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O Brincar 3

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O BRINCAR 3
O BRINCAR NA CONCEPÇÃO 
DE PIAGET
Olá, acadêmico(a), estamos iniciando a quarta etapa desse curso de 
formação, na qual conheceremos um pouco sobre o brincar na concepção 
de Piaget. Vamos relembrar a biografia de Piaget?
Jean Piaget nasceu em 1896, em Neuchatel, Suíça. Graduou-se em 
Biologia e ao longo do tempo se tornou um epistemólogo preocupado com 
as questões inerentes ao conhecimento psicológico.
APRESENTAÇÃO
Organização
Carlos Alberto 
Medrano e Fernanda 
Germani de Oliveira
Reitor da 
UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora do EAD
Prof.ª Francieli Stano 
Torres
Edição Gráfica 
e Revisão
UNIASSELVI
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
O BRINCAR NA 
CONCEPÇÃO DE 
PIAGET
.03
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico(a), estamos iniciando a quarta etapa desse curso de 
formação, na qual conheceremos um pouco sobre o brincar na concepção 
de Piaget. Vamos relembrar a biografia de Piaget?
Jean Piaget nasceu em 1896, em Neuchatel, Suíça. Graduou-se em 
Biologia e ao longo do tempo se tornou um epistemólogo preocupado com 
as questões inerentes ao conhecimento psicológico.
FIGURA 1 – JEAN PIAGET
FONTE: Disponível em: <http://acleciodantas.blogspot.com/2010/09/fotos-
jean-piaget.html>. Acesso em: 30 jul. 2012.
Nesta etapa também vamos conhecer a opinião de Piaget sobre o 
desenvolvimento da criança e demonstrar a seriedade do lúdico e do brincar 
na sua formação.
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
Jean Piaget, durante seus estudos, agrupou uma amostra para apresentar 
como os seres humanos atribuem sentido ao seu mundo e, através do estudo 
das suas concepções, sobre o desenvolvimento do pensamento.
Analisar a importância da atividade lúdica, como, por exemplo, do brincar, 
brinquedo e jogo, nesse procedimento, vai nos auxiliar a entender o quanto 
é importante usarmos esses recursos em nossas atividades pedagógicas.
O brinquedo estimula a representação da realidade; ao representá-la ela 
estará vivendo algo ou alguma situação remota e irreal naquele momento. 
Um exemplo é o fato de que, ao brincar de casinha, ao representar o papai, a 
mamãe, a filhinha e, ao conversar com o seu coleguinha e com a sua boneca, 
vai reproduzir diálogos que presenciou. Vai reproduzir a maneira pela qual os 
adultos ali representados a tratam e como conversam com ela (MARANHÃO, 
2003, p. 17).
FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO DA REALIDADE
FONTE: Disponível em: <http://www.corbisimages.com/stock-photo/rights-
managed/42-32213414/girls-playing-on-rug-with-toys?popup=1>. Acesso em: 
30 jul. 2012.
De acordo com Piaget (1971), o desenvolvimento da inteligência está 
voltado para o equilíbrio; a inteligência é adaptação. O homem estaria 
sempre buscando uma melhor acomodação ao ambiente. Assim podemos 
compreender a importância do brincar para o desenvolvimento da criança.
Através da brincadeira, a criança se apropria de conhecimentos que 
possibilitarão sua atuação sobre o meio em que está inserida. Toda atividade 
do homem visa atingir o equilíbrio; suas ações advêm em função de qualquer 
necessidade que provocará no sujeito um estado de desequilíbrio. Nesse 
momento o sujeito é obrigado a buscar novas formas de se relacionar com 
o meio para melhor adaptar-se ao mesmo. A criança passa de um estado de 
equilíbrio para outro.
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
Para Piaget (1971, quando brinca a criança assimila o mundo à sua 
maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua influência com o objeto 
não depende da natureza do objeto, mas da colocação que a criança lhe 
confere. 
FONTE: Adaptado de: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2005/anaisEvento/documentos/
com/TCCI118.pdf>. Acesso em: 20 ago. 2012.
“E o jogo se caracteriza por transformações, como todas as atividades 
lúdicas, por ser uma atividade dinâmica, capaz de transformar-se com o 
contexto de um grupo para o outro” (MORGADO, 2007, p. 26).
Aqui iniciamos o estudo sobre o brincar de acordo com as fases do 
desenvolvimento segundo Piaget.
2 ESTÁGIO SENSÓRIO-MOTOR: ATÉ DOIS ANOS
O crescimento cognitivo durante este estágio se baseia, especialmente, 
em conhecimentos sensoriais e ações motoras. As ações sensoriais e motoras 
são utilizadas para alcançar uma meta. Piaget (1971) diz que os bebês adquirem 
conhecimentos sobre os objetos através de suas interações com eles. Durante 
esse período a inteligência se manifesta em ações. Através dos reflexos, o 
bebê se relaciona com o mundo. 
FONTE: Adaptado de: <http://www.avm.edu.br/monopdf/6/RENATA%20RODRIGUES%20DA%20SILVA.pdf>. 
Acesso em: 20 ago. 2012.
Por intermédio da amamentação ele incorpora os mecanismos 
importantes ao ato de sugar e configuração de seus esquemas, incorporando 
este ato e estendendo o mesmo para outros atos, tais como chupar o dedo 
(MARANHÃO, 2003).
FIGURA 3 – AMAMENTAÇÃO
FONTE: Disponível em: <http://www.corbisimages.com/stock-photo/
rights-managed/42-15249314/mother-feeding-baby?popup=1>. Acesso 
em: 30 jul. 2012.
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
Neste momento, suas mãos são um brinquedo para ele e a generalização 
do ato de sugar com a capacidade de coordenar seus movimentos poderá 
levá-lo a colocar outros objetos na boca e, dessa forma, brincar com eles 
de forma expressiva, uma vez que estará sucessivamente construindo novos 
esquemas.
O seu corpo é o primeiro brinquedo utilizado pela criança. Desde os primeiros 
meses de vida ela explora seu corpo e a partir dele começa a conhecer os 
estímulos externos, provocando assim a adaptação do seu corpo ao meio.
A partir dos seis meses, aproximadamente, a criança pode começar a se 
interessar sobre os efeitos que os seus atos produzem sobre o ambiente que 
a cerca; por exemplo, ela pode alcançar o móbile que se encontra sobre 
seu berço e percebe o som que ele produz ao ser sacudido; então passará a 
prestar atenção nos resultados dessa ação, desviando o foco de atenção do 
seu próprio corpo. (MARANHÃO, 2003, p. 20).
FIGURA 4 – MÓBILE
FONTE: Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/wp-
content/uploads/2016/01/mobile-600x450.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2019.
Piaget (1971) aponta os jogos de exercícios como sendo essencialmente 
uma característica da fase sensório-motora, sendo quase que específicos nos 
dois primeiros anos de vida. Assim que a criança inicia a fala, esses jogos 
tendem a desaparecer.
Os jogos de exercícios, que à primeira vista parecem ser apenas a repetição 
mecânica de gestos automáticos, caracterizam para os bebês os efeitos 
esperados. A criança age para ver o que sua ação vai produzir, sem que por isso 
se trate de uma ação exploratória. O efeito é buscado pelo efeito naquilo que 
ele tem justamente de comum: a criança toca e empurra, desloca e amontoa, 
justapõe e superpõe para ver no que vai dar. Portanto, desde o início introduz 
na brincadeira da criança uma dimensão de risco e de gratuidade, em que 
o prazer da surpresa opõe-se à curiosidade satisfeita (ALMEIDA, 1999, p. 45).
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
O desenvolvimento cognitivo dos bebês vai acontecendo a partir do 
desequilíbrio provocado pelas suas necessidades, tais como conhecer, 
descobrir as consequências resultantes de determinados atos seus, ou seja, 
suas brincadeiras irão incorporar-se através dos seus sentidos ao cérebro e, 
consequentemente, irão provocar o processo de equilibração, e desta forma 
farão aflorar o desenvolvimento cognitivo (MARANHÃO, 2003, p. 21).
São importantes, neste momento, os estímulos enviados ao cérebro 
destas crianças. Nesta fase é fundamental a presença do adulto, pois dele 
irá depender o crescimento do bebê e sua relação com o meio. Os laços de 
afetividade presentes na relação do adulto com a criança já estabelecem uma 
relação lúdica desta com o mundo.
3 DE DOIS A SETE ANOS: BRINCANDO E ENTENDENDO O 
MUNDO
Este estágio é denominado pré-operacional. Vamos levar em consideração 
o estágio anterior, quando a criança assimila as suas experiências e, a partir 
delas, passaa entender o mundo que a cerca e vai se adaptando a ele. 
Agora, esta visão egocêntrica iniciada no estágio sensório-motor vai 
continuar com ela até iniciar o momento das operações concretas.
Note-se que é com essa percepção fechada em si que a criança ingressa 
na fase pré-operacional.
Em princípio, sua relação com o mundo permanece a mesma, somente 
com o início da linguagem é que a criança vai redimensionar seus esquemas, 
provocando novos quadros mentais e reestruturando os já existentes.
Neste momento, a criança começa a utilizar os processos de imitação 
e a brincadeira passa a ter o sentido de assimilar o que ela percebe no seu 
ambiente. Ela irá reproduzir o seu meio. Inicialmente a criança imita o que 
vê, posteriormente ela já consegue fazer uma reprodução do que não vê, ou 
seja, representa o que já viu. Essa representação é o início do pensamento 
(MARANHÃO, 2003).
Brincar, para a criança de dois a três anos, é um meio de expressão que 
simboliza suas experiências, o conhecimento de seu pequeno mundo, seus 
desejos, suas frustrações, seus sonhos e suas fantasias.
Ela é capaz de representar. Isso significa que adquiriu a capacidade de recordar 
os acontecimentos do passado e apresentá-los do seu jeito e de acordo com 
sua compreensão. Para isso ela se utiliza dos mecanismos da imitação, do 
jogo simbólico, dos desenhos e da linguagem, usando como pano de fundo 
as atividades lúdicas, que são suas formas de manifestação (SANTOS, 1999, 
p. 90).
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
A imitação já estava presente nas ações da criança desde os três meses, 
mas só imitava quando os objetos ou pessoas estavam presentes no seu 
campo visual. Nesta fase há um progresso significativo nas suas imitações: 
ela age mentalmente, sem a presença do objeto, recordando e reelaborando 
pensamento e ação.
Nesta etapa, a brincadeira de faz de conta é muito importante, pois 
possibilita o entendimento do mundo que a cerca. A criança brinca de casinha, 
de comidinha, de carrinho, de cantora, mesmo sem estar manipulando os 
objetos relativos a cada uma.
FIGURA 5 – BRINCANDO DE CANTORA
FONTE: Disponível em: <https://s3-us-west-1.amazonaws.com/savvy.is/blog/
Singing+Lessons+for+Kids.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2019.
Ela representa, f inalmente, o que já possui, uma imagem mental 
interiorizada daquilo que está representando. Então aí é capaz de pegar várias 
caixinhas de fósforos e brincar imaginando serem carros que estão na rua, e 
até colocar sua boneca, que projeta andar numa suposta calçada.
A imitação que dá origem a imagem mental, pelo meio de cenas já 
interiorizadas, titulamos de jogos simbólicos. Por intermédio dos jogos 
simbólicos a criança irá adquirir a linguagem convencional. Aprenderá a 
nomear os objetos de acordo com seu conceito cultural (MARANHÃO, 2003).
Assim, por meio das brincadeiras e dos jogos simbólicos, a linguagem vai 
se estruturando. A criança começará a trabalhar com suas imagens mentais e 
estas, segundo Piaget, são os primeiros elementos de articulação entre ação 
e pensamento.
Neste estágio de desenvolvimento a brincadeira adquire atitude 
importante para obtenção do código de linguagem e para a organização do 
pensamento.
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
É necessário fornecer vários estímulos para que a criança possa relacionar 
os objetos que a rodeiam com seus nomes propriamente articulados e criar 
suas imagens mentais.
É preciso que ela conheça, por exemplo, a bicicleta, que reconheça e 
relacione o nome atribuído a este objeto, para que posteriormente ela possa 
atribuir este nome à figura de uma bicicleta, e ao ouvir a palavra bicicleta 
possa formar sua imagem mental.
FIGURA 6 – BICICLETA
FONTE: Disponível em: <http://lagunambiental.com.br/wp-content/uploads/2017/09/andar-de-
bike-livenstyle.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2019.
A capacidade de trabalhar com símbolos é denominada função semiótica. 
Através de brincadeiras, de jogos, a criança desenvolverá essa função 
naturalmente. Ao brincar de pentear o cabelo da mamãe, ou da boneca, 
sem estar com o pente nas mãos, a criança estará criando símbolos de ação. 
Nesta fase a aquisição da linguagem é o mais importante sistema de símbolos 
adquirido pela criança.
[...] outra função do brincar no desenvolvimento mental da criança está 
relacionada com a reversibilidade. É muito difícil para a criança pensar do final 
para o começo, ou seja, como retornar ao início de uma tarefa simplesmente 
desfazendo seus passos. Tão difícil quanto o pensamento reversível é o 
conceito de conservação, ou seja, a criança entender que a quantidade de 
determinada coisa vai permanecer a mesma, ainda que sua disposição ou 
aparência seja alterada (SANTOS, 2006, p. 14-15). 
Entendemos aqui a importância do simples jogo quebra-cabeça, em que, 
inocentemente, a figura está inteira e você a divide em várias partes para que 
a criança torne a montá-la.
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
Neste momento lúdico, a criança estará vivenciando dois conceitos: o 
da reversibilidade e o da conservação. Ela poderá experimentar que, reunindo 
as peças, retornará ao início de quando a figura estava inteira, e, ao mesmo 
tempo, poderá comprovar que mesmo tendo “picado” a figura inicial ou a 
folha de papel em vários pedaços, ao reuni-los terá de novo a mesma folha, 
com igual tamanho.
FIGURA 7 – MOMENTO LÚDICO
FONTE: Disponível em: <http://www.corbisimages.com/stock-photo/
rights-managed/DWF15-404293/living-with-autism?popup=1>. Acesso 
em: 30 jul. 2012.
“Precisamos entender a forma de pensamento da criança para podermos 
proporcionar a ela os momentos lúdicos necessários, as brincadeiras que a 
ajudarão a crescer e nos auxiliarão a compreendê-la melhor” (MARANHÃO, 
2003, p. 240). Por exemplo, dizemos que as crianças, ainda neste estágio, 
permanecem egocêntricas, mas devemos entender este egocentrismo como 
a criança percebendo o mundo segundo sua própria percepção, ou seja, ela 
entende o mundo por meio do seu ponto de vista. Ela não é egoísta.
Nesta fase do desenvolvimento, quando uma criança de quatro anos 
brinca com outra de dois anos, ela usa linguagem mais simplificadamente, 
procurando se fazer entender pela outra criança. 
Mas ela ainda não consegue acreditar que sua mão direita é do mesmo 
lado que a da colega; para isso é importante que ela brinque com o espelho e 
possa vivenciar essa visão diferente dela mesma, para transferir este esquema 
para o mundo que a cerca. Ao mesmo tempo, ainda neste estágio, ela já 
entendeu que precisa virar para a outra pessoa o objeto que ela está segurando 
em suas mãos, para que a outra pessoa consiga vê-lo como ela o vê.
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
Neste momento inicia-se normalmente a educação infantil e é preciso 
que se dê a devida importância a esta fase, pois não podemos aceitar que, 
em função de qualquer outro aspecto, se exclui da criança o Direito de 
Brincar. “Através da brincadeira ela irá crescer, aceitar e conhecer o mundo” 
(MARANHÃO, 2003, p. 25).
Realizar atividades que proporcionem bases para a linguagem e ensinar 
conceitos é extremamente importante nesta fase. Passear com a criança, levá-
la ao zoológico, jardins, teatros e concertos. Presenteá-la com oportunidades 
para que possa provar diferentes gostos, sentir diferentes odores. Tudo tem 
jeito de novo e, brincando, ela irá adquirindo condições de ver o mundo do 
ponto de vista de outras pessoas. As brincadeiras aparentemente simples são 
verdadeiras fontes de estímulos para o cérebro das crianças.
É interessante notarmos que nesta fase as crianças adoram estar com 
outras crianças, mas não conseguem abrir mão das coisas e acham que 
tudo necessita girar em torno delas. Neste momento, os jogos de regras 
não funcionam, embora elas precisem e gostem de cumprir ordens e devem 
mesmo auxiliar os adultos em pequenas tarefas.
Na fase dos quatro aos setes anos, aproximadamente, os jogos assumem um 
papel definitivo; passam a ter mais seriedade, ficando muitoadmiráveis na 
vida das crianças. Elas passam a gostar de participar de brincadeiras com o 
próprio corpo, movimentando-se (MARANHÃO, 2003, p. 26).
FIGURA 8 – MOVIMENTANDO-SE
FONTE: Disponível em: <http://www.corbisimages.com/stock-photo/rights-
managed/42-35054064/people-of-all-ages-enjoy-playing-with?popup=1>. 
Acesso em: 31 jul. 2012.
Dessa maneira, as crianças ampliam cada vez mais os músculos, correndo, 
brincando, pulando. Os músculos responsáveis pela coordenação motora 
fina, aquela responsável pelos movimentos da escrita, serão desenvolvidos 
através das brincadeiras, onde se faça necessário rasgar, picar papel, costurar, 
amassar, etc.
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
A educação infantil tem demonstrado ser uma excelente fonte de 
desenvolvimento cognitivo para nossas crianças.
FIGURA 9 – EDUCAÇÃO INFANTIL
FONTE: Disponível em: <http://www.corbisimages.com/stock-photo/
royalty-free/42-27652954/frustrated-with-school-work?popup=1>. Acesso 
em: 31 jul. 2012.
4 DE SETE A 11 ANOS: O CORPO GANHA ESPAÇO NA 
BRINCADEIRA
Esta fase chamada de operacional concreta foi denominada por Piaget 
de estágio prático do pensamento.
Começa, agora, a sistematização do conhecimento da criança; e é nesse 
momento que as práticas esportivas passam a ter significado para ela.
É importante que o corpo esteja integrado às demais áreas de 
conhecimento. O corpo vai ocupar um lugar de destaque em suas brincadeiras, 
através do movimento.
“Pela prática do esporte a criança aprende a cooperar, a conviver com as 
regras, adquire funções intelectivas” (MARANHÃO, 2003, p. 26). A coerência 
começa a fazer parte do pensamento da criança.
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
FIGURA 10 – ESPORTE
FONTE: Disponível em: <http://www.corbisimages.com/stock-photo/royalty-
free/42-23833584/three-children-playing-with-a-ball?popup=1>. Acesso em: 31 jul. 
2012.
“Ao introduzirmos jogos de regras, ela iniciará a consciência dos seus 
atos, poderá ter o conhecimento do certo e do errado” (MARANHÃO, 2003, 
p. 26). 
Woolfolk (2000, p. 45) descreve que:
Com a capacidade de lidar com operações como a conservação, a classificação 
e a seriação, a criança no estágio operacional concreto finalmente desenvolveu 
um sistema completo e muito lógico de pensamento. Esse sistema, no entanto, 
ainda está ligado à realidade física. A lógica baseia-se em situações concretas 
que podem ser organizadas, classificadas ou manipuladas.
Por meio da curiosidade, a criança é capaz de romper os esquemas já 
existentes, ela estará mais questionadora, gostará de desafios, de resolver 
situações-problema. A criatividade será sua principal característica.
As brincadeiras, nessa fase, devem ter sempre a finalidade da influência 
social; os jogos com regras devem ter prioridade. Com os jogos ela vai instruir-
se a relacionar-se e a acolher as regras de convivência.
Com a ajuda dos jogos a criança aprende a respeitar os outros colegas. 
A aprendizagem dessas regras é realizada de forma concreta. 
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
5 DE 11 ANOS EM DIANTE: ESTOU CRESCENDO; DO QUÊ 
BRINCAR?
Este é o estágio operacional formal. Na fase anterior vimos que a criança 
entrou, sob o ponto de vista orgânico, na puberdade, já tendo desenvolvido 
um sistema completo e lógico de pensamento.
Embora a lógica ainda esteja ligada à realidade física, as situações podem 
ser organizadas, classificadas. Nessa fase ela não resolve as situações por 
ensaio e erro, já consegue analisar as situações antes de agir.
Porém, ela ainda tem dificuldades em resolver problemas que exijam 
analisar várias hipóteses ao mesmo tempo. Segundo a teoria piagetiana, essa 
condição seria o último estágio do desenvolvimento cognitivo.
Os jogos, nessa fase, tornam-se ainda mais encantadores aos jovens. 
Eles adoram realizar atividades que exijam equilíbrio físico, e de trabalhar seus 
músculos, através de exercícios adequados. 
Os adolescentes adoram a sensação da aquisição de algo novo e os 
jogos intelectuais vão atrair suas atenções. Discutir, pesquisar, estar em 
contato com o grupo, aventurar-se e os desafios dos jogos eletrônicos são 
o seu forte, nessa fase.
FIGURA 11 – JOGANDO
FONTE: Disponível em: <http://www.corbisimages.com/stock-photo/
rights-managed/42-28105253/two-teenage-boys-1012-1315-playing-
video?popup=1>. Acesso em: 31 jul. 2012.
A pesquisa vem saciar a curiosidade da própria idade. O trabalho científico 
é o grande desafio e através dele o jovem consegue descobrir o mundo. A 
expressão artística também é outra atividade que atrai sua atenção, pois assim 
como trabalho científico, fará com que sua criatividade seja estimulada. O 
jovem tem em mente modificar a realidade; ele crê que pode modificar o 
universo. (MARANHÃO, 2003, p. 75).
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
O adolescente passa pelo período de transição entre a infância e a vida 
adulta. Emocionalmente ainda está fragilizado. Aí ele já não aceita brincar 
com os mais novos, mas ainda não consegue penetrar no mundo adulto que 
o ridiculariza.
O jovem busca sua identidade e os jogos que têm regras serão 
extremamente importantes para o desenvolvimento de sua consciência social.
6 VAMOS BRINCAR?
Jogos, brincadeiras, técnicas com arte, estratégias para desenvolver a 
criatividade. Não pretendemos esgotar todas as possibilidades, nem fornecer 
receitas prontas; apenas vamos sugerir algumas atividades com as quais você 
possa ter subsídios para ampliar e variar suas propostas em sala de aula, com 
base no que nos explica Maranhão (2003).
1. Técnica de Criação: Criatividade
- Tempestade de ideias: visualizar facilita a resolução de situações-problema. 
Zump é um elefante que está agarrado na banheira. Tudo aconteceu 
porque Zump quis ficar limpo e cheiroso, entretanto ele não consegue mais 
sair dali. Escreva todas as ideias que você tiver para ajudar a tirar Zump da 
banheira.
Variação: este exercício pode ser desenvolvido com as variáveis aqui 
sugeridas e com outras que você poderá planejar, de acordo com as suas 
necessidades: 
• Individualmente, cada aluno reflete sobre a proposta lançada e, ao criar a 
sua, levanta o dedo sinalizando estar pronto. Fala, um por um, de acordo 
com a vez, exercitando a espontaneidade, vencendo até a timidez de alguns, 
a oralidade, a criatividade.
• Também individualmente, a linguagem escrita será exercitada após a 
sugestão de um texto de recontagem ou só de finalização da estória já lida.
• Pode ser organizada ainda, no quadro de giz, uma produção de texto 
coletivo, trabalhando os aspectos gramaticais e ortográficos.
2. A partir das figuras geométricas: círculo, retângulo, quadrado e triângulo, 
imagine como você poderia:
• desenhar uma figura humana;
• desenhar uma casa;
• desenhar um automóvel;
• desenhar um meio de transporte para o futuro.
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
Após a realização dos desenhos, você poderá explorar a própria criação de 
cada um, além de iniciar ou fixar noções de matemática: formas geométricas, 
tamanhos e cores. Favorece também a produção de texto, oral ou escrito, 
uma vez que cada um poderá expor aos colegas suas ideias a respeito do 
próprio desenho.
3. Dramatização: esta é uma atividade que pode auxiliar no crescimento das 
relações interpessoais e integração do grupo, além de favorecer a discussão 
sobre temas importantes, conflitos, resoluções sérias que o grupo precise 
tomar.
Devemos escolher o tema a ser focalizado em nossa sala de aula; depois 
precisamos trabalhar a criação de regras para a convivência do grupo e, desta 
forma, estimular o respeito um pelo outro.
Agora que cada um já pensou sobre os seus direitos e seus deveres, 
pode-se propor que alguns, ou que cada um, exponha suas ideias. Após alguns 
momentos, as ideias já estão anotadas no quadro, a nova dramatização será 
realizada, já com a situação resolvida, onde os direitos de cada um foram 
adaptados às necessidades de todos.
Em discussões como estas podemosabordar os temas transversais, 
como, por exemplo, ética.
4. Expressão Corporal: alfabeto.
Objetivo: Dramatização criativa
Foi pedido a cada aluno para representar com o seu próprio corpo uma 
letra do alfabeto. Após isso, grupos de diversos tamanhos juntam-se para 
formar palavras.
5. Mundo Animal
Objetivo: Analogia animal
Foi pedido a cada criança que imaginasse qual animal cada uma delas 
gostaria de ser. Após isso, elas deveriam desenhar o animal e explicar por que 
escolheram ser tal animal.
Variação: após este momento eles podem produzir um texto onde vão 
descrever como viveriam se fossem aquele animal e como poderiam preservar 
sua espécie. Após a produção de texto, podemos partir para trabalhar meio 
ambiente, ecologia, preservação do reino animal, ética.
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
6. Elefante Colorido
Número de participantes: três ou mais jogadores
Regra tradicional: é um tipo de pegador no qual o pique será nos objetos 
de uma determinada cor. Essa cor é determinada pelo pegador.
Variação: podemos aproveitar para desenvolver noções de espaço, 
orientação espacial, desenvolver atividades onde possamos trabalhar as 
semelhanças e diferenças e gradativamente ir aumentando o grau de 
dificuldade da ação, ou seja, além do pique ser um objeto de determinada cor, 
também deverá ser levada em consideração a forma geométrica do objeto.
Este tipo de jogo e outros semelhantes desenvolvem a comunicação 
verbal, através da associação da palavra com o objeto, a discriminação visual, a 
percepção figura-fundo; trabalha os grandes músculos na habilidade de correr, 
pular. Estimula a integração do grupo, por ser uma atividade em conjunto, 
onde se instigará a cumplicidade, a ajuda mútua durante o jogo.
7. Brinquedos cantados: os brinquedos cantados devem unir música, letra e 
movimentação.
 CURSO LIVRE - O BRINCAR NA CONCEPÇÃO DE PIAGET
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, A. R. S. A emoção na sala de aula. Campinas, SP: Papirus, 1999.
MARANHÃO, D. Ensinar brincando: a aprendizagem pode ser uma grande 
brincadeira. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2003.
MORGADO, Jaqueline dos Santos. O uso do lúdico no aprimoramento do 
processo ensino-aprendizagem para crianças de 0 a 12 anos. 48f. 2007. 
Monografia (Especialização em Psicopedagogia) – Universidade Cândido 
Mendes, Niterói/RJ, 2007.
PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo, sonho, 
imagem e representação. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.
SANTOS, S. M. P. Brinquedo e Infância: um guia para pais e educadores 
em creche. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
SANTOS, M. E. M. R. dos. Brincando se aprende a viver. 37f. 2006. 
Monografia (Especialização em Psicopedagogia) – Universidade Cândido 
Mendes, Niterói/RJ, 2006.
WOOLFOLK, A. E. Psicologia da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 
2000.

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