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Farmacocinética: Absorção, Distribuição e Biotransformação

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É o estudo do destino dos 
fármacos no organismo após a sua 
administração. Compreende os 
processos de absorção, distribuição, 
biotransformação e excreção. 
A absorção das drogas ocorre de 
forma que o fármaco atravessa barreiras 
até o epitélio gastrointestinal, o endotélio 
vascular e as membranas plasmáticas, 
chegando, por fim, ao local de ação 
(biofase). Ainda, a absorção consiste na 
transferência da droga do local de 
administração aos fluidos circulantes. 
Em relação à membrana 
celular, esta é constituída por lipídios 
(colesterol, fosfolipídeos), proteínas 
(enzimas, imunoproteínas, proteínas de 
transporte), glicídios (glicoproteína e 
glicocálix), moléculas energéticas (ATP, 
AMP), água (20%), íons, etc. A 
membrana é permeável a drogas não 
polares e não ionizadas, e impermeável à 
maioria das drogas polares e íons. Já os 
lipídios possuem propriedades 
anfipáticas (afinidade com ambos água e 
óleo). Assim sendo, a absorção é 
influenciada por algumas propriedades 
físico-químicas das drogas, como a 
lipossolubilidade, hidrossolubilidade, 
estabilidade química, peso molecular, 
carga elétrica, forma farmacêutica, 
velocidade de dissolução, entre outros. 
Ainda, na passagem através da 
membrana, o gradiente diz respeito à 
força responsável pelo fluxo da droga 
através dela. No transporte ativo há o 
gasto de ATP, e ocorre contra um 
gradiente de concentração, isto é, as 
substâncias vão de onde estão menos 
concentradas até onde a concentração é 
alta. 
➔ Constituinte da membrana, 
polaridade e diâmetro dos 
poros; 
➔ Ph; 
➔ pKa, de forma que as drogas 
ácidas têm sua absorção 
favorecida em pH ácido 
(como a aspirina), e as drogas 
com pH básico são melhor 
absorvidas em meio básico 
(codeína, por exemplo). 
➔ Trato gastrointestinal: 
mucosa bucal, gástrica, 
intestino delgado, retal; 
➔ Trato respiratório: mucosa 
nasal, traqueal e brônquica, 
alveolar; 
➔ Pele; 
➔ Regiões subcutânea e 
intramuscular; 
➔ Mucosas genitourinárias 
(vagina e uretra). 
➔ Via de administração; 
➔ Concentração da droga no 
local de absorção; 
➔ Tamanho e formas 
moleculares; 
➔ pH; 
➔ Lipossolubilidade. 
Fatores que influenciam: 
➔ pH; 
➔ Área de superfície da 
mucosa; 
➔ Esvaziamento gástrico; 
➔ Forma farmacêutica; 
➔ Inativação dos fármacos. 
 É a porcentagem da quantidade 
administrada do fármaco, isto é, a dose 
que chega ao sítio de ação ou aos fluidos 
orgânicos. Quando 100% do fármaco 
atinge a corrente circulatória, considera-
se biodisponibilidade = 1. Quando uma 
medicação é administrada via 
intravenosa, a biodisponibilidade é de 
100%, mas as demais vias diminuem 
esse fator devido à absorção incompleta 
e ao metabolismo de primeira passagem 
(quando alguns fármacos são 
biotransformados – metabolizados – no 
fígado antes de atingirem a circulação 
sistêmica). Ainda, o principal fator que 
interfere na biodisponibilidade dos 
fármacos é a forma farmacêutica, 
seguindo a seguinte ordem: solução > 
emulsão > suspensão > cápsula > 
comprimido > drágea. 
 É a passagem que ocorre da 
corrente sanguínea para o líquido 
intersticial e intracelular. Essa passagem 
pode ser afetada por fatores fisiológicos 
e pelas propriedades físico-químicas da 
substância. Dessa forma, o fármaco 
penetra na corrente sanguínea por 
administração direta ou indireta (após 
absorção), distribuindo-se, então, para os 
diversos tecidos. 
➔ Susceptíveis: que sofrem a 
ação farmacológica; 
➔ Ativos: que metabolizam o 
fármaco; 
➔ Indiferentes: servem como 
reservatório temporário; 
➔ Emunctórios: encarregados 
da excreção dos fármacos. 
Depende de: fluxo sanguíneo 
tecidual, propriedades físico-químicas 
do fármaco, características das 
membranas, ligação às proteínas 
plasmáticas e teciduais (albumina e a-1-
glicoproteína ácida). 
 Os medicamentos se distribuem 
mais rapidamente em tecidos altamente 
perfundidos (cérebro, coração, rins, 
pulmões, fígado e glândulas endócrinas). 
A taxa de difusão depende da polaridade, 
peso molecular do fármaco e da ligação 
dos fármacos às proteínas plasmáticas. 
 Compreende-se, também, que em 
relação à ligação às proteínas 
plasmáticas e teciduais, os fármacos 
presentes no plasma permanecem livres 
e outra parte se liga às proteínas 
plasmáticas. A fração ligada é 
farmacologicamente inerte, e à medida 
que a fração livre deixa a circulação, o 
complexo se dissocia. 
 Entende-se como 
biotransformação o conjunto de reações 
enzimáticas que transformam o fármaco 
em um composto diferente para que 
possa ser excretado. A eliminação dos 
fármacos depende da biotransformação 
hepática, e qualquer órgão é capaz de 
biotransformar um fármaco, mas a maior 
parte ocorre no fígado. Tal processo se 
dá por meio da oxidação, redução, 
hidrólise, desalogenação e conjugação, 
seguidos de acetilação. 
➔ Fase I: oxidação, redução, 
hidrólise e desidrogenização; 
➔ Fase II: acetilação e 
conjugação, desalogenação. 
Frequentemente a 
biotransformação ocorre em sequência, 
consistindo em reações enzimáticas que 
normalmente ocorrem no fígado. O 
retículo endoplasmático da célula 
hepática é degradado em fragmentos 
pequenos. Entretanto, a 
biotransformação realizada pelo fígado é 
menos importante para as drogas polares 
(ionizadas), tendo em vista que essas 
atravessam mais lentamente a membrana 
plasmática do hepatócito do que as não 
polares. Dessa forma, as drogas polares 
são excretadas em maior proporção pela 
urina, enquanto os fármacos 
lipossolúveis não são excretados de 
modo eficiente pelo rim, pois a maioria é 
reabsorvida pelo túbulo distal, voltando 
à circulação sistêmica. 
 A maioria das interações 
medicamentosas que ocorrem na 
biotransformação está relacionada com a 
indução ou inibição do sistema 
citocromo P-450 microssomial 
hepático. 
 Tratando-se das reações de fase 
II, essas envolvem a conjugação que, 
normalmente, resulta em compostos 
inativos e facilmente excretáveis. A 
glicuronidação é a reação de conjugação 
mais comum e a mais importante. 
Todavia, por serem deficientes do 
sistema de conjugação e por suas funções 
renais não estarem completamente 
desenvolvidas, em recém-nascidos deve 
ser evitado o uso de alguns fármacos, 
como o cloranfenicol, que pode se 
acumular no organismo, provocando 
depressão da respiração, colapso 
cardiovascular, cianose e morte. 
 A inibição enzimática, idade e 
gestação, por exemplo, são fatores que 
interferem na biotransformação dos 
fármacos. Além disso, a idade e o fato de 
ser lactante ou não são fatores 
importantes na excreção. 
 O termo meia vida compreende o 
tempo necessário para que a quantidade 
de um fármaco se reduza à metade no 
organismo. 
 Por fim, temporalmente os 
fármacos evoluem da seguinte forma: 
latência (tempo entre o momento de 
administração e o início do efeito) > pico 
de efeito (tempo necessário para se 
atingir a concentração máxima) > 
duração do efeito (tempo dependente da 
velocidade dos processos de 
eliminação). 
 Depuração significa a remoção 
completa pelo rim de determinado 
soluto/substância de um volume 
específico de sangue na unidade de 
tempo. Assim sendo, a depuração total é 
a soma das depurações dos vários órgãos 
biotransformadores e eliminadores.

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