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N A S F Uma Rede de Atenção à Saúde (RAS) ordenada pela Atenção Básica (AB) tende a ser mais resolutiva e equitativa. A Atenção Primária à Saúde (APS) representa um complexo conjunto de conhecimentos e procedimentos e demanda uma intervenção ampla em diversos aspectos. Representa o primeiro contato na rede assistencial dentro do sistema de saúde, caracterizando-se, principalmente, pela continuidade e integralidade da atenção, além da coordenação da assistência dentro do próprio sistema, da atenção centrada na família, da orientação e participação comunitária e da competência cultural dos profissionais. A Estratégia de Saúde da Família (ESF), vertente brasileira da APS, caracteriza-se como a porta de entrada prioritária de um sistema de saúde. Tem provocado um importante movimento com o intuito de reordenar o modelo de atenção no SUS, reorganizando a prática da atenção à saúde em novas bases e substituindo o modelo tradicional, levando a saúde para mais perto das famílias e, com isso, melhorando a qualidade de vida da população As equipes de SF são compostas por no mínimo: um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Pode ser ampliada com a equipe de Saúde Bucal, na qual estão presentes: dentista, auxiliar em saúde bucal e técnico em saúde bucal. 1. Papel Potencializar a atenção primária e auxiliar na reorganização da rede de atenção secundária e terciária Reestruturar a atenção à saúde para reduzir a medicalização Corresponsabilização do cuidado Atuar no ensino e educação permanente 2. Diretrizes Orientado pelas diretrizes da Atenção Básica Deve produzir ou apoiar as equipes na produção de um cuidado continuado e longitudinal, próximo da população e na perspectiva da integralidade. Territorialização e responsabilidade sanitária: os profissionais devem ser capazes de desenvolver o raciocínio clínico, o epidemiológico e o sociopolítico, olhar e o manejo de riscos, de vulnerabilidades e de potencialidades coletivas. Trabalho em equipe Integralidade: A agregação de profissões e ocupações propiciadas pelo Nasf aumenta a possibilidade de resposta mais abrangente da atenção básica diante das demandas e necessidades dos usuários. Autonomia dos indivíduos e coletivos: ampliação da autonomia, da capacidade dos sujeitos de governar a própria vida, fruto tanto de ações técnicas quanto da produção de relações de acolhimento, vínculo e responsabilização 3. Constituição O Nasf deve buscar superar a lógica fragmentada da saúde para a construção de redes de atenção e cuidado, de forma corresponsabilizada com a ESF. É a situação desejável, mas que não acontecerá de forma espontânea e natural, sendo assim, é necessário que os profissionais do Nasf assumam suas responsabilidades em regime de cogestão com as equipes de SF e sob a coordenação do gestor local, em processos de constante construção. Deve ser constituído por uma equipe, na qual profissionais de diferentes áreas de conhecimento atuam em conjunto com os profissionais das equipes de Saúde da Família, compartilhando e apoiando as práticas em saúde nos territórios sob responsabilidade das equipes de SF Tal composição deve ser definida pelos próprios gestores municipais e as equipes de SF, mediante critérios de prioridades identificadas a partir das necessidades locais e da disponibilidade de profissionais de cada uma das diferentes ocupações Assistente social; profissional de Educação Física; farmacêutico; fisioterapeuta; fonoaudiólogo; profissional com formação em arte e educação (arte educador); nutricionista; psicólogo; terapeuta ocupacional; médico ginecologista/obstetra; médico homeopata; médico pediatra; médico veterinário; médico psiquiatra; médico geriatra; médico internista (clínica médica); médico do trabalho; médico acupunturista; e profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na área de saúde com pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou graduado diretamente em uma dessas áreas O Nasf não se constitui porta de entrada do sistema para os usuários, mas sim de apoio às equipes de SF Três modalidades de Nasf: 1. Nasf 1-> 5 a 9 eSF e/ou eAB para populações específicas (eConsultorio na rua, equipe ribeirinha e fluvial) - Mínimo 200 horas semanais. Cada ocupação deve ter, no mínimo, 20h e, no máximo, 80h de carga horária semanal 2. Nasf 2-> 3 a 4 eSF e/ou eAB para populações específicas (eCR, equipe ribeirinha e fluvial) - Mínimo 120 horas semanais. Cada ocupação deve ter, no mínimo, 20h e, no máximo, 40h de carga horária semanal 3. Nasf 3-> 1 a 2 eSF e/ou eAB para populações específicas (eCR, equipe ribeirinha e fluvial) - Mínimo 80 horas semanais. Cada ocupação deve ter, no mínimo, 20h e, no máximo, 40h de carga horária semanal. Responsabilidade dos profissionais do Nasf: DEFINIÇÃO DE INDICADORES E METAS AGENDAS DE TRABALHO ATIVIDADES PEDAGÓGICAS TRABALHO EM GRUPOS/EQUIPE 4. Funcionamento Objetivo apoiar, ampliar, aperfeiçoar a atenção e a gestão da saúde na Atenção Básica/Saúde da Família, indo além do conhecimento técnico, para a responsabilidade por determinado número de Equipes de Saúde da Família e o desenvolvimento de habilidades relacionadas ao paradigma da Saúde da Família. Organização do seu processo de trabalho: (a) Atendimento compartilhado, para uma intervenção interdisciplinar (b) Intervenções específicas do profissional do Nasf com os usuários e/ou famílias, com discussão e negociação a priori com os profissionais da equipe de SF (c) Ações comuns nos territórios de sua responsabilidade desenvolvidas de forma articulada com as equipes de SF 5. Ferramentas A organização e o desenvolvimento do processo de trabalho do Nasf dependem de algumas ferramentas já amplamente testadas na realidade brasileira Seja de apoio à gestão, como a Pactuação do Apoio, seja de apoio à atenção, como: o apoio matricial, a Clínica Ampliada, o Projeto Terapêutico Singular (PTS) e o Projeto de Saúde no Território (PST) Pactuação do Apoio A pactuação do apoio é uma ferramenta de cogestão que deve manter-se em constante construção. Ela é coordenada pela gestão de saúde e delimitada em duas atividades: 1. Avaliação conjunta da situação inicial do território entre os gestores, equipes de SF e o Conselho de Saúde. Processo de discussão, negociação e análise com as equipes de SF e com a participação social, para definir quais profissionais serão contratados A participação das equipes de SF e dos representantes da população é fundamental, porque conhecem profundamente as necessidades em saúde de seu território e podem identificar os temas/situações em que mais precisam de apoio 2. Pactuação do desenvolvimento do processo de trabalho e das metas, entre os gestores, a equipe do Nasf e a equipe de SF. Essa é uma atividade que deve ser rotineira É muito importante que os gestores, equipes de SF e do Nasf pactuem metas e o processo de trabalho, abrangendo a definição de: Objetivos a serem alcançados; Problemas prioritários a serem abordados; Critérios de encaminhamento ou compartilhamento de casos; Critérios de avaliação do trabalho da equipe e dos apoiadores; Formas de explicitação e gerenciamento resolutivo de conflitos Apoio matricial O Apoio Matricial é a principal ferramenta tecnológica no trabalho do NASF por apresentar tantas ações assistenciais quanto ações técnico-pedagógicas de modo dinâmico e interativo Como a elaboração de materiais de apoio, a discussão de casos, os atendimentos conjuntos, É formado por um conjunto de profissionais que não têm, necessariamente, relação direta e cotidiana com o usuário, mas cujas tarefas serão de prestar apoio às equipes de referência (equipes de SF) Ao realizar matriciamento, a equipe do NASF se complementa com o processo de trabalho em equipes de referência utilizando as informações da equipe da ESFe buscando sua qualificação para a oferta de apoio às equipes vinculadas Equipes de referência representam um tipo de arranjo que busca mudar o padrão dominante de responsabilidade nas organizações: em vez das pessoas se responsabilizarem por atividades e procedimentos, o que se busca é construir a responsabilidade de pessoas por pessoas Assim, se a equipe de referência é composta por um conjunto de profissionais considerados essenciais na condução de problemas de saúde dos clientes, eles deverão acionar uma rede assistencial necessária a cada caso Clínica Ampliada A clínica ampliada busca, através da interação entre a equipe e da intersetorialidade, constituir-se como um instrumento para enxergar e atuar na clínica para além dos pedaços fragmentados, sem deixar de reconhecer e utilizar o potencial dos diferentes saberes Pode ser caracterizada pelos seguintes movimentos: 1. COMPREENSÃO AMPLIADA DO PROCESSO SAÚDE–DOENÇA 2. CONSTRUÇÃO COMPARTILHADA DOS DIAGNÓSTICOS E TERAPÊUTICAS 3. AMPLIAÇÃO DO “OBJETO DE TRABALHO” 4. A TRANSFORMAÇÃO DOS “MEIOS” OU INSTRUMENTOS DE TRABALHO 5. SUPORTE PARA OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE Projeto Terapêutico Singular O Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas, para um sujeito individual ou coletivo, resultado da discussão coletiva de uma equipe interdisciplinar, com apoio matricial, se necessário. Nesse sentido, pode ser utilizado como uma ferramenta do processo de integração entre NASF e equipes vinculadas, permitindo que, mesmo em situações em que seja necessária uma intervenção específica do profissional do NASF, a equipe de referência possa manter a coordenação do cuidado. O PTS se desenvolve em quatro momentos: 1. DIAGNÓSTICO 2. DEFINIÇÃO DAS METAS 3. DIVISÃO DE RESPONSABILIDADES 4. REAVALIAÇÃO Projeto de Saúde no Território (PST) Aquela que inicia o processo de implantação do NASF na Atenção Básica de um município. Busca desenvolver ações efetivas na produção da saúde em um território que tenham foco na articulação dos serviços de saúde com outros serviços e políticas sociais de forma a investir na qualidade de vida e na autonomia de sujeitos e comunidades. Genograma A principal função do genograma é organizar os dados referentes à história da família e seus processos relacionais Permite visualização rápida e abrangente da estrutura da família, sua composição, problemas de saúde, situações de risco e padrões de vulnerabilidade. Ecomapa Representa as interações da família com pessoas, instituições ou grupos sociais em determinado momento. Conecta as circunstâncias ao meio ambiente e auxilia na identificação dos padrões organizacionais familiares. Atendimento domiciliar compartilhado Podem servir tanto como recurso diagnóstico na fase de avaliação inicial, quanto recurso terapêutico na fase de intervenção ou ainda no acompanhamento longitudinal dos pacientes. Os profissionais do Nasf não têm vinculação direta/imediata com os usuários, o vínculo primário do usuário dar se à com a equipe de Saúde da Família, e é justamente a qualidade desse vínculo que determinará uma série de fatores essenciais ao êxito das intervenções propostas. Atendimento individual compartilhado Contato pessoal entre equipe de apoio e usuário, oportunizando momentos de discussão sobre o caso antes e após o atendimento Atendimento individual específico As necessidades do território, usuário ou família, a modalidade de Nasf e a conformação da rede do município podem influenciar na frequência de atendimentos individuais específicos. Quando o número de equipes vinculadas é menor, a possibilidade de realizar tais atendimentos é maior 6. Relação com Estratégia Saúde da Família e interdisciplinaridade O Nasf é composto de nove áreas estratégicas, que representam os diversos capítulos da presente publicação. São elas: saúde da criança/do adolescente e do jovem; saúde mental; reabilitação/saúde integral da pessoa idosa; alimentação e nutrição; serviço social; saúde da mulher; assistência farmacêutica; atividade física/ práticas corporais; práticas integrativas e complementares RESUMINDO Pode-se afirmar, então, que o Nasf: • É uma equipe formada por diferentes profissões e/ou especialidades. • Constitui-se como apoio especializado na própria Atenção Básica, mas não é ambulatório de especialidades ou serviço hospitalar. • Recebe a demanda por negociação e discussão compartilhada com as equipes que apoia, e não por meio de encaminhamentos impessoais. • Deve estar disponível para dar suporte em situações programadas e também imprevistas. • Possui disponibilidade, no conjunto de atividades que desenvolve, para realização de atividades com as equipes, bem como para atividades assistenciais diretas aos usuários (com indicações, critérios e fluxos pactuados com as equipes e com a gestão). • Realiza ações compartilhadas com as equipes de Saúde da Família (eSF), o que não significa, necessariamente, estarem juntas no mesmo espaço/tempo em todas as ações. • Ajuda as equipes a evitar ou qualificar os encaminhamentos realizados para outros pontos de atenção. • Ajuda a aumentar a capacidade de cuidado das equipes de Atenção Básica, agrega novas ofertas de cuidado nas UBS e auxilia a articulação com outros pontos de atenção da rede.
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