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Lara Letycia Araujo Costa Hérnias Introdução ❖ Protrusão anormal de um órgão ou tecido através de um orifício, na- tural ou acidental, da cavidade que o contém ; ❖ É o procedimento de cirurgia geral mais realizado ; ❖ Pode ocorrer em vários locais do corpo ; ❖ Mais frequente na parede abdominal (inguinal é a mais frequente ) ; ❖ Importância epidemiológica: alta prevalência ; ❖ Alto custo social ; ❖ Na região abdominal encontram - se as h érnias: e pigástricas (3 cm de distância da cicatriz umbilical) , u mbilicais , l ombares , v entrolaterais de Spiegel , incisionais, periestomais; ❖ Na região i n guinofemoral, sede frequente de hérnias, podem - se en- contrar as herniações i n guinais, femorais e obturatórias . Epidemiologia ❖ Predomínio em homens: 8x ; ❖ Hérnias da região inguinal: ✓ Inguinal indireta → mais comum (ambos sexos); ❖ Predomínio feminino nas hérnias: Hé r nia ing u inal Hérnia incisonal Hérnia epigástrica Hérnia umbilical Hé r nia femor al Hé r nia S piegel Figura 1 Principais tipos de hérnias. · Femorais: 10:1; · Umbilicais: 3:1; ▪ Ambas possuem uma prevalência maior no sexo feminino; Pegadinha · Hérnias femorais: mulheres > homens; · Qual é a hérnia mais comum nas mulheres? · Hérnia inguinal; ▪ Também é a hérnia mais prevalente em homens; ❖ A maior parte das hérnias estranguladas são: · Hérnias inguinais (porque têm mais!) · As hérnias femorais são as que têm maior taxa de estrangulamento (15 a 20%); ✓ Tanto as hérnias inguinais como as femorais ocorrem mais à direita. Etiologia ❖ Conforme o tipo de hérnia: ✓ Congênita; · Persistência do processo vaginal; · Prematuridade e baixo peso; · Deficiências de colágeno (Marfan, Ehlers-Danlos, Hunter); ✓ Adquirida: · Lesão da parede abdominal (trauma ou cirurgia); ▪ Predisposição tecido conectivo: · Alterações do colágeno: tabagismo e idade avançada; · Aumento repetitivo de pressão intra-abdominal: prostatismo, DPOC, neoplasia intra-abdominal, constipação, ascite e obesidade. Conceitos ❖ Componentes da hérnia: · Anel herniário, saco herniário (revestimento do peritônio) e conteúdo; ❖ Hérnia de deslizamento: · A víscera herniada forma parte da parede do saco. Diagnóstico · Quadro clínico; · Exame físico; · Exames de imagem: na maioria das vezes, apenas ultrassom de partes moles se houver dúvida após anamnese e exame físico; ✓ Também pode ser útil para diferenciar o conteúdo da hérnia. OBS.: Com apenas a anamnese e o exame físico é possível diagnosticar a grande maioria das hérnias. Quadro clínico · Assintomático; · Abaulamento ou tumefação redutível; · Dor, desconforto ou peso na virilha; · Relação com esforço físico; ❖ Tumefação fixa → encarcerada; ❖ Parestesias, dor irradiada etc. · Sinais de complicação: obstrução, isquemia, perfuração. Exame físico geral · Inspeção: · Estática; · Dinâmica (Valsalva, tosse, esforço); ❖ Palpação da hérnia: · Redutível ou não redutível; · Conteúdo; · Anel herniário; ❖ Sinais de sofrimento; ❖ Região inguinal: · Manobra de Valsalva/tosse; · Indicador no canal inguinal; · Sexo feminino: 2 dedos ao longo do canal inguinal; · Femoral: abaixo do ligamento inguinal, medial à artéria femoral. Classificação (Importante!) · Redutível: · Reduz com manobras não cirúrgicas; ❖ Encarcerada: · Sinais de obstrução; ✓ Cirurgia de urgência; ❖ Estrangulada: · Pele sensível, quente, eritema, febre, hipotensão, leucocitose; ✓ Cirurgia imediata. Fatores de risco · Infecção ou contaminação; · Hematoma; · Tensão; · Esforço no pós-operatório (prostatismo, tosse); · Comorbidades: obesidade, diabetes, DPOC, ascite; · Medicamentos: corticoides, imunossupressores (há controvérsias quanto a imunossupressores); ❖ Tabagismo; ✓ Parar de fumar 30 dias antes da cirurgia. Diagnóstico diferencial · Neoplasias benignas e malignas (lipoma); · Linfonodos; · Hidrocele; · Orquite; · Torção de testículo; ❖ Varicocele. Tratamento · Cirurgia – Videolaparoscopia é a mais utilizada; · Se sintomático; · Se o paciente quiser; · Se o paciente for submetido a videolaparoscopia; · Reduzir ou ressecar os elementos herniados; · Tratamento do saco herniário; · Correção do defeito anatômico; · Identificar e eliminar o fator de risco; ❖ Aproximação primária; ❖ Uso de telas: · As telas são feitas de polipropileno; · É incorporada pelo organismo; · Promove uma aérea de firmeza na região, reduzindo a até 3% a recidiva; ✓ Usada em todo tipo de cirurgia. Hérnia umbilical Introdução · Ocorre tanto em adultos quanto em crianças, mas o modo de apresentação, a história natural e o tratamento são diferentes; · Em crianças, pode ser definida como a persistência do anel umbilical sem o fechamento de sua camada aponeurótica, com protrusão anormal do peritônio e da pele em função de um tecido adiposo pré-peritoneal, intestino ou grande omento. Etiologia e epidemiologia · São consideradas congênitas nas crianças até 3 anos; ✓ Mais frequentes em recém nascidos pré-termos, de baixo peso, do sexo feminino, na raça negra e são associadas a algumas doenças, como hipotireoidismo congênito e mucopolissacaridoses, ou síndrosmes, como Down e de Beckwith- Wiedemann; · Fatores associados: obesidade, gestação, trauma, ascite e outros estados que aumentam a pressão intra-abdomi- nal; · Mulheres > Homens (3:1); Quadro clínico · Observa-se abaulamento da cicatriz umbilical, que pode ou não ser reduzido espontaneamente; · Em pacientes magros é possível palpar o anel herniário; · A US pode ser utilizada para confirmar o diagnóstico em casos de dúvida; · As hérnias umbilicais podem encarcerar-se e, eventualmente, evoluir com sofrimento vascular; ✓ O quadro clínico é de dor abdominal e abaulamento não redutível. Tratamento ❖ Crianças: · Depende da idade e do tamanho do anel herniário. Além disso, os critérios para o tratamento cirúrgico podem variar de acordo com a literatura estudada; · Anel menor do que 1,5 cm de diâmetro pode fechar espontaneamente – em 85% dos casos até os 3 anos e 96% até os 6 anos; · Hérnias maiores que 1,5 cm de diâmetro devem ser operadas, assim como as que persistem após o sexto ano; · Operar sempre que houver concomitância entre hérnia umbilical e inguinal (15% dos casos) – devem ser operadas ao mesmo tempo; ❖ Adultos: · Hérnias pequenas e assintomáticas, de difícil detecção no exame físico, podem não necessitar de tratamento cirúrgico; ▪ De qualquer forma, é necessário tomar cuidado, pois grandes esforços que resultam em aumento da pressão intra-abdominal podem aumentar a hérnia; · Hérnias maiores, sintomáticas, já encarceradas, com sofrimento de pele ou com ascite incontrolável; ✓ O uso de telas é aconselhado para defeitos maiores que 2 cm. Hérnia inguinal Etiologia e epidemiologia · Constitui o tipo de hérnia mais comum (homens > mulheres); · É mais comum à direita e do tipo indireta; · Pode ocorrer tanto na infância como na vida adulta, no entanto, com mecanismos etiológicos diferentes; · Nas crianças, acontece pela persistência do conduto peritoneovaginal (hérnia indireta); · Nos adultos, as hérnias indiretas acontecem pelo mesmo motivo, porém tardiamente. Já as hérnias diretas, ocorrem por fraqueza na parede inguinal e esforço físico; · As hérnias inguinais podem ser classificadas segundo o esquema proposto por Nyhus, ou menos comumente, por Gilbert; Fatores de riscos ❖ Congênito: · Persistência do processo vaginal; · Prematuridade e baixo peso; · Deficiências de colágeno (Marfan, Ehlers-Danlos, Hunter); ❖ Adquirido: · Alterações do colágeno: tabagismo e idade avançada · Aumento repetitivo de P. intra-abdominal: prostatismo, DPOC, neoplasia intra-abdominal, constipação, ascite, obesidade.Anatomia Canal inguinal · Acima e paralelo ao ligamento inguinal (3,5 a 5 cm); · Início no anel inguinal profundo/interno; · Termina no anel inguinal superficial/externo; · Um canal inguinal plano, sem abaulamento, nega hérnia inguinal-escrotal. Limites do canal inguinal · Teto ou anterior: · Aponeurose do oblíquo externo; ❖ Assoalho ou posterior: · Fascia transversalis; · Superior Figura 2 Anatomia do canal inguinal · Tendão conjunto, fibras arqueadas do oblíquo interno e transverso; ❖ Inferior: · Ligamento inguinal. Trígono de Hesselbach ❖ Vasos epigástricos inferiores, borda lateral do músculo reto abdominal e ligamento inguinal; Hérnias diretas acontecem dentro desse triângulo. Quadro clínico ❖ O quadro clínico compreende abaulamento inguinal, principalmente após esforço físico ou, ainda em posição ortostática, que pode ou não ser reduzido espontaneamente. Classificação Hérnias inguinais diretas e indiretas (Importante!) · Direta: medial aos vasos epigástricos; · Resulta da fraqueza do assoalho da região inguinal; · Indireta: lateral aos vasos epigástricos; · Ocorre pela passagem de conteúdo abdominal através do anel inguinal interno. O tratamento é o mesmo! Classificação de Nyhus I Indireta sem alargamento de anel II Indireta com alargamento de anel III Defeitos da parede posterior: A Direta B Indireta com dilatação do anel inguinal profundo e destruição da parede posterior medialmente (escrotal, deslizamento ou pantalona) C Hérnia femoral IV Recidivadas: A Direta B Indireta C Femoral D Combinada Tratamento ❖ Cirúrgico: visa reestabelecer a anatomia da região inguinal após a correção da hérnia; ✓ Técnicas abertas: · Sem tela: Sholdice, McVay, Bassini, outras; · Com tela: Lichtenstein (padrão ouro – taxa de recidiva menor que 1%), Rives-Stoppa, outras variações; ✓ Técnicas endoscópicas: ▪ Com tela: extraperitoneal (TEP), Transperitoneal (TAPP), Robótica.
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