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GUIA DE PRINCÍPIOS BÁSICOS SOBRE DISFAGIA Dicas das principais manobras e exercícios - Adulto e Idoso Produzido por Annelise Ayres Revisado e Ilustrado por Erica Sitta O conteúdo deste manual é destinado a fonoaudiólogos. O mesmo não deve ser usado de forma isolada e não deve substituir a decisão clínica individualizada a cada paciente. INTRODUÇÃO O ato de engolir e se alimentar possui inúmeras importâncias para nossa saúde, bem-estar e qualidade de vida. Os alimentos que ingerimos são uma das principais fontes de energia para o nosso dia-a-dia. Ficar impossibilitado de realizar essa função, além de trazer impactos significativos na nossa saúde, como a desidratação e desnutrição, traz ao indivíduo impactos emocionais e sociais importantes. INTRODUÇÃO Sendo assim, tratar os problemas de deglutição vai muito além de reabilitar uma função e permitir que um indivíduo possa ingerir nutrientes de forma segura. Significa possibilitar a um indivíduo retomar situações sociais como almoço de família ou festas com a mesma qualidade de vida que tinha antes de ser impossibilitado de deglutir com segurança. Portanto, saber e poder tratar um paciente com disfagia é poder permitir a ele voltar a sentir um dos maiores prazeres da vida e deixar de ter seu convívio social limitado por uma dificuldade. INTRODUÇÃO Assim sendo, este material tem como objetivo introduzir o tema da atuação fonoaudiológica na disfagia orofaríngea em pacientes adultos e idosos, possibilitando ao profissional iniciar ou retomar seus estudos sobre o tema. Nessa apostila você terá acesso a: • definição da deglutição; • fisiologia da deglutição e estruturas envolvidas; • definição das alterações de deglutição; • definição da disfagia; • principais sinais e sintomas da disfagia; • principais técnicas terapêuticas na disfagia. DEGLUTIÇÃO Aprendendo a Fisiologia e o Funcionamento O QUE É DEGLUTIÇÃO? Consiste em uma ação muscular automática, na qual estão envolvidos músculos da respiração e do trato gastrointestinal, objetivando transporte de nutriente a boca até o estômago de forma segura e eficiente e a realização da limpeza da cavidade oral/nasal. É um processo rápido e dinâmico, que envolve uma ação coordenada de músculos e nervos. A deglutição é uma função biológica, complexa e coordenada. DEGLUTIÇÃO No feto, a deglutição faríngea é observada entre a 10ª e a 11ª semana de gestação. Entre a 13ª e 14ª semana, o feto é capaz de deglutir, abrir e fechar a boca e protuir a língua. DEGLUTIÇÃO Dentes em oclusão Mandíbula estabilizada pelas contrações dos músculos elevadores da mandíbula Ponta da língua tocando as papilas palatinas Ausência de contração dos músculos mentual e orbicular Ausência de movimentos cefálicos. A deglutição madura, ou seja já estabelecida, se inicia com o surgimento dos primeiros molares decíduos (+ 18 meses). A deglutição envolve estas 5 ações de forma coordenada e simultânea: DEGLUTIÇÃO O ato de deglutir ocorre aproximadamente 600 vezes por dia em um adulto sadio: • 35 vezes/hora na vigília e • 6 vezes/hora durante o sono. DEGLUTIÇÃO Quando qualquer uma dessas estruturas não apresenta bom funcionamento a deglutição pode ficar prejudicada, levando a um impacto significativo na proteção de vias aéreas e na nutrição do indivíduo. Desta forma, para trabalhar com deglutição é fundamental que o profissional conheça cada parte em separado desse processo e a integração do conjunto. Participam na deglutição em torno de 30 músculos e seis pares de nervos cranianos. FASES DA DEGLUTIÇÃO FASES DA DEGLUTIÇÃO Atualmente, na literatura há diversas subdivisões das fases da deglutição. Optamos por usar neste material a descrita no Tratado de Fonoaudiologia. Sendo elas: • Fase Antecipatória • Fase Oral • Fase Faríngea • Fase Esofágica FASE ANTECIPATÓRIA FASE ANTECIPATÓRIA É importante lembrar que a mastigação e a deglutição acontecem de maneira encadeada e não separadamente, por este motivo há a necessidade da investigação desta função desde a trituração do alimento até seu transporte ao estômago para assim revelar achados de interferência. FASE ANTECIPATÓRIA A Fase Antecipatória ocorre desde o momento que colocamos o alimento na boca até o momento prévio ao disparo do reflexo de deglutição. Essa fase é caracterizada pela preparação do bolo alimentar para ser deglutido. É voluntária. Compreende basicamente do processo de mastigação. Sua duração depende da consistência do alimento e durante esse momento os lábios, língua e bochechas devem manter o alimento na cavidade oral, prevenindo o escape anterior (pelos lábios para fora da boca) ou posterior (sobre a base da língua). FASE ANTECIPATÓRIA In ci sã o ou m or di da • Apreensão do alimento entre as bordas incisais, obtida através da elevação da mandíbula. • A língua, coordenadamente com as bochechas, posiciona o alimento entre as superfícies oclusais dos dentes pré molares e molares, preparando as etapas seguintes. • Duração: 5-10% do tempo total da mastigação Tr itu ra çã o • É a fase em que o alimento é triturado e reduzido a partículas menores. • Essa fase ocorre principalmente nos pré-molares, devido a pressão intercuspideana ser maior que a dos molares, com isso podendo moer mais facilmente os alimentos. • Duração: 65-70% do tempo total da mastigação Pu lv er iz aç ão • Transforma o alimento em elementos tão reduzidos até chegar na consistência ideal para a deglutição. • Ocorre principalmente nos molares e os movimentos mandibulares são variados e de menor amplitude. • Duração: 25-30% do tempo total do ciclo mastigatório 1 2 3 O processo de mastigação que ocorre nessa fase da deglutição é compreendido por 3 etapas: FASE ANTECIPATÓRIA A língua é o agente primário dessa fase. Forma o bolo alimentar e o posiciona contra o palato duro, para ser transportado posteriormente para orofaringe. A fase antecipatória é composta por movimentos voluntários (vedamento labial e movimentação da língua) e involuntários (elevação laríngea). Veja alguns detalhes importantes: Bolo Alimentar O Esfíncter Superior do Esôfago (ESE) está fechado FASE ANTECIPATÓRIA Ramo sensitivo do nervo facial (corda do tímpano) Mandíbula: raiz mandibular do nervo trigêmeo Controle dos lábios, bochechas e boca: raiz motora do nervo facial Movimento da língua: nervo hipoglosso FASE ORAL Inicia no momento da transferência do bolo alimentar da cavidade oral anterior para a orofaríngea, ultrapassando a arcada amigdaliana, sendo o último momento de atividade voluntária da deglutição. O intervalo entre o contato da língua com o palato duro e o início do processo do bolo, juntamente com o movimento cranial do osso hióide é de 1 segundo. Quando essa fase ocorre com eficiência não resta nenhum resíduo de alimento na boca. FASE ORAL FASE ORAL Bolo alimentar saindo da cavidade oral indo para a cavidade orofaríngea Bolo alimentar na cavidade orofaríngea O paladar é estimulado através do nervo facial e glossofaríngeo. A sensação de textura e peso do alimento na boca é estimulado através do nervo trigêmio. Mandíbula: raiz mandibular do nervo trigêmeo Controle dos lábios, bochechas e boca: raiz motora do nervo facial Movimento da língua: nervo hipoglosso FASE ORAL FASE FARÍNGEA É composta por uma série de eventos importantes que ocorrem numa sucessão rápida, coordenada e com precisão. O Palato Mole eleva-se para vedar a nasofaringe, prevenindo queo alimento vá para cavidade nasal (refluxo nasal). Língua e o movimento da parede faríngea realizam a propulsão do bolo no sentido caudal. Laringe é elevada e traquinada anteriormente, ou seja, se direciona para debaixo da base da língua, realizando a proteção das vias aéreas inferiores, fechando-a, juntamente com o fechamento das pregas vocais e das pregas vestibulares e pela cobertura do vestíbulo laríngeo pela epiglote. FASE FARÍNGEA Bolo alimentar na cavidade orofaríngea O palato mole se fecha, evitando a passagem do bolo para a nasofaringe. A parede posterior da faringe vem para a frente espremendo o bolo contra o dorso da língua. O alimento não poderá subir, uma vez que o palato mole está fechado, e nem retornar para a boca, uma vez que o dorso da língua está impedindo a passagem para a cavidade oral. Portanto, o alimento terá que descer. FASE FARÍNGEA Com a elevação da laringe e do músculo cricofaríngeo ocorre a abertura do transição faringoesofágica, permitindo a passagem do alimento para o esôfago. Nervo Glosofaríngeo e Nervo Vago A inervação motora dos componentes faríngeos da deglutição ocorre através dos seguintes pares de nervos cranianos: trigêmeo, facial, glossofaríngeo, vago e hipoglosso, juntamente com segmentos cervicais C1-3. FASE FARÍNGEA FASE FARÍNGEA FASE ESOFÁGICA Ocorre após a passagem do bolo alimentar pelo Esfíncter Esofágico Superior (EES). Neste momento a laringe retorna a sua posição normal e o tônus muscular da esfíncter aumenta evitando a regurgitação do alimento e a aerofagia. O transporte esofágico envolve a peristalse do bolo no sentido crânio-caudal, finalizando com o relaxamento do esfíncter esofágico inferior com a passagem do bolo para o interior do estômago. FASE ESOFÁGICA Bolo alimentar A fase esofágica envolve contrações musculares que fazem a propulsão do bolo através do esfíncter esofágico superior até o estômago. FASE FARÍNGEA É feito pelo nervo laríngeo superior e ramos do nervo laríngeo inferior ou recorrente a nível do esôfago cervical. Nas porções média e distal é feito pelos ramos torácicos do nervo vago. O controle motor do esôfago é feito pelos ramos diretos e indiretos do nervo vago. FASE FARÍNGEA IMPORTANTE O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para tratar os distúrbios de deglutição da fase antecipatória até a faríngea. A fase esofágica é de competência médica. ATENÇÃO ESTRUTURAS ENVOLVIDAS NO PROCESSO DE DEGLUTIÇÃO ESTRUTURAS ANATÔMICAS No processo de deglutição temos seis grandes estruturas anatômicas envolvidas, compostas por ossos, músculos, nervos e/ou cartilagens, as quais participam no preparo e no transporte do bolo alimentar até o estômago. ESTRUTURAS ANATÔMICAS ESTRUTURAS ANATÔMICAS 1 Ca vi da de o ra l • É composta pelos lábios, bochechas, dentes, gengivas, dois terços anteriores da língua, assoalho da boca e palato duro e mandíbula. N as of ar in ge • Se comunica com o nariz por meio das coanas. • Possui na parade posterior a tonsila faríngica e na parede lateral os óstios faríngicos da tuba auditiva. O ro fa rin ge • Parte intermediária da faringe, estende-se do palato mole até o nível do hióide. 1 2 3 ESTRUTURAS ANATÔMICAS 1 La rin go fa rin ge • Estende-se para baixo a partir do osso hióide, e conecta-se com o esôfago e anteriormente com a laringe. La rin ge • É um órgão curto que conecta a faringe com a traquéia. Es ôf ag o • É um tubo fibro- músculo-mucoso que se estende entre a faringe e o estômago. 4 5 6 ESTRUTURAS ANATÔMICAS Cavidade Oral Nasofaringe Orofaringe Laringofaringe Laringe ESTRUTURAS ÓSSEAS ESTRUTURAS ÓSSEAS 2 O ss o m ax ila r O ss o m an dí bu la r Co lu na c er vi ca l O ss o hi ói de 1 2 3 4 As estruturas ósseas envolvidas no processo de deglutição são 4 e estão localizadas na face e no pescoço. ESTRUTURAS ÓSSEAS ESTRUTURAS CARTILAGINOSAS As estruturas cartilagionosas envolvidas no processo de deglutição são 6 e estão localizadas na laringe. ESTRUTURAS CARTILAGINOSAS ESTRUTURAS CARTILAGINOSAS 3 Cr ic ói de • Em forma de anel, cuja altura aumenta paulatinamente para a parte posterior. Ar ite nó id es • Situam-se na placa ascendente da cartilagem cricóide, uma de cada lado da linha mediana, com forma piramidal. Ti ró id e • Posiciona-se acima do anel da cricóide, em forma de meio-tubo com abertura para trás envolvendo o conjunto formado pela placa ascendente da cricóide encimada pelas aritenóides. 1 2 3 ESTRUTURAS CARTILAGINOSAS 3 Ep ig lo te • Em forma de folha, se fixa na parte interna da face anterior da cartilagem tireóide. Co rn ic ul ad as • Situa-se acima da cartilagem aritenoide. Cu ne ifo rm es • É muito pequena e localiza-se anteriormente à cartilagem corniculada correspondente, ligando cada aritenoide à epiglote. 4 5 6 ESTRUTURAS CARTILAGINOSAS Epiglote Tireóide Cricóide Aritenóide Corniculada PREGAS VOCAIS Base da língua Epiglote Pregas Vocais Pregas Vestibulares Pregas ariepiglóticas Cartilagem cuneiforme Cartilagem corniculada Glote ESTRUTURAS NEURAIS O controle neurológico da deglutição envolve 4 grandes componentes : 1. fibras sensoriais aferentes contidas nos nervos encefálicos, 2. fibras cerebrais, do mesencéfalo e cerebelares que fazem sinapse com os centros da deglutição no tronco cerebral, 3. os pares centrais da deglutição no tronco cerebral, e 4. as fibras motoras eferentes contidas nos nervos encefálicos. ESTRUTURAS NEURAIS ESTRUTURAS NEURAIS 4 Nervo Trigêmeo (V par) Nervo Facial (VII par) Nervo Glossofaríngeo (IX par) Nervo Vago (X par) Nervo Acessório (XI par) Nervo Hipoglosso (XII par) Nervos Cranianos são todos aqueles nervos que fazem conexão com o Encéfalo, numeram-se os Nervos Cranianos com algarismos Romanos de I a XII, obedecendo à ordem de sua origem aparente no Encéfalo no sentido rostrocaudal. E estes são os nervos cranianos envolvidos no processo de deglutição. ESTRUTURAS NEURAIS 4 Bo ch ec ha s • músculos bucinador e risório → nervo facial (VII par). Lí ng ua • músculos intrínsecos → nervo hipoglosso (XII par) • músculos extrínsecos • estiloglosso, hioglosso e genioglosso → nervo hipoglosso (XII par) • palatoglosso → nervo glossofaríngeo e vago (IX e X pares) M an dí bu la • nervo trigemio (V par) Fa rin ge • constritores superiores: musculo tireofaríngeo e cricofaríngeo • constritores inferiores: músculo estilofaríngeo, salpinofaringeo e palatofaríngeo • inervados pelo plexo faríngeo 1 2 3 4 ESTRUTURAS MUSCULARES As estruturas musculares envolvidas no processo de deglutição são compostas pelos músculos da língua, da mastigação, do palato mole, da faringe e da laringe. ESTRUTURAS MUSCULARES Músculos extrínsecos: se originam fora e se inserem na língua, mudam a posição da língua em relação à mandíbula. ESTRUTURAS MUSCULARES Músculos da Língua Músculos intrínsecos: ficam dentro da língua, quando se contraem provocam alterações na forma da língua. • Musculo longitudinal superior e inferior; transverso e vertical. • Músculo estiloglosso: eleva a parte superior da língua. • Músculo hioglosso: abaixa e retrai a língua. • Músculo genioglosso: principal depressor da língua, evita que esta se projete posteriormente e obstrua a respiração. • Músculo palatoglosso: abaixador do véu palatino quando a língua está imóvel ou elevador da parte posterior da língua quando véu palatino está imóvel. Os músculos da mastigação são divididos didaticamenteem elevadores, depressores e auxiliares. São compostos pelos músculos que estão ligados à realização dos movimentos mandibulares, de língua, lábios, bochechas e osso hioide. ESTRUTURAS MUSCULARES M ús cu lo s d a M as tig aç ão elevadores depressores auxiliares ESTRUTURAS MUSCULARES Músculos Elevadores: principal função é elevar a mandíbula ● Músculo Temporal: eleva a mandíbula, contrai os feixes anteriores na abertura máxima e os feixes posteriores na retração mandibular, age no deslocamento contralateral. É fundamental na determinação do tônus muscular da posição postural da mandíbula. ● Músculo Masseter: além de ser elevador, atua na projeção anterior da mandíbula e na lateralização. ● Músculo Pterigóideo Medial: paralelo ao masseter, é também elevador e age em conjunto com o masseter na protrusão e na lateralização da mandíbula, com boca fechada. ESTRUTURAS MUSCULARES Músculos Depressores - principal função é rebaixar a mandíbula. Em ação conjunta os músculos pterigóideo lateral e os supra-hióideos realizam o rebaixamento da mandíbula e a musculatura infra-hióidea estabiliza o osso hióide. Outras ações destes músculos. ● Músculo Pterigóideo Lateral: projetar a mandíbula à frente, atuar nos movimentos laterais e estabilizar a articulação temporomandibular. ● Músculos suprahióideos: agem elevando o osso hióideo e com ele a laringe durante a fase involuntária da deglutição, agindo junto aos infra-hióideos mantém o osso hiódeo, propiciando uma base firme para os movimentos de língua. ● Músculo Digástrico: é essencialmente depressor. ● Músculo Geni-hióideo: facilita a deglutição. ● Músculo Milo-hióideo: favorece a deglutição puxando o hióide para cima e deprime a mandíbula. ESTRUTURAS MUSCULARES Músculos Auxiliares - não são considerados propriamente músculos da mastigação, mas participam ativamente das funções estomatognáticas. ● Músculo Orbicular dos Lábios: produz o fechamento e a projeção à frente dos lábios. ● Músculo Bucinador: puxa a comissura labial, comprime os lábios e as bochechas, empurra o bolo alimentar para a superfície oclusal. ● Músculo Zigomático Maior: junto com o zigomático menor leva a comissura labial para cima e para fora. ● Músculo Zigomático Menor: puxa a comissura labial e o lábio superior em particular, para cima e para fora. ESTRUTURAS MUSCULARES Músculos do Palato Mole ● Músculo palatoglosso: aproxima o arcos palatinos fechando a cavidade oral e isolando-a da cavidade faríngea. ● Músculo palatofaríngeo: atua no deslocamento das paredes laterais, aproxima os arcos palatofaríngecos, ocluindo o istmo faríngico. ● Músculo da úvula: levanta ainda mais o quadrante posterior do véu palatino (eleva a úvula). ● Músculo elevador do véu palatino: eleva o palato mole, tracionando-o posteriormente, fechando a comunicação da nasofaringe com a orofaringe. ● Musculo tensor do véu palatino: enrijece o palato, auxilia na abertura da tuba auditiva. ESTRUTURAS MUSCULARES Músculos da Faringe ● Constritores superiores: músculo tireofaríngeo e cricofaríngeo. Durante sua contração levam constrição ou redução do diâmetro da faringe. ● Constritores médios. ● Constritores inferiores: astilofaríngeo, salpinofaríngeo e palatofaríngeo realizam a elevação de partes da faringe ao se contrair. ESTRUTURAS MUSCULARES Músculos da Laringe ● Musculos extrínsecos: ● Supra-hiódeos: estilo-hiódeo,digástrico, milo-hiódeo e gênio-hiódeo (Aproximam cranialmente o osso hióde e a laringe) ● Infra-hiódeos: omo-hiódeo, esterno-hiódeo, esternotireóideo e tiro-hiódeo (Deprimem caudalmente o osso hiódeo e a laringe). ● Músculos intrínsecos: estão relacionados com a alteração no comprimento e tensão das pregas vocais e no tamanho e formato da rima glótica. DEFINIÇÃO DAS ALTERAÇÕES DE DEGLUTIÇÃO ALTERAÇÕES DA DEGLUTIÇÃO DEGLUTIÇÃO ATÍPICA Ocorre devido a um movimento inadequado de uma das estruturas responsáveis pelo processo de deglutição durante a fase oral, sem presença de alterações estruturais. Pode-se observar, em resumo: • Posturas inadequadas de cabeça, • Transtornos de hábitos orais, • Alimentação com somente uma consistência na infância, • Alteração de tônus, mobilidade e propriocepção dos órgãos fonoarticulatórios. Na atipia verdadeira, somente com o trabalho fonoaudiológico, já poderíamos criar a possibilidade de modificação do modo de deglutir, pois a forma, isto é, as estruturas responsáveis pela função estariam adequadas, o que permitiria boas condições de deglutição. Em geral, estas atipias ocorrem por problemas de postura inadequada da cabeça, por alteração do tônus, da mobilidade ou da propriocepção dos órgãos fonoarticulatórios: língua, lábios, bochechas, e palato mole. ALTERAÇÕES DA DEGLUTIÇÃO DEGLUTIÇÃO ADAPTADA Ocorre quando há a presença de uma alteração estrutural na cavidade oral que provoque uma dificuldade na deglutição. Desta forma, o paciente se adapta às alterações existentes para conseguir engolir. Pode-se observar, em resumo: • Alterações de oclusão dentária, • Falhas dentárias, • Prótese dentária, • Respirador oral, • Frênulo curto. Na deglutição adaptada, por mais que o fonoaudiólogo tente, e às vezes, até consiga que o paciente degluta de forma correta durante a sessão, este novo padrão de deglutir dificilmente se automatizará. Neste caso, encaminhe primeiro para reabilitação dentária, aguardando a mordida ficar topo a topo para depois iniciar o trabalho fonoaudiológico na adequação da deglutição. ALTERAÇÕES DA DEGLUTIÇÃO DISFAGIA Qualquer alteração no transporte do bolo alimentar da boca até o estômago que gere risco de penetração e/ou aspiração laríngea. Pode-se observar em: • Doenças neurodegenerativas, • Traumas de face, • Câncer de cabeça e pescoço. É neste tipo de alteração da deglutição que iremos dar ênfase neste guia básico de Disfagia. DISFAGIA Causas, Sintomas e Estratégias de Intervenção É caracterizada por alteração em qualquer uma das fases da deglutição, em consequência de comprometimentos neurológico, mecânico ou psicogênico, que pode comprometer a deglutição e levar a riscos de desnutrição ou aspiração de alimentos. Ocorre quando o processo de ação simultânea de todas as estruturas envolvidas na deglutição é rompido. É decorrente de variadas condições médicas e até psíquicas. DISFAGIA CAUSAS DA DISFAGIA MECÂNICAS Decorrentes de alteração nas estruturas envolvidas no processo de deglutição NEUROGÊNICAS Relacionadas com alterações do Sistema Nervoso Central ou Sistema Nervoso Periférico Prevalência das principais causas de disfagia neurogênica no adulto e idoso tem-se: • 16% e 22% em indivíduos acima de 60 anos; • 20% as 40% em pacientes com Doença de Parkinson, Traumatismo Cranio Encefálico ou Acidente Vascular Encefálico; • 30% a 50% em idosos em asilos; • 60% em pacientes de homecare; • 45% a 65% dos pacientes com Acidente Vascular Cerebral nos primeiros 6 meses. DADOS SOBRE DISFAGIA A mortalidade associada a disfagia é referida em 45% em um período de 12 meses. IMPORTANTE As complicações de pacientes com disfagia podem vir a ser graves, independentemente de fatores socioeconômicos e sociais dos indivíduos. O reconhecimento deste quadro é um fator fundamental que precipita a piora imediata do status do paciente, podendo evoluir rapidamente ao óbito. ATENÇÃO Sinais e sintomas mais frequentemente encontrados em pessoas com disfagia: DISFAGIA Dificuldade de mastigação Dificuldade em iniciar a deglutição Regurgitação nasal Controle de saliva diminuído Tosse e/ou engasgos nas refeições Voz molhada,úmida Pigarro Queda no nível de saturação durante as refeições Aumento da frequência cardíaca durante as refeições POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES EM DISFAGIA De si dr at aç ão • Ocorre principalmente pela necessária modificação da textura dos alimentos e espessamento ou suspensão da ingestão de líquidos. De sn ut riç ão • Leva a depleção muscular e disfunção nervosa, afetando indiretamente a deglutição e contribui para o declínio funcional. Pn eu m on ia a sp ira tiv a • Ocorre quando há a entrada de alimento, líquidos e/ou secreções nas vias aéreas (aspiração laríngea). 1 2 3 ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NAS DISFAGIAS OROFARÍNGEAS NO ADULTO E IDOSO ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA Objetivos para com o paciente: • Estabilização da deglutição por maior tempo possível. • Manutenção do estado nutricional por via oral, e quando não for mais possível, por via alternativa. • Minimizar ou eliminar os riscos de aspiração (alimentos, saliva e secreções). • Preservação das condições pulmonares e de hidratação. Terapia ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA Objetivos da terapia mudar a fisiologia da deglutição : • Por meio da utilização de estratégias compensatórias para redirecionar e melhorar a deglutição. É sempre importante ressaltar ao paciente a sua responsabilidade e papel ativo no processo de reabilitação, cooperando e realizando os exercícios, mesmo na ausência do terapeuta, para que haja efetividade do processo terapêutico. Pois, esse trabalho envolve mudanças em hábitos comportamentais já "enraizados" pelo paciente, os quais só conseguiremos modificar com a repetição sistemática dos exercícios, manobras e orientações propostas. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA Há dois tipos de terapia fonoaudiológica nas disfagias orofaríngeas no adulto e idoso. ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA Feita com o oferecimento de alimento de qualquer consistência, com ou sem a utilização de manobras e/ou outras estratégias compensatórias. Feita sem o oferecimento de alimento de qualquer consistência, sendo composta por exercícios miofuncionais, estimulação sensorial e treino de manobras e/ou outras estratégias compensatórias, somente com deglutição de saliva. PRINCIPAIS TÉCNICAS UTILIZADAS NA REABILITAÇÃO MANOBRAS DE AUMENTO DO INPUT* SENSORIAL *Input é um termo da língua inglesa, que em português pode ser traduzido como entrada. Sendo assim, input sensorial nada mais é do que uma "entrada" sensorial, um estímulo sensorial. TÉCNICA DE MUDANÇA DO VOLUME 1 • Quando aumentamos o volume por porção que vai à boca VOLUME MAIOR • Propicia-se ao paciente input sensorial maior (melhor sensação), devido ao "peso"do alimento na língua RESULTADO MELHOR A) TÉCNICA DE MUDANÇA DO VOLUME 1 • Quando reduzimos o volume por porção que vai à boca VOLUME MENOR • O paciente necessita de menos controle do alimento em fase oral, proporcionando à ele a possibilidade de organizar melhor o alimento e com mais tempo. RESULTADO DIFERENTE B) TÉCNICA DE MUDANÇA DO VOLUME 1 Não existe uma padronização de quanto é muita ou pouca quantidade de alimento que se coloca por vez na boca do paciente. Por isso deve-se prestar bastante atenção na forma de fazer. Perceba qual é a quantidade da alimentação do paciente e manipule a mudança do volume através desta comparação, tanto em aumentar quanto em diminuir, até encontrar a mais adequada e segura para o paciente. TÉCNICA DE MUDANÇA DA CONSISTÊNCIA Só lid o • Necessário adequado controle oral e mastigação Lí qu id o • Necessário adequado controle oral e disparo do reflexo de deglutição. Pa st os o • Possibilita maior tempo de preparo de fase oral, bom para pacientes com pouca organização de fase oral e atraso no disparo de deglutição. • Não depende da mastigação. 2 Quanto mais viscoso for o alimento maior a força empregada pela língua na fase oral TÉCNICA DE MUDANÇA DA CONSISTÊNCIA 2 Sugestões de consistências para cada tipo de alteração da deglutição* Desordens da deglutição Melhor consistência Pior consistência Redução da amplitude e mobilidade de língua Líquido-pastoso inicialmente, depois líquido Sólido Redução da coordenação da língua Líquido Sólido Redução da força da língua Líquido Sólido Atraso da deglutição faríngea Líquido-pastoso inicialmente, depois sólido Líquido Redução do fechamento laríngeo Pastoso e sólido Líquido Redução da elevação laríngea Líquido-pastoso Pastoso e sólido Disfunção cricofaríngea Líquido Pastoso e sólido Redução da contração da parede posterior da faringe Líquido Pastoso e sólido Redução do movimento da base da língua Líquido Pastoso *Adaptado de Logemann, 1997 e Jotz, CArrara-De-Angelis, Barros, 2009 TÉCNICA DE MUDANÇA DA CONSISTÊNCIA 2 A partir da avaliação da deglutição do paciente, muda-se as consistências do alimento conforme a necessidade e as alterações que o mesmo apresentar. Isso com base naqueles controles necessários da descrição de cada consistência (visto anteriormente na tabela) e nas alterações apresentadas específicas pelo próprio paciente. Por exemplo: se com alimento sólido o paciente apresentar tosse, engasgo, muito resíduo de alimento, aumento de tempo de trânsito oral, o fonoaudiólogo deve mudar a consistência para semi-sólido ou pastoso. Fazemos as mudanças necessárias de acordo com cada caso e com as características encontradas na avaliação. TÉCNICA DE ESTIMULAÇÃO TERMO-TÁTIL 3 Indicada para pacientes com demora no início da deglutição e diminuição de sensibilidade intraoral. Pode ser realizada: Estimulação digital com dedo de luva, com cotonetes gelados associados ou não a um sabor, espelhinho laríngeo, colher de metal. O movimento realizado é sempre da região mais anterior para posterior intra-oralmente. Regiões de estimulação: gengivas, papila retroincisal, laterais, ponta e meio e base de língua. Sempre após a estimulação associar a função → com alimento ou saliva. • Hipersensibilidade: estímulo aplicado leve e rapidamente. • Hipossensibilidade: estímulo aplicado com mais força e lentamente. TÉCNICA DE ESTIMULAÇÃO TERMO-TÁTIL 3 DICA 1 Estudos demonstram que alimentos frios diminuem o tempo de trânsito oral pois são mais sensíveis e/ou perceptíveis pelas estruturas da cavidade oral. DICA 2 Uso de alimentos cítricos aumenta a gustação e estimula o nervo trigêmeo, aumentando a capacidade de percepção dos receptores. TÉCNICA DE ESTIMULAÇÃO TERMO-TÁTIL 3 Com o paciente com a postura sentada, com os ombros relaxados, cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo pede para que ele abra a boca. Com o material escolhido com temperatura gelada, associado ou não a consistência cítrica, o fonoaudiólogo, com a ajuda de um dedo de luva ( podendo utilizar também cotonete, espelhinho laríngeo e/ou colher de metal) passa esse material na região a qual deseja-se estimular. MANOBRAS POSTURAIS As manobras posturais são voluntárias e precisam da ação do paciente. Essas manobras podem interferir nas mudanças das dimensões faríngeas e no fluxo gravitacional da comida. Podem também ser utilizadas como Métodos compensatórios para alterações de deglutição orgânicas. E tem como objetivo eliminar ou reduzir possíveis penetrações e/ou aspirações laríngeas. MANOBRAS POSTURAIS Indicação: falta de controle oral que leve a escape prematuro do bolo alimentar, atraso na deglutição faríngea, redução do fechamento de vias aéreas e estase em valéculas. Pode ser usada com todas consistências. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, cabeça na posição de 90⁰ e oolhar ao horizonte, o fonoaudiólogo pede para que ele no momento que for engolir abaixe a cabeça para frente, como se tivesse a intenção de encostar o queixo no pescoço. OBJETIVO: Esta postura estreita o espaço entre a aritenóide e a base da epiglote e direciona o bolo com maior eficiência para o Esfíncter Esofágico Superior (EES), com a possibilidade de: • Redução da penetração de alimentos. • Manter o bolo alimentar em posição anterior permitindo maior controle. • Diminuir o tamanho de entrada para vias aéreas. • Empurrar a base de língua contra parede da faringe. MANOBRA DO QUEIXO PARA BAIXO 1 Indicação: pacientes com dificuldade de ejetar o bolo da cavidade oral para faringe. Pode ser usada com todas consistências, porém cuidado maior com líquido. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que no momento em que o paciente for engolir ele coloque/posicione a cabeça para trás. OBJETIVO: Essa postura facilita o trânsito oral devido a ação da gravidade. Desta forma, ajuda na elevação da laringe e fecha o espaço da valécula, aumentando a propulsão do alimento. PRECAUÇÃO: pode aumentar o risco de aspiração, necessário uma fase faríngea adequada. CONTRA-INDICAÇÃO: pacientes com alteração severa em fase faríngea da deglutição. MANOBRA DA CABEÇA PARA TRÁS 2 Indicação: paresia ou paralisia unilateral de faringe e/ou prega vocal, redução da abertura do esfíncter cricofaríngeo. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90⁰ e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que um pouco antes e durante a deglutição o paciente vire totalmente a cabeça para o lado mais fraco. OBJETIVO: A rotação da cabeça para o lado mais fraco favorece que o bolo alimentar seja impulsionado para o lado não afetado, auxiliando no: • Direcionamento do bolo alimentar para o lado mais forte. • Aumento do fechamento de pregas vocais. • Aumento da abertura do esfíncter cricofaríngeo em comprimento e diminuição da pressão em repouso, reduzindo a estase em seios piriformes. MANOBRA ROTAÇÃO DE CABEÇA PARA O LADO PIOR/MAIS FRACO 3 Indicação: paralisia ou paresia unilateral de faringe. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que no momento em que o paciente for engolir ele incline a cabeça para o melhor lado. OBJETIVO: Direciona o bolo alimentar para o lado mais forte pela ação da gravidade, proporcionando uma maior segurança durante a deglutição. MANOBRA DE INCLINAÇÃO DE CABEÇA PARA O LADO MELHOR 4 MANOBRAS DE PROTEÇÃO DE VIAS AÉREAS As manobras de proteção de vias aéreas alteram o tempo dos componentes neuromusculares da fase faríngea da deglutição. Têm como objetivo reduzir e tentar eliminar possíveis penetrações e/ou aspirações laríngeas. Para realização dessas manobras é necessário que o paciente apresente boas habilidades cognitivas, para compreender e gravar a sequência de movimentos, por isso não conseguimos executá-las com todos os pacientes. Usadas primeiramente como exercício, deglutindo a saliva. Posteriormente com uma realização adequada pelo paciente, as manobras de proteção de vias aéreas podem ser associadas a deglutição com alimento. MANOBRAS DE PROTEÇÃO DE VIAS AÉREAS Indicação: Redução ou demora no fechamento de pregas vocais e demora na deglutição faríngea. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele prenda a respiração, degluta e tussa logo em seguida. Pode ser realizada primeiramente com saliva, para treino. Conforme o paciente aprenda a técnica corretamente pode ser utilizada com alimento. OBJETIVO: Melhora o fechamento das vias aéreas, a nível da glote, antes e depois da deglutição e reduz os riscos de aspiração. MANOBRA DE PROTEÇÃO SUPRAGLÓTICA 1 Indicação: Redução ou demora no fechamento de pregas vocais e demora na deglutição faríngea. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele prenda a respiração com força (mantendo a tensão nos músculos abdominais), degluta e tussa logo em seguida. Pode ser realizada primeiramente com saliva, para treino. Conforme o paciente aprenda a técnica corretamente pode ser utilizada com alimento. OBJETIVO: Melhora o fechamento das vias aéreas, favorecendo o contato da aritenóide com a base da epiglote para o fechamento do vestíbulo laríngeo durante a deglutição. MANOBRA DE PROTEÇÃO SUPER-SUPRAGLÓTICA 2 MANOBRAS DE LIMPEZA FARÍNGEA As manobras de limpeza faríngea alteram o tempo dos componentes neuromusculares da fase faríngea da deglutição. São utilizadas para limpar e/ou reduzir a presença de resíduos em cavidade oral e faríngea, bem como estases em valécula e seios piriformes. MANOBRAS DE LIMPEZA FARINGEA Indicação: pacientes com redução da movimentação faríngea e tração de base de língua, por exemplo, com resíduo alimentar em base de língua, valécula e parede posterior da faringe. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele engula fazendo força na boca e no pescoço, como se tivesse a intenção de tensionar essas regiões (como quando se faz força para evacuar ou pegar um objeto pesado). OBJETIVO: Proporciona melhora da movimentação posterior e pressão da base de língua, visando limpeza faríngea. MANOBRA DE DEGLUTIÇÃO COM ESFORÇO 1 Indicação: tempo de elevação laríngea reduzido, redução da abertura cricofaríngea. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele engula normalmente, quando sentir que a laringe levantou mantenha-a elevada por dois segundos e depois relaxe. Pode ser realizada primeiramente com saliva, para treino. Conforme o paciente aprenda a técnica corretamente pode ser utilizada com alimento. OBJETIVO: Aumenta a duração e amplitude da elevação cricofaríngea, reduz estase em seio piriforme, melhora a coordenação dos eventos da deglutição, treina e fortalece os músculos da elevação laríngea. MANOBRA DE MENDELSOHN 2 Indicação: paresia, fraqueza ou hipotonia de músculos constritores da faringe. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele engula com a língua no meio dos dentes. Pode ser realizada primeiramente com saliva, para treino. Conforme o paciente aprenda a técnica corretamente pode ser utilizada com alimento. OBJETIVO: Visa aumentar a movimentação da parede posterior da faringe, evitando estases alimentares e aumenta o tempo de elevação laríngea. MANOBRA DE MASAKO 3 Indicação: insuficiência na abertura do esfíncter cricofaríngeo. INSTRUÇÕES: Com o paciente deitado, com as costas encostadas na cama, sem travesseiro, o fonoaudiólogo solicita que ele eleve a cabeça e olhe para os próprios pés, sem tirar os ombros da cama. • Manobra Isométrica: elevar por 60 segundos, descansar 60 segundos de uma elevação para outra e repetir 3x. • Manobra Isocinética: elevar 30vezes consecutivas, sem manter elevada por um certo tempo. Quando mais devagar for a realização maior será o ganho. OBJETIVO: Melhora a força e a eficiência da musculatura extrínseca da laringe, a qual é responsável por sua elevação. MANOBRA DE SHAKER 4 Indicação: reduzir estase alimentar em cavidade oral e região hipofaríngea. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele degluta várias vezes consecutivas o mesmo alimento. OBJETIVO: Minimiza os resíduos orais e faríngeos, contribuindo indiretamente para uma deglutição mais funcional, minimizando os riscos de aspiração pós deglutição. MANOBRA DE DEGLUTIÇÕES MÚLTIPLAS 5 Indicação: pacientes com declínio cognitivo que não conseguem realizar deglutições múltiplas de modo voluntário. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo oferta uma colher com alimento seguida de uma colher sem alimento, e ir alternando. OBJETIVO: Possibilita uma limpeza de estase em cavidade oral e orofaringe. MANOBRA DE ALTERNÂNCIA ENTRE COLHER COM ALIMENTO E SEM 6 Indicação: melhora a percepção intra-oral do alimento. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo ao ofertar o alimento faz uma leve pressão com a colher na parte anterior da língua enquanto o paciente faz apreensão do alimento. OBJETIVO: Aumenta a percepção do paciente de que há alimento na cavidade oral, favorecendo uma redução no tempo de trânsito oral. MANOBRA DE PRESSÃO COM A COLHER NA LÍNGUA 7 EXERCÍCIOS MIOFUNCIONAIS Constituem um dos tipos de técnicas da terapia indireta, na qual não há a oferta de alimento. Têm por objetivo preparar as estruturas envolvidas no processo de deglutição, melhorando a força e coordenação muscular para uma alimentação por via oral de maneira segura. Existem 3 categorias de exercícios miofuncionais, são os isométricos, isotônicos e os isocinéticos . EXERCÍCIOS MIOFUNCIONAIS TIPOS DE EXERCÍCIOS Is om ét ric os • Resistência sem movimento, desenvolvem tensão muscular, contudo o músculo não encurta nem alonga, ocorre contração muscular estática, sem movimento. É o método mais rápido para ganhar força muscular, sem aumentar a massa. Is ot ôn ic os • Envolvem contração e extensão muscular controlada, contra uma carga constante. São mais dinâmicos e realizados com movimento, com ou sem pesos. Contribuem para a coordenação motora, flexibilidade e força. Is oc in ét ic os • Ocorrem quando o músculo encurta contra uma resistência cooperante igualada com a força produzida pelo músculo e requer uma velocidade constante durante toda a amplitude do movimento. Quanto mais lenta for a velocidade do movimento isocinético, maior será o ganho em força e resistência. Estes exercícios devem ser iniciados com um mínimo de resistência ao movimento, sendo aumentada gradativamente. 1 2 3 Há uma grande quantidade de exercícios descritos na literatura, contudo como o foco deste material é uma iniciação ao tema, não descreveremos todos. É sempre importante que o fonoaudiólogo entenda bem da doença e do prognóstico do paciente para saber escolher os exercícios mais adequados para cada caso. O número de séries e repetições deve ser analisado individualmente, de acordo com as dificuldades do pacientes, suas habilidades cognitivas e fadiga muscular. A seguir será exemplificado um tipo de exercício para cada estrutura envolvida no processo de deglutição. EXERCÍCIOS MIOFUNCIONAIS Indicação: para pacientes com redução na mobilidade de língua INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele passe a ponta da língua desde a frente nos alvéolos dentários até a parte mais posterior do palato que conseguir. OBJETIVO: Aumentar a mobilidade de língua do paciente favorecendo uma melhora na movimentação da língua durante a mastigação e uma melhora propulsão do bolo alimentar durante a deglutição. EXERCÍCIO COM MOVIMENTO ÂNTERO-POSTERIOR DE LÍNGUA 1 Indicação: para pacientes com redução na tonicidade de língua INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo que ele coloque a língua para fora e empurre a espátula com a ponta da língua enquanto o fonoaudiólogo faz força ao contrário. Pode ser usada a parte côncava de uma colher no lugar da espátula. OBJETIVO: Aumentar o tônus de língua do paciente favorecendo uma melhora na propulsão do bolo alimentar durante a deglutição. EXERCÍCIO CONTRA-RESISTÊNCIA COM ESPÁTULA EM LÍNGUA 2 Indicação: para pacientes com redução na mobilidade de lábios INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele faça um bico e um sorriso de maneira alternada e rápida com a maior extensão possível do movimento. OBJETIVO: Aumentar a mobilidade de lábios do paciente favorecendo uma melhora na pressão intraoral durante a mastigação e deglutição. EXERCÍCIO BICO E SORRISO 3 Indicação: para pacientes com redução na tonicidade de lábios INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele faça um bico com os lábios empurre a espátula enquanto o fonoaudiólogo faz força ao contrário. Pode ser usado uma colher no lugar da espátula. OBJETIVO: Aumentar o tonus de lábios do paciente favorecendo uma melhora na pressão intraoral durante a mastigação e deglutição. EXERCÍCIO DE CONTRA-RESISTENCIA COM ESPÁTULA EM LÁBIOS 4 Indicação: para pacientes com redução na mobilidade e tonicidade de bochechas. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele encha as bochechas com ar. Pode ser as duas ao mesmo tempo ou uma de cada vez. OBJETIVO: Ao sustentar infladas por um tempo trabalha-se mais tonicidade e ao se inflar e desinflar de forma alternada e rápida trabalha-se mais mobilidade. EXERCÍCIO DE INFLAR AS BOCHECHAS SIMULTANEAMENTE 5 Indicação: para pacientes com redução na abertura de boca. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele abra o máximo possível a boca e sustente por alguns segundos. OBJETIVO: Aumentar a abertura de boca para auxiliar na apreensão do alimento e no processo de mastigação. EXERCÍCIO DE ABERTURA DE MANDÍBULA 6 Indicação: para pacientes com redução na abertura de boca. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que o paciente mova a mandíbula para o lado direito e posteriormente para o lado esquerdo. Pode ser feito sustentando a mandíbula virada para um dos lados ou alternando rapidamente. OBJETIVO: Aumentar a lateralização da mandíbula para auxiliar no processo de mastigação. EXERCÍCIO DE LATERALIZAÇÃO DE MANDÍBULA 7 Indicação: para pacientes com paresia ou paralisia de prega vocal e pacientes com insuficiência nofechamento glótico. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele produza o som de uma vogal (a mais usada é a vogal A) em voz alta, forte e de forma curta ao mesmo tempo em que faz um "puxão” com os punhos serrados. Outra forma também é puxar com as duas mãos o assento da cadeira para cima. OBJETIVO: Aumentar a adução de pregas vocais e o fechamento glótico possibilitando uma melhor proteção de vias aéreas durante a deglutição. EXERCÍCIO DE EMPUXO 8 CAUTELA: possibilidade de alterações vocais com o uso muito prolongado. Indicação: para pacientes com redução na elevação laríngea. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que ele produza os sons das vogais I e U, de forma alternada, sendo o I no tom mais agudo e o U no tom mais grave que o paciente conseguir alcançar. OBJETIVO: Melhora na amplitude do movimento de elevação laríngea. EXERCÍCIO DE ALTERNÂNCIA ENTRE SONS HIPO E HIPER AGUDOS (I/U) 9 Indicação: para pacientes com redução na elevação laríngea. INSTRUÇÕES: Com o paciente sentado, com os ombros relaxados, com a cabeça na posição de 90 graus e o olhar ao horizonte, o fonoaudiólogo solicita que o paciente coloque a língua bem para fora e depois bem para dentro de forma alternada. OBJETIVO: Melhora na amplitude do movimento de elevação laríngea. EXERCÍCIO PÓSTERO-ANTERIOR DE LÍNGUA 10 Esperamos que esse material seja uma porta de entrada para seus estudos e aprimoramento na área da disfagia. NOTAS FINAIS Trabalhar com a deglutição é possibilitar à um paciente retomar o prazer da alimentação e todas as práticas relacionadas a ela. Desde a escolha do alimento, seu preparo, o momento de interação social com familiares e amigos ao redor da mesa, bem como participação em eventos sociais que envolvam o ato de engolir, sem medo e vergonha devido suas dificuldades. É ajudar ao paciente experimentar um tremendo bem estar ao voltar a desfrutar de uma alimentação de forma segura, com condições positivas, acarretando com isso, melhora da autoestima e da sua independência. BIBLIOGRAFIA SUGERIDA Essas e outras técnicas você poderá encontrar nos livros : FERREIRA, L.P; LOPES D.M.B.; LIMONGI, S.C.O. Tratado de Fonoaudiologia. Editora Roca, 2004. JOTZ, GP; CARRARA-DE-ANGELIS, E; BARROS, APB (Org.). Tratado da deglutição e disfagia: no adulto e na criança. Editora: Revinter, 2009. MARCHESAN, I.Q.; SILVA, H.J.; TOMÉ, M.C. Tratado das Especialidades em Fonoaudiologia. Editora: Guanabara Koogan Ltda, 2014. JOTZ, GP; CARRARA-DE-ANGELIS, E. Disfagia Abordagem Clínica e Cirúrgica. Editora Elsevier, 2016. Um pouco sobre a autora: Annelise Ayres. Fonoaudióloga formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, com dissertação intitulada: Efeitos de um programa de intervenção fonoaudiológica na disfagia e na qualidade de vida em Doença de Parkinson. Atualmente, é doutoranda em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, com linha de pesquisa em deglutição, fala e cognição em doenças neurológicas e neurodegenerativas. É membro da International Parkinson and Movement Disorder Society e voluntária na Associação de Parkinson do Rio Grande do Sul. O seu diferencial é ter o foco na prática baseada em evidências. Acredita ser fundamental a realização de pesquisas para basearem e melhorarem a prática fonoaudiológica. PATROCINADOR www.fonoonline.com.br
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