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Lara Letycia Araujo Costa Afecções proctológicas Qual a relevância do tema? · Diagnóstico precoce; · Tratamento fácil e bem difundido; · Complicações difíceis; ✓ Incontinência fecal; · Sequelas tardias; · Diagnósticos diferenciais. Anatomofisiologia do reto e canal anal · O canal anal é o final do reto; · À medida que se torna cada vez mais distal, diferencia-se, construindo os músculos e as inervações; · Existe uma zona de transição entre o epitélio colunar (mucosa do reto) e o epitélio estratificado (canal anal) chamada de linha pectínea, marco anatômico importante para as doenças; · Ex.: um tumor no epitélio colunar – adenocarcinoma; no estratificado – carcinoma, por conta disso eles possuem tratamentos diferentes, pois são doenças diferentes; · O epitélio estratificado do ânus ainda é diferenciado dos outros, porque não tem pelos ou glândulas; · O esfíncter interno do ânus é liso, involuntário e faz a maioria do trabalho; já o esfíncter externo do ânus está relacionado com os músculos elevadores do Figura 1 Anatomia do reto e canal anal. ânus, sendo estriado e voluntário; · É muito importante ter cuidado com o esfíncter externo, pois é a lesão dele que leva a incontinência fecal. A incontinência acontece naturalmente com a idade, por isso observamos com frequência em idosos; nesse sentido, é importante exercitar a musculatura perineal para fortalece-la; · Musculatura puborretal – sai do púbis e dá uma volta no canal anal; na defecação, ocorre o relaxamento dessa musculatura; · Anismos ou contração paradoxal do puborretal – contração na hora de defecar – pode ser um diagnóstico de constipação. Doença Hemorroidária Introdução ❖ Degeneração e rotura do tecido conectivo fibroelástico com deslizamento dos coxins submucosos arteriovenosos; · É uma fístula arteriovenosa, um sinusóide, que se dilata e se distorce, associado a um deslizamento do tecido conectivo da musculatura da mucosa do reto. O ânus possui uma irrigação sanguínea arterial, sendo o sangramento do sinusóide a principal queixa clínica; · Se torna doença apenas quando tem sintomas, como sangramento, dilatação, prolapso e trombose. Fatores predisponentes/ desencadeantes · Distúrbios do trânsito colônico (diarreia/ constipação); · Esforço evacuatório; · Hereditariedade; · Postura ereta; · Aumento da pressão intra-abdominal (gravidez); · Mecanismo de continência anal; ❖ Doença quando sintomática; ❖ Prevalência desconhecida. OBS.: · Irrigação: · O último ramo da mesentérica superior é a artéria anal – hemorroida na região interna – sangue arterial; · A hemorroida externa não segue um padrão; · A veia pudenda interna e ilíaca interna desembocam na veia cava; já a veia retal superior e mesentérica desembocam no sistema porta. Há uma comunicação porta-sistêmica, por isso uma hipertensão portal pode gerar varizes retais. Distribuição 3 mamilos · Anterior direita, esquerda e posterior; ❖ Inervação: · Hemorroida interna não dói, apenas incomoda; · Autônoma; · Sensitiva/ somática. Classificação – Banoy, 1985: · Hemorroidas internas: epitélio mucoso; · Hemorroida interna grau I: sangram e não prolabam; · Hemorroida interna grau II: prolapso que reduz espontaneamente; · Hemorroida interna grau III: prolapso que reduz digitalmente; · Hemorroida interna grau IV: prolapso que não reduz; ❖ Hemorroidas externa: epitélio estratificado; ❖ Hemorroidas mistas. Clínica · SANGRAMENTO: hematoquezia – sangue vermelho vivo, na hora de evacuar ou no papel higiênico, as vezes pinga no vaso; · Diferente de enterorragia – sangramento mais volumoso, não necessariamente relacionado com o ato de evacuar, que pode ou não ter repercussões sistêmicas e pode ter coágulos; · Diferente de melena – sangramento com coloração escura (sangue digerido) e podre, sem coágulos. Como se mistura com as fezes e muitas vezes dá diarreia, pode ser confundido, ou deixar dúvidas se há ou não sangramento. Para comprovar que é sangue pinga-se água oxigenada, se borbulhar é sangue; ❖ Prolapso mucoso, nódulos, carnosidades; · Desconforto anal; · Exsudação perianal; Prurido anal; · Dor anal – sinal de que a hemorroida está complicando. Diagnóstico · Anamnese; · Exame proctológico; · Anuscopia – suficiente para dar o diagnóstico de hemorroida; · Retossigmoidoscopia – pré-operatório/ baixo risco; ❖ Colonoscopia – pacientes acima de 45 anos; ❖ Diagnósticos diferenciais: ✓ Prolapso mucoso do reto; ✓ Abcesso. Tratamento Conservador · OHD (Orientações higiênico dietéticas) + pomadas de uso tópico + diosmina + laxantes; · Ligadura elástica // macroligadura; ✓ Tratamento minimamente invasivo. Complicações: · Trombo hemorroidário (externo ou misto). Tratamento cirúrgico · Milligan – Morgan: · Opera os três mamilos sem retirar a circunferência; deixar as porções de pele normal; ✓ Deixa aberto; ❖ Ferguson: · Mesma coisa do anterior, porém fechado; ❖ PPH (procedimento para prolapso hemorroidário): · O procedimento é caracterizado pela fixação das hemorroidas prolapsadas em suas posições originais, ação facilitada pelo uso de um grampeador específico e utilização de grampos de titânio; ✓ Hemorroida grau III. Complicações: · Precoce: dor; ❖ Tardia: estenose. Fissura Anal Introdução ❖ Úlcera linear, vertical no canal anal abaixo da linha pectínea. Classificação ❖ Típicas e atípicas: · Típicas: respeitam a linha pectínea; ✓ Atípicas: não respeitam a linha pectínea; ❖ Agudas e crônicas: · Agudas: borda irregular, sangra, dói e fecha clinicamente; ✓ Crônicas: não dói, não fecha clinicamente. Etiologia Hipertonia esfincteriana (75%) / espasmos musculares/ “overshoot”; · Leva a cronificação pela diminuição da irrigação sanguínea, principalmente na linha média posterior; · A dor anal também pode causar hipertonia, causando um círculo vicioso; · Trauma: constipação crônica; ✓ Fezes endurecidas levam a trauma anal, e este a fissura; · Fezes diarreicas ácidas (4 – 7%); · Doença inflamatória intestinal, principalmente a doença de Crohn; · Coito anal; · Iatrogênica: pós-operatória. Círculo vicioso Dor Hipertonia Constipação ❖ O objetivo do tratamento é melhorar a constipação, tirar a dor, para o paciente relaxar. Clínica · DOR ANAL – fina, como gilete cortante, dura de 2- 3h depois da evacuação; · Disquesia (dificuldade para defecar); · Sangramento; · Irritação perianal; · Plicoma; · Mocorréia; · Prurido anal; · TRÍADE FISSURÁRIA (PROVA): Plicoma Sentinela (brodie) + Fissura anal crônica + Papila Hipertrófica (Milligan). Figura 2 Características de uma fissura em fase aguda. Caso fosse crônica, estaria fechada a Tríade Fissurária. Tratamento clínico Fissura aguda: · Laxantes + pomadas anestésicas + analgesia sistêmica. Fissura crônica: Dinitrato de Isossorbida 1%; · Trinitrato de glicerina 0,2%; · Diltiazen 1%; · Nifedipina 2%; · Betanecol 0,2%; · Toxina botulínica (20UI no EIA). Não se faz tratamento cirúrgico de rotina, apenas quando há necessidade. Complicações · Fissura fistulizada; · Abcesso perianal; · Incontinência fecal pós-esfincterotomia; ✓ 30 a 45% são temporárias; ✓ 5% são permanentes.
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