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Ana Laura Octávio - TXXII DOENÇAS MONOGÊNICAS – GENÉTICA DO METABOLISMO METABOLISMO CELULAR - Conjunto de reações químicas ou transformações que certas substâncias sofrem nas células permitindo a manutenção de suas funções vitais. Essas substâncias podem ser: lipídeos, aminoácidos, nucleotídeos, hormônios etc. - Enzimas estão envolvidas; responsáveis por clivar substratos (modelo chave- fechadura). - Mutação no gene causa uma mudança na enzima: defeito enzimático. Consequências: acúmulo de substrato ou ausência/diminuição de produtos ou rota alternativa. GENÉTICA BIOQUÍMICA - Distúrbios monogênicos (recessivos; autossômico ou ligado ao X). - Mais de 500 doenças conhecidas, geralmente associadas a danos neurológicos. - Classificados como Erro Inato do Metabolismo, Distúrbios bioquímicos ou metabólicos. - São distúrbios de natureza genética que, geralmente, correspondem a um defeito enzimático capaz de acarretar a interrupção de uma via metabólica. - Ocasionam, portanto, alguma falha de síntese, degradação, armazenamento ou transporte de moléculas no organismo. ERROS INATOS DO METABOLISMO Problemas decorrentes de: AUSÊNCIA DO PRODUTO FINAL I) Albinismo Oculocutâneo Tipo I - Frequência: 1/20.000. - Herança autossômica recessiva. - Melanina: substância que protege a pele das radiações solares, e dá pigmentação do cabelo e da íris. - Falta de tirosinase no melanócito: bloqueia a produção da melanina. - Características: • Pele branco-leitosa/ eritemas por exposição solar. • Cabelo branco amarelado. • Olhos com ausência de pigmento na retina (íris azul-acinzentada). • Fotofobia. • Astigmatismo (diminuição da acuidade visual). • Suscetibilidade ao câncer de pele. Ana Laura Octávio - TXXII EXCESSO DO PRODUTO FINAL II) Síndrome de Lesch – Nyhan - Incidência: 1/300.000. - Herança recessiva ligada ao X. - Não ocorre o controle retro inibitório na via de síntese do ácido úrico. - Bases purínicas podem ser transformadas em ácido úrico ou nucleotídeos. Quando acontece o excesso dessas bases, uma enzima as transforma em novos nucleotídeos. Em algumas doenças essa enzima tem uma mutação e não faz via de salvação, aumentando a quantidade ácido úrico (toxico). - Características: • Início das manifestações a partir do 3º mês de vida. • Atraso no desenvolvimento, vomito e hipotonia. • A partir dos 2 anos: alterações comportamentais. • Comportamento agressivo e auto (destrutivo compulsivo: extração dos dentes e imobilização dos braços). • Afeta neurônios (desenvolvimento comportamental). • Perda do controle motor. • Dores articulares. - Tratamento: alopurinol (reduz os níveis de ácido úrico e os sintomas decorrentes do seu excesso). NENHUMA DROGA É CAPAZ DE REDUZIR OS EFEITOS NOS SNC! ACÚMULO DE SUBSTRATO Podem ser: - O próprio substrato acumulado é prejudicial. - Com o acúmulo do percursor ocorre vias metabólicas alternativas, com superprodução de metabólicos tóxicos. III) Galactosemia - Incidência: 1/40.000. - Herança autossômica recessiva. - Síntese de lactose. - Mutação da enzima galactosidase ou galactose IP uridiltransferase. Ana Laura Octávio - TXXII - Acúmulo de galactose no sangue, rins, fígado e cérebro. - Características: • Normalidade aparente ao nascimento. • 2ª semana: icterícia (pele amarelada), vômitos, diarreia, desnutrição e atraso no desenvolvimento. • Se não houver tratamento pode causar: Cirrose. Hepatoesplenomegalia (aumento no tamanho do fígado e baço). Galactosúria (presença de galactose na urina). Deficiência mental. Catarata. - Tratamento: substituição permanente do leite na dieta por produtos que não contenham galactose a lactose. IV) Alcaptonúria - Herança autossômica recessiva. - Síntese de fenilalanina. - Deficiência da enzima oxidase do ácido homogentísico. - Acúmulo de ácido homogentísico nos fluidos e nos tecidos (urina escura e alcalina). - Sintomas resultantes do acúmulo de ácido homogentísico no tecido conjuntivo (pele e articulações). - Características: • Endurecimento e coloração marrom (alaranjada nos tecidos cartilaginosos). • Depósitos escuros nas escleras oculares. • Escurecimento da urina em contato com o ar. • Atrite aguda e invalidez (50 – 70 anos). - Tratamento: dieta com restrição de alimentos em fenilalanina e tirosina. V) Fenilcetonúria - Incidência: 1/2.900. - Distúrbio autossômico recessivo. - Mutações no gene codificador do PAH (fenilalanina hidroxilase). - Localização cromossômica: 12q,23,2 - Incapacidade metabolizar fenilalanina. - Aumento de fenilalanina nos líquidos corporais. Ana Laura Octávio - TXXII - Prejuízo no desenvolvimento do cérebro. - Características: • Crianças normais ao nascimento. • Progressivamente tornam-se deficientes. • Hiperatividade, irritabilidade e convulsão. • Algumas são violentas (distúrbio comportamental em nível psicótico). • Incapacidade motora. • Microcefalia. • Odor de mofo (excreção urinaria de fenilcetonúria). • Acarreta deficiência na produção de tirosina com redução na formação da melanina (pele, cabelo e olhos claros). - Tratamento: reduzir o consumo de alimentos ricos em fenilalanina (carnes, grãos, leite e derivados). INTERFERÊNCIA NOS MECANISMOS REGULADORES - Falta de um produto final ou excesso de um substrato podem interferir nos mecanismos reguladores. - Causa vários tipos de doenças. VI) Hipercolesterolemia família - Aumento de colesterol nos níveis plasmáticos. - Herança autossômica dominante. - Colesterol: sintetizados pelas membranas, ácidos biliares ou hormônios. Insolúvel, transportado como LDL. Obtido de forma endógena (síntese hepática) ou exógena (alimentação). - Indivíduos doentes: mutação no gene estrutural que codifica os receptores de LDL (LDL não se liga ao receptor, causando um excesso de LDL no plasma). - Indivíduos homozigotos: ▪ 1/250.000. ▪ Raros casos. ▪ Níveis sanguíneos podem atingir até 1.200mg/dL. ▪ Morte por doença coronariana na 1ª infância. ▪ Pouco sobrevivem por mais de 30 anos. - Indivíduos heterozigotos: ▪ Risco aumentado de doença coronariana. ▪ Xantomas e xantelasmas (depósitos de colesterol na pele, tendões e pálpebras). - Tratamento: dieta rica em produtos saudáveis e pobre em gorduras e sinvastatina (medicamento para diminuir colesterol). Ana Laura Octávio - TXXII ARMAZENAMENTO LISSOSOMICO - Ocorre pelo acúmulo de substrato em quantidades anormais dentro dos lisossomos. - Defeitos nessas hidrolases levam ao acúmulo de seus substratos dentro dos lisossomos (enzimas responsáveis por quebrar/degradar estão mutadas). VII) Síndrome de Hunter - Distúrbio recessivo ligado ao X. - Mutações em genes codificadores de enzimas lisossomais que degradam mucopolissacarídeos ou glicosaminoglicanos. (Mutação do gene IDUA → Deficiência da enzima Alfa-L-Iduronidase → Aumento de mucopolissacarídeos nos lisossomos). - Evolução crônica e progressiva. - Características: • Faces grosseiras. • Macrocefalia. • Cabelos e sobrancelhas grossos e espessos. • Hipertrofia de lábios. • Macroglossia (língua grande – protusa do Down). • Hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e do baço). • Hérnia umbilical. • Baixa estatura com deformidade óssea. • Infecções sucessivas do trato respiratório. • Problemas cardíacos. • Opacidade córnea. • Apneia (perda do folego durante o sono). - Tratamento: reposição enzimática (impedindo o acúmulo de mucopolissacarídeo no organismo) e terapia multidisciplinar. Ana Laura Octávio - TXXII ERROS INATOS DO METABOLISMO – SUSPEITA e DIAGNÓSTICO - Antecedentes familiares de morte neonatal inexplicáveis. - Aborto de repetição. - Intervalo neonatal livre de sintomas (aparentemente normal). - Deterioraçãoprogressiva sem causa aparente e que não responde a terapia sintomática. - Casamento consanguíneo. DIAGNÓSTICO PRÉ NATAL - Amniocentese: análises bioquímicas de aminoácidos cultivados. - Análise das vilosidades coriônicas: biopsia onde circula o sangue do embrião. - Análise do DNA: • Líquido amniótico. • Vilosidade coriônica. • Sangue fetal (cordocentese). DIAGNÓSTICO PÓS NATAL TESTE DO PEZINHO: - Diagnóstico precoce. - No SUS, são diagnosticadas seis doenças: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, deficiência de biotinidase e hiperplasia adrenal congênita. - Entre o 3º e 5º dia de vida (SUS garante tratamento por toda a vida). - O teste do pezinho está disponível no Brasil todo, com 21.446 pontos de coleta, distribuídos na atenção básica, hospitais e maternidades.
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