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TIREOIDE ANATOMIA É um estrutura em forma de escudo, entre a cartilagem cricoide e o nó supra esternal. É a maior glandula do corpo. É formada por 2 lobos ligadas por um istmo. Pesa cerca de 10-20g. Tamanho 4cm comprimento, 2 cm largura, 2 cm profundidade. Estruturas vasculares: artéria tireóidea superior (ramo direto da carótida externa, e entra na glândula saindo da carótida externa e descendo quase que verticalmente para entrar no polo superior da glândula) e inferior (tronco tireocervical [que sai da subclávia]; ela sobe e entra na glândula perpendicularmente, pela lateral, na região posterior). Estruturas nervosas: ambas originadas do nervo vago. Nervo laringeo recorrente (de baixo; ele ganha nome de recorrente porque ele sai do nervo vago no tórax e retorna, passando próximo da traqueia, entrando na região laríngea para controlar as cordas vocais) e Nervo laringeo superior (entra na região superior, também controla a movimentação das cordas vocais). As glândulas paratireoides estão próximos a tireoide, com relação anatômica posicionando-se posteriormente à glândula tireoide. Nervo laringeo recorrente: controla adução e abdução das cordas vocais. - Lesão unilateral leva a rouquidao - Lesão bilateral leva a insufienciencia respoiratória Nervo laringeo superior: controla o estiramento das cordas vocais (timbre da voz). FISIOLOGIA Eixo hipotálamo-hipofisário divide as doenças entre centrais e periféricas. Os neuronios hipotalâmicos (nucleos supraóptico e supraventricular) produz hormônio TRH (liberador de tireotrofina), que estimula os tireotrofos da hipófise a liberar TSH. TSH estimula a tireoide para liberar os hormônios T4 e T3, que saem para periferia e cumprem sua ação biológica. O feedback negativo é feito pela quantidade de T4 e T3 sérico, inibindo tanto a liberação de TRH quanto de TSH. O TSH possui um efeito trófico, promovendo hipertrofia das células foliculares e aumento da vascularização da glândula; estimula a síntese, aumentando a ptoducao da enzima peroxidase (TPO), bem como a tireoglobulina e o carreafor de Na/l.; estimula a liberação do hormônio tireoidiano, aumentado a reabsorção do coloide contendendo a tireoglobulina iodada. Drogas que inibem a desiodase para converter t4 em t3: - propiltiororacil - iodo - amiodarona - propanolol - glicocorticoide Hipertireoidismo primário: T3 e T4 elevados; TSH baixo (o problema está na glândula). ● Principal etiologia: Doença de Graves Hipertireoidismo secundário: T3 e T4 elevado; TSH elevado (porque há um tumor hiperprodutor de TSH, por exemplo). ● Principal etiologia: Adenoma de hipófise (normalmente microadenoma) O hormônio que realiza a melhor circulação sanguínea é o T4, então será este o mais encontrado sericamente (20x mais T4 que T3). O T4 entra na célula da periferia e lá dentro ele vira o T3, porque é o T3 que tem ação biológica. O T4 é uma tireoglobulina com 4 iodos; para ele virar T3 é necessário perder um iodo (desiodar). Isso ocorre no citoplasma da célula periférica, pela ação de uma enzima chamada desiodase periférica (ou tipo I). O T3 é a única forma que consegue adentrar o núcleo da célula, onde será feita a ação por existir receptor de hormônio tireoidiano. A unidade funcional da tireoide é o folículo tireoidiano (conjunto de células foliculares organizadas ao redor de uma membrana basal, que faz a comunicação desta com os vasos sanguíneos). Elas acumulam a solução coloidal, rica em matéria prima necessária para produção dos hormônios. Perto da membrana basal há células C (parafoliculares), responsáveis para produzir calcitonina (controle do cálcio e do fosfato). Mas no homem, quem controla o equilíbrio cálcio-fosfato é o PTH e a vitamina D. No coloide, tem-se a tireoglobulina (Tg) e o iodo (captado pela circulação sistêmica e colocado via transporte ativo). A fábrica de produção é uma enzima chamada tireoperoxidase (TPO), pegando esta matéria prima e transformando em hormônio T4 e T3. A TPO junta Tg + I gerando muito mais T4 e, também, um pouco de T3. O eixo hipotálamo-hipofisário é o regulador da produção. O TSH estimula a TPO (aumenta a produção hormonal) através de: 1. Ativar a TPO (“aumenta o número de funcionários”) 2. Hipertrofia o folículo (“aumenta a quantidade de matéria prima” – mais vascularização). A tireoide tem mecanismos de autorregulação da sua produção hormonal. Na carência de iodo, a glândula aumenta a sensibilidade do receptor de TSH, resultando em maior ativação da TPO e hipertrofia do folículo. Já nas condições em que há muito iodo, diminui-se a sensibilidade ao TSH. Alterado: Efeito de Wolff-Chaikoff problema na situação de HIPOTIREOIDISMO. A tireoide não está funcionando direito, então, quando eu forneço iodo, diminui-se a sensibilidade do receptor TSH e a produção cai ainda mais. ● No HIPOtireoidismo, dar iodo PIORA o HIPOtireoidismo. ● Principal exemplo: Tireoidite de Hashimoto. Efeito de Jod-basedow (pensar em Jod-basedON) problema na situação de HIPERTIREOIDISMO. A tireoide está funcionando muito, então, quando eu forneço iodo, a produção hormonal aumenta! ● No HIPERtireoidismo, dar iodo PIORA o HIPERtireoidismo ● Principal exemplo: Doença de Graves. HIPERTIREOIDISMO Aumento na produção e liberação de hormônios tireoidianos TIREOTOXICOSE Conjunto de sinais e sintomas resultante do excesso de hormônios da tireoide nos tecidos. Causas: 1. Hiperparatireoidismo primário: doença de Graves (60-90% dos casos), bócio multinodular tóxico, adenoma tóxico (dça de Plummer), Struma ovarii (teratorama raro do parenquima ovariano, há tecido tireoidiano) 2. Hiperparatireoidismo secundário: tumor hipofisário de TSH, mola hidatiforme (neoplasia ginecologica, secreção de fragmentos - peptideos - que simulam a porção ativa do TSH) 3. Tireotoxicose sem hipertireoidismo a. Tireoidite - lesão tecidual libera os hormônios tireoidianos previamente estocados b. Tireotoxicose factícia (ingestão de hormônios exógenos) Manifestações: Decorrentes do metabolismo basal. Aumento do SN adrenérgico, o hormônio tireoidiano estimula os receptores de catecolaminas. ● Insônia, nervosismo, confusao ● Sudorese excessiva, intolerância ao calor ● Perda de peso, polifagia, hiperdefecação ● Tremor, taquicardia ● Queda de cabelos, pele quente e úmida ● Fraqueza muscular proximal ● HAS divergente ● Fibrilação atrial DOENÇA DE GRAVES Lembrar da fácies de Basedow-Graves (ou fácies basedoviana) tireoide com volume difusamente aumentado (bócio difuso), causando sinais e sintomas de hipertireoidismo (tireotoxicose ou bócio difuso tóxico). Mais comum em mulheres. Fisiopatologia: Doença autoimune produz-se anticorpos que atuam na tireoide, e estes causam sinais e sintomas. O anticorpo mais característico “contra” receptor de TSH é o TRAb ele não destrói o receptor, ele estimula o receptor do TSH. ● TRAb é o mais característico anticorpo da doença de Graves (100% casos). o Nem todos que tem TRAb tem Graves! Cuidado. o Ele estimula a tireoide e aumenta a glândula de tamanho. ● Anticorpo tireoperoxidase (anti-TPO): é mais característico das tireoidites, tendo uma ação de destruição da glândula (contrária ao TRAb). O que prevalece é o TRAb, porque o anti-TPO é menos prevalente (80% dos pacientes o têm) e a concentração sérica é muito maior de TRAb do que anti-TPO (efeito geral de TRAb é mais importante). o Mais comum na tireoidite de Hashimoto. Sinais e sintomas: Insônia, nervosismo, tremores, perda de peso, polifagia, taquicardia efeito de receptor beta-1 adrenérgico. ● Não há diferença nenhuma dos sintomas uma tireotoxicose para uma síndrome adrenérgica; se dosar os níveis de catecolaminas deste paciente eles estarão normais. ● Esse paciente deverá ser mais sensível à ação das catecolaminas, pois expressa mais receptores a ação biológica dos hormônios tireoidianos é ativar a transcrição de proteínas de receptores adrenérgicos. Pele quente e úmida, sudorese, intolerância ao calor, hiperdefecação efeitode receptor beta-2 adrenérgico. Beta-1: mais central; presente no coração. Beta-2: mais periférico. Principal efeito de vasodilatação O paciente com Doença de Graves apresenta HAS por hiperexpressão dos receptores beta-adrenérgicos Aumento do débito cardíaco e da PA sistólica (resultante do beta-1) e a vasodilatação causada pelo beta-2 causa menor PA diastólica hipertensão divergente. Exame físico: ● Bócio difuso (80 a 90%): anticorpo assume o lugar do TSH, mas não respeita o eixo de controle hipotálamo-hipofisário. Há hiperativação do TPO e hipertrofia da glândula. Geralmente indolor. É possível ouvir um sopro sistólico e sentir frêmito → hipervascularização da glandula. o Peso normal da tireoide: 20g. Logo, bócio é qualquer tireoide com > 20 g. ● Oftalmopatia de Graves (20 a 40%): é muito mais do que uma exoftalmia. Os olhos estão edemaciados, inflamados, irritados, com a exoftalmia. o Nos olhos não há receptores de TSH. Os fibroblastos desta região têm antígenos de superfície semelhantes ao receptor TSH, sendo, portanto, ativados pelo TRAb (o TRAb o reconhece como TSH, ativando os fibroblastos, que aumentam a deposição de proteínas e interleucinas inflamatórios para um processo de cicatrização). o Uma das substâncias que o fibroblasto deposita é o ácido hialurônico, que serve como preenchimento. Esse conjunto gera os sintomas da oftalmopatia de Graves. o Tabagismo é fator de risco e piora o quadro. o Pode causar papidelema ● Dermatopatia (5%): pele com lesões, caracteristicamente na região pré-tibial (denominado mixedema da região pré-tibial). Fibroblastos ali localizados passam a produzir um excesso de matriz extracelular. Há espessamento da pele e aumento da vascularização. ● Acropatia (doenças da extremidade) (1%): baqueteamento digital. Diagnóstico: Clínica + laboratório Tireotoxicos associado ao bócio ou oftalmopatia + T4l alto e TSH baixo (hipertireoidismo primário). ● Valores de referência: o TSH normal (0,5 a 5,0 macete é escrever T5H); o T4 livre (0,9 a 2,0 macete é pensar que vai de 1 a 2). Quando solicitar T3? ● Quando TSH é baixo, mas o T4l é normal o Se T3 aumentado confirma T3toxicose (confirma que é Graves)! o Se T3 normal Hipertireoidismo subclínico (não sabemos se é ou não Graves, mas provavelmente é uma doença de Graves inicial). Quando solicitar o TRAb? ● É o exame da dúvida! Sempre que tiver dúvida pede ele. o Ex: ausência de bócio ou oftalmopatia; hipertireoidismo subclínico. E o Indice de Captação do Iodo Radioativo (RAIU) 24h / Cintilografia? ● RAIU-24h: manda o paciente tomando iodo radioativo para casa, e há armazenamento no coloide deste iodo. O normal é a glândula estocar de 5-20% deste iodo (menos de 5% é hipofunção glandular; mais de 20% é hiperfunção glandular). Espera, no Graves, ter captação acima de 20% pela hiperfunção! o A RAIU-24h, portanto, diferencia um quadro inicial de tireoidite com doença de Graves. ● Cintilografia: também é dado iodo radioativo, que impregna na tireoide. Aqui, avalia-se a imagem (e não o número de quanto captou, como é na RAIU-24h). A cintilografia é solicitada para investigação de nódulo associado ao hipertireoidismo. o A captação no bócio difuso tóxico deve ser difusa (doença de Graves); o A captação nodular de um nódulo (o paciente só tem esse) é denominado nódulo quente (doença de Plummer). o Captação nodular gera diagnóstico de bócio multinodular tóxico (2ª causa de hipertireoidismo no nosso meio). A dúvida fica entre Graves ou tireoidite em fase inicial, por conta da destruição da tireoide e eliminação dos hormônios inicialmente. Tratamento: 1. Medicamentos (controle clínico – 1ª linha) 2. Radioablação iodo (2ª linha terapêutica – ganha importância nos EUA) 3. Cirurgia (terapia de exceção) Tratamento medicamentoso: 1. Drogas antitireoidianas a. Metimazol (MMZ): inibe a TPO i. Na prática, ele é o melhor medicamento para controle e tratamento. Ele é mais barato (mais acessível) e é dose única diária. ii. classe tionamidas b. Propiltiouracil (PTU): inibe a TPO + desiodase I i. É ruim porque é de 8/8h e é mais caro. O tratamento com terapia antitireoidiana é feita por 1-2 anos, pela toxicidade (pode gerar hepatotoxicidade medicamentosa, agranulocitose, náuseas, vômitos, etc.). O controle é feito via dosagem laboratorial do T4 livre na doença de Graves, o TSH estará sempre suprimido e, mesmo com o tratamento, demora de 3 meses a 1 ano para retornar a produção de TSH. Logo, o melhor marcador é o T4l. 2. Beta-bloqueadores a. Propranolol: bloqueia receptores beta (não específico) + inibe desiodase I Suspende-se o tratamento após 1 a 2 anos. Cerca de 30% dos pacientes melhoram espontaneamente. Caso não tenha melhorado, passa para a radioiodoablação! Tratamento com radioablação de iodo: É melhor destruir a tireoide e tomar levotiroxina, porque não é tóxica e é mais fácil de manejar. Indicações: ● Insucesso terapêutico (1 a 2 anos); ● Intolerância às drogas. O paciente faz uso de iodo radioativo em altas doses para destruir a tireoide. Contraindicações: ● Gestantes; aleitamento ● Exoftalmia grave (a radioiodoablação agrava esta manifestação) ● Bócio volumoso (muita impregnação de radioisótopo) Terapia cirúrgica: Indicações: ● Gravidez não controladas por drogas; ● Exoftalmia grave não controladas por drogas; ● Bócio volumoso e/ou queixa estética / compressiva Na cirurgia, muitos pacientes acabavam desenvolvendo uma crise tireotóxica pela manipulação da glândula. Há, agora, um preparo para a tireoidectomia subtotal (técnica mais indicada) para, então, operá-lo. Preparo: ● PTU ou MMZ: 6 semanas antes (inibe TPO, evitando a crise tireotóxica) ● Lugol (iodo): 2 semanas antes (numa glândula que não funciona mais, pelo uso do PTU ou MMZ, ao dar iodo você induz a piora do hipotireoidismo efeito Wolff-Chaikoff) (diminui a glândula e o sangramento). Complicações da tireoidectomia subtotal: 1. Lesão do nervo laringeo superior: alteração do timbre da voz (dificuldade de emissão de sons agudos). a. Quando? Na ligadura da artéria tireóidea superior. 2. Lesão do nervo laringeo recorrente: unilateral gera rouquidão; bilateralmente gera insuficiência respiratória (pode levar ao óbito). a. Quando? Na ligadura da artéria tireóidea inferior. b. Deixa os pedaços na topografia da tireoide inferior para não lesar bilateralmente o nervo laringeo recorrente por isso é subtotal! 3. Hipoparatireoidismo primário: mesmo que identifique durante a cirurgia, não há artéria capaz de irrigar as paratireoides; são capilares que saem da artéria tireóidea e a movimentação da glândula gera isquemia. Há, portanto, hipocalcemia transitória ou persistente. a. Paratireoides produzem PTH, que aumenta o cálcio sérico. Se houver ressecção das paratireoides, há menos PTH e hipocalcemia. Se for isquêmico, é transitório; se for por ressecção, é persistente. b. Todo paciente submetido a tireoidectomia total ou subtotal devem ser investigados ativamente para hipocalcemia (gera hiperexcitabilidade muscular como parestesia perioral, câimbras, fadiga, cansaço) MUITO COMUM (20% dos casos). c. Solicitar calcemia (dosagem sérica do cálcio); d. Observar dois sinais semiológicos de hipocalcemia: sinal de Chvostek e Trousseau. i. Chvostek (TEK TEK TEK): percussão do nervo facial gerando contração do músculo labial superior; ii. Trousseau: infla manguito 20mmHg acima da PAs por 3 min e o paciente fica com a mão em garra. Cuidar: o hipoparatireoidismo é primário; a hipocalcemia é secundária. HIPERTIREOIDISMO PRIMÁRIO – OUTRAS CAUSAS BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO (BMT): 2ª principal causa de hipertireoidismo primário Mulheres > 50 anos Diagnóstico: confirma a síndrome de hipertireoidismo primário (com sinais + sintomas de tireotoxicose + labs [TSH baixo, T4l alto]) e solicita cintilografia (hipercaptação de alguns dos nódulos e hipocaptação do restante do parênquima). Tratamento: radioablação ou tireoidectomia subtotal / total (pela maior chance dedesenvolvimento de neoplasia). ADENOMA DE PLUMMER: 3ª causa mais comum de hipertireoidismo primário Têm em geral apenas um nódulo hiperfuncionante, mas pode ter mais. É raramente maligno. Diagnóstico: confirma a síndrome de hipertireoidismo primário (com sinais + sintomas + labs [TSH baixo, T4l alto]) e solicita cintilografia. Tratamento: radioablação, alcoolização ou nodulectomia. CRISE TIREOTÓXICA: É a tireotoxicose com sintomas maximizados. Aumento das catecolaminas e seus receptores pelo aumento subito dos níveis de T4 livre, levando a disfunçõess organicas agudas que ameaçam a vida do paciente. Etiologia: infecção (principal), cirurgia, suspensao das DAT (drogas antireoidianas), amiodarona, ICC, hipoglicemia Clínica: - hiperpirexia (acima de 40oC - confusão, delirio, agitação - sudorese intensa - arritmias FC > 150 bpm - IC de alto débito - Choque hiperdinâmico Diagnóstico: clínica Tratamento: internação em UTI + PTU (dose elevada) + propranolol (igual ao Graves, mas interna na UTI) + iodo (1h após PTU) + dexametasona (diminui a conversao de t4 em t3) HIPOTIREOIDISMO Lentificação generalizada de todos os processos metabólicos deste paciente. Uma das principais causas de hiperprolactinemia. RELEMBRANDO O EIXO HIPOTÁLAMO-HIPOFISÁRIO: Hipotálamo produz TRH que induz a hipófise produzir TSH, e através da captação do iodeto e da ação da tireoperoxidase, produz T3 e T4. Se tivermos muito hormônio tireoidiano, o feedback é negativo. No entanto, no hipotireoidismo percebe-se um feedback positivo. HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO O problema será na tireoide, com diminuição dos hormônios tireoidianos. T4livre baixo; TSH alto. A tireoide está preguiçosa, não está querendo produzir hormônio tireoidiano, independente do estímulo. O aumento do TSH é por conta do feedback positivo gerado pela falta de hormônio T3/T4. Principal causa de hipotireoidismo primário, no nosso meio (Brasil) = Tireoidite de Hashimoto. É porque aqui não temos carência de iodo, pela iodação do sal de cozinha. Em 80% dos casos de tireoidite de Hashimoto, o paciente terá bócio. É por conta do alto teor de TSH, que estimula a produção de hormônios tireoidianos e também o crescimento das células foliculares. Quando ocorre o feedback positivo, o estímulo é na hipófise, que libera muito mais TSH, mas também pode liberar mais prolactina gerando quadro de hiperprolactinemia (galactorreia; amenorreia não é comum, mas pode). HIPOTIREODISMO SECUNDÁRIO O problema é na hipófise. T4livre baixo; TSH baixo. Aqui o problema é na hipófise, então, não há produção adequada de TSH. Principal causa de hipotireoidismo secundário = Hipopituitarismo. TIREOIDITE É a inflamação da tireoide. Dentro do folículo tireoidiano tem-se coloide, rico em T3 e T4. Na tireoidite, o que se observa inicialmente é um escape de coloide, derramando T3 e T4 para circulação, provocando clínica de tireotoxicose. O paciente está fazendo essa clínica de tireotoxicose por escape de coloide, e não pela produção de hormônio tireoidiano. A glândula, quando há tireoidite, na verdade para de produzir hormônios. Quando esgota os estoques de T3 e T4, o paciente deixa de fazer quadro de tireotoxicose, entrando em um quadro de hipotireoidismo (clínico ou subclínico). Então, a depender do momento que encontramos o paciente, ou terá clínica de tireotoxicose ou hipotireoidismo. A tireoidite pode ser: ● Aguda: ocorre por conta de uma infecção bacteriana da tireoide (geralmente Staphylococcus aureus; pode ser S. pyogenes). É extremamente rara. A clínica será de infecção bacteriana (dor, febre, flogose, supuração). Tratamento com ATB + drenagem (se supuração). ● Subaguda: o Linfocítica indolor o Granulomatosa dolorosa de Quervain ● Crônica: o Hashimoto (principal causa de hipotireoidismo no nosso meio) o Riedel: rara; é crônica, idiopática e fibrosante (a tireoide evolui com fibrose, não produzindo hormônio tireoidiano). TIREOIDITE SUBAGUDA 1ª fase: tireoide inflamada com escape de coloide, apresentando clínica de tireotoxicose. 2ª fase: esgotamento do estoque de T3 e T4, evoluindo para a fase de hipotireoidismo. 3ª fase: tão logo o paciente entra na fase de hipotireoidismo, a inflamação se resolve espontaneamente, voltando a ficar eutireoideo. Quando pensamos em tireoidite subaguda, devemos perceber a 1ª fase para realizar os diagnósticos diferenciais (com doença de Graves): ● Tireoidite subaguda: o Escape de coloide gera aumento do T3 e T4, mas a tireoide não está hiperproduzindo. Avalia-se pela captação de iodo: ▪ Cintilografia: baixa captação ▪ RAIU-24h: Suabguda < 5% (normal 5-20%) ● Doença de Graves: o Toda a tireoide está hiperproduzindo hormônio tireoidiano. Avalia-se pela captação de iodo. ▪ Cintilografia: hipercaptação ▪ RAIU-24h: Graves > 20 % (normal: 5-20%) Tireoidite subaguda granulomatosa dolorosa de Quervain: Maior parte dos diagnósticos, por ser dolorosa. O que ocorre aqui é que o paciente faz um quadro de infecção viral (geralmente IVAS) e, depois de 1-3 semanas, abre quadro de inflamação da tireoide associada a dor. Clínica: dor cervical, mandibular, orelhas Tem-se também um quadro de tireotoxicose, com VHS aumentado (é uma inflamação). Tratamento: AINE’s. Se não for suficiente, utilizar corticoide. Macete: tireoidite subaguda de “dorquevem”. Tireoidite subaguda linfocítica indolor: Geralmente não é diagnosticada, por conta da ausência de dor. Acredita-se que possa ser uma variante leve e autolimitada da tireoidite de Hashimoto. O anticorpo mais específico de quem tem Hashimoto produz é o anti-TPO (anti-tireoperoxidase). Por ser uma variante, se dosar anti-TPO, 50% dos pacientes terão ele presente. Tratamento: não há tratamento específico. TIREOIDITE LINFOCÍTICA CRÔNICA DE HASHIMOTO Fisiopatologia: apresenta um componente autoimune. O anticorpo mais característico é o anti-TPO (positivo em 95-100% dos casos). Anti-Tg (anti-tireoglobulina): menos característico, mas pode estar positivo. Antireceptor TSH - trab do tipo bloqueador: (esse, diferente da doença de Graves, é bloqueador, não estimulante): em cerca de 5-10% dos casos é positivo. ● O paciente não tem bócio, em 20% dos casos, por conta da produção desse antireceptor TSH bloqueador, que desativa o estímulo de crescimento das células foliculares. Além dessa via autoimune, também há a via da produção de linfócitos T auto-reativos, que fica cronicamente atacando a tireoide e vai fibrosando ela, fazendo com que deixe de produzir os hormônios ao longo do tempo. A célula folicular que evoluiu com fibrose é denominada de célula de ASKANAZY (pouco coloide no interior) patognomônico de tireoidite de Hashimoto. Clínica: Ao entender a clínica de Hashimoto, entendemos o hipotireoidismo. Bócio (80%) se antireceptor TSH bloqueador positivo (10-20% dos casos), paciente terá tireoide atrófica. ● Ao palpar o bócio, pode-se sentir microcalcificações. Hashi tireotoxicose em cerca de 5% dos casos a clínica pode ser de tireotoxicose. Hipotireoidismo bradipsiquismo, depressão, ganho de peso (tendência ao ganho de peso), intolerância ao frio, pele seca, bradicardia (tudo no paciente estará lentificado). Hiperprolactinemia o feedback positivo estimula a produção de TRH no hipotálamo, que estimula a hipófise a produzir TSH e também pode produzir prolactina (galactorreia/amenorreia) Dislipidemia diminuição da degradação dos lipídios Mixedema o hipotireoidismo deve ser muito avançado e sem tratamento. Há acúmulo de glicosaminoglicanos no tec. conjuntivo, com edema duro sem cacifo. Diagnóstico: Clínica associada a TSH aumentado e T4l baixo. Anti-TPO positivo ( >35,0 Ul/ml) mas não precisa solicitar para dar diagnóstico! Anti-TG Células de ASKANAZY (patognomônico). Tratamento: Produzimos muito mais T4 do que T3, mas o hormônio biologicamente ativo é o T3. Logo o organismo faz uma conversão periférica, através da enzima desiodase do tipo I. Ao repor um hormônio tireoidiano, repomos com T4, porque a meia-vidado T4 é maior que a T3 (diminui risco de apresentar hipotireoidismo), além de manter o funcionamento da conversão periférica! Levotiroxina (T4): 1-2 ug/kg/dia (manhã em jejum) pelo resto da vida. - A levo é melhor absorvida à noite, porém causa insônia, sendo melhor tomar pela manha para não causar o efeito colateral. *Hashimoto tem risco aumentado de linfoma de Hodgkin. Hipotireoidismo subclínico: TSH aumentado; T4l normal. A quantidade normal de T4l está sendo mantida pelo estímulo aumentado de TSH. Essa pessoa pode evoluir com hipotireoidismo clínico (manifesto), com uma taxa de conversão de 5% ao ano. Acredita-se que quem tem hipotireoidismo subclínico tem um risco aumentado para doença cardiovascular. Tratamento: ● Tratar se TSH ≥ 10uU/ml; ● Mulher grávida ou com intenção de engravidar; ● Depressão; ● Dislipidemia; ● Anti-TPO alto. Valor de referência do TSH: 0,5 – 5,0. Valor de referência do T4 livre: 0,9 – 2,0. NÓDULO DE TIREOIDE O câncer acontece em menos de 5% dos casos. É muito comum ter nódulo de tireoide em mulheres. 1-5% das pessoas apresentam nódulos quando examinados. Na maior parte das vezes é benigno. Atenção em pacientes jovens < 20 anos e idosos > 70 anos, sexo masculino, irradiação para o pescoço e histórico familiar positivo, nódulos duro, irregular e aderido, glânglio cervical aumentado → maior risco de câncer. 1º: história + exame físico. 2º: avaliar a função da tireoide dosar pelo menos o TSH. O TSH pode estar suprimido ou normal. ● TSH baixo: pensamos em hipertireoidismo não deve ser câncer (porque câncer não altera a função da tireoide). Mas precisamos avaliar o nódulo, para saber se é o nódulo quem está produzindo, através da cintilografia. o Cintilografia com nódulo “quente” adenoma tóxico (cirurgia/radioiodo) o Cintilografia com nódulo “frio” segue o fluxograma do TSH normal. ● TSH normal: solicitar USG! o USG com ≥ 1 cm e/ou nódulo suspeito PAAF! o USG com < 1 cm acompanhamento. Nódulo suspeito: histórico de irradiação prévia; crescimento; presença de linfonodo palpável; paciente evoluiu com rouquidão. Achados USG: microcalcificações, sólidos, irregulares, com vascularização (classificação de Chammas IV e V). Classificação de Chammas avalia a vascularização do nódulo. Quanto mais central for a vascularização, maior o risco do nódulo ser neoplásico. Chammas I: sem vascularização Chammas II: apenas vascularização periférica Chammas III: mais vascularização periférica do que central Chammas IV: mais vascularização central do que periférica Chammas V: apenas vascularização central. Classificação de Bethesda Bethesda é utilizado para entender o resultado da PAAF, e dividido de 1 a 6. 1: amostra insatisfatória repetir a PAAF. 2: lesão benigna seguimento. 3: atipia indeterminada repetir a PAAF. 4: resultado folicular Cirurgia (aceitável fazer análise genética) 5: nódulo suspeito Cirurgia (aceitável fazer análise genética) 6: nódulo maligno Cirurgia CÂNCER DE TIREOIDE Divide-se em dois grandes grupos: Bem diferenciado: A lesão bem diferenciada tem um bom prognóstico representa cerca de 90% dos casos. Geralmente acomete paciente típico, do sexo feminino e jovem (20-40 anos). Representantes: câncer papilífero ou folicular. Pouco diferenciado: Em oncologia, quanto menos for diferenciada a lesão, maior será a gravidade. Pior prognóstico, representa apenas 9% dos casos. Os representantes são: medular e anaplásico (ou indiferenciado). Papilífero Folicular Características + comum, mulheres 20-40 anos. Excelente prognóstico. Disseminação linfática (linfonodo aumentado) Fatores de risco: história de irradiação prévia; história familiar positiva. Cresce lento. 2º + comum, mulher entre 40-60 anos. Bom prognóstico. Disseminação hematogência. Fatores de risco: carência de iodo. Cresce rápido. Encontra-se aumento de células foliculares. Diagnóstico PAAF (diag. citológico) Corpos PSAMOMATOSOS (acúmulo concêntrico de cálcio, alterando a citoarquitetura destas células, que passa a apresentar um aspecto em papila, por isso é chamado de papilífero) Histopatológico (Bethesda 4) (precisa fazer histopatológico para diferenciar entre adenoma e câncer). Tratamento < 1 cm: tireoidectomia parcial; ≥ 1 cm: tireoidectomia total (ou, mesmo sendo lesão menor que 1 cm, é indicado tireoidectomia total nos pacientes com: < 15 anos, radiação, risco). Sempre após tireoidectomia total é ablação com iodo (queimar remanescente de tireoide) e supressão do TSH (suprime estímulo de ≤ 2 cm tireoidectomia parcial (lobectomia + istmectomia). Se adenoma (OK), se câncer (alto risco totalizar; baixo risco companhar). > 2 cm tireoidectomia total (seguida por ablação com iodo + supressão TSH) crescimento da tireoide através da administração de hormônio tireoidiano). Segmento USG – 6 meses; Dosagem de tireoglobulina. Se alterações, solicitar cintilografia. Igual ao papilífero. Lembrar: o papilífero e folicular desenvolvem-se nas células foliculares. Tumor de baixo risco: 1. idade < 40 anos 2. sexo feminino 3. Sem invasão capsular ou extensão extrarireoidiana 4. sem metásteses regionais ou à distancia 5. tumor < 2 cm 6. grau: bem diferenciado Tumor de alto risco: 1. Idade > 40 anos 2. sexo masculino 3. invasao capsular ou extensão extrarireoidiana 4. metásteses regionais ou à distância 5. tumor > 4 cm 6. grau: indiferenciado CARCINOMA MEDULAR DE TIREOIDE Se desenvolve nas células C (parafoliculares) células produtoras de calcitonina. O marcador sérico, portanto, será a calcitonina. Marcador: calcitonina Diagnóstico: PAAF Apresentação: Esporádico (80%) ou Familiar (20% - muito cuidado, pois pode estar relacionado a neoplasia endócrina múltipla do tipo 2). O medular da tireoide tem uma associação com o proto-oncogene RET pesquisar nos parentes de 1º grau a positividade deste proto-oncogene, porque se for positivo ele terá medular da tireoide. Se positivo, propor tireoidectomia profilática. Tratamento: tireoidectomia + linfadenectomia. Seguimento: calcitonina. ANAPLÁSICO (OU INDIFERENCIADO) É o de pior prognóstico. Mais raro. Evolução rápida. Acomete pacientes idosos. Mais agressivo. Está relacionado com a inativação do p53. Invação hematogênica e linfática. Mortalidade de 100% em 1 ano. Fatores de risco: idade, sexo feminino e carência de iodo. Diagnóstico: PAAF (células gigantes pleomórficas). Tratamento: traqueostomia + QT/RT (sobrevida não passa de 6 meses). O tratamento de fato não é curativo, é paliativo. CARCINOMA DE CÉLULAS DE HURTHLE Variante do folicular mais agressiva e menos diferenciada. Tratamento: tireoidectomia total + linfadenectomia.
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