13 Ao chegar ele, estava Eli sentado numa cadeira ao pé do caminho 
vigiando, porquanto o seu coração estava tremendo pela arca de 
Deus. E quando aquele homem chegou e anunciou isto na cidade, a 
cidade toda prorrompeu em lamentações. 
14 E Eli, ouvindo a voz do lamento, perguntou: Que quer dizer este 
alvoroço? Então o homem, apressando-se, chegou e o anunciou a 
Eli. 
15 Ora, Eli tinha noventa e oito anos; e os seus olhos haviam cegado, 
de modo que já não podia ver. 
16 E disse aquele homem a Eli: Estou vindo do campo de batalha, 
donde fugi hoje mesmo. Perguntou Eli: Que foi que sucedeu, meu 
filho? 
17 Então respondeu o que trazia as novas, e disse: Israel fugiu de 
diante dos filisteus, e houve grande matança entre o povo; além 
disto, também teus dois filhos, Hofni e Fineias, são mortos, e a arca 
de Deus é tomada. 
18 Quando ele fez menção da arca de Deus, Eli caiu da cadeira para 
trás, junto à porta, e quebrou-se-lhe o pescoço, e morreu, 
porquanto era homem velho e pesado. Ele tinha julgado a Israel 
quarenta anos. 
19 E estando sua nora, a mulher de Fineias, grávida e próxima ao 
parto, e ouvindo estas novas, de que a arca de Deus era tomada, e 
de que seu sogro e seu marido eram mortos, encurvou-se e deu à 
luz, porquanto as dores lhe sobrevieram. 
I Samuel 4 38 
 
20 E, na hora em que ia morrendo, disseram as mulheres que 
estavam com ela: Não temas, pois tiveste um filho. Ela, porém, não 
respondeu, nem deu atenção a isto. 
21 E chamou ao menino de Icabô, dizendo: De Israel se foi a glória! 
Porque fora tomada a arca de Deus, e por causa de seu sogro e de 
seu marido. 
22 E disse: De Israel se foi a glória, pois é tomada a arca de Deus.” (I 
Sm 4.1-22) 
 
I Samuel 5 
 
Não se Pode Vencer a Deus 
 
Nós vemos no quinto capítulo de I Samuel que os filisteus tentaram 
se apoderar da arca da aliança como um troféu da sua conquista 
sobre os israelitas e o seu Deus. 
Os filisteus habitavam junto à costa do Mar Mediterrâneo, em cinco 
cidades confederadas (Asdode, Gate, Ascalom, Ecrom e Gaza). 
Ao que tudo indica, o templo principal do deus deles, Dagom, ficava 
em Asdode, e foi para lá que levaram a arca, com o intuito de 
consagrá-la a Dagom, em reconhecimento da vitória que lhes dera 
sobre os israelitas. 
Eles não sabiam que Deus permanece invencível e imutável, 
soberano Senhor, mesmo quando o Seu povo é derrotado por causa 
dos seus pecados. 
E o próprio Deus os entrega nas mãos do inimigo para que sejam 
corrigidos e se arrependam dos seus maus caminhos. 
Eles não sabiam nada a respeito do fato de que Deus vindica a Sua 
santidade, quando revela que não aprova os pecados do Seu povo, 
por sujeitá-lo à correção. 
Se o Israel de Deus é vitorioso é porque tem andado nos Seus 
caminhos. E se Israel é derrotado pelos seus inimigos é porque tem 
andado contrariamente com o seu Deus. 
Todavia, aos olhos dos adoradores de Dagom, de um culto religioso 
sensual e pecaminoso, esta verdade estava totalmente encoberta, 
I Samuel 5 39pois se soubessem disso, jamais teriam se apoderado da arca da 
aliança, com o propósito de dedicá-la como oferenda a Dagom. 
Desse modo, seriam humilhados e abatidos por causa daquele 
grande erro, pois pensando que poderiam submeter o Deus de 
Israel, acabariam sendo submetidos por Ele, sem a necessidade do 
auxílio de qualquer pessoa do Seu povo. 
O falso deus dos filisteus, assim como eles próprios, seriam 
duramente humilhados, pois tendo colocado a arca diante do ídolo, 
que representava Dagom eles o encontraram no dia seguinte 
prostrado ao solo, com o rosto em terra, aos pés da arca, como 
quem estivesse prestando reverência humilde a alguém superior (v. 
2, 3). 
O reino de Satanás cairá prostrado diante do reino de Cristo, e por 
mais que os seus seguidores tentem apoiá-lo, como os filisteus o 
fizeram, pois tornaram a levantar Dagom, depois de tê-lo 
encontrado prostrado com o rosto em terra, tiveram que suportar 
a humilhação de encontrá-lo no dia seguinte, não apenas caído, mas 
com os membros e a cabeça cortados, separados do seu tronco. 
Isto indica que por mais que o reino das trevas tente prevalecer, ele 
será por fim destroçado pelo poderoso braço do Senhor, sem o 
auxílio de mãos humanas. 
Por mais que os idólatras tentem manter os seus ídolos elevados e 
estimados em grande honra, haverão de ser abatidos juntamente 
com os seus ídolos, no dia do justo juízo de Deus. 
“Os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se 
arrependeram das obras das suas mãos, para deixarem de adorar 
aos demônios, e aos ídolos de ouro, de prata, de bronze, de pedra 
e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar.” (Apo 
9.20). 
Os filisteus anteciparam o que há de ocorrer no tempo do fim, 
porque mesmo diante dos juízos do Senhor sobre o seu falso deus, 
não se arrependeram de suas más obras, e não se converteram ao 
único Deus verdadeiro. 
 
 
I Samuel 5 40 
 
Em razão disso, eles próprios foram submetidos a duros castigos e 
humilhações, pois o Senhor feriu os filisteus de Asdode, e de suas 
cercanias, com tumores (v. 6). 
Nisto, reconheceram que era a mão do Deus de Israel que estava 
pesando sobre eles, e sobre o seu falso deus (v. 7). 
Todavia, em vez de se arrependerem, decidiram permanecer 
adorando a Dagom, e pensando em se livrar de seus problemas, 
resolveram enviar a arca para a cidade de Gate, que também 
pertencia aos filisteus (v. 8). 
Eles podem ter pensado que o Deus de Israel havia se 
incompatibilizado com Dagom, pois os pagãos tinham o costume de 
juntar outros deuses à divindade principal que eles adoravam, 
formando assim um panteão de deuses. 
Um idólatra pode se devotar a uma divindade mais do que a outras, 
mas presta culto ou honra a todas as demais divindades, pois julga 
com isso que terá uma maior cobertura de proteção. 
Desta forma, decidiram levar a arca para Gate (v. 8), onde poderia 
ficar longe de Dagom. 
Contudo, o juízo estava determinado sobre os filisteus, não 
propriamente por terem derrotado os israelitas, porque isto fora 
também um juízo de Deus sobre eles, mas pela própria impiedade 
dos filisteus, pela sua idolatria e irreverência, e assim, as pessoas de 
Gate, grandes e pequenas, foram também assoladas com tumores 
e com a morte (v. 9). 
Pelo que decidiram se livrar imediatamente da arca, enviando-a 
para outra cidade dos filisteus (Ecrom). 
E os seus habitantes muito temeram e disseram que lhes haviam 
enviado a arca para que fossem mortos pelo Deus de Israel (v. 10), 
e como era muito grande o castigo de Deus sobre eles, foi decidido 
em conselho que a arca deveria ser devolvida a Israel (v. 10-12). 
Como Cristo é, por meio do testemunho dos cristãos fiéis, cheiro de 
morte para morte nos que se perdem, de igual modo as tábuas do 
testemunho com os dez mandamentos, que estavam no interior da 
arca, eram cheiro de morte para morte dos incircuncisos filisteus, 
 
I Samuel 5 41 
 
que se recusavam a dar crédito à verdade, por estarem apegados à 
mentira. 
“Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e 
injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça.” (Rm 1.18). 
“pois trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e 
serviram à criatura antes que ao Criador, que é bendito 
eternamente. Amém.” (Rm 1.25). 
 
“1 Os filisteus, pois, tomaram a arca de Deus, e a levaram de 
Ebenézer a Asdode. 
2 Então os filisteus tomaram a arca de Deus e a introduziram na casa 
de Dagom, e a puseram junto a Dagom. 
3 Levantando-se, porém, de madrugada no dia seguinte os de 
Asdode, eis que Dagom estava caído com o rosto em terra diante da 
arca do Senhor; e tomaram a Dagom, e tornaram a pô-lo no seu 
lugar. 
4 E, levantando-se eles de madrugada no dia seguinte, eis que 
Dagom estava caído com o rosto em terra diante da arca do Senhor; 
e a cabeça de Dagom e ambas as suas mãos estavam cortadas sobre 
o limiar; somente o tronco ficou a Dagom. 
5 Pelo que nem os sacerdotes de Dagom, nem nenhum de todos os 
que entram na casa de Dagom, pisam o limiar de Dagom em 
Asdode, até o dia de hoje. 
6 Entretanto a mão do Senhor se agravou sobre os de Asdode, e os 
assolou, e os feriu com tumores, a Asdode e aos seus termos. 
7 O que tendo visto os homens de Asdode, disseram: Não fique 
conosco a arca do Deus de Israel, pois a sua mão é dura sobre nós, 
e sobre Dagom, nosso deus. 
8 Pelo que enviaram mensageiros e congregaram a si todos os 
chefes dos filisteus, e disseram: Que faremos nós da arca do Deus 
de Israel? Responderam: Seja levada para Gate. Assim levaram para 
lá a arca do Deus de Israel. 
9 E desde que a levaram para lá, a mão do Senhor veio contra aquela 
cidade, causando grande pânico; pois feriu aos homens daquela 
cidade, desde o pequeno até o grande, e nasceram-lhes tumores. 
I Samuel 5 42 
 
10 Então enviaram a arca de Deus a Ecrom. Sucedeu porém que, 
vindo a arca de Deus a Ecrom, os de Ecrom exclamaram, dizendo: 
Transportaram para nós a arca de Deus de Israel, para nos matar a 
nós e ao nosso povo. 
11 Enviaram, pois, mensageiros, e congregaram a todos os chefes 
dos filisteus, e disseram: Enviai daqui a arca do Deus de Israel, e 
volte ela para o seu lugar, para que não nos mate a nós e ao nosso 
povo. Porque havia pânico mortal em toda a cidade, e a mão de 
Deus muito se agravara sobre ela. 
12 Pois os homens que não morriam eram feridos com tumores; de 
modo que o clamor da cidade subia até o céu.” (I Sm 5.1-12) 
 
I Samuel 6 
 
O Retorno da Arca da Aliança para Israel 
 
No sexto capítulo de I Samuel nós temos o registro não apenas do 
que os filisteus fizeram para devolver a arca a Israel, como também 
o grande juízo do Senhor sobre os israelitas de Bete-Semes, que 
ocasionou a morte de cinquenta mil e setenta homens, em razão de 
terem olhado o interior da arca (v. 19). 
Todos estes juízos estavam produzindo temor em Israel, e 
preparando o povo para o arrependimento, que nós veremos no 
sétimo capitulo. 
A arca se encontrava há sete meses no território dos filisteus (v. 1) 
quando eles começaram a tomar providências para devolvê-la a 
Israel, e serem livrados da grande praga que Deus havia trazido 
sobre eles. 
Pelas medidas tomadas pelos filisteus, para a remoção da sua culpa, 
conforme proposto pelos seus sacerdotes e adivinhos, nós vemos 
que as principais pragas eram os tumores e a infestação de ratos, 
pois decidiram oferecer como oferta pela culpa juntamente com a 
arca, quando esta fosse devolvida a Israel, gravuras de ouro com a 
forma de ratos e tumores, cinco de cada, sendo um para cada um 
dos cinco príncipes dos filisteus. 
I Samuel 6 43 
 
Eles não fizeram isto intuitivamente, ou seguindo simplesmente a 
sua forma ritual própria, quanto às oferendas que dedicavam aos 
seus deuses. 
Note-se que levaram em conta a necessidade de remoção de culpa 
diante do Deus de Israel, que sabiam ser exigente em relação à 
apresentação de sacrifícios e ofertas, para tratar das transgressões 
do Seu próprio povo de Israel. 
Não seria entretanto, nenhuma oferta de ouro que faria expiação 
da

Mais conteúdos dessa disciplina