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1 CIRURGIA TGI 5 Marina Prietto CÂNCER DE PÂNCREAS INTRODUÇÃO: O adenocarcinoma de pâncreas apresenta um prognostico ruim –70% dos pacientes vão a óbito no primeiro ano após o diagnóstico. Metade dos pacientes já são classificados como “incuráveis” no momento do diagnóstico – sintomas muito inespecíficos e tardios; Quanto a localização da neoplasia, se distribuem-se em: 70% cabeça – tumores periampulares (devido a ampola de vater); 20% corpo 10% cauda; Tumores periampulares podem ser: tumores de pâncreas (mais comum), do colédoco distal, duodeno ou tumor de papila; Histologia: O principal tipo histológico é o adenocarcinoma ductal (se originam no epitélio ductal da porção exócrina do pâncreas); MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: O quadro clínico em sua maioria se apresenta de forma bastante tardia, porém, os principais são: 1. Icterícia colestática (icterícia + colúria + acolia e as vezes prurido) 2. Dor abdominal – costuma ser em epigástrica, de caráter constante e surda (podendo irradiar para dorso) 3. Perda ponderal – Podem cursar com esteatorreia ou anorexia; Achados semiológicos adicionais: VESÍCULA DE COURVOISIER TERRIER – vesícula biliar patologicamente palpável e as vezes visível no abdome (tipicamente indolor) Ocorre devido a obstrução do colédoco e da ampola de vater, estimulando um fluxo retrogrado da bile, que dilata a vesícula; não é específica do câncer de pâncreas, traduzindo apenas a existência de um tumor periampular. Ascite; Massa abdominal; Hepatomegalia, linfonodomegalia – sintomas relacionados a quadro de doença mais avançada; FATORES DE RISCO: Idade avançada; Paciente com quadros de pancreatite crônica. História familiar de CA de pâncreas Pacientes diabéticos Obesidade Tabagismo; ABORDAGEM DIAGNÓSTICA: Imagem: O exame de eleição para pacientes com suspeita clínica é a TOMOGRAFIA DE ABDOME; Outro exame que vem tomando espaço no rastreio de tumores periampulares é a ECO Endoscopia (exame + sensível); No caso da investigação de outros tipos de tumores periampulares, existem alguns exames preferenciais, como: 2 CIRURGIA TGI 5 Marina Prietto Suspeita de colédoco: indica-se uma RNM; Suspeita de duodeno ou papila: Indica-se a endoscopia; Laboratorial: Dosagem do marcador sérico tumoral: Ca 19.9 Lembrar que a dosagem do marcador não tem função diagnóstica, e sim analise prognóstica e de acompanhamento. ESTADIAMENTO É feito com base na TC DE TÓRAX, ABDOME E PELVE; É baseado na escala TNM (tumor, linfonodo e metástase) Pode apresentar 3 cenários: FAVORÁVEL: A tomografia apresentou apenas um tumor; Sem sinais de doença metastática, invasão etc; BORDERLINE; É definido como um paciente que já apresenta um contato vascular (porém sem sinais claros de infiltração); INCURÁVEL: Invasão vascular (Ex: Artéria e veia mesentérica superior, tronco celíaco, veia porta etc.); Metástases (fígado, pulmão, linfonodos distantes acometidos ou até peritônio); OBS: Os achados peritoneais são mais complicados de aparecer, podem surgir como nódulos/espessamento peritoneal ou do omento – sinais de carcinomatose peritoneal; OBS: No exame físico existem alguns sinais que sugerem que o tumor é incurável / avançado, como: » Acometimento do linfonodo axilar esquerdo (IRISH) ou o linfonodo supracavicular esquerdo (VIRCHOW) – São classificados como linfonodos distantes acometidos. » A presença de dor abdominal intensa pode indicar a invasão do plexo celíaco pelo tumor (um dos critérios de irressecabilidade); » Nodulações periumbilicais (Sister Mary Joseph); » Linfonodos perirretais perceptíveis ao toque (prateleira de Blummer) 3 CIRURGIA TGI 5 Marina Prietto MANEJO: Vai de acordo com o estadiamento desse paciente; » Cenário favorável: Cirurgia curativa; » Cenário borderline: Ainda indica a cirurgia, associada a quimioterapia neoadjuvante pré operatória; » Cenário incurável: Cuidados paliativos. FAVORÁVEL: A cirurgia indicada para um paciente com tumor de cabeça de pâncreas é a cirurgia de Whipple – gastroduodenopancreatectomia (GDP); Ocorre uma ressecção do estomago (piloro), de todo o duodeno, da cabeça do pâncreas e da via biliar; É considerada uma cirurgia bastante agressiva (necessidade de diversas anastomoses para o restabelecimento dos fluxos) Apresenta um elevado risco de complicações. BORDERLINE: Nesses casos a cirurgia indicada também é a de Whipple (GDP) – entretanto, devido a possibilidade do acometimento vascular, em tese deveria ocorrer a ressecção da trama vascular proxioma, o que tornaria a cirurgia ainda mais agressiva. Por conta disso, associou-se a quimioterapia neoadjuvante pré operatória INCURÁVEL: Nesses casos não há conduta eficaz para o tratamento desse paciente, sendo indicado apenas a paliação; O médico pode ser chamado para paliar os sintomas, como: Via alimentar (dieta oral, SNE, jejunostomia, gastroenteroanstomose) Icterícia: Indica-se a CPRE para paliação da icterícia (faz uma papilotopia e coloca uma prótese biliar, restabelecimento o fluxo); Caso a CPRE não seja eficaz, indica-se uma drenagem percutânea o fígado – drenagem transparieto hepática da via biliar; A derivação biliodigestiva pode ser indicada em pacientes que tem o diagnóstico inicial de borderline, porém durante a cirurgia descobrem sinais incuráveis – realiza uma paliação cirúrgica. Dor: Indica-se medicamentos que tentem cessar a dor intensa, como morfina oral; Caso de incapacidade de cessar a dor, pode ser indicado a ablação da origem da dor (ablação do plexo celíaco) – dor neuropática grave; 4 CIRURGIA TGI 5 Marina Prietto NEOPLASIAS DE VIAS BILIARES: São oriundas do epitélio da via biliar, os colangiocarcinomas. Podem se localizar em qualquer local da arvore biliar, como por exemplo: Intra hepático, Peri hilar (50%), Vesícula biliar, Ampola de vater – se comporta da mesma maneira que o tumor de pâncreas, sendo a única diferença o padrão ictérico flutuante. CLASSIFICAÇÃO DE BISMUTH: Refere-se aos colangiocarcinomas peri hilares, dividindo-o em 4 tipos distintos, de acordo com a sua localização. TIPO I: Antes da bifurcação da via biliar (ducto hepático esquerdo e direito; TIPO II: A lesão toca o final da bifurcação (porém não segue para nenhum lado do ducto); TIPO III: Quando a lesão progride para algum dos lados do ducto hepático; TIPO IIIa: Se invadir para o lado direito; TIPO IIIb: Se invadir para o lado esquerdo; TIPO IV: Quando a lesão progride para ambos os lados ou em mais de um seguimento. COLANGIOCARCINOMAS PERI HILARES Também são chamados de tumor de KLATSKIN; Possui como principais fatores de risco: - Colangite esclerosante primária (CEP) - Doença de Caroli (má formação da via biliar – presença de divertículos e dilatações) A principal manifestação clínica é a icterícia; E esses pacientes NÃO apresentam o sinal de Courvosier Terrier (vesícula dilatada e indolor) pois a obstrução ocorre antes da VB; 5 CIRURGIA TGI 5 Marina Prietto TUMOR DE VESÍCULA BILIAR Possui como principais fatores de risco: - Colelitíase (porém, apenas o calculo não há indicação para retirada da vesícula de forma profilática); - Vesícula de porcelana (calcificação da parede da VB, com a presença de sinais inflamatórios crônicos); - Pólipos de vesícula (> 2cm ou se estiverem associado a cálculos) - Salmonella (são caracteristicamente um fator de risco para esse tipo de neoplasia).
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