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Monografia_Gabriel_Nicolle_29_12_Completo

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69
FACULDADE ANÍSIO TEIXEIRA
COLEGIADO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
GABRIEL OLIVEIRA SANTOS
INDÚSTRIA VERSUS ESTADO
O embate do século
 
FEIRA DE SANTANA
2020
GABRIEL OLIVEIRA SANTOS
INDÚSTRIA VERSUS ESTADO
O embate do século
Monografia apresentada à Faculdade Anísio Teixeira, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção.
Orientadora: Nicolle de Carvalho Ribeiro
Co-orientador: Fabiana 
FEIRA DE SANTANA 
2020
GABRIEL OLIVEIRA SANTOS
INDÚSTRIA VERSUS ESTADO
O embate do século
Monografia apresentada à Faculdade Anísio Teixeira como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção.
Aprovado em: ____ de _______ de _____.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Nome do professor - instituição (orientador)
__________________________________________
Nome do professor - instituição 
__________________________________________
Nome do professor - instituição 
DEDICATÓRIA
Primeiramente a Deus, criador de tudo o que vive. Também aos meus pais que me sustentaram até aqui e também a todas as pessoas que prezam e espalham palavras de vida e liberdade.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus primeiramente, a todos os orixás, por estarem presentes em minha vida, desde os primeiros passos. Aos meus Pais Haydêe Maria e João Batista, pelos ensinamentos, pelo apoio, por sempre acreditarem em mim e terem feito tudo para que eu chegasse até aqui e ser a pessoa que eu sou hoje, por ter feito de mim um grande homem, saibam eles que sempre foram e serão minha maior força, nos momentos de dificuldade, pensava neles e a força e a vontade de vencer em mim retornava e com o tempo passando cada vez fui crescendo mais forte. Aos meus avôs Hamilton e João (in memorian) que apesar de não ter os conhecidos, a suas histórias e lições de vida contadas, me inspiraram muito. As minhas queridas Avós, Madalena e Maria José (in memorian) por todo o carinho e ensinamentos que me deram, por terem feito parte do meu crescimento pessoal. Aos meus Tios Deraldo e Betania por serem pessoas fundamentais em minha vida, por terem aberto as suas portas e me acolhido como um filho e me tratado como um. As minhas Tias e Tios por parte de Pai e Mãe, aos meus primos e primas e a todos os amigos e colegas que fizeram parte da minha vida. A todos os professores que puderam compartilhar comigo seus conhecimentos, desde a alfabetização até o ensino médio na cidade de Terra Nova - BA. A todos aqueles que tiverem e fizeram parte da minha vida, pode ter certeza que estarão em meu coração. Agradecer aos meus Professores da Faculdade Anísio Teixeira do curso de Engenharia de Produção, João Batista, Luiz Gomes, Rosipléia, Flávio, Silvia, Fabiana, Cleriston, Aline, Rejane, Rodrigo, Ricardo, Ed Weine, Érico, Sandro Dórea, pelos ensinamentos, puxões de orelha e todo apoio que foi dado e pela paciência também (risos) e aos demais professores do curso de Engenharia de Produção da Faculdade Anísio Teixeira e a ela pessoa maravilhosa e muito importante para mim, a quem sempre admirei e virei fã desde o primeiro momento que a conheci, e com o tempo toda a admiração e carinho só fizeram aumentar, pessoa importantíssima para que esse trabalho acontecesse, acreditou em mim, me deu todo apoio e ensinamentos necessários e também os puxões de orelha (risos), levarei sempre ao meu coração, o meu muito obrigado a Professora Dra. Nicolle de Carvalho Ribeiro. Aos meus colegas, Anderson, Danillo, Caroline, Heloísa, Aricleide, Angélica, Thaianny e aos demais, por todos esses anos juntos, conhecimentos e conselhos compartilhados. E por fim a mim, por sempre acreditar em mim mesmo, por ter superado todas as dificuldades e ter feito delas motivação para que tudo pudesse acontecer. 
 “A vida, a liberdade e a propriedade não existem pelo simples fato de os homens terem feito leis. Ao contrário, foi pelo fato de a vida, a liberdade e a propriedade existirem antes que os homens foram levados a fazer as leis.”.
 Frédéric Bastiat
RESUMO
Palavras-chave: 
ABSTRACT
Keywords:
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Posturas avaliadas no método RULA 
Figura 2 – Posturas avaliadas no método REBA
Figura 3 - Posturas avaliadas no método OWAS
Figura 4 – Tela do programa Ergolândia 6.0
Figura 5 – Tela do OWAS 1
Figura 6 – Postura inadequada para procedimento de ordenha
Figura 7 – Improvisação de lata utilizada como banco na ordenha
Figura 8 – Ordenhador realizando a tarefa com o uso do banco
Figura 9 – Banco confeccionado pelos ordenhadores
Figura 10 – Banco preso ao ordenhador, através de uma cita
Figura 11 – Trabalhador sem a utilização de vestimenta correta
Figura 12 – Postura das costas
Figura 13 – Postura dos braços
Figura 14 – Postura das pernas
Figura 15 – Esforço realizado na atividade
Figura 16 – Postura adotada pelo ordenhador
Figura 17 – Tela do OWAS 2
Figura 18 – Ambiente inadequado 
Figura 19 – Mesmo local higienizado
Figura 20 – Vaca apeada
Figura 21 – Local onde as vacas serão selecionadas para a ordenha (curral)
Figura 22 – Manejo dos animais
Figura 23 – Local de armazenamento para maquinários/implementos
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Contração muscular
Quadro 2 – Força e carga
Quadro 3 – Nível de ação – Método REBA
Quadro 4 – Níveis de ação segundo posição das costas, braços, pernas e uso de força
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
OIT – Organização Internacional do Trabalho
NR-31 – Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho, Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura
SESTR – Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural
CIPATR – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural
OWAS – Ovako Working Posture Analysis System
PPRA – Programa de Prevenção a Riscos Ambientais
RULA – Rapid Upper Limb Assessment
REBA – Rapid Entire Body Assessment
QVT – Qualidade de Vida no Trabalho
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
AET – Análise Ergonômica do Trabalho
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego 
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Idade dos colaboradores e tempos de atividade no meio rural
Gráfico 2 – Tempo de execução da atividade de ordenha os colaboradores
Gráfico 3 – Queixas nos membros superiores
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO	13
1.1 Apresentação	13
1.2 Objetivos	15
1.2.1 Geral	15
1.2.2 Específicos	15
1.3 Justificativa	15
CAPÍTULO 2- REFERENCIAL TEÓRICO	17
2.1 Trabalho e Qualidade de vida	17
2.1.1 Breve contexto de desenvolvimento da ergonomia	18
2.1.2 Os métodos de registro e análise postural	20
2.2 Atividades Rurais	28
2.2.1 Pecuária Leiteira e Ordenha	29
2.2.2 Risco ergonômicos na atividade agrícola e a NR-31	30
2.2.3 Análise postural na atividade agrícola	32
2.2.4 Motivos de acidente rural	33
CAPÍTULO 3- METODOLOGIA	36
3.1 Classificação e técnicas da pesquisa	36
3.2 Aplicação do método OWAS	39
CAPÍTULO 4- RESULTADOS E DISCUSSÕES	42
4.1 Análise Ergonômica do Trabalho (AET)	42
4.2 Riscos de Acidentes	54
CAPÍTULO 5- CONSIDERAÇÕES FINAIS	60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	62
APÊNDICE A	66
CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação 
O que é o estado? É um grupo dentro da sociedade que clama para si o direito exclusivo de controlar a vida de todos. Para isso, ele utiliza um arranjo especial de leis que permite a ele fazer com os outros tudo aquilo que esses outros são corretamente proibidos de fazer: atacar a vida, a liberdade e a propriedade. (ROCKWELL, 2009).
E o que é a lei? Ou pelo menos, o que ela deveria ser? Segundo Bastiat (1850) A lei é a organização do direito natural de legítima defesa. É a substituição da força coletiva pelas forças individuais. E esta força coletiva deve somente fazer o que as forças individuais têm o direito natural e legal de fazerem:garantir as pessoas, as liberdades, as propriedades; manter o direito de cada um; e fazer reinar entre todos a justiça.
O que é o intervencionismo? O intervencionismo significa que o governo não restringe sua atividade somente à preservação da ordem, ou, como se costumava dizer cem anos atrás, à “produção da segurança”. O intervencionismo revela um governo desejoso de fazer mais. Desejoso de interferir nos fenômenos de mercado [...]. O governo quer interferir com a finalidade de obrigar os homens de negócio a conduzir suas atividades de maneira diversa da que escolheriam caso tivessem de obedecer apenas aos consumidores. Assim, todas as medidas de intervencionismo governamental têm por objetivo restringir a supremacia do consumidor. O governo quer arrogar a si mesmo o poder – ou pelo menos parte do poder – que, na economia de mercado livre, pertence aos consumidores. (MISES, 1979)
E o que é a liberdade, palavra que tem o poder de fazer baterem todos os corações e de agitar o mundo? É o conjunto de todas as liberdades; liberdade de consciência, de ensino, de associação, de imprensa, de locomoção, de trabalho, de iniciativa. Em outras palavras, o franco exercício, para todos, de todas as faculdades inofensivas. Em outras palavras ainda, a destruição de todos os despotismos, mesmo o despotismo legal, e a redução da lei à sua única atribuição racional, que é a de regularizar o direito individual da legítima defesa ou de repressão da injustiça. (BASTIAT, 1850)
Formulação do problema
Um dos maiores problemas da indústria hoje é certamente a interferência estatal. Na verdade, tem sido assim há um longo tempo. Com a primeira revolução industrial estourando na Inglaterra por volta de 1760 as indústrias ainda não tinham regulação estatal (ao menos não tanto quanto hoje), por isso naquela época as produções estavam a todo vapor, ocasionando assim a tal revolução.
Porém, ao passar dos anos, as regulações
A ordenha é uma atividade no meio rural que vem crescendo com o decorrer do tempo, e essa tarefa significa então aumento de produtividade, sendo esta, um fator positivo a ser considerado, mas, quando se fala na forma de como atingi-la, e colocado em questão os envolvidos para se chegar a essa produtividade, alguns pontos não são questionados nem levados em consideração, onde acabam se tornando insignificantes. Pontos esses que estão relacionados com a produtividade, pois age diretamente na aplicação da atividade, sendo, maneiras corretas para que não venha a ocorrer nenhum tipo de divergência. 
Se o trabalhador não estiver inserido em um ambiente propicio e adequado para a execução da atividade, quais então seriam os parâmetros para tornar o ambiente mais apropriado? Então, para desenvolver as suas atividades e então chegar a produtividade, deve ser feita uma análise ergonômica do trabalho, que irá estudar o ambiente e buscar melhorias para esse posto de trabalho, pensando na produtividade e também na qualidade de vida desses colaboradores.
Partindo desta problemática, propõe-se a seguinte questão para a pesquisa: Quais os riscos ergonômicos e de acidentes expostos aos trabalhadores no âmbito da atividade de ordenha? E quais alterações (no espaço de trabalho e postural) sugeridas para prevenir e evitar lesões decorrente da atividade?
O tema em questão busca realizar uma análise ergonômica do trabalho, voltada para atividades desenvolvidas no meio rural, e assim propor medidas que ajudem a eliminar ou minimizar os problemas e possíveis acidentes detectados, como também, orientação adequada para uma melhor execução da atividade agrícola.
1.2 Objetivos 
1.2.1 Geral 
Avaliar os riscos ergonômicos e de acidentes pertinentes no ambiente rural, principalmente na atividade de ordenha e propor melhorias que possam diminuir e evitar esses riscos. 
1.2.2 Específicos 
a) Avaliar a atividades de trabalho, o ambiente laboral e possíveis acidentes encontrados nos sistemas de produção de leite;
b) Identificar a existência de queixas de Distúrbios Osteomusculares nos trabalhadores e aplicar o método OWAS para implementar possível correção; 
c) Alinhar recomendações ergonômicas visando à melhoria das condições de trabalho dos ordenhadores e qualidade de vida dos colaboradores.
1.3 Justificativa 
Na atividade rural há muito descaso nas condições do ambiente de trabalho, a forma de execução incorreta e também a questão da segurança no trabalho são pontos de extrema importância a serem levados aos trabalhadores para qual desenvolva a tarefa. Não é comum ouvir falar de práticas ergonômicas nas atividades rurais e especificamente na ordenha, uma atividade que sendo executada de maneira inadequada, pode trazer sérios riscos ao seu executor, riscos esses que não sendo tomadas medidas apropriadas, podem gerar problemas irreversíveis. 
A ordenha é uma atividade importante para a pecuária leiteira, que tem o seu crescimento e aos poucos se atualizando perante as tecnologias. Mesmo com os avanços na tecnologia, e com melhorias para a atividade, os problemas relacionados continuam sendo visíveis, não deixando de existir riscos na sua execução, onde torna-se relevante uma análise ergonômica dos profissionais desta área, pois os avanços tecnológicos, vem em prol da melhoria na execução da atividade, e não em relação a quem executa a atividade. 
Na agricultura, a ergonomia ainda é pouco aplicada, devido ao caráter relativamente disperso desta atividade, além do pouco poder de organização e reivindicação dos trabalhadores rurais. Aos poucos a inserção da ergonomia nas atividades rurais vem sendo implantada, mas há um longo caminho a trilhar, não é fácil adotar novas práticas entre os executores das atividades, e também há pouca atenção e importância com relação a essas atividades. De acordo com Iida (2001), os objetivos práticos da ergonomia são a segurança, satisfação e o bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos. 
A análise ergonômica do trabalho tem como princípio estudar o meio de trabalho, buscando melhorias para o ambiente, pensando na produtividade e na qualidade de vida do funcionário, sendo assim, esta abrange diversas atividades, bem como a atividade de ordenha. 
Com relação a presença de riscos existentes na atividade leiteira, foi então observado a necessidade de ser conduzida uma avaliação na postura dos trabalhadores que realizam a atividade e o manejo nas propriedades rurais. A finalidade deste estudo foi identificar possíveis problemas ergonômicos decorrentes das atividades dos trabalhadores que realizam a atividade de ordenha, avaliando as posturas incorretas e os riscos de acidentes pertinentes, e propor melhorias que possam diminuir e evitar esses problemas. 
Atualmente, muitas propriedades rurais pequenas ou grandes, não possuem acompanhamento da avaliação ergonômica, principalmente quando voltada para atividades de ordenha, inclusive no disposto do Programa de Prevenção a Riscos Ambientais (PPRA) que não contempla uma análise do setor rural, evidenciando assim a relevância do proposto.
CAPÍTULO 2- REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Trabalho e Qualidade de vida
O homem, para sobreviver, necessita satisfazer algumas necessidades básicas. Precisa se alimentar, agasalhar-se e abrigo. Portanto, temos aqui as três necessidades primárias: alimentação, vestuário e habitação. Essas necessidades eram únicas para os homens pré-históricos. Entretanto, à medida que o ser humano foi progredindo, outras começaram a surgir, tais como lazer, educação, conforto, dentre outros. Para satisfazer todas as necessidades, o homem precisa obter bens. Por exemplo, para acabar com a fome, ingerir alimentos, ocorre que os alimentos encontrados na natureza se tornaram insuficientes. Isso o obrigou a plantar, o que significa produzir. O homem primitivo das cavernas evoluiu, até atingir a situação atual de homem civilizado, isso ocorreu em distintas e diferentes etapas, a partir de interações e modificações com o meio ambiente (NASCIMENTO, 1992).
A palavra trabalho refere-se à pré-história da cultura onde pregava-se acultura da caça e da pesca perante o meio agrário, baseada na criação de animais e no plantio (ALBORNOZ, 1986). Com ele surgiram os acidentes e as doenças como primeiras referências sobre a associação entre trabalho e doença provêm de papiros e, posteriormente, no mundo greco-romano.
Atualmente, mesmo obtendo técnicas modernas e formais para o desempenho do trabalho, o tema “qualidade de vida do trabalho” vêm sendo questionado e tornando-se importante não só no meio urbano como também no meio rural, através da sua implementação em locais de grandes plantações, associadas aos novos equipamentos. Dessa forma, a agricultura é vista pela Organização Internacional do Trabalho como um dos três setores mais perigosos no mundo em matéria de segurança e saúde no trabalho, junto com os setores da Mineração e Construção Civil (OIT, 2001).
A importância da qualidade de vida no trabalho em todo e qualquer ambiente organizacional deve ser um ponto de extrema relevância, é importante que sejam adotadas e desenvolvidas ações de melhoria para o bem-estar biológico, psicológico e social do trabalhador. O homem tinha de se adaptar ao trabalho, a forma de como, quando e onde devia ser feito, não existência preocupação perante a realização da tarefa. Muitas mudanças vêm acontecendo com o tempo, e muitas organizações começam a enxergar a importância com o seu funcionário e assim, o trabalho começou a se adaptar ao homem, e a busca por melhores práticas para a desenvoltura e bem-estar do trabalhador.
Na década de 60, foram tomadas iniciativas de cientistas sociais, líderes sindicais, empresários e governantes, na busca de melhores formas de organizar o trabalho a fim de minimizar só efeitos negativos do emprego na saúde e bem-estar geral dos trabalhadores. Entretanto, a expressão qualidade de vida no trabalho só foi introduzida, publicamente, no início da década de 70, pelo professor Louis Davis (UCLA, Los Angeles), ampliando o seu trabalho sobre o projeto de delineamento de cargos (MORETTI, 2012, p.3).
Práticas inadequadas no ambiente de trabalho geram impacto negativo na saúde física e emocional dos empregados, como baixa motivação, falta de atenção, diminuição de produtividade, onde essa energia negativa repercute até na sua vida familiar. Chiavenato (2008) relata que a qualidade de vida cria, mantem e melhora o ambiente de trabalho com relação as condições físicas, psicológicas e sociais. Resultando assim em um ambiente de trabalho agradável, amigável e que melhora de forma avultante a qualidade de vida das pessoas nas organizações.
2.1.1 Breve contexto de desenvolvimento da ergonomia
A primeira definição de Ergonomia foi em 1857 no auge da revolução industrial europeia pelo cientista polonês Wojciech Jarstembowsky, estabelecendo que: A ergonomia como uma ciência do trabalho requer que seja entendida a atividade humana em termos de esforço, pensamento, relacionamento e dedicação (JARSTEMBOWSKY, 1857).
A História da Ergonomia é muito antiga, porém a sua aplicabilidade mais efetiva teve início em 1949, após Segunda Guerra Mundial. No período dessa grande guerra, novas tecnologias em armas, submarinos e aviões foram desenvolvidas rapidamente e sem nenhuma preocupação com a adaptação dos soldados a essas novas experiências, ocasionando mortes desnecessárias. Nessa situação, foram realizados estudos e pesquisas interdisciplinares com profissionais de várias áreas da Medicina, Ciência e Engenharia, objetivando melhor adaptação dos soldados ao uso desses novos equipamentos. Assim, a Ergonomia surgiu com objetivos práticos, principalmente, em relação à segurança dos trabalhadores nos sistemas produtivos.
Depois da Segunda Guerra Mundial, surge uma sociedade de pesquisadores preocupados em estudar o ambiente de trabalho determinando que a ergonomia, segundo a definição dada pela Ergonomics Research Society é concebida como: 
O estudo do relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento (IIDA, 1998, p. 92).
De acordo com Associação Brasileira de Ergonomia, a origem da palavra Ergonomia vem do grego “Ergon” (trabalho) e “nomos” (normas, regras, leis), sendo classificada em ergonomia física, cognitiva e organizacional. 
A ergonomia surge com o objetivo de analisar o ambiente de trabalho, e fazer com que ele venha a se tornar apto ao trabalhador. O estudo da ergonomia, está relacionado a fatores que influenciam na execução da atividade e busca reduzir as consequências que atingem o trabalhador, dentre essas consequências tem-se a fadiga, estresse, erros e acidentes, onde a ergonomia visa proporcionar saúde, segurança e satisfação aos trabalhadores. (IIDA; BUARQUE, p. 2). 
Segundo Iida e Buarque (2016, p. 1), a ergonomia foi se ampliando e chegando assim a abranger quase todos os tipos de atividades executadas pelo homem. Atualmente essa abrangência está principalmente no setor de serviços, nas áreas da saúde, educação, transporte, atividades domésticas, lazer e outros. Com isso, surge o questionamento sobre sua aplicação junto aos trabalhadores que se dedicam à atividade rural. Em um levantamento preliminar se evidenciou poucos estudos ergonômicos nessa área.
A aplicação da ergonomia ao longo das últimas décadas contribuiu para melhorar significativamente a usabilidade, segurança, desempenho, eficiência e confiabilidade de muitos postos de trabalho. Entre os inúmeros benefícios proporcionados por essas aplicações, pode se dizer que a ergonomia contribuiu para melhorar as condições de trabalho de milhões de pessoas no mundo todo e reduzir os custos com o tratamento das doenças laborais. (DUL; WEERDMEESTER, 2012, p.5).
19
As abordagens ergonômicas têm como foco observar o ambiente de trabalho pelas perspectivas de saúde e segurança, analisando os fatores que impactam nas boas condições de trabalho. Pode-se definir as abordagens em análise de sistema e análise dos postos de trabalho.
A análise de sistema é uma abordagem mais ampla analisando um ou mais equipamentos, preocupa-se com o funcionamento global. Já a análise focada no ponto de trabalho é exclusiva daquele posto e o contexto de atividades, posturas e os movimentos praticados, bem como as expectativas psicofisiológicas para exercer tal atividade no local em estudo. 
Todavia, a preocupação ergonômica não se restringe somente com o trabalhador e com o ambiente organizacional. No Brasil em 1978 foram estabelecidas 28 Normas Regulamentadoras - NRs pelo Ministério do trabalho e emprego, e todas fazendo menção à saúde e à segurança ocupacional do trabalhador, atualmente são descritas 36 normas. Ademais, na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, considerado como princípio fundamental para assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, da liberdade, da segurança e do bem-estar seja físico ou emocional (psíquico), segundo o inciso III, art. 1º (BRASIL, 2015).
Segundo o manual de Segurança e Medicina do Trabalho LEI Nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, a norma regulamentadora n°17- ergonomia, visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo que proporcione um máximo de conforto, de segurança e de desempenho eficiente (BRASIL, 1978). Por conseguinte, a NR-17 considera os esforços que comprometem a saúde e a segurança do trabalhador, sejam estes físicos ou cognitivos. 
2.1.2 Os métodos de registro e análise postural
Durante a execução da sua atividade, um trabalhador pode adotar posturas diferentes e as mudanças durante a desenvoltura da atividade podem acontecer. Como apenas uma observação visual, não consegue analisar as posturas de uma forma mais detalhada, métodos de registros e análise postural foram desenvolvidos. 
Nas avaliações não basta simplesmente tomar medidas ao fotografar e filmar, se faz necessário também conhecer as atividadesdesenvolvidas, as cargas transportadas e o local de trabalho. As medidas dos ângulos entre partes do corpo, ou seus ângulos em relação ao ambiente, são frequentemente requisitadas nos métodos para desenvolvimento da atividade (WILSON; CORLETT, 2005).
Ocorrem a existência de diversos instrumentos/métodos que são utilizados para realizar uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET), principalmente dos riscos posturais, que podem ser classificados como checklists, ferramentas semi-quantitativas e também ferramentas quantitativas (PAVANI, 2007). Considerado como métodos confiáveis e fáceis em relação aos dados obtidos, é muito utilizado em análises ergonômicas de atividades, posturas e postos de trabalho. Dentre esses instrumentos/métodos, podem-se destacar a análise postural tipos RULA, REBA e OWAS.
a) Método RULA
O método RULA (Rapid Upper Limb Assessment) (MCATEMNEY e CORLETT, 1993), é uma adaptação do método OWAS, acrescido de outras variáveis como: força; repetição; extensão do movimento articular. As posturas são enquadradas de acordo com as angulações entre os membros e o corpo, obtendo-se escores que definem o nível de ação a ser seguido, similares aos adotados pelo método OWAS. 
O método RULA é baseado em uma avaliação dos membros superiores e inferiores, para tanto o corpo foi dividido em dois grupos, A e B. O grupo A é constituído pelos membros superiores (braços, antebraços e punhos). Já o grupo B é representado pelo tronco, pernas e pés e pescoço. As posturas são inseridas de acordo com as angulações entre os membros e o corpo, alcançando contagens que definem o nível de ação a ser seguido. Aos movimentos articulares foram atribuídas pontuações progressivas de tal forma que o número 1 representa o movimento ou a postura com menor risco de lesão, enquanto que valores mais altos, máximo de 7, representam riscos maiores de lesão para o segmento corporal avaliado (Figura 1). 
Figura 1 – Posturas avaliadas no método RULA.
Fonte: Adaptado de McAtmney et al. (1993).
Segundo Leuder (1996), após uma avaliação em uma pontuação feita em uma escala de 1 a 7 é resultado o método RULA. Quando todas as pontuações dos segmentos dos grupos A e B tiverem sido registradas, cruzam-se os valores obtidos, consultando a Figura 1 para preencher o espaço da pontuação geral (Quadro 1 e 2). As pontuações mais altas estão relacionadas a maiores riscos e pontuações baixas, a menores níveis de riscos, contudo é afirmado que, apesar da escala seja baixa, não significa que o local de trabalho está livre de riscos ergonômicos.
Quadro 1– Contração Muscular.
	Pontuação
	Contração Muscular
	+1
	Postura estática prolongada por período superior a 1 minuto
	+1
	Postura repetitiva, mais que 4 vezes por minuto
	0
	Postura fundamentalmente dinâmica (postura estática inferior a 1minuto) e não repetitiva
Fonte: Adaptado de McAtmney et al. (1993).
Quadro 2- Força e Carga.
	Pontuação
	Valor da força
	Tipo de aplicação
	0
	Inferior a 2 kg
	Intermitente
	+1
	2 a 10 kg
	Intermitente
	+2
	2 a 10 kg
	Postura estática superior a 1 minuto ou repetitiva mais que 4 vezes/minuto
	+2
	Superior a 10 kg
	Intermitente
	+3
	Superior a 10 kg
	Postura estática superior a 1 minuto ou repetitiva mais que 4 vezes/minuto
	+3
	Qualquer
	Aplicação brusca, repentina ou com choque
Fonte: Adaptado de McAtmney et al. (1993).
Com os valores resultantes na pontuação geral é possível obter as seguintes ações em seus níveis (MCATEMNEY e CORLETT, 1993):
· Nível 1 (1 ou 2 pontos): postura aceitável, se não for mantida ou repetida por longos períodos de tempo; 
· Nível 2 (3 ou 4 pontos): postura a investigar e poderão ser necessárias alterações; 
· Nível 3 (5 ou 6 pontos): postura a investigar e alterar rapidamente;
· Nível 4 (7 pontos ou mais): postura a investigar e alterar urgentemente.
b) Método REBA
O Método REBA - (Rapid Entire Body Assessment), que em português significa Avaliação Rápida do Corpo Inteiro foi proposto por Sue Higrnett e Lynn McAtammney, com a intenção de estimar os riscos das más posturas corporais aos quais alguns operadores ficam submetidos. Este método voltado para analisar postos de trabalho, é aplicado para análise de membros superiores e inferiores, tronco e pescoço, considerando os fatores carga ou força manuseada e tipo de garra, apontando posteriormente a necessidade de implantação de medidas corretivas bem como a urgência da intervenção (COLOMBINI, 2005).
O método REBA traz uma simplificação quando se coleta e realiza-se uma análise dos dados posturais, uma vez que se estende a vários campos e é de fácil aplicação, o que facilita a separação da maioria das posturas adotadas pelo trabalhador, porém não leva em consideração vibração e gasto de energia (Figura 2).
Figura 2 – Posturas avaliadas no método REBA.
Fonte: Adaptado de Ergonautas (s.d.).
Além dos membros e posturas apresentados na figura acima, o método também é capaz de avaliar o modo ou esforço do trabalhador para pegar algum item, o qual atinge diretamente as mãos do operador.
O método estabelece uma Tabela relacionada ao Fator de “Pega” (braço, antebraço e pulso), sendo verificada a qualidade da “Pega”, que é somada a valor final do grupo, variando de 0 (zero) para Pega Boa até o valor 3 Pega Inaceitável. No REBA estão estabelecidos cinco níveis de ação (CARDOSO JUNIOR, 2006). 
O Quadro 3 apresenta os níveis de risco e de ação do método REBA, possibilitando a combinação dos dados encontrados em campo e rotular as prioridades para melhorar os postos de trabalho.
Quadro 3- Nível de ação – Método REBA.
	Nível de ação
	Valor REBA
	Nível do Risco
	Descrição da ação e investigação
	0
	1
	Muito baixa 
	Não necessária
	1
	2-3
	Baixo 
	Pode ser necessária
	2
	4-7
	Médio 
	Necessária
	3
	8-10
	Alto
	Necessária brevemente
	4
	11-15
	Muito Alto
	Necessária e urgente
Fonte: Hignett & McAtammney, 2000.
c) Método OWAS
Esse método é um dos mais tradicionais no segmento de avaliação postural e foi criado pelo grupo siderúrgico Finlandês denominado OVAKO Oy. O método foi desenvolvido em conjunto com o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional em meados dos anos 70, pelos pesquisadores Karu, Kansi e Kuorinka e batizado por OWAS – Ovako Working Posture Analysis System. 
Com o método pode-se examinar as posturas combinadas das costas, braços, pernas e forças e determinar seu efeito sobre o sistema músculo esquelético, permite também examinar o tempo relativo gasto em uma postura específica para cada parte do corpo (GUIMARAES, 2000).
Segundo Iida (2005) os pesquisadores que desenvolveram este método, encontraram 72 posturas típicas, as quais foram resultado de diferentes combinações das posições do dorso (4 posições típicas), braços (3 posições típicas) e pernas (7 posições típicas).
Segundo o Manual WinOWAS (2009), este método possibilita o estudo e a avaliação da postura do homem durante o ciclo de trabalho, podendo ser uma ferramenta para o planejamento e desenvolvimento de um novo método ou posto de trabalho, para estudos ergonômicos e de saúde ocupacional. 
Figura 3 – Posturas avaliadas no método OWAS.
Fonte: Iida (2005)
Para cada tarefa analisada são calculados os tempos de permanência em cada um dos quatro fatores em relação ao tempo total, para que se possa atuar na postura predominante do trabalho. Os níveis de ação são definidos no quadro 4, onde indica também a prioridades para ações e medidas corretivas, bem como sua urgência.
Quadro 4- Níveis de ação segundo posição das costas, braços, pernas e uso de força.
	
Fonte: (CORLETT; WILSON, 2005).
As quatro categorias de ação são classificadas conforme o grau de esforço exigido pela atividade (Quadro 4):
a) categoria 1 - postura normal; não necessita de ação corretiva;
b) categoria 2 - carga física da postura levemente prejudicial ao trabalhador; há a necessidade de futuras ações corretivas;
c) categoria 3 - carga física da postura prejudicial; há a necessidade de ações corretivas curto prazo;
d) categoria 4 - carga física da postura extremamente prejudicial; há a necessidade de correçõesimediatas.
O método OWAS é confiável e seguro, pode ser aplicado em várias áreas, pois facilita uma avaliação de todo o corpo, e engloba uma variedade de posturas principalmente as adotadas na atividade de ordenha. Análises ergonômicas feitas com esse método em diversos trabalhos científicos comprovam que sua aplicabilidade é incontestável, e estudos feitos a partir da utilização do mesmo, só confirmam os elogios que a partir de sua utilização, traz melhorias nos ambientes de trabalho.
2.2 Atividades Rurais
Quando se fala em atividade rural, no senso comum se pensa no tipo de trabalhador rural que desenvolve suas atividades na roça, realizando roçagem de pasto, destocagem e plantação. Mas a atividade rural envolve outros tipos de atividade, como exploração das atividades agrícolas, pecuárias, a extração e a exploração vegetal e animal, da apicultura, avicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras de pequenos animais.
As atividades no campo, mais especificamente, a agricultura, é uma das mais importantes do País, demandando grande mão-de-obra. Vale ressaltar que, apesar do intenso processo de industrialização que ocorreu no início dos anos 40 e, sobretudo, a aceleração do êxodo rural, a produção e as atividades agrícolas continuaram contribuindo com uma fatia expressiva do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (DIAS, 2006). 
Na agricultura e pecuária, são absorvidas uma relativa quantidade de mão de obra. Esses trabalhadores desempenham diversificada gama de atividades: desde o preparo do solo para plantio até a colheita, passando pelo transporte e armazenagem de produtos e insumos agrícolas, além de inúmeras atividades específicas desenvolvidas paralelamente, como abertura de canais de irrigação e drenagem; construção e manutenção de estradas, silos, armazéns, estábulos, cercas; controle de pragas e doenças; aplicação de agrotóxicos e fertilizantes, etc.
A atividade agrícola é extremamente importante e também bastante complexa, podendo implicar uma diversidade de riscos de acidente e de doença ao trabalhador rural. Esses riscos estão presentes em todo o processo produtivo.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirma que o trabalho rural é significativamente mais perigoso que outras atividades e estima que milhões de agricultores sofram sérios problemas de saúde (TEIXEIRA, 2003). Ainda segundo a OIT, as atividades laborais que mais matam são: agricultura, mineração, construção e pesca comercial. O desenvolvimento tecnológico do campo resultou não só na utilização de novas técnicas agrícolas, como também em novos tipos de acidentes de trabalho.
2.2.1 Pecuária Leiteira e Ordenha 
Pecuária de leite é o nome utilizado para denominar a atividade com criação principalmente de bovinos, que tem por objetivo a produção de leite. Dessa atividade obtém-se o leite que é um alimento bastante consumido, rica em cálcio, e capaz de produzir inúmeros outros produtos. No Brasil essa atividade foi iniciada no ano de 1532, onde foram trazidos os primeiros bovinos da Europa. A pecuária leiteira, alimenta um importante setor econômico do país. E dentro da pecuária leiteira, têm-se a atividade de ordenha, que também é fonte de renda e meio de sustento para muitos pequenos trabalhadores rurais. 
A ordenha é o ato de realizar a extração do leite da teta da vaca, podendo ser realizada de forma manual, quando é feita pelo ordenhador, e de forma mecânica, quando é utilizada ordenhadeira mecânica. A escolha do tipo de ordenha depende de vários fatores, dentre eles o número de vacas em lactação, a capacidade de investimento do produtor, a disponibilidade de pessoas capacitadas para realizar a ordenha e, por fim, o nível de produção das vacas. É uma atividade geralmente iniciada bem cedo, antes mesmo do sol nascer, horário influenciado pelo “costume”. Os bezerros são separados das vacas no dia anterior, onde serão colocados no curral, para que haja uma maior produtividade do leite, sendo que se este ficar junto a vaca, irá reter uma certa quantidade de leite, ocorrendo assim, uma baixa na produção do mesmo.
Segundo o IBGE, no Brasil em 2016, foram ordenhadas 19.678,817 vacas, com um total de 33.624,653 litros de leite extraídos, sendo a região Sudeste com o maior número de vacas ordenhadas, e o estado de Minas Gerais como o destaque na pecuária de leite. Nesse número de vacas ordenhadas parte dessa é obtido através do sistema mecanizado e outra tradicional/manual.
O Nordeste é a terceira região com maior quantidade de vacas ordenhadas (IBGE 2016). Não é difícil de se encontrar no Nordeste, propriedades que utilizam a forma manual de ordenha. A forma manual é o sistema mais antigo de ordenha e muito utilizado, principalmente em pequenas propriedades. É realizada com o ordenhador sentado em um banco, ou algum instrumento improvisado que venha a servir como assento para a execução da atividade. 
A atividade leiteira representa uma das mais importantes atividades do setor rural, onde se faz presente em qualquer tipo de propriedade, gerando renda nessas propriedades, quer seja como atividade econômica principal, quer seja como atividade complementar ou suplementar nas propriedades (FAESP, 2011. Apud MAIA; FERRAZ; RODRIGUES, 2011). 
Diante de altos valores financeiros da economia do leite, pouco é o investimento em equipamentos. Muitos produtores não disponibilizam de recursos suficientes, apresentando como consequência maior esforço físico do ordenhador, devido a utilização manual da atividade. 
2.2.2 Risco ergonômicos na atividade agrícola e a NR-31
“A Organização Internacional do Trabalho - OIT, cita que a atividade rural é uma das atividades com maiores riscos de acidentes no mundo, juntamente com a construção civil e a atividade de mineração” (MAIA; RODRIGUES, 2012, p.2). As atividades rurais geralmente são realizadas com o trabalhador exposto ao ambiente não protegido de intemperes, sem nenhuma condição adequada para que possa realizar tal tarefa, seja na agricultura, pecuária ou qualquer outra atividade. Perante as más condições, existem grande exposição a riscos ergonômicos, físicos, químicos, de acidentes e ergonômicos.
A prática ergonômica é essencial em toda atividade para garantir total segurança, a saúde e bem-estar do trabalhador, seja qual for o meio ou área de atuação, porém, em muitos locais essa prática não é reconhecida e chega a nem se quer ser de conhecimento a sua existência, principalmente no meio rural, como pode ser feito a identificação nesse trabalho. 
Do ponto de vista da ergonomia o trabalhador deve ser considerado como seres integrais, contribuindo para que o trabalho seja visto e tratado de uma forma mais humana. A análise ergonômica é fundamental para serem realizados estudos em qualquer ambiente de trabalho e assim visar modificações, onde poderá ser direcionada uma melhor qualidade de vida, bem-estar e com isso uma produtividade sem trazer consequências negativas ao trabalhador rural.
O empregador deve adotar princípios ergonômicos para melhorar as condições de conforto e segurança no trabalho para seus funcionários, sendo que as atividades que forem realizadas necessariamente em pé ou que exijam sobrecarga muscular deverão ter garantidas pausas para descanso (ALONÇO et al., 2006). 
Não é comum a aplicação da ergonomia na atividade rural. São observados estudos ergonômicos em relação a atividade, mas ainda não é satisfatório. Nas pequenas propriedades rurais que realizam constantemente a atividade de ordenha, por parte do empregador, não é adotado nenhum princípio para o seu trabalhador. O empregador chega a não saber da existência da ergonomia e consequentemente da sua finalidade.
Na atividade rural, o ordenhador é considerado o elo mais importante no processo da ordenha, ele é quem manterá uma ordem higiênica, silenciosa, tranquila, rápida e profunda (SILVA NETTO; BRITO; FIGUEIRÓ, 2006). Apesar de ser considerado importante para a execução da atividade, o ordenhador se encontra exposto a diversos riscos ergonômicos na atividade de ordenha. É pouca a atenção voltadapor parte dos patrões ao seu funcionário e a falta de conhecimento sobre os riscos presentes na ordenha. Muitos verificam que a execução da atividade é simples, mesmo havendo riscos envolvidos. 
Na ordenha se vê muito falar nos cuidados que se deve ter durante a prática, em relação a higiene e cuidados com o animal. Mas em relação ao trabalhador dessa atividade pouco é levado em questão, principalmente na postura adotada por esse trabalhador durante a execução da atividade, onde se faz necessário realizar um estudo da atividade, identificando pontos a serem melhorados, para assim, o trabalhador ser inserido em um ambiente de trabalho propício e poder realizar corretamente a sua atividade. 
A atividade de ordenha é realizada a maior parte do tempo sentado, em um banco ou objeto onde possa se sentar (senta-se de maneira incorreta), sem se preocupar com os riscos, melhores práticas e cuidados na desenvoltura da atividade. É uma atividade onde se utiliza praticamente todo o corpo, para ser realizada. As mãos, braços e lombar, são as regiões de maior existência de dores e problemas causados pela ordenha. Com o tempo os problemas vão surgindo, decorrentes da má postura, falta de equipamentos corretos e de hábitos da atividade.
Os principais riscos ergonômicos que podem ser claramente identificados na ordenha são, a repetitividade dos movimentos e da atividade laboral, assim como a postura inadequada adotada na realização da atividade. 
Em 2005, a Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde do Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura — NR-31, do Ministério do Trabalho e Emprego (COUTO, 2007) foi criada específica para as atividades rurais. Enquanto nas atividades urbanas, existem órgãos fiscalizadores, com o objetivo de que as atividades sejam realizadas de maneira correta nos ambientes de trabalho, nas áreas agrícolas brasileiras este tipo de atuação ainda é raro, e geralmente existem pouca atenção quando se analisa o vínculo de trabalho e se estão em devidas condições.
O objetivo da Norma Regulamentadora nº 31, é que sejam observados na organização e no ambiente de trabalho, situações informais para que sejam tomadas medidas, de forma a tornar adequado o desenvolvimento das atividades agrícolas. A NR 31 visa garantir que os empregadores forneçam condições aos trabalhadores através do estudo do ambiente, adotando medidas para controle dos riscos para preservar a saúde e a integridade física dos colaboradores no trabalho rural.
2.2.3 Análise postural na atividade agrícola
A postura e movimento corporal têm grande importância na ergonomia. Tanto no trabalho como na vida cotidiana, eles são determinados pela tarefa e pelo posto de trabalho (DUL E WEERDMEESTER, 2012).
Em estudos de segurança agrícola e saúde Murphy (1992), documentou que trabalho agrícola envolve fatores de risco associados com desordens músculo esquelético. Apesar de mudanças contínuas nas atividades de operação da agricultura e os tipos de máquinas envolvidas, mudanças muito pequenas ocorreram em tarefas executadas pela maioria dos trabalhadores de fazendas agrícolas, e/ou com essas tarefas causar danos nas costas. 
Trabalho de campo agrícola (colhendo, capinando, irrigando, práticas culturais, etc.) permanecem como tarefas físicas exigentes, envolvendo posturas inclinadas para frente abaixando e levantando, e trabalho de mão repetitivo. Meireles (2000), sugerem existir três fatores de risco de prioridade ergonômica a partir da preocupação geral em trabalho agrícola na Califórnia. A pesquisa mostrou fatores de risco importantes que podem ser evitados prosperamente em trabalho agrícola utilizando aproximações ergonômicas (MEYERS, et al, 1997).
Segundo Dul e Weerdmeester (2012), “para realizar uma postura ou um movimento, são acionados diversos músculos, ligamentos e articulações do corpo”. Com relação a atividade de ordenha, o ordenhador adota uma única postura durante a execução da atividade, e a movimentação está relacionada com o ir e o levar do balde cheio com o leite, para que possa ser despejado em um outro recipiente de armazenagem, e também no manejo com os animais. O que mais chama a atenção é a postura adotada, onde as mesmas são inadequadas, causando sérios riscos ao executor. 
A postura incorreta na atividade de ordenha, pode levar ao cansaço dos músculos das costas, pernas e braços, além de desconforto e dores nessas regiões. Com o tempo, podem surgir problemas como lesões e inflamações.
Os risco de ergonomia extremos devem receber prioridade em trabalho de prevenção de dano agrícola. Esses são: postura do corpo se inclinando, trabalho de mão altamente repetitivo e o levantamento manual e levantamento de cargas pesadas. É tempo para dar uma olhada em muitas das tarefas dos trabalhadores que são rotineiras na agricultura e que são largamente levados a cabo sem mudanças e oferecer para ergonomia como uma prioridade à redução desses fatores de risco (OSHA, 2002).
Segundo Janowitz et al. (1998), inclinar repetitivo ou contínuo representa um fator de risco sério para dano crônico que está presente em muito trabalho de campo agrícola. Durante as últimas décadas, o desenvolvimento da agricultura se concentrou em máquinas grandes e deixou ferramentas pequenas usadas ao logo do tempo da indústria largamente intacto e não considerado. É preciso observar e analisar muitos dos trabalhos e tarefas que são rotineiros na agricultura e que são largamente executados sem mudanças em sua tarefa.
O trabalho agrícola já demonstra tipos de desordens músculo esqueléticas e fatores de risco ergonômicos semelhantes àqueles encontrados em outros setores da economia. Também prevê evidência preliminar que a mesma aproximação de análise de fator de risco ergonômico e intervenção que usam princípios conhecidos e métodos já demonstrados são prontamente aceitáveis e aplicáveis a agricultura (MEYERS et al., 1998).
2.2.4 Motivos de acidente rural
O acidente de trabalho é definido pelo Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, no artigo131, decreto n° 2.172, de 05 de março de 1997 como sendo o evento que acontece de maneira não programada, acidental ou casual que modifica a rotina de trabalho, podendo resultar em perda de tempo, danos materiais de toda espécie, danos psicológicos, mutilações, e inclusive perda da própria vida (BRASIL, 1997).
No Brasil, segundo dados estatísticos do Ministério da Previdência Social, em 2013 foram registrados 717.911 casos de acidentes de trabalho, sendo 559.081 acidentes de trabalhos (típico, de trajeto e doenças ocupacionais) e pressupõe que aproximadamente 158.830 acidentes de trabalho sem o registro da Comunicação dos Acidente de Trabalho (CAT) (BRASIL, 2016). Todo trabalhador está exposto a riscos de acidentes de trabalho, porém, em determinadas profissões a probabilidade de ocorrer acidentes de trabalho já é maior, como o caso da atividade rural.
Foi definido pelo Ministério da Previdência Social (Brasil, 2004) que os acidentes de trabalho, são de três tipos: 1) Acidentes típico - onde os acidentes ocorrem na execução da tarefa no próprio local de trabalho; 2) Acidentes de trajeto – acontece no trajeto do local de trabalho até a residência do trabalhador, ou vice-versa; 3) Acidente fora do local e horário de trabalho – considera-se, também, um acidente do trabalho, quando o trabalhador sofre algum acidente fora do local do trabalho, no cumprimento de ordens ou na realização de serviço da empresa. 
Qualquer atividade em seu âmbito está sujeita à ocorrência de acidentes, mas na atividade rural encontra-se entre as que apresentam as maiores probabilidades (TEIXEIRA; FREITAS, 2003). Dentre esses riscos os ambientais (biológicos, físicos, químicos) e de segurança (ergonômicos e de acidentes), são preocupantes sem falar também dos riscos com animais domésticos e animais peçonhentos.
Para Schlosser (2012, p. 101), “os acidentes rurais, em geral se devem aos fatores pessoais e estruturais”. Como causas de acidentes no meio rural podem ser destacadas: condições inseguras, que sãoas más condições de trabalho, defeitos, irregularidades presentes no ambiente da atividade, excesso de ruídos, ferramentas inadequadas entre outros; ato inseguro, relacionado com a falta de cuidado que está relacionado com o comportamento inseguro para a execução das atividades, assim como também o excesso de confiança ao executar as atividades; fator impessoal inseguro, relacionado com a limitação pessoal do trabalhador, quanto a sua condição de saúde. Pode se tratar de defeitos físicos, alcoolismo, condição psicológica e emocional, entre outros.
O assunto quando se trata dos acidentes no meio rural é de pouca atenção voltada, mas acontecem e são de extrema gravidade. Segundo Monteiro (2010, p. 25), dados estatísticos mostram que a falta de conhecimento e atenção, aliada também da conscientização dos trabalhadores, contribuem bastante para que os acidentes venham a ocorrer, e o risco a óbito também se encontra presente nesses casos.
O trabalho rural é considerado um dos mais vulneráveis à ocorrência de acidentes, tendo em vista a quantidade e diversidade de riscos ocupacionais envolvidos. Pelo fato de ser considerada uma atividade de alto risco, a segurança no meio rural é cada vez mais importância e necessária, pois se trata de um tema que se diz respeito à educadores, pesquisadores, técnicos, gestores e trabalhadores, sendo de fato uma área importante para o desenvolvimento da economia brasileira (TEIXEIRA e FREITAS, 2003).
CAPÍTULO 3- METODOLOGIA 
No seguinte capítulo, consta as informações coletadas durante a pesquisa de campo, as abordagens, entrevistas, dados levantados para que melhorias sejam aplicadas na atividade de ordenha.
3.1 Classificação e técnicas da pesquisa
O trabalho consiste em um estudo de caso, com características exploratórias, na concepção de Gil (1999) quando se precisa de maiores informações do fato devido à pouca informação da temática. A pesquisa possui também a característica de ser descritiva, pois ainda de acordo com Gil (1999) uma das características padronizadas desse tipo de pesquisa é a coleta de dados. Inicialmente foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica, buscando como base as técnicas necessárias para a realização deste tipo de estudo e no segundo momento, realizada uma pesquisa de campo, objetivando identificar os riscos ergonômicos e de acidentes que expõem os trabalhadores no âmbito da atividade de ordenha. 
A pesquisa foi desenvolvida em 3 (três) propriedades, sendo 1 (uma) propriedade em Terra Nova - BA e 2 (duas) propriedades em Conceição do Jacuípe - BA. As pesquisas de campo foram realizadas nos meses de outubro e novembro de 2017, sendo as avaliações desenvolvidas nos dias 14 e 15 de outubro e 11, 18 e 19 de novembro, sempre nas primeiras horas do dia. 
A coleta de dados foi realizada por meio de registro fotográfico do ambiente de trabalho e entrevista com 10 (dez) colaboradores, onde foi enriquecida ainda mais a avaliação, de modo a detectar a existência de riscos de acidentes e, após propor correções de acordo com os resultados obtidos. Baseado na observação realizada no ambiente de trabalho, os riscos de acidentes presentes na atividade leiteira podem ser facilmente visualizados e identificados, assim como também os riscos ergonômicos. Ficou evidente a importância de ser realizado uma maior exploração em relação a atividade e assim serem pensadas melhores práticas para a sua execução. 
Neste estudo, como já foi dito, foram direcionadas técnicas de observação, entrevista e questionário. As observações permitem direcionar uma primeira ideia do trabalho, de levantar as principais operações a serem efetuadas pelo trabalhador como, sua frequência, sua duração e como elas são realizadas. Esta observação é diretamente estruturada, não participante, individual, conduzida no local da pesquisa. Também foi utilizada a observação através de registros do ambiente com máquina fotográfica e filmadora que possibilita averiguar possíveis situações de riscos. 
A entrevista estruturada foi realizada e consistiu em preestabelecer um roteiro, ou seja, fazer uma série de perguntas aos colaboradores, não alterando a sua forma e a ordem. No contato inicial é necessário que se explique ao informante quais as finalidades da entrevista, solicitando sua colaboração garantindo ao mesmo o sigilo (ANDRADE, 1987). 
Através do questionário foram coleta as informações com a precaução de observar a data e o horário que melhor convinham aos sujeitos participantes. Ao estabelecer contato com os sujeitos da pesquisa foram expostos os objetivos da mesma e a obtenção do consentimento dos participantes do estudo. 
Com a pesquisa de campo, pôde-se fazer análises, perguntas em relação ao desenvolvimento da atividade e aplicação de questionário, identificando assim os riscos existentes, como também as devidas soluções e melhorias a serem implantadas na atividade agrícola. 
De acordo com o exposto, este trabalho foi dividido em três partes:
a) A primeira etapa foi desenvolvida uma pesquisa com materiais disponíveis que tratassem do tema em questão, para que assim com uma análise teórica do material, pudesse obter informações que ajudassem na condução desse trabalho.
b) Na segunda etapa foi realizada pesquisas exploratórias, onde objetivou-se realizar uma análise ergonômica do trabalho, para que os problemas fossem identificados, e a partir daí o foco da pesquisa pudesse ser concretizado. 
c) Na terceira e última etapa, foi conduzida uma visita nas propriedades, onde fez-se uso de entrevistas com questionário, que é uma técnica de observação direta bastante usada em trabalhos dessa natureza. O questionário de forma estruturada com perguntas objetivas e subjetivas possibilitou registrar as informações e análises feitas durante a pesquisa de campo (Apêndice A). 
A entrevista continha as seguintes informações: nome da propriedade, nome do colaborador e idade, tempo na profissão e quantidade de vacas ordenhadas por dia. 
Segue abaixo as perguntas feitas aos trabalhadores:
1. Qual o tempo total por colaborador durante toda a atividade?
2. Qual o tempo utilizado para a ordenha por vaca?
3. Qual a jornada de trabalho?
4. Qual o peso total do balde?
5. Existe um intervalo de descanso durante a atividade? Se sim, qual seria esse tempo?
6. O banco traz algum tipo de influência no trabalho?
7. Você já ouviu falar sobre ergonomia (NR 17) e sobre a NR 31?
8. Seu patrão propõe alguma medida de segurança e bem-estar?
9. De que forma você acha que poderia ser melhorada a sua atividade de modo a te proporcionar mais conforto?
Após as perguntas, foi aplicado o seguinte questionário:
· Onde há maior existência de dores, nos membros superiores?
1 - |_| Mãos/Dedos 
2 - |_| Punho
3 - |_| Antebraço
4 - |_| Braço
5 - |_| Ombro
· No tronco e cabeça, onde sinto mais dor?
1 - |_| Abdômen 
2 - |_| Coluna
3 - |_| Cabeça
· Nos membros Inferiores, onde sinto mais dor?
1 - |_| Pé
2 - |_| Tornozelo
3 - |_| Panturrilha
4 - |_| Pernas
As atividades realizadas pelos colaboradores, durante a tarefa de ordenha, são consideradas repetitivas e cautelosas, para o devido registro dos documentos. Uma outra parte corresponde, em determinados momentos, ao transporte de material perecível, onde o colaborador exerce um maior esforço, já que opera com o manuseio de cargas. Assim, o método utilizado foi a ferramenta OWAS, simultaneamente com o auxílio da Análise Ergonômica do trabalho (AET).
3.2 Aplicação do método OWAS
Segundo o manual do software dessa ferramenta, o Manual WinOWAS (2009), estuda e avalia a postura do homem durante seu período de trabalho, podendo ser também usado para desenvolvimento de uma nova ferramenta ou de um novo posto de trabalho adequado ergonomicamente a uma determinada atividade.
A aplicação do método OWAS, foi feita através de observações aos trabalhadores durante a execução da atividade e também do programa Ergolândia 6.0, desenvolvido pela FB Sistemas, que contém diversos métodos de avaliação ergonômica, como apresenta a seguir a figura 4, dentre ele o método OWAS utilizado nessaetapa do estudo.
Figura 4 - Tela do programa Ergolândia 6.0.
Fonte: Elaboração do autor.
Figura 5 - Tela do OWAS.
Fonte: Elaboração do autor.
A tela acima apresenta a ferramenta que é bem simples e fácil de usar, exibe o método de forma clara e dinâmica, proporcionando ao usuário a aplicabilidade de forma prática (Figura 5).
CAPÍTULO 4- RESULTADOS E DISCUSSÕES 
Durante a pesquisa de campo, não houve dificuldades em se obter informações e conseguir realizar as visitas nas propriedades, os trabalhadores foram bem receptivos, houve uma enorme colaboração dos mesmos, no início alguns ficaram um pouco intimidados com a entrevista, mas não demorou para que fossem ficando à vontade e respondessem as perguntas. A aplicação do questionário e a entrevista foram realizadas no término da tarefa laboral e no mesmo ambiente em que se desenvolveu a atividade de ordenha.
4.1 Análise Ergonômica do Trabalho (AET)
Como método aconselhado para diagnosticar problemas e assim estratégias empregadas pelos trabalhadores, a AET possibilita analisar e aplicar tentativas para cumprir as metas de produção e, ao mesmo tempo, conservar a saúde de quem a executa (ULBRICHT, 2003).
Dentre os 10 (dez) trabalhadores entrevistados verificou-se que todos são do sexo masculino e apresentam idade variando de 54 a 18 anos. A atividade rural entre esses colaboradores assim como a atividade de ordenhador, aplicada no gráfico 1, é vivenciada em média de 23,1 anos e 18,7 anos, respectivamente. Entre os colaboradores pode-se destacar que a atividade rural permeia para o colaborador mais antigo por 44 anos seguida de 37 anos como ordenador. Quando comparado ao colaborador mais jovem, atualmente com 18 anos, verifica-se que estes desenvolvem atividades agrícolas desde os 12 anos e como ordenhador permanece por 3 anos.
Uma outra questão observada na atividade de ordenha, e as propriedades puderam confirmar, é a idade precoce em que se iniciam os trabalhos no meio rural, principalmente a atividade de ordenha. Quão mais precoce se inicia a atividade, também será o surgimento de problemas, no qual o sistema músculo esquelético ainda está sendo desenvolvido. Um dos trabalhadores começou a atividade aos 12 anos de idade, e com o tempo foi desenvolvida a bursite, mesmo com o surgimento dessa doença, o jovem permaneceu por um tempo ausente do trabalho, seguindo o tratamento, que logo em seguida retornou para a sua atividade. 
Gráfico 1. Idade dos colaboradores e tempos de atividade no meio rural.
	
Fonte: Elaboração do autor.
A organização internacional do trabalho (OIT) relata que as conhecidas desigualdades de acesso ao emprego e as assimetrias de renda entre homens e mulheres é perceptível também no meio rural. Por conta dessa disparidade o trabalho no meio agrícola é precoce e envolve práticas que passam de pai para filho. Na agricultura familiar a juventude está presente por meio de sua inserção no trabalho familiar no estabelecimento agrícola, uma vez que essa caracteriza-se pela “unidade de produção agrícola onde propriedade e trabalho estão intimamente ligados à família” (LAMARCHE, 1993, p. 15). 
Para Silvestro et al. (2001, p. 280), no meio rural: 
Os filhos e filhas integram-se aos processos de trabalho - auxiliando a conduzir os animais, acompanhando os pais em algumas tarefas, ajudando na casa – desde muito cedo. Aos poucos vão assumindo atribuições de maior importância e chegam à adolescência não só dominando as técnicas observadas durante sua vida, mas os principais aspectos da própria gestão do estabelecimento.
De acordo com o levantamento realizados nas propriedades visitadas, a atividade de ordenha realizada diariamente foi conduzida nas primeiras horas do dia, sendo que entre os colaboradores, em média 16 animais foram separados para serem ordenhados. Diante disso, verificou-se que não existia uma pausa dos colaboradores entre as vacas ordenhadas, ou seja, o tempo de ordenha por vaca permanecia continuo até que todo o procedimento de retirada do leite fosse realizado. Diariamente foi verificado que a média de 15 litros de leite foi retirada por ordenhador e que o tempo dessa atividade variava de 60 a 240 minutos a depender do colaborador (Gráfico 2).
Gráfico 2. Tempo de execução da atividade de ordenha entre os colaboradores.
	
Fonte: Elaboração do autor.
De acordo com SENAR (2011) é recomendado seguir pausas de cinco minutos a cada 50 minutos de ordenha (exercícios e alongamentos durante este intervalo) ou que aconteça o rodizio dos ordenhadores. Diante disso foi sugerido essa ação entre os colaboradores para que reduzissem os riscos de dores e desconfortos durante a atividade. Outra observação e até sugestão do gerente da propriedade é que as pausas entre vacas poderiam ser de no mínimo 3 minutos, porém isso poderia ser seguido mediante o tamanho do animal e da quantidade de leite produzido.
Houve resistência por parte dos ordenhadores sobre as possíveis pausar recomendadas por ordenha, pelo fato da atividade ser iniciada bem cedo, horário influenciado pela quantidade de vacas e também um costume já adotado pelos trabalhadores e, portanto, as pausar tornaria a atividade mais extensa. Os próprios trabalhadores não pensaram no fato de que essas melhorias, aumentariam a sua qualidade de vida e assim diminuiriam o surgimento de possíveis problemas ergonômicos. 
Essa atividade conduzida de forma abrupta possibilita sérios problemas para os colaboradores, principalmente quando se trata de dores. Todos os colaboradores se queixaram de desconforto no corpo, devido a atividade, sendo dores intensificadas na região da coluna e das pernas. Esse ponto pode ser analisado pela posição do balde para recolhimento do leite, onde este permanece entre as pernas do ordenhador que necessita além de conduzir a atividade da retirada do leite sustentar o balde e reclinar o tronco para frente, causando um enorme e preocupante esforço do corpo além de ser considerável influenciador de problemas ergonômicos (Figura 6).
Figura 6. Postura inadequada para procedimento de ordenha.
	
Fonte: Elaboração do autor.
Segundo OSHA (2002) a postura do corpo se inclinando, trabalho de mão altamente repetitivo, levantamento manual e levantamento de cargas pesadas são preocupantes para problemas futuros dos trabalhadores. É tempo para dar uma olhada em muitas das tarefas dos trabalhadores que são rotineiras na agricultura e que são largamente levados a cabo sem mudanças e oferecer para ergonomia como uma prioridade à redução desses fatores de risco. 
A atividade exige também esforço dos membros superiores como mãos/dedos e braços (Gráfico 3).
Gráfico 3. Queixas nos membros superiores.
	
Fonte: Elaboração do autor.
A postura de trabalho forçada e incorreta poderá lesionar o trabalhador fisicamente e provocar-lhe fadiga, acarretando assim uma diminuição de sua capacidade funcional. Esta condição não o impede de realizar suas atividades do cotidiano, pelo contrário, em alguns casos, o indivíduo continua a realizar o trabalho em intensidade e frequência iguais ou até mesmo maiores que as anteriores (COUTO, 1995).
Em uma das propriedades observou-se também que um dos colaboradores não utilizava um equipamento adequado para o procedimento de ordenha. Neste caso a improvisação com uma lata de tinta em substituição ao banco para tal atividade (Figura 7).
Figura 7 – Improvisação de lata utilizada como banco na ordenha.
	
	
Fonte: Elaboração do autor
Após ser feita essa análise, foi proposta uma mudança de imediato, onde o colaborador fizesse a adoção do banco. Outro ponto observado foi quanto à postura inadequada do tronco e a sobrecarga das pernas devido ao apoio ao balde. Após a inserção do banco, as pernas vieram a adotar uma sobrecarga mais leve e menos flexionadas como mostra abaixo a figura 8:
Figura 8 – Ordenhador realizando a tarefa com o uso do banco.
	
Fonte: Elaboração do autor.
Durante as observações na atividade, pôde ser visto que o tamanho da vaca e de seu úbere influencia bastante na atividade de ordenha. O colaboradorprecisava se adequar ao tamanho do animal, e a postura é constantemente observada quando o ordenhador recusava o banco e somente com as pernas flexionadas realizava a atividade. Nesse caso a sobrecarga em relação as pernas do colaborador são consideradas alta, contribuindo para o surgimento de problemas ergonômicos.
Segundo a afirmação de Másculo e Vidal (2011) a ferramenta OWAS é um método simples para análise postural do trabalhador durante as realizações de atividades. Dentre os resultados obtidos durante o estudo realizado, o posicionamento da coluna, braços e pernas, serviram de base para esse estudo, além de também considerar, as cargas e esforços feitos durante a realização da atividade.
Com relação ao uso do banco para ordenha, o mesmo é feito pelos próprios trabalhadores, com isso, não existe um tamanho padrão (Figura 9).
Figura 9 – Banco confeccionado pelos ordenhadores.
	
Fonte: Elaborado pelo autor.
De acordo com o questionário aplicado, os ordenhadores mostraram que o banco utilizado como assento na retirada do leite não traz influência na atividade, visto que este apresenta tamanho único e que a adequação dos braços favorece a melhor condução para a atividade. Nas propriedades avaliadas existiam dois tipos de banco, onde um precisava ser carregado até o animal, para a realização da ordenha e o outro se encontrava preso ao corpo do ordenhador através de uma cinta (Figura 10).
Figura 10 – Banco preso ao ordenhador, através de uma cinta.
	
Fonte: Elaborado pelo autor.
A não utilização de EPIs é uma prática constante na maioria das atividades rurais, não sendo diferente para a ordenha. Pode ser verificado que alguns ordenhadores realizavam as atividades utilizando bermudas e sandálias, como pode ser visto na figura 11.
Figura 11 – Trabalhador sem a utilização de vestimenta correta.
	
Fonte: Elaborado pelo autor.
É de extrema importância a identificação dos riscos ergonômicos, seguida da orientação adequada aos ordenhadores, para que se possa assim, proporcionar a minimização de acidentes de trabalho e a melhoria da qualidade de vida destes trabalhadores. A ordenha deve ser conduzida com cuidados higiênicos, com instrumentos corretos, vestimenta adequada, em um ambiente calmo, confortável e de segurança, de modo que favoreça ao ordenhador e a sua qualidade de vida, assim como ao máximo de produção pelos animais. De acordo com AET foram executadas uma palestra para correções de postura e conscientização da atividade quanto aos riscos e melhorias a serem adequadas para a atividade.
Diante do que foi observado na visita as propriedades, em registros fotográficos, na coleta de dados do questionário e entrevista, pode-se analisar a postura dos colaboradores e verificar de acordo com o método de análise postural OWAS se alguma intervenção deve ser registrada no ambiente laboral entre os colaboradores assistidos. 
De acordo com Másculo e Vidal (2011) o método OWAS é de grande simplicidade para se realizar análise de posturas adotadas pelos trabalhadores durante a execução de suas atividades. Os resultados obtidos através da análise, são procedentes do posicionamento do tronco, braços e pernas, além de considerar as cargas e esforços realizados durante a atividade.
Assim, como observação feita durante a atividade, foram marcadas as seguintes opções, como seguem as figuras abaixo individualmente por postura adotada pelo ordenhador. 
Nas opções em relação a postura das costas, foi considerada a opção 2 (dois), ou seja, a posição das costas adotadas pelo trabalhador é inclinada (Figura 12).
Figura 12. Postura das costas.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Na postura dos braços, foi considerada a opção 1, sendo os dois braços abaixo do ombro (Figura 13).
Figura 13 – Postura dos braços.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Com base na postura das pernas, foi considerada a opção 1, o trabalhador adota a postura das pernas sentado (Figura 14).
Figura 14 – Postura das pernas.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Em relação ao esforço realizado na atividade, levando em consideração o peso do balde, que é aproximadamente 15kg, é considerada a opção 2, carga entre 10 e 20 kg (Figura 15).
Figura 15 – Esforço realizado na atividade.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Na figura 16 é registrada a postura adotada pelo colaborador quando realizada a atividade de ordenha assim como pontos registrados para a análise do método OWAS. 
Figura 16 – Postura adotada pelo ordenhador.
	
Fonte: Elaborado pelo autor.
Perante o software ERGOLÂNDIA 6.0 são utilizados uma escala de quatro pontos, e através da determinação do nível de risco, é obtido o resultado final que indica a avaliação da postura e a categoria de ação a ser tomada perante a atividade de ordenha. Os quatro pontos são: 
 Categoria 1: postura normal, não é necessária a adoção de medidas corretivas; 
 Categoria 2: postura requer a adotadas medidas corretivas em futuro próximo; 
 Categoria 3: postura requer a adoção de medidas corretivas assim que possível; 
 Categoria 4: postura que deve merecer atenção imediata.
Quando analisada as figuras 12, 13, 14 e 15, através do programa Ergolândia 6.0, e a postura adotada pelo ordenhador (Figura 16) verifica-se que de acordo com o método OWAS na escala em relação aos 4 pontos, foi classificada como a categoria 2, onde recomenda-se como categoria de ação que são necessárias correções em um futuro próximo (Figura 17).
Figura 17 – Tela do OWAS.
	
Fonte: Elaborado pelo autor.
	
Apesar do resultado apresentado pelo método OWAS, não significa que a postura avaliada esteja correta e não traga riscos. Com relação ao questionário e perguntas aos trabalhadores, a existência de dores e problemas futuros é preocupante, principalmente nas mãos e coluna, onde o surgimento de doenças crônicas não é descartado.
Na realização das atividades, a adoção de posturas inadequadas, assim como outros fatores de risco existentes no posto de trabalho, como sobrecarga imposta à coluna vertebral e manutenção de uma postura por tempo prolongado, são consideradas as maiores causas de afastamento de trabalho e sofrimento humano (COUTO, 1995).
De acordo com os trabalhadores, o surgimento de dores em decorrência da atividade, não é no momento da sua execução, mas sim com um certo tempo, principalmente se houver períodos que não venham a se desenvolver a atividade. Por conta disso foi proposto que fosse adotada pausas na realização da atividade, por cada animal ordenhado.
4.2 Riscos de Acidentes
Nas três propriedades, pontos semelhantes foram observados, dentre eles pode-se destacar que logo na primeira visita, os locais foram considerados de forma precária para se realizar a ordenha, nos ambientes onde são executadas as atividades, não existiam nenhum cuidado com higienização, no local havia pelos, urina e fezes de animais espalhados, como segue na figura 18.
Figura 18 – Ambiente inadequado.
	
	
Fonte: Elaboração do autor.
Para Iida (2005), as condições ambientais de forma precária em qual seja a situação de trabalho e na sua execução, pode tornar-se uma grande fonte de tensão, causando assim desconfortos, e tendem a diminuir a produtividade, causar danos à saúde do colaborador e aumento do risco de acidentes. 
A partir daí foi explicado aos trabalhadores a importância das mudanças, do que se tratava a ergonomia e a sua abordagem. Onde assim, foi percebido pelos mesmos a importância de se manter um local limpo e a forma como estava, poderia trazer prejuízos a sua saúde e também a de quem iria ingerir ou para onde seria o destino do alimento, pois não havia higienização também na prática da ordenha (Figura. 19).
Figura 19 - O mesmo local higienizado.
	
Fonte: Elaboração do autor.
Embora qualquer trabalhador no exercício de sua profissão esteja sujeito à ocorrência de acidentes, sem dúvidas a profissão rural encontra-se entre aquelas que apresentam as maiores probabilidades (TEIXEIRA; FREITAS, 2003). É considerado acidente do trabalho agrícola o acidente que ocorrer pelo exercício do trabalho agrícola (lavoura e pecuária) ouflorestal, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença, que cause morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (DE SOUSA; SANTANA, 2016).
A ordenha possui inúmeras sub tarefas, e dentre os riscos de acidentes podem ser elencados: terrenos que são irregulares; falta de sinalização; locais de armazenamento de maquinário/implementos desorganizados (quedas de objetos e refúgio para animais peçonhentos e roedores); risco de quedas, escorregões devido ao ambiente sujo; além disso, o próprio manejo com os animais também pode ser uma fonte de acidentes (quedas, coices, ferimentos, manejo inadequado dos animais e da própria atividade).
Em relação ao manejo com os animais, muitos como de sua natureza, apresentam comportamentos de estresse, agressividade e agitação. Outro risco, é que, como as patas traseiras das vacas são apeadas (amarradas), com o intuito de se realizar a ordenha e o animal não vir a se deslocar, existem casos que o animal por estar com suas patas apeadas como segue a figura 20 podem acabar se desequilibrando e caindo sob o colaborador, causando graves danos, e até mesmo a morte.
Figura 20 – Vaca apeada.
	
Fonte: Elaborado pelo autor.
Um dos ordenhadores explicou que já veio a acontecer esse caso, em que um dos animais acabou se desequilibrando e caindo sobre as suas pernas. Houve grave lesão, que o manteve afastado da atividade por um certo tempo. Mesmo com esse acontecimento, a atividade não deixou de ser realizada de tal forma. 
Na figura 21, é mostrado algumas vacas no local onde foram ordenhadas. O ordenhador percorre esse local entre as vacas, risco enorme seguido, pois esses animais podem se assustar, causando agitação entre eles e podendo vir a atingir o ordenhador. A correção utilizada nessa questão, foi através da AET, de que no local a ser realizada a atividade, haja apenas a quantidade necessária de vacas para cada ordenhador. 
A análise ergonômica do trabalho, pode ser utilizada como melhoria para a atividade leiteira. A sua utilização é necessária para que sejam feitas observações e assim realizadas melhores recomendações para as condições de trabalho (ULBRINCHT, 2003).
Figura 21 – Local onde as vacas serão selecionadas para ordenha (curral).
	
	
Fonte: Elaboração do autor.
É importante destacar alguns dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no ano de 2003, que trazem à gravidade dos acidentes de trabalho no contexto rural. Nesses dados, os trabalhadores rurais ocupam o quinto lugar em número de mortes, por conta de acidentes de trabalho, não levando em consideração os trabalhadores informais, como também os casos não registrados (BRASIL, 2003). Segundo Pelegrino (2003) é considerado acidente de trabalho, o ocorrido durante a prestação de serviço na atividade rural ou qual seja a organização em que o trabalhador está inserido.
Na figura 22, no momento em que o ordenhador manejava os animais, o bezerro demonstrou comportamento alterado e explosivo. Por conta da experiência do trabalhador com o manejo desses animais, logo conseguiu contê-lo. Uma situação de alto risco e que poderia ter trazido consequências bem graves para o trabalhador, pode-se dizer que risco até mesmo de morte. Os animais demonstram variações de comportamento, portanto sempre deve haver um maior cuidado no momento de realizar o manejo. 
Figura 22 – Manejo dos animais.
	
Fonte: Elaboração do autor.
Segundo FEE (2010) e Drebes et al. (2014) as partes do corpo atingidas nos acidentes do trabalho rural típicos registrados entre 2010 e 2012 foram muitas e diversificadas, já que um mesmo acidente de trabalho pode atingir mais de uma parte do corpo do trabalhador. As partes mais atingidas, de acordo com as pesquisas foram os membros inferiores (42,1%) e tórax e membros superiores (13,2%), ambos ocasionados, sobretudo, por quedas (43,8% e 80,0%, respectivamente). No estudo realizado por Fehlberg et al. (2001), os membros inferiores também foram as principais partes do corpo atingidas, com 46,5% de ocorrência.
Acidente de trabalho também pode acontecer como apresentado na figura 23. Onde o local de armazenamento de maquinário/implementos além de ser desorganizado, é inclusive verificada a falta de móveis adequados para que estes sejam alocados de melhor forma. No entanto, esses locais além de ser pontos para possíveis acidentes acabam servindo de refúgio para animais peçonhentos e roedores.
Figura 23 – Local de armazenamento para maquinários/implementos.
	
	
Fonte: Elaborado pelo autor.
De acordo com Silveira et al. (2005), os trabalhadores rurais realizam atividades arriscadas e insalubres em ambientes propiciadores de diversos riscos ocupacionais, principalmente físicos, químicos, mecânicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais (TEIXEIRA; FREITAS, 2003; SILVEIRA et al., 2005; ROBAZZI et al., 2006).
CAPÍTULO 5- CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Mesmo obtendo técnicas modernas e formais para o desempenho do trabalho, o tema “qualidade de vida do trabalho” vêm sendo questionado e tornando-se importante não só no meio urbano como também no meio rural, através da sua implementação em locais de grandes plantações, associadas aos novos equipamentos. Dessa forma, a agricultura é vista pela Organização Internacional do Trabalho como um dos três setores mais perigosos no mundo em matéria de segurança e saúde no trabalho, junto com os setores da Mineração e Construção Civil.
A ordenha é uma atividade importante para a pecuária leiteira, que tem o seu crescimento e aos poucos se atualizando perante as tecnologias. Mesmo com os avanços na tecnologia, e com melhorias para a atividade, os problemas relacionados continuam sendo visíveis, não deixando de existir riscos na sua execução, onde torna-se relevante uma análise ergonômica dos profissionais desta área, pois os avanços tecnológicos, vem em prol da melhoria na execução da atividade, e não em relação a quem executa a atividade. 
Um dos maiores problemas enfrentados pelos trabalhadores agrícolas é a adoção de posturas erradas utilizando de forma inadequada as ferramentas e equipamentos pertinentes as tarefas que exigem esforço físico no trabalho. Diante dessa inadequação são verificadas queixas como dor lombar, fadiga, derivando-se em acidentes e doenças ocupacionais, podendo estes desenvolver problemas crônicos e agudos.
Os riscos de ergonomia extremos devem receber prioridade em trabalho de prevenção de dano agrícola. Esses são: postura do corpo se inclinando, trabalho de mão altamente repetitivo e o levantamento manual e levantamento de cargas pesadas. Entretanto os risco de acidentes também devem ser revistos, pois ambiente insalubre é prejudicial para o colaborador e para a qualidade da produção. 
Como método aconselhado para diagnosticar problemas e assim estratégias empregadas pelos trabalhadores, a AET possibilita analisar e aplicar tentativas para cumprir as metas de produção e, ao mesmo tempo, conservar a saúde de quem a executa.
Diante da realização da pesquisa e da análise dos dados in loco foi identificado, mais uma vez, sobre as inúmeras queixas constantes de dores e riscos iminentes de acidentes. Perante aos fatos observados e analisados, recomendações de postura correta, higienização do local e disseminação do conhecimento e conscientização sobre a norma regulamentadora nº 17 foram executadas e conduzidas aos colaboradores.
Esse estudo é preliminar e trabalhos futuros são necessários para aprofundar os dados coletados, assim como aprimorar outras análises na atividade de ordenha, nesse sentido as análises realizadas são subsídios iniciais e abrem lacunas para que muitas outras pesquisas sejam desenvolvidas no âmbito rural. 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ALONÇO, Airton dos Santos et al. Análise ergonômica do trabalho em atividades desenvolvidas com uma roçadora manual motorizada. Ciência Rural, v. 36, n. 5, p. 1638-1642, 2006. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/cr/v36n5/a48v36n5.pdf>. Acesso em: 1 nov. 2017.
BRASIL. Portaria nº 86, de 3 de março de 2005. Aprova a Norma

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