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Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: ARTRITE REUMATÓIDE 1 1. Caso clínico Paciente JSF, 50 anos, comparece a unidade básica de saúde queixando-se de muita dor articular em mãos e punhos, limitante que iniciaram há cerca de um ano. Refere, ainda, que a dor é pior de manhã e que após lavar os pratos a dor começa a melhorar e a noite não sente mais dores. Por vezes acorda pela madrugada com dor. Tem HAS e DM em seguimentos na UBS com uso de Losartana e Metformina. Anquilose de punho 2. Introdução Doença autoimune inflamatória crônica e sistêmica Etiologia multifatorial ❖ Genética ❖ Ambiental ❖ Infeccioso ❖ Imunológico Gota e espondilite anquilosante acometem mais homens A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune (DAI) sistêmica comum, cuja prevalência é estimada em 1% da população mundial. Sua prevalência varia de acordo com as características étnicas da população, detectando-se de 0,1% em camponeses africanos até 5% em populações indígenas Tlingit, Yakima, Pima e Chippewa. Ao sul da Europa, a taxa de incidência anual da AR é de 16,5 casos/105 habitantes; já ao norte, essa incidência sobe para 29 casos/105 habitantes. Por sua vez, na América do Norte, ocorrem 38 casos/105 habitantes. No Brasil, Marques et al. verificaram a prevalência variando de 0,2% a 1% da população. Durante anos, a AR foi considerada uma doença de caráter benigno, porém estudos mais recentes mostraram que, devido a seus efeitos deletérios sobre a mobilidade física e a capacidade funcional, assim como a persistência do processo inflamatório (aterosclerose acelerada), pacientes com AR têm sua expectativa de vida significativamente diminuída quando em comparação com a população em geral. Aproximadamente 50% dos indivíduos com AR ficam impossibilitados de trabalhar em 10 anos a partir do início da doença, o que representa significativo impacto econômico e social. 3. Epidemiologia Acomete cerca de 1% da população mundial 5% das mulheres → 7% do total > 70 anos Prevalência entre os sexos de 3M:1H Faixa etária acometida entre 50-70 anos 85% do fator reumatoide positivo → 50% o fator reumatoide esta positivo desde o início Síndrome de Caplan → Exposição a sílica Café induz a citrulinização de proteínas → Conversão de arginina em citrulina Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: ARTRITE REUMATÓIDE 2 A ocorrência de casos de AR em uma mesma família é relativamente comum. O risco estimado de familiares de pacientes com AR desenvolverem a doença é de 4% para irmãos, 4,7% para pais e filhos e 1,9% para familiares de segundo grau. Por sua vez, familiares de primeiro grau de pacientes com AR em sua forma erosiva podem ter mais de 15% de chance de desenvolver a doença. 4. Fatores de patogenicidade na AR tores hormonais, ambientais e imunológicos, que atuam em conjunto sobre indivíduos geneticamente suscetíveis. Estudos ao longo do tempo têm mostrado que a superposição desses fatores é determinante para o desenvolvimento da AR, já que o efeito isolado dos mesmos não causa DAI. Calcula-se em 60% a contribuição genética para o desenvolvimento da AR. Os fatores genéticos estão fortemente associados à positividade do anticorpo antipeptídio cíclico citrulinado (anti-CCP) e à resposta do paciente ao tratamento. Diversos locci já foram relacionados com o desenvolvimento da AR, sendo os alelos HLA-DRB1 a principal associação genética, estando também associados ao desenvolvimento de formas mais graves da doença. Os alelos HLA-DRB1 compartilham sequências de aminoácidos glutamina-leucina-arginina- alanina-alanina (QRRAA, RRRAA ou QKRAA) chamadas epítopo comum (shared epitope [SE]), conservadas nas posições 71-75 da terceira região de hipervariabilidade da cadeia beta da molécula HLA-DRB1. Numerosos estudos têm sido conduzidos a fim de esclarecer a relação entre a presença desses alelos e o desenvolvimento da AR, porém até o momento não há uma explicação consensual. Em relação ao sexo, sabe-se que a AR afeta três vezes mais mulheres do que homens, e diversos estudos têm relacionado o sexo feminino com o desenvolvimento de formas mais graves da doença. Essas constatações, porém, ainda são contraditórias. Estudos sugerem a influência de infecções por microrganismos na fisipatologia da AR por meio de mecanismos de mimetismo molecular. Entre os microrganismos mais estudados estão o Proteus mirabilis e o vírus Epstein-Barr. Alguns estudos clínicos e epidemiológicos evidenciam prevalência elevada de periodontite e perda dentária em pacientes com AR. Sugere-se ainda a periodontite como um possível fator desencadeador e mantenedor da resposta inflamatória autoimune na AR. Por sua vez, já se encontra bem estabelecida a relação entre o uso de tabaco e a maior suscetibilidade ao desenvolvimento da AR em pacientes HLA-SE positivos. Klareskog et al. demonstraram que, em pacientes portadores do HLA-SE, o cigarro acelera as reações de citrulinização em proteínas pulmonares, o que dispara a produção de autoanticorpos. O cigarro também afeta o curso da AR, elevando o aparecimento de nódulos reumatoides, bem como pode alterar o limiar da dor percebida pelo paciente. A influência de múltiplos fatores no desenvolvimento da AR corroboram a complexidade atribuída a seu desenvolvimento e tornam o entendimento da doença um desafio. 5. Fisiopatologia Inflamação da membrana sinovial Aumento das células e mediadores inflamatórios Aumento da angiogênese → TNF alfa; IL1 e IL6 Aumento do tecido granulomatoso → Pannus Destruição articular e deformidade Associação com alelos HLA DR4-DRB1 Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: ARTRITE REUMATÓIDE 3 Formação de epítopos compartilhados → Sequencia similar de aminoácidos que facilitam o desenvolvimento de células T reativas (TCD4+) Pode haver o aumento de anticorpos 5-10 anos antes do desenvolvimento da doença em s AR em atividade ❖ Aumento da frequência de doença periodontal ❖ Há maior prevalência de AR naqueles que apresentam inflamação sinovial ❖ Soro e líquido sinovial podem apresentar anticorpos contra Porphyromonas gengivalis, Tannerela forsythensis e Prevotella intermedia A AR é resultante da ação das células T e B autorreativas, que levam à sinovite, à infiltração celular e a um processo desorganizado de destruição e remodelação óssea. A membrana sinovial é a principal fonte de citocinas pró-inflamatórias e proteases e, em conjunto com osteoclastos e condrócitos, promove a destruição articular. Projeções de tecido proliferativo penetram na cavidade articular, invadindo a cartilagem e o tecido ósseo, formando o pannus, característico da AR. Diversas hipóteses tentam explicar a sequência de eventos observados na AR. A mais aceita sugere que modificações pós-traducionais induzidas por agentes ambientais tornam moléculas próprias imunogênicas. Em consequência da exposição prolongada ao cigarro ou a outros estímulos ambientais, a resposta do sistema imunológico adaptativo aos peptídios citrulinados pode preceder em anos o aparecimento dos sintomas clínicos da AR. Tanto o fribrinogênio como a vimentina citrulinados já foram identificados nas articulações de pacientes com AR e é provável que outras proteínas além dessas sofram reações de citrulinização. Apesar de a relação entre a positividade para o fator reumatoide (FR) e o desenvolvimento da AR não estar totalmente esclarecida, ambos estão intimamente relacionados. A presença de agregados de imunoglobulina do tipo G (IgG) ou de complexos de IgG-FR ativa o sistema complemento e resulta em diversos fenômenos inflamatórios. A ativação do sistema complemento pelos imunocomplexos pode ainda iniciar uma inflamação vascular com depósitos de FR em arteríolas, originando vasculites, cujo impacto na qualidade e na expectativa devida do paciente é significativo. Além disso, o reconhecimento dos complexos imunes por fagócitos promove liberação de diversas citocinas pró- inflamatórias, principalmente o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), o que exacerba ainda mais o processo inflamatório. Recentemente, uma terceira classe de células T auxiliadoras foi caracterizada como células CD4+ produtoras de interleucina 17 (IL-17). Células Th17 parecem conferir proteção contra infecções, promovendo a eliminação do microrganismo por meio do recrutamento de neutrófilos e da ativação de macrófagos no sítio da infecção. Estudos recentes evidenciam um importante papel das células Th17 na modulação das respostas autoimunes relacionadas com AR e esclerose múltipla, doenças anteriormente consideradas Th1 dependentes. No que diz respeito à AR, as células Th17 parecem determinar o desenvolvimento da sinovite e a destruição articular por meio da interação com células dentríticas, macrófagos e células B. 6. Quadro clínico Poliartrite crônica (>6semanas) ❖ Grandes e pequenas articulações ❖ Sim ética e aditiva Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: ARTRITE REUMATÓIDE 4 ❖ Erosiva ❖ Mãos e pés → Poupa IFD ❖ Poupa o esqueleto axial → Exceto a coluna cervical (atlanto-axial) Sinais inflamatórios → Dor; calor local; aumento de volume; limitação à movimentação Rigidez matinal > 1 hora Evolução para a deformidade e incapacidade funcional Achados comuns → Pescoço de cisne; polegar em Z; dedo em martelo; dedo de Boutonniére; dorso de camelo A AR constitui uma doença inflamatória crônica progressiva, sendo caracterizada por sinovite com envolvimento preferencial de articulações de mãos e punhos, de caráter simétrico e aditivo. As manifestações clínicas da AR podem ter início em qualquer idade, embora sejam observadas com mais frequência na quarta e quinta décadas de vida. A AR pode se manifestar de forma bastante variável, desde manifestações mais brandas, de menor duração, até uma poliartrite progressiva e destrutiva, associada a vasculite e outras manifestações extra articulares. As articulações mais frequentemente afetadas são as sinoviais periféricas, como metacarpo e metatarsofalangianas, tornozelos e punhos. No entanto, também pode haver comprometimento de joelhos, ombros, cotovelos e quadris. Articulações como a temporomandibular, as articulações sinoviais da coluna e a laringe são ocasionalmente afetadas, o que pode dificultar o diagnóstico. Edema, dor e calor local são características das articulações afetadas, que podem ainda apresentar rubor local. Deformações articulares ocasionadas por inflamação persistente, como boutonnière ou em “pescoço de cisne”, são características da AR não tratada. Além dos sintomas articulares, manifestações extra articulares são observadas em aproximadamente 50% dos pacientes, sendo a síndrome de Sjögren a mais comum. Outra manifestação extra-articular típica da AR é os nódulos reumatoides, que resultam da vasculite de pequenos vasos, e a consequente necrose com proliferação de fibroblastos e histiócitos epiteliais. Complicações cardíacas e infecções estão associadas a altos índices de mortalidade entre os pacientes com AR. A longo prazo, o prognóstico da AR pode ser considerado ruim, pois 80% dos afetados estão incapacitados após 20 anos, e sua expectativa de vida é reduzida em uma proporção de três a 18 anos. Com o advento de novas opções terapêuticas (p. ex., tratamento com biológicos) e o reconhecimento da importância do controle agressivo do processo inflamatório, essa perspectiva tende a melhorar. Prevenir dano articular e Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: ARTRITE REUMATÓIDE 5 conseguir remissão têm se tornado alvos possíveis de serem alcançados. Embora agentes biológicos como os anti-TNF-α tenham demonstrado atuar de maneira positiva na diminuição da aterosclerose, ainda não se demonstrou redução da taxa de mortalidade em AR nos últimos 50 anos. 7. Exame físico Inspeção Palpação → Palpação articular com técnica dos quatro pontos Exames específicos 8. Manifestações extra articulares Nódulos subcutâneos Vasculite → Imunocomplexos Episclerite → Síndrome de Sicca (AR + Síndrome de Sjögren) Nódulo pulmonar e preurite Síndrome de Felty → Anemia; esplenomegalia; neutropenia ❖ Pulsoterapia para tratar a síndrome de Felty Síndrome de Sjögren secundária Mononeurite múltipla Síndrome do túnel do carpo ❖ Manobras para síndrome do túnel do carpo → Tinel e Phalen Aumento do risco cardiovascular 9. Exames laboratoriais Fator reumatoide → Anticorpo contra IgG ❖ O fator reumatoide e Anti-CCP são negativos em 50% na fase inicial Anticorpo anti-peptídeos cíclicos citrulinados Provas de fase aguda → VHS e PCR Anemia normocítica e normocrômica → Doença crônica Ácido úrico Sorologias → VHB; VHC; HIV; Parvovírus B19; Rubéola; Lyme... 10. Exames de imagem Achados → Osteopenia periarticular e aumento das partes moles; diminuição do espaço articular de forma simétrica; erosões ósseas; desvio ulnar e subluxações (achados tardios); anquilose Subluxação atlanto axial Raio X → A radiografia convencional é o método de imagem mais utilizado na avaliação de dano estrutural articular na AR. Além de ser uma Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: ARTRITE REUMATÓIDE 6 ferramenta útil para diagnóstico, é importante quando repetida em intervalos regulares, no monitoramento da progressão da doença. Os achados radiográficos iniciais incluem aumento de partes moles e osteopenia justa-articular. As lesões mais características, como redução do espaço articular e erosões ósseas, aparecem mais tardiamente. A presença de erosão óssea deve ser considerada como fator de risco para o desenvolvimento de artrite persistente quando observada nos estágios iniciais da doença. Ela está relacionada com limitação funcional e, consequentemente, com um pior prognóstico. USG → A sensibilidade da ultrassonografia musculoesquelética e da ressonância magnética na detecção de dano estrutural é superior à sensibilidade da radiografia convencional. A ultrassonografia, quando realizada por operador experiente em doenças musculoesqueléticas, é um método útil na detecção precoce e no monitoramento de atividade inflamatória e dos sinais de destruição articular. Em comparação à ressonância magnética, é um exame de menor custo, sem contraindicações para pacientes com implantes metálicos ou com claustrofobia. Além disso, permite exame dinâmico da articulação, possibilita avaliação comparativa contralateral, assim como avaliação de outras estruturas anatômicas. A utilização do power Doppler e do Doppler colorido podem complementar o exame e auxiliar na caracterização da atividade inflamatória RNM → Seria a escolha ideal no caso de um paciente com história inicial sem deformidades. A ressonância magnética é o método mais sensível para detectar as alterações da AR em sua fase inicial. Permite avaliar alterações estruturais de partes moles, ossos e cartilagens, além de erosões antes das radiografias convencionais. Além dos achados radiográficos convencionais na AR, a ressonância magnética é capaz de detectar edema ósseo, que mostrou ser um preditor de erosão óssea. No Brasil, fatores como alto custo e falta de padronização do método limitam a sua utilização na prática clínica. DMO Outros métodos de exames de imagem, incluindo aqui a cintilografia óssea e a tomografia computadorizada, não são Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: ARTRITE REUMATÓIDE 7 atualmente recomendados para o diagnóstico da AR. 11. Diagnóstico diferencial Infecciosas → Virais Espondiloartrites Psoriásica Osteoartrite de mãos Doença mista do tecido conjuntivo(DMTC) LES Síndrome de Sjögren 12. Critérios diagnósticos O diagnóstico da AR é feito por meio da associação de dados clínicos, laboratoriais e radiográfico. Critérios de classificação do Colégio Americano de Reumatologia ❖ Rigidez matinal → Rigidez articular durando pelo menos 1 hora ❖ Artrite de três ou mais áreas → Pelo menos três áreas articulares com edema de partes moles ou derrame articular, observado pelo médico ❖ Artrite de articulações das mãos (punho, interfalangeanas proximais e metacarpofalangeanas) ❖ Artrite simétrica ❖ Nódulos reumatoides ❖ Fator reumatoide sérico ❖ Alterações radiográficas: erosões ou descalcificações localizadas em radiografias de mãos e punhos ❖ Os critérios de 1 a 4 devem estar presentes por pelo menos seis semanas. Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: ARTRITE REUMATÓIDE 8 13. Fatores de mau prognóstico Início em idade precoce FR altos títulos Anti-CCP positivo VHS e/ou PCR persistentemente elevados Artrite > 20 articulações Acometimento extra articular Erosão nos dois primeiros anos da doença 14. Tratamento O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são fundamentais para o controle da atividade da doença e para prevenir incapacidade funcional e lesão articular irreversível. Os objetivos principais do tratamento do paciente com AR são: prevenir ou controlar a lesão articular, prevenir a perda de função e diminuir a dor, tentando maximizar a qualidade de vida desses pacientes. A remissão completa, apesar de ser o objetivo final do tratamento, raramente é alcançada. O tratamento começa com a educação do paciente e de seus familiares sobre sua doença, as possibilidades de tratamento, com seus riscos e benefícios. O acompanhamento multidisciplinar é necessário, preferencialmente sob a orientação do reumatologista. O tratamento da AR deve ser considerado um processo dinâmico, sendo constantemente reavaliado. As decisões quanto ao planejamento terapêutico devem ser sempre compartilhadas com o paciente. A avaliação por um reumatologista é altamente recomendável quando o médico responsável pelo paciente não se sentir seguro no tratamento da doença Medicamentoso ❖ Usar sempre! Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: ARTRITE REUMATÓIDE 9 ❖ DMARDS ➢ Metotrexato → É considerado a DMCD melhor tolerada. Sua capacidade de reduzir sinais e sintomas de atividade da AR e melhora no estado funcional foi demonstrada. Também bloqueia a progressão das lesões radiográficas. Atualmente vem sendo considerado fármaco padrão no tratamento da AR. Recomenda-se que a dose inicial seja de 10 mg a 15 mg/semana. Caso não se observe melhora ou controle da doença com a dose inicial, deve-se aumentar progressivamente a dose após cada 4 – 6 semanas de tratamento até alcançar a dose máxima. Está contraindicado em pacientes com insuficiência renal, hepatopatias, etilismo, supressão da medula óssea e em mulheres em idade fértil que não estejam fazendo anticoncepção. Deve ser usado com cautela em pacientes com pneumopatias. Sugere-se que a administração do metotrexato deva ser associada ao uso de ácido fólico (1 – 2 mg/dia) para minimizar efeitos adversos ➢ Cloroquina → Hidroxicloroquina, em comparação com placebo, foi eficaz, reduzindo os parâmetros clínicos e laboratoriais (VHS) analisados, embora isoladamente não alterasse a progressão radiográfica. Resultados similares foram observados com cloroquina, a qual tem a vantagem de ser de baixo custo. São contraindicadas em pacientes que apresentem alterações retinianas e de campo visual. ➢ Sulfasalazina → É considerada mais efetiva que o placebo na redução da atividade da doença, no controle da dor e na avaliação clínica global. Recentemente, confirmou-se sua eficácia clínica e interferência sobre a progressão radiográfica. Está contraindicada em pacientes com história de hipersensibilidade a sulfas, salicilatos ou a qualquer componente da fórmula da Sulfasalazina, portadores de porfiria, obstrução de aparelho digestório ou geniturinário ➢ Leflunomida → Melhora a atividade de doença, a qualidade de vida e reduz a progressão radiológica. Está contraindicada em mulheres em idade fértil que não estejam utilizando métodos anticoncepcionais, como também em pacientes com insuficiência renal e hepatopatias. Em casos de intoxicação pode ser utilizada a colestiramina na dosagem de 4 a 8 gramas/3 vezes ao dia, durante cinco dias. ➢ Biológicos → Anti-TNF e outros Bloqueadores de TNF → Adalimumabe, Etanercepte e Infliximabe Depletores de linfócito B → Rituximabe Moduladores da co-estimulação → Abatacepte ❖ Anti-inflamatórias não hormonais ❖ Corticoide em dose baixa Não medicamentoso ❖ Reconhecimento e tratamento precoce ❖ Encaminhamento para reumatologista ❖ Decisões terapêuticas devem ser compartilhadas com o paciente ❖ Uso precoce de DMARD ❖ Almejar a remissão ou baixa atividade de doença ❖ Educação do paciente ❖ Intervenções psicossociais ❖ Reabilitação → Repouso; exercício; terapia ocupacional (ganho de ADM e evitar atrofia muscular); proteção articular; órtese ❖ Aconselhamento nutricional ❖ Intervenções para reduzir o risco cardiovascular e de osteoporose Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: ARTRITE REUMATÓIDE 10 ❖ Cessar o tabagismo ❖ Imunização → Influenza; pneumocócica; dT (difteria e tétano); VHB Esquema terapêutico Tratamento cirúrgico ❖ Pode haver indicação de tratamento cirúrgico em situações onde medidas conservadoras não produzam controle dos sintomas, ou não permitam níveis mínimos aceitáveis de atividades de vida diária, como trabalho, atividades domésticas, deambulação por 30 minutos e independência. No caso de indicação de tratamento cirúrgico, este deve ser feito precocemente. Não se deve aguardar comprometimento de várias articulações para então definir intervenção cirúrgica. Artroplastias de quadril e joelho indicadas precocemente apresentam resultados melhores que aquelas indicadas nas fases mais tardias. Operações bilaterais devem ser feitas na mesma sessão cirúrgica em caso de deformidades acentuadas de quadris e joelhos. Testes de avaliação de qualidade de vida são altamente recomendáveis para avaliação da indicação cirúrgica dos pacientes. ❖ Sinovectomia para sinovite por mais de seis meses, resistente ao tratamento conservador, na ausência de instabilidades grosseiras ❖ Correção de tendões e sinovectomia ❖ Debridamento articular e ressecção artroplástica ❖ Artrodese ❖ Artroplastias totais Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: ARTRITE REUMATÓIDE 11 15. Avaliação da atividade da doença DAS28 SDAI ❖ Número de articulações com dor → 0-28 ❖ Número de articulações com edema → 0-28 ❖ EVA médico → 0-10 ❖ EVA global do paciente → 0-10 ❖ PCR (mg/dL) → 0-10 ❖ Total → 0-86 CDAI ❖ Número de articulações com dor → 0-28 ❖ Número de articulações com edema → 0-28 ❖ EVA global do paciente → 0-10 ❖ Total → 0-76 Marina Ribeiro Portugal MARINA RIBEIRO PORTUGAL AULA 2: ARTRITE REUMATÓIDE 12 16. Seguimento Terapia com DMARD deve ser iniciada logo após o diagnóstico de AR O tratamento deve objetivar a remissão ou redução da atividade da doença → Critérios para remissão DAS/DAS28 <2,6 (pouco rigoroso) Monitorização deve ser frequente em doenças ativas (1-3 meses) e se não há melhora em 3 meses ou o alvo não foi alcançado em 6 meses a terapia deve ser reajustada Referência bibliográfica Aula de Dra Laryssa (04/03/2021) Goeldner, I., Skare, T. L., Reason, I. T., & Utiyama, S. R. D. R. (2011). Artrite reumatoide: uma visão atual. 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