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Gabriela Rodrigues @gabirodrigsp INTRODUÇÃO À DOENÇAS GLOMERULARES MÓDULO CLÍNICA MÉDICA – NEFROLOGIA 1. Como identificar um quadro de glomerulopatia? HISTOLOGIA E FISIOLOGIA GLOMERULAR: O glomérulo consiste em um arranjo paralelo de alças capilares sustentado por células mesangiais e uma matriz mesangial – cada um possui um tufo de capilares anastomosados formados por ramos da arteríola aferente. A membrana basal forma uma barreira seletiva impedindo a passagem de substâncias aniônicas ou de grande peso molecular. FISIOPATOLOGIA: Mecanismo principal: formação de complexo antígeno-anticorpo (imunocomplexo – IC) Pode haver ativação da cascata do complexo – cascata de proteínas que geram o chamado complexo de ataque a membrana, amplificando a resposta inflamatória, com atração celular e de citocinas. Imunocomplexo pode ser formado in situ ou circulante, com posterior deposição glomerular. Os IC podem se depositar nas quatro estruturas glomerulares: 1. Mesângio 2. Endotélio capilar 3. Podócitos 4. Membrana basal glomerular A preservação estrutural e funcional desses componentes é de fundamental importância para filtração sanguínea seletiva – permite passagem de plasma e componentes sanguíneos de menor tamanho e baixo peso molecular para o sistema tubular → O depósito de IC + agressão inflamatória gera a desestruturação celular e eletroquímica, permitindo a passagem de proteínas, hemácias, leucócitos, etc. Perda aguda da função renal – devido redução da TFG decorrente do infiltrado inflamatório local. Gabriela Rodrigues @gabirodrigsp Quebra de barreira física e elétrica – processo histopatológico. SISTEMA COMPLEMENTO: Potente ativador e promotor de inflamação. Função final: ativação do complexo de ataque a membrana. Vias de ativação: 1. Via clássica: consumo das frações C3 e C4 2. Via alternativa: consumo da fração C3 SUSPEITA DE DOENÇA GLOMERULAR: História clínica: antecedentes pessoais, familiares, fatores ambientais, infecções prévias. Sinais e sintomas: assintomáticos ou elevação da PA, edema/anasarca, oligúria, urina espumosa, urina escurecida; sintomas sistêmicos – artralgia, alterações cutâneas, febre. Exame físico: sem alterações ou HAS, edema – anasarca, MMII, periorbitário. Sinais clínicos relacionados a doenças sistêmicas – artrite, vasculites cutâneas, rash, alterações em ausculta pulmonar, etc. LES – protótipo de doença sistêmica com acometimento glomerular e rica em sinais clínicos. Avaliação laboratorial: proteinúria; hematúria de origem glomerular – dismorfismos, cilindros hemáticos; cilindros granulares, lipoides; elevação de ureia/creatinina; hemograma – citopenias; FAN, aDNA, ASLO, etc; sorologias virais – HCV, HBV, HIV; consumo de frações do sistema complemento. Ativação do sistema complemento por via clássica: consumo de C4 e c3 – nefrite lúpica (LES), membroanoproliferativa tipo 1 (crioglobulinas). Ativação do sistema complemento por via alternativa: consumo de C3 – GNDA ou GNPE, pós-infecciosas. Muitas células inflamatórias: forma proliferativa – muita infiltração de células inflamatórias no glomérulo – evolui para hematúria glomerular, redução da TFG, proteinúria não muito intensa, retenção hídrica, edema leve e hipertensão arterial (síndrome nefrítica) Perda aguda de função renal + síndrome nefrítica: glomerulonefrite rapidamente progressiva. Formas não proliferativas (menor infiltrado celular inflamatório) – evoluem para hematúria menos intensa ou ausente, proteinúria mais elevada, hipoalbuminemia moderada a grave e anasarca (síndrome nefrótica). APRESENTAÇÃO CLÍNICA DAS DOEN ÇAS GLOMERULARES: 1. Síndrome nefrótica: Proteinúria: > 3,5 g/dia (adultos) e > 40 mg/hora/m2 (crianças); Hipoalbuminemia < 3,5 g/dL; Edema; Hipercolesterolemia; Lipidúria. 2. Síndrome nefrítica: Oligúria; Hematúria: cilindros hemáticos; Proteinúria: geralmente < 3 g/dia; Gabriela Rodrigues @gabirodrigsp Edema; Hipertensão; Início abrupto, geralmente autolimitado. 3. Glomerulonefrite rapidamente progressiva (GNRP) Falência renal em dias/semanas; Proteinúria: geralmente < 3 g/dia; Hematúria: cilindros hemáticos; PA frequentemente normal; Pode haver características de vasculites. 4. Glomerulonefrite crônica: Hipertensão; Dano renal; Proteinúria frequente > 3 g/dia; Atrofia renal. CONSIDERAÇÕES: Proteinúria: marcador das glomerulopatias, sendo a albumina o principal componente. Hematúria: de origem glomerular: coloração amarronzada sem formação de coágulos (inflamação da parede capilar). Presente em doenças proliferativas – com intensa atividade inflamatória (síndrome nefrítica); Leucocitúria nem sempre é ITU – pode estar presente em glomerulopatias ALBUMINÚRIA: Normal: 20 – 30 mg/dia (mg/g) de albumina. Microalbuminúria: 30 – 300 mg/dia (mg/g). Proteinúria não nefrótica: <3,5 g/dia de proteína em 24h. Proteinúria nefrótica: > 3,5 g/dia (adultos) e > 40 mg/hora/m2 (crianças). PRINCIPAIS APRESENTAÇÕES CLÍNICO PATOLÓGICAS DE DOENÇAS GLOMERULARES: Aguda: a lesão ocorre de dias a poucas semanas. Subaguda: semanas a poucos meses. Crônica: muitos meses até anos. Focal: menos de 50% de glomerúlos acometidos. Difusa ou generalizada: superior ou igual a 50% de glomerúlos acometidos. Segmentar: apenas parte de cada glomérulo é acometida. Global: todas as estruturas do glomérulo são acometidas. APRESENTAÇÕES CLÍNICAS: SÍNDROME NEFRÍTICA: GN pós-estreptocócica: associa-se a faringite, impetigo – testes sorológicos: ASLO, anticorpo estreptozima. Nefrite lúpica formas proliferaticas (classes III e IV): anticorpo antinuclear, aDNA dupla-hélice, C3 ↓ e C4 ↓. Gabriela Rodrigues @gabirodrigsp SÍNDROME NEFRÓTICA: GNMP tipo I: associa-se ao fator nefrítico C4 → C3 ↓ e C4 ↓. GNMP tipo II: associa-se ao fator nefrítico C3 → C3 ↓ e C4 normal. GNMP crioglobulinêmica: associa-se a Hepatite C – testes sorológicos: anticorpo antivírus da hepatite C, fator reumatóide, C3↓ e C4↓, CH50↓. OBS: em geral, o diagnóstico requer biópsia renal com análise de microscopia óptica, imunofluorescência e microscopia eletrônica (casos selecionados). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Aula do curso Medcel 2020 – nefrologia.