Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
HELMINTOS E ANTI-HELMINTOS Helmintos Ascaris lumbricoides Agente etiológico da ascaridíase Helminto parasita do intestino delgado do homem Helminto cosmopolita (sendo observado em todo o globo terrestre) Frequência depende da condição socioeconômica Prevalente em crianças de 1-2 anos de idade (hábitos de higiene) Prevalência de aproximadamente 1,5 bilhões de pessoas no mundo Mais prevalente em regiões tropicais e em países em desenvolvimento/subdesenvolvidos - Morfologia Parasitos dióicos (dimorfismo sexual) Formas adultas (parasitos cilíndricos, longos, robustos, coloração branca – levemente rosada e boca trilabiada*) *A boca trilabiada caracteriza as lesões causadas por esse parasito, degradando a mucosa intestinal Machos 20-30cm de comprimento Extremidade posterior encurvada para a parte ventral Fêmeas 30-40cm de comprimento Extremidade posterior retilínea - Ovos Grandes e ovais, cápsula espessa (membrana mamilonada) 50um Apresentam 3 membranas (interna, média, externa) Originalmente branco, castanho (fezes – estercobilina) - Hábitat Infecções moderadas – jejuno e íleo (intestino delgado do homem) Infecções intensas – todo intestino delgado A intensidade da infecção depende do estado imunológico do hospedeiro - Ciclo Biológico Monoxênicos (possuem apenas 1 hospedeiro) Monogenéticos (sem alternância de gerações – somente sexuada) Fêmeas – 200.000 ovos/dia Ingestão de ovos contendo L3 (forma infectante) Eles alcançam os pulmões na sua forma L5, causando lesão pulmonar, ascendem a parede brônquica e chegando a laringe, podendo ser deglutido ou expelido através da tosse (Ciclo de Loss – passagem dos parasitos na forma de larva no trato respiratório)* *Síndrome de Loeffler Ciclo de Loss (SANTA – Strongyloides stercoralis/Ascarsis Lumbrucoides/Necator americanus/Toxacara canis/Ancylostoma lumbricoides) - Transmissão Água e alimento Depósito subungueal (criança) Insetos e poeira (ovos embrionados) - Patogenia e Sintomatologia Larvas Infecções intensas: lesões hepáticas e pulmonares As lesões hepáticas são causadas após a passagem dos parasitos através da parede intestinal para o sangue e assim indo até o fígado... Fígado – hemorragia e necrose Pulmão – hemorragia e quadro pneumônico (catarro sanguinolento e larvas do parasito) Adultos Ação espoliadora: subnutrição e depauperamento físico e mental Ação tóxica: imunógenos parasitários Ação mecânica: irritação da parede intestinal e obstrução da luz intestinal Localização ectópica: Apêndice cecal – apêndice aguda Canal colédoco – obstrução Canal de Winsurg – pancreatite aguda Eliminação do parasito pela boca e narinas (Ascaris errático) Adultos e larvas – ouvido médio e trompa de Eustáquio Aparelho respiratório – pneumonia difusa, febre, tosse, manifestações alérgicas e eosinofilia elevada (Síndrome de Loeffler) Aparelho digestivo – cólica, dor epigástrica, má digestão, náuseas, perda de apetite, emagrecimento Sistema nervoso – meningite, nervosismo, excitabilidade e irritabilidade aumentada, insônia, convulsões Metabólicas – hipoglicemia - Diagnóstico Clínico: pouco sintomático (difícil diagnóstico) Laboratorial: pesquisa de ovos nas fezes (sedimentação espontânea e Kato Katz) OBS: Infecções exclusivamente com fêmeas – ovos inférteis; somente machos – exame negativo; - Tratamento Antiparasitários de amplo espectro: Benzimidazóis Na grande maioria das vezes são prescritos a Ivermectina e a Nitazoxanida (Annita) Albendazol; Mebendazol; Levamisol; Pomoato de Pirantel; Ivermectina. - Controle Tratamento em massa dos habitantes das áreas endêmicas (drogas ovicidas) Tratamento das fezes humanas (fertilizantes) Saneamento básico (rede de esgoto, fossas sépticas) Proteção dos alimentos contra insetos e poeira Educação para a saúde Toxacara Canis T. Canis é um geohelminto cosmopolita Hospedeiro principal – cães, principalmente filhotes Hospedeiro paratênico – homem e camundongos (infecção experimental) Causa a síndrome da larva migrans visceral e ocular (LMV e LMO*) – estágio larval instala-se nos tecidos *pode se instalar no globo ocular e causar cegueira - Infecção no ser humano Forma evolutiva infectante – ovos contendo a L3 Água e alimentos contaminados com ovos (L3) Consumo de carne ou vísceras cruas ou má cozidas do hospedeiro paratênico (suínos, aves, ruminantes) Ingestão de ovos (L3) – eclosão no intestino delgado – parede intestinal – circulação – organismo – granulomas eosinofílicos - Manifestações Clínicas Quadro clássico da síndrome da larva migrans visceral Leucositose, hipereosinofilia sanguímea, hepatomegalia, manifestações pulmonares cardóiacas e linfadenite Tosse (Ciclo de Loss), anorexia, dispnéia e dores abdominais Manifestações neurológicas: ataques epileptiformes, meningite e encefalite Quadro da síndrome da larva migrans ocular Endoftalmia crônica Hemorragia retiniana Iridociclites Catarata Queratite e lesões orbitárias - Diagnóstico Larva Migrans Identificação das larvas nos tericidos (biópsia) Eosinofilia persistente e hipergamablobulinemia (IgM e IgG) ELISA: antígeno excretório/secretório das larvas após adsorção do soro com antígeno de Ascaris lumbricoides (detecção de anticorpos específicos) - Tratamento Larva migrans visceral: Autilimitante (6-18 meses) Anti-helmínticos: Albendazol; Ivermectina**; Tiabendazol Larva migrans ocular: Corticoides na fase inicial da lesão retiniana Vinectomia – retirada dos granulomas presentes no olho do paciente Anti-helmínticos: pouca eficácia - Epidemiologia Síndrome da larva migrans – presença de cães e gatos em praias parques e praças públicas Crianças com idade de 2 anos (LMV) Crianças mais velhas e adultos com história de geofagia (LMO) Cães – principal fonte de infecção Trichuris trichiura Mesmo filo do áscaris – Nematoda Parasitos cosmopolita (1bi de pessoas infectadas) Helmintíase prevalente em regiões tropicais e subtropicais (condições sanitárias) Relação hospedeiro-parasito antiga – ovos em múmia inca (500 anos d.C.) -Distribuição geográfica Muito pertinente em áreas tropicais - Morfologia Corpo cilíndrico não segmentado Cor: esbranquiçado ou róseo Aparência semelhante a um chicote Sistema digestivo completo 2/3 do corpo – esôfago (parte anterior afilada) 1/3 do corpo – intestino e órgãos sexuais (parte posterior alargada) Dimorfismo sexual – dióicos Macho: 3cm de comprimento Extremidade posterior encurvada ventralmente Fêmea: 4-5cm de comprimento Extremidade posterior retilíneas 3mil-20mil ovos/dia 60 mil ovos no útero Ovos: 50-55um de comprimento x 22um de largura Apresentam 3 membranas (interna, intermediária e externa) Forma de barril Poros salientes e transparentes nas extremidades -Biologia Parasito monoxênico (1 hospedeiro) 3-4 anos Habitat: Intestino grosso, ceco e cólon ascendente (infecções leves a moderadas); cólon distal e reto (nos casos de infecções intensas) Parasito tissular: consumo de enterócitos - Ciclo de vida Fecal-oral Não faz o Ciclo de Loss (só migram do intestino delgado para o intestino grosso) Uma vez que o ovo (L3) cai no trato digestório, esse ovo eclode, as larvas evoluem no trato digestório; já evoluídos e no intestino grosso (L5), essas larvas se transformam em macho e fêmeas adultos, copulam e as fêmeas depositam seus ovos nas fezes do hospedeiro, esses ovos são se desenvolvem em L3 no solo. É muito como nesse parasitismo a lesão dos nervos mesentéricos, levando o prolapso retal – a parte interna do reto passa pelo ânus e fica visível do lado de fora do corpo - Transmissão Tricuríase: Ingestão de água e alimentos contaminados com ovos infectantes; poeira contaminada; mosca doméstica; geofagia; - Patogenia Fatores: carga parasitária; estado fisiológico (idade, nutrição) Alterações sistêmicas: Níveis elevados de TNFalfa – anorexia Redução de IGF-1 e síntese de colágeno – crescimento físico retardado e comprometimento cognitivo Degranulação de mastócitos e produçãode IgE – aumento da permeabilidade intestinal Alterações locais: Adultos (reto) » inflamação » ulcerações » sangramentos Podendo defecar com a presença de sangue vivo - Manifestações clínicas Infecções leves: Assintomático Sintomatologia intestinal discreta Infecções moderadas e intensas: Dores de cabeça Dor epigástrica e no baixo abdômen Diarreia náuseas e vômitos Anorexia Prolapso retal Síndrome disentérica crônica (crianças) – parasito já instalado há 2 meses ou mais Diarreia intermitente (muco e sangue) Dor abdominal com tenesmo (tenesmo é uma sensação de dolorosa na bexiga ou na região anal, com desejo contínuo, mas quase inútil, de urinar ou de evacuar) Anemia e desnutrição - Diagnóstico Clínico: quadro clínico não específico Laboratorial: Pesquisa de ovos nas fezes (Kato-Katz) <1000 ovos/g fezes = infecção leve 1000 – 9999 ovos/g fezes = infecção moderada >10000 ovos/g fezes = infecção grave - Tratamento Benzimidazóis Albendazol e Mebendazol - Epidemiologia Saneamento básico e educação X populações (países em desenvolvimento) Prevalência elevada em crianças (4-10 anos) Intensidade da infecção variável coma idade Predisposição genética - Profilaxia **As mesmas utilizadas para a Ascaridíase Enterobius vermicularis Conhecido anteriormente como Oxyuris vermicularis Oxiúros, caseira ou lagartinha Apresenta sete espécies (macacos – Ásia, África e América) Parasito cosmopolita (clima temperado) - Morfologia Helminto dióico (dimorfismo sexual) Cor: branco Aspecto: filiforme Macho: 5mm (comprimento) x 0,2mm (largura) Extremidade posterior encurvada ventralmente Fêmea: 1cm (comprimento) x 0,4mm (largura) Cauda pontiaguda e longa Ovos: 50um (comprimento) x 20um (largura) Formato grosseiro da letra D Membrana dupla, lisa e transparente - Biologia Parasito monoxênico (1 hospedeiro) Habitat: ceco e apêndice cecal – pode levar à um quadro de apendicite - Ciclo de vida O ciclo biológico em hospedeiros do sexo feminino mostra-se um quadro mais complicado pois o parasito fica localizado em região perianal e, anatomicamente, é um agravante de desencadeando um processo inflamatório em região do órgão reprodutor, podendo até causar esterilidade em alguns casos. - Transmissão Mecanismos de infecção: Heteroinfecção: alimentos ou poeira transmitem a outros hospedeiros Indireta: alimentos ou poeira transmitem ao mesmo hospedeiro Autoinfecção externa: ovos levados da região perianal à boca Autoinfecção interna: larvas eclodem no reto e migram até o ceco Retroinfecção: larvas eclodem na região perianal e migram até o ceco - Patogenia Prurido anal noturno: perda de sono, nervosismo, masturbação e infecções secundárias (bactérias) Enterite catarral por ação mecânica e irritativa Ceco e apêndice inflamados Em órgão genitais femininos: vaginite, metrite, salpingite e ovarite - Diagnóstico Clínico: prurido anal contínuo – suspeita de entrobiose Laboratorial: método da fita adesiva ou Graham - Tratamento Albendazol Ivermectina Annita – nitazoxanida - Epidemiologia Transmissão doméstica ou ambiente coletivos Ovos resistentes (3 semanas) Ovos se tornam infectante rapidamente Eliminação de muitos ovos na região perianal Hábitos de sacudir a roupa de cama – espalha os ovos pelo ar - Profilaxia Roupa de cama fervida Tratamento dos infectados Higiene pessoal e doméstica Ancilostomíase (Ancylostoma duodenale e Necator americanus) Ovos de dupla membrana, transparente São dióicos Morfologicamente, não há disparidade para caracterizar o diagnóstico laboratorial entre necator e ancylostoma – os ovos são “iguais” Através da cavidade oral, é que se dá para diferenciar, o ancylostoma duodenale apresenta dois pares de dentes (imagem esquerda), já o necator apresenta duas lâminas cortantes A diferenciação entre macho e fêmea é dada pela presença da bolsa copuladora no macho e a fêmea apresenta região posterior pontiaguda A infecção se dá através da larva infectante filarioide (L3), por meio da sua penetração ativa na pele - Habitat Intestino delgado (jejuno e íleo) Faz Ciclo de Loss – lembrar do anagrama SANTA = – Strongyloides/Ascarsis Lumbrucoides/Necator/Toxacara/Ancylostoma (parasitas causadores da síndrome de Loeffler) - Patogenia Fase de penetração da pele: larva filarioide – pele fina eritematosa e salpicada de pequenas pápulas pruriginosas Fase pulmonar: as larvas, atingem os capilares pulmonares, forçam sua passagem para os alvéolos, cursando com lesões microscópicas e hemorragia local (sendo mais observadas febrícula, tosse seca e rouquidão) Fase dos vermes adultos no intestino delgado: através de suas placas cortantes (N. americanus) ou de seus dentes (A. duodenale), estes vermes sugam a porção distal da vilosidade, determinando erosão e ulceração - Sintomatologia Lesão no local da pele onde a larva penetrou com vermelhidão, coceira e irritação Tosse; Respiração com ruído Dores abdominais e diarreia Perda de apetite e perda de peso Anemia, palidez e icterícia Atraso no crescimento e desenvolvimento mental em crianças - Diagnóstico Clínico: anamnese (hábitos de vida e ocupação) e exame físico Laboratorial: exame de fezes para confirmação – método: Hoffman ou sedimentação espontânea - Tratamento Mebendazol Ivermectina Albendazol (na maioria dos casos de ancilostomíase; infecções por larva migrans visceral) Sulfato ferroso (em caso de anemia) Vitamina C Creme de hidrocortisona (para larvas migrans cutânea) - Profilaxia Vermifugação a cada seis meses Higienização das mãos Andar calçado Larva migrans cutânea Bicho geográfico Além da verminose intestinal (Toxocara) existe a cutânea Pode ser provocada pelo Ancylostoma Duodenale, pelo Necator Americanus, mas também por ancylostomídeos de cães e gatos (zoonoses) - Morfologia - Ciclo biológico Tanto no gato quanto no cachorro, o ciclo biológico ocorre da mesma forma, os parasitos são ativos na pele -Manifestação clínica - Tratamento Tiabendazol: a infecção desaparece por si só depois de algumas semanas a meses, mas o tratamento alivia a coceira e reduz o risco de infecção bacteriana que às vezes resulta no ato de coçar. Um preparado de tiabendazol, em líquido ou creme, aplicado sobre a área afetada, trata a infecção de maneira eficaz. O Albendazol ou a Ivermectina administrados por via oral também são eficazes. - Profilaxia Proteção no manejo na agricultura e jardinagem Vermifugação dos animais Anti-helmínticos Os principais são os citados acima: Albendazois, Ivermectina e Nitazoxanida Mebendazol - Farmacodinâmica Interfere na formação da tubulina (proteína relacionada ao citoesqueleto do parasito) celular do verme, interrompendo assim, a captação de glicose e as funções digestivas normais do verme em tal extensão, que ocorre um processo autolítico - Indicações Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Enterobius vermiculares, Ancylostoma duodenale, Necator americanos, Taenia solium e Taenia saginata - Posologia Vai depender de alguns fatores, como o grau de parasitismo, idade do paciente, seu peso... As reações adversas ocorridas em <1% dos pacientes tratados com Mebendazol Tiabendazol - Farmacodinâmica Age inibindo a enzima fumarato redutase mitocondrial e interfere na polimerização dos microtúbulos do parasita - Indicações Tratamento de infecção na pele causada pela larva migrans - Posologia Tratamento da larva migrans: friccionar a pomada durante 5 dias, 3 vezes ao dia, na extremidade ativa das trilhas ou túneis escavados pelo parasita; repetir o tratamento por 3 a 5 dias seguidos Albendazol - Farmacodinâmica Possui atividade larvicida, ovicida e vermicida. Sua atividade anti-helmíntica ocorre por inibição da polimerização tubulínica ocasionando alteração no nível de energia do helminto, incluindo o esgotamento dela, o que imobiliza os helmintos e posteriormente os mata - Indicações Ascaris lumbricoides, Necator americanus, Trichuris trichiura,Enterobius vermicularis, Ancylostoma duodenale, Strongyloides stercoralis, Taenia sp., Hymenolepisnana, Giardíase (Giárdia lamblia, G. duodenalis, G. Intestinalis), Larva migrans cutânea, Opistorquíase (Opisthorchis viverrini) Ivermectina - Farmacodinâmica Bloqueia a transmissão neuromuscular e paralisa o parasito - Indicações: Nematódeos (Ascaris, Trichuris e Oxiurios) Filarias (Onchocerca e Wuchereria) - Efeitos adversos Cefaleia, febre, vertigem, erupções cutâneas OBS: a paralisia é mediada pela potencialização e/ou ativação direta dos canais de cloro sensíveis às avermectinas, controlados pelo glutamato/hiperpolarização dos nervos ou células musculares, resultando em paralisia e morte do parasita Nitazoxanida – Annita - Farmacodinâmica A atividade anti-helmítico/anti-protozoário da nitazoxanida ocorre devido a sua interferência na reação de transferência de elétrons dependente de enzima piruvato-ferredoxina oxidorredutase (PFOR), essencial para o seu metabolismo energético do parasito - Indicações Gastroenterites virais: é indicado no tratamento das gastrointerites virais causadas por Rotavírus e Norovírus Helmintíases: é efetivo contra nematódeos, cestódeos e trematódeos, indicado no tratamento de helmintíases causadas por Enterobius vermicularis, Ascari lumbricoides, Strongyloides stercolaris, Ancylostoma duodenale, Necator americanus, Trichuris trichiura, Taenia sp. e Hymenolepis nana Amebíase: indicado para o tratamento da diarreia causada por amebíase intestinal aguada ou desinteria amebiana causada pelo complexo Entamoeba histolytica/díspar Giardíase: Annita é indicado no tratamento da diarreia causada por Giárdia lamblia ou Giárdia intestinalis
Compartilhar