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CapítuloCapítulo Refletindo sobre os tópicosTópicos do capítulo • Qual é o alimento mais calórico: manteiga, chocolate ou cereal matinal? • Fotossíntese, queima de carvão, cozimento dos alimentos: nesses processos, há produção ou consumo de energia? • Qual combustível apresenta maior poder calorífico: gasolina, álcool, óleo diesel ou gás? • Por que o uso de hidrogênio como combustível ainda não é viável nos dias de hoje? • Como funcionam as calculadoras solares e os painéis de aqueci- mento solar nos telhados de casas? 1 Introdução 2 Por que as reações liberam ou absorvem calor? 3 Fatores que influem nas entalpias (ou calores) das reações químicas 4 Equação termoquímica 5 Casos particulares das entalpias (ou calores) de reação 6 Lei de Hess 7 Entropia e energia livre Leitura – A produção e o consumo de energia Quando a água ferve gerando vapor, ocorre um fenômeno físico. Entretanto, quando submetida a uma temperatura muito mais elevada, a água se decompõe em hidrogênio e oxigênio. Nesse caso, ocorre um fenômeno químico. O uso da energia na forma de calor é a base de todos esses processos. Saber otimizar o uso da energia na forma de calor é fundamental não apenas nos processos de produção, mas também nas atividades cotidianas, ou seja, em qualquer situação é preciso manipular a energia com responsabilidade. Termoquímica14 � Queima do GLP: uma forma usual de liberar energia. � Preparação de alimentos: necessidade de energia no cotidiano. � Processos industriais: manejo da energia em caldeiras e reatores. K A IB ID E Y D E C A R LO S / C ID A N TO N IO V IÑ A S V A LC A R C E L / C ID M A R C O S P E R O N / K IN O R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 324 • Fundamentos da Química 1.1. Os regimes alimentares e a Termoquímica A Termoquímica começa em nosso organismo. Atualmente quase todas as pessoas estão preocupadas com seu regime alimentar, principalmente com as “ca- lorias” contidas nos alimentos. Por esse motivo, as em- balagens dos alimentos industrializados sempre trazem esse tipo de informação. Por exemplo: • numa lata de manteiga, lê-se: 7,20 kcal/g; • numa barra de chocolate, lê-se: 5,18 kcal/g; • num cereal matinal, lê-se: 2,60 kcal/g etc. Os alimentos são os “combustíveis” do nosso cor- po. Sua “queima” fornece a energia para nossos movi- mentos e mantém a temperatura do nosso organismo. Se ingerirmos alimentos além do necessário, o excesso se transforma em gordura. Daí a ideia de praticar exer- cícios físicos para “queimar” o excesso de calorias. 1 INTRODUÇÃO Você pode observar As transformações da matéria e a energia são companheiras inseparáveis. Precisamos “fornecer” energia na forma de calor (energia) para ferver a água, a queima do carvão “libera” calor (energia), e assim por diante. 1.2. As transformações materiais e a energia Os fenômenos físicos são sempre acompanhados por variações de energia (em geral, calor). Assim, por exemplo, nas mudanças de estado físico notamos que: Absorção de calor SÓLIDO LÍQUIDO GÁS Fusão Solidificação Vaporização Condensação Liberação de calor Sublimação Sublimação B.C. johnny hart D AV ID S A C K S / TH E IM A G E B A N K -G E TT Y IM A G E S 20 05 T R IB U N E M E D IA / IN TE R C O N TI N E N TA L P R E S S R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 325 Capítulo 14 • TERMOQUÍMICA Analogamente, as reações químicas são também acompanhadas por liberação ou absorção de energia. Por exemplo: O calor é, sem dúvida, a forma mais comum de variação de energia que acompanha as reações químicas. Daí a importância da Termoquímica. Termoquímica é o estudo das quantidades de calor liberadas ou absorvidas durante as reações químicas. Para a Termoquímica, as reações químicas classificam-se em: • reações exotérmicas — as que produzem ou liberam calor, como, por exemplo, a queima do carvão (C � O2 CO2); • reações endotérmicas — as que absorvem calor, como, por exemplo, a decomposição do car- bonato de cálcio (CaCO3 CaO � CO2). 1.3. A medida da quantidade de calor Já comentamos inúmeras vezes que, em ciência, é muito importante a medição precisa das gran- dezas envolvidas nos fenômenos observados. No caso presente, um cuidado inicial é não confundir a temperatura de um objeto, que é uma grandeza medida por meio do termômetro com a quantidade de calor do mesmo objeto, que depen- de da variação de temperatura, da massa e de uma característica especial que é própria do material, chamada calor específico. Matematicamente isso se traduz pela fórmula a seguir: Reações químicas que liberam energia Reações químicas que absorvem energia A queima do carvão libera calor (energia térmica). Devemos fornecer calor para o cozimento dos alimentos. A queima de uma vela produz luz (energia luminosa). O sol fornece a luz (energia luminosa) necessária à fotossíntese clorofiliana nos vegetais. A reação química em uma pilha produz energia elétrica. Com a energia elétrica, pode-se provocar a reação de croma- gem de um para-choque de automóvel. No motor de um automóvel, a queima da gasolina produz Uma pancada violenta (energia mecânica) pode iniciar a de- energia mecânica (energia cinética). tonação de um explosivo. A medida da quantidade de calor liberada ou absorvida durante um fenômeno é feita em aparelhos denominados calorímetros. Neles, o calor liberado (ou absorvido) por um sistema irá aquecer (ou resfriar) certa quantidade de água; pelo aquecimento ou resfriamento da água determina-se a quantidade de calor posta em jogo no fenômeno. É usual expressar quantidade de calor em calorias (cal): Caloria é a quantidade de calor necessária para elevar de 14,5 °C para 15,5 °C a temperatu- ra de 1 g de água. Na Termoquímica, usa-se ainda o múltiplo quilocaloria, que é 1.000 vezes maior que a caloria. 1 kcal � 1.000 cal Q é a quantidade de calor liberada ou absorvida pelo objeto (cal). m é a massa do objeto (g). c é o calor específico do objeto (cal/g � °C). Δt é a variação de temperatura do objeto (°C). Q � m � c � Δt em que Recipiente e tampa isolantes Béquer com massa de água conhecida Termômetro de precisão Agitador elétrico Calorímetro de água R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 326 • Fundamentos da Química Como as várias formas de energia se equivalem (isto é, uma se transforma em outra), podemos também expressar as quantidades de calor em outras unidades de energia (e de trabalho), como erg, joule etc. Lembramos que: 1 cal � 4,18 � 107 erg � 4,18 J Ressaltamos que, no Brasil, se adota oficialmente o SI, no qual a unidade de energia é o joule (J). Por esse motivo, essa unidade e seu múltiplo — quilojoule (kJ) — estão sendo cada vez mais usados em calorimetria: 1 kJ � 1.000 J Por fim diremos que: Calorimetria é o estudo e a medição das quantidades de calor liberadas ou absorvidas durante os fenômenos físicos ou químicos. a) Termoquímica é o estudo das de calor ou durante as reações químicas. b) Reação exotérmica é a que calor. Em caso contrário, a reação é chamada de . c) Calorimetria é o estudo e a das quantidades de liberadas ou absorvidas nos fenômenos ou . d) Caloria é a de calor necessária para elevar de para a temperatura de de água. e) No SI, a quantidade de calor ou energia é medida em . f) A variação da quantidade de calor de um objeto depende da , da variação de e do calor do objeto. REVISÃO Você pode fazer Não cheire nem experimente substâncias desconhecidas. Cuidado com as substâncias tóxicas e/ou inflamáveis. Cuidado com respingos na pele e nos olhos. Determinação do calor específico do ferro Material necessário: • Um objeto de ferro de aproximadamente 100 g. • Uma balança.• Dois béqueres (ou panelas de vidro refratário). • Um termômetro. • Uma pinça metálica (das usadas nos labora- tórios). • Uma colher de plástico. Procedimento: • Determine, por meio da balança, a massa do objeto de ferro. • Coloque o objeto de ferro em um dos bé- queres (com cuidado), junte a água, aqueça-a até ferver e mantenha a ebulição por 15 mi- nutos, com o objeto totalmente submerso. 1o béquer R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 327 Capítulo 14 • TERMOQUÍMICA EXERCÍCIO RESOLVIDO • Aguarde 5 minutos. • Agite a água do segundo béquer com a co- lher de plástico (não com o termômetro). • Meça a temperatura da água no segundo béquer. Questões: 1. Calcule o calor específico do ferro, admitin- do que todo o calor do ferro foi cedido à água do segundo béquer. 2. Qual é a razão de se envolver o segundo béquer em jornal? 3. Quais são as fontes de erros, nestas medi- ções? EXERCÍCIOS 1 (Vunesp) Em uma cozinha, estão ocorrendo os seguintes processos: I. gás queimando em uma das “bocas” do fogão e II. água fervendo em uma panela que se encontra sobre essa “boca” do fogão. Com relação a esses processos, pode-se afirmar que: a) I e II são exotérmicos. b) I é exotérmico e II é endotérmico. c) I é endotérmico e II é exotérmico. d) I é isotérmico e II exotérmico. e) I é endotérmico e II é isotérmico. 2 (Unisc-RS) A sensação que temos quando o álcool ou éter é derramado sobre a pele é de resfriamento. Esse fenô- meno é mais corretamente explicado através da(o): a) maior temperatura da pele em relação aos líquidos. b) processo exotérmico envolvido na evaporação dos solventes. c) fenômeno de absorção das substâncias através da pele. d) energia que os solventes precisam para mudar do es- tado líquido para vapor. e) condensação dos mesmos, que exige a perda de calor. EXERCÍCIO RESOLVIDO 3 A quantos joules correspondem 500 cal? Resolução 1 cal 4,18 J x � 2.090 J ou 500 cal x x � 2,09 kJ 4 A quantas calorias corresponde uma energia ou trabalho de 200 J? 5 Que quantidade de calor é liberada por uma reação química que é capaz de elevar de 20 °C para 28 °C a 6 1 L de água está à temperatura ambiente (22 °C). Rece- bendo todo o calor de uma reação química que libera 25 kcal, qual será a temperatura final da água? 7 (Unifor-CE) Foi medido em um calorímetro que um mol de etanol produz 3,6 � 102 kcal. Sabendo-se que a den- sidade do álcool é de 0,782 g/cm3, na combustão de 100 mL de etanol serão produzidas: a) 612 � 103 cal c) 612 � 102 kcal b) 281,5 � 102 kcal d) 782 � 103 cal 8 (Uerj) O excesso de gordura no organismo é nocivo à saúde. Considere uma pessoa, com massa corporal está- vel, que deseje perder gordura, sem alterar sua dieta alimentar. Para essa pessoa, um dispêndio energético de 9 kcal em atividades físicas corresponde à perda de 1 g de gordura corporal. Para perder 6,0 kg de gordura, o tempo, em minutos, que ela necessita dedicar a atividades físicas, despen- dendo, em média, 12 kcal/min, corresponde a: a) 2,0 � 102 c) 8,0 � 104 b) 4,5 � 103 d) 6,0 � 105 temperatura de 2 kg de água? (Calor específico da água � 1 cal/g � °C) Resolução Em Q � m � c � Δt, temos: m � massa da água � 2 kg � 2.000 g c � calor específico da água � 1 cal/g � °C Δt � variação da temperatura � 28 � 20 � 8 °C Então: Q � 2.000 � 1 � 8 ⇒ ⇒ Q � 16.000 cal ⇒ ⇒ Q � 16 kcal • Coloque uma quantidade de água com mas- sa conhecida no segundo béquer (que deverá estar envolto em jornal) e meça a temperatu- ra dessa água. 2o béquer • Com a pinça, transfira rapidamente e com cuidado o objeto de ferro do primeiro para o segundo béquer. R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 328 • Fundamentos da Química Podemos admitir que qualquer substância possui uma certa quantidade de energia armazenada em seu interior, devida, principalmente, às forças de ligação entre seus átomos. Essa energia, quando referida à pressão constante, é denominada entalpia (e designada por H). Não podemos determinar os valores absolutos das entalpias das substâncias. Podemos, porém, determinar as variações de entalpia (designadas por ΔH ) que ocorrem durante os fenômenos físicos e químicos. Assim, podemos dizer que: A variação de entalpia (ΔH ) é a medida da quantidade de calor liberada ou absorvida pela reação, a pressão constante. Teremos, então, dois casos a considerar: a) Uma reação libera calor (reação exotérmica) quando a entalpia total dos reagentes é maior do que a dos produtos; isto é expresso da se- guinte maneira: Hreag. � Hprod. ⇒ ΔH � Hprod. � Hreag. � 0 EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 9 (UFRGS-RS) Em nosso cotidiano ocorrem processos que podem ser endotérmicos (absorvem energia) ou exotérmicos (liberam energia). Assinale a alternativa que contém apenas fenômenos exotérmicos ou apenas fenô- menos endotérmicos. a) a explosão de fogos de artifício — combustão em motores de automóveis — formação de geada b) secagem de roupas — formação de nuvens — queima de carvão c) combustão em motores de automóveis — formação de geada — evaporação dos lagos d) evaporação de água dos lagos — secagem de roupas — explosão de fogos de artifício e) queima de carvão — formação de geada — derreti- mento de gelo 10 (Uerj) Um veículo consumiu 63,0 L de gás natural para percorrer uma distância de 225 km. A queima de 28,0 L de gás natural libera 1,00 � 106 J de energia. A energia consumida, em joules, por quilômentro, foi igual a: a) 5,10 � 106 b) 4,50 � 105 c) 1,00 � 104 d) 2,25 � 103 11 (Fuvest-SP) Uma das reações que ocorrem na obtenção de ferro a partir da hematita é: Fe2O3 (s) � 3 CO (g) 3 CO2 (g) � 2 Fe (s) O calor liberado por essa reação é cerca de 29 kJ por mol de hematita consumida. Supondo que a reação se inicie à tem- peratura ambiente (25 °C) e que todo esse calor seja absor- vido pelo ferro formado (o qual não chega a se fundir), a temperatura, em °C, alcançada por este é da ordem de: (calor requerido para elevar de 1 °C a temperatura de um mol de ferro: 25 J/mol � °C) a) 1 � 102 c) 6 � 102 e) 6 � 103 b) 2 � 102 d) 1 � 103 12 (FEI-SP) A oxidação de 1 g de gordura num organismo humano libera 9.300 calorias. Se o nosso corpo possui 5.300 g de sangue, quanto de gordura deve ser metabolizado para fornecer o calor necessário para ele- var a temperatura do sangue da temperatura ambiente (25 °C) até a temperatura de nosso corpo (37 °C)? Observação: Supor o calor específico do sangue igual ao calor específico da água. a) 0,65 g c) 65 g e) n.d.a. b) 6,8 g d) 68 g 2 POR QUE AS REAÇÕES LIBERAM OU ABSORVEM CALOR? Você pode observar Estamos trilhando, mais uma vez, o caminho da ciência: primeiro, observa- mos o fenômeno de liberação ou absorção de energia nas reações químicas; depois, medimos as quantidades de energia (calor) postas em jogo. Agora, va- mos tentar uma explicação para os fatos observados. ΔH � 0 Entalpia dos reagentes Entalpia dos produtos "Sai" energia R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 329 Capítulo 14 • TERMOQUÍMICA b) Uma reação deve absorver calor (reação endotérmica) quando a entalpia total dos reagentes é menor do que a dos produtos; isto é: Hreag. � Hprod. ⇒ ΔH � Hprod. � Hreag. � 0 De um modo simples, podemos dizer que a ideia de variação de entalpia corresponde à idéia da “energia que a reação perde” enquanto “ganhamos o calor da reação” ou vice-versa. Essa ideia corresponde tam- bém ao chamado princípio da conservação da energia (ou primeiro prin- cípio da Termodinâmica), que se traduz por: A energia não pode ser criada nem destruída, apenas transformada. EXERCÍCIOS 13 (UFRRJ) Algumas reações químicas se processam espon- taneamente, porém outras necessitam absorver energia de uma fonte externa. Caracterize, nos diagramas abaixo, a variação de ental-pia das reações, identificando-as como endotérmicas e exotérmicas. 14 (Uece) Observe o esquema. De acordo com o esquema apresentado, podemos dizer que esse processo deverá ser: a) endotérmico, com ΔH � �1.870 kJ. b) endotérmico e absorver 130 kJ. c) exotérmico e liberar 130 kJ. d) exotérmico, com ΔH � �1.870 kJ. 15 (UFMT) Nas reações químicas a quantidade de calor libe- rada ou absorvida pela transformação é denominada ca- lor de reação. Se uma reação é: (0) exotérmica, o sistema perde calor e a vizinhança ga- nha a mesma quantidade perdida pelo sistema. (1) endotérmica, o sistema ganha calor e a vizinhança perde a mesma quantidade recebida pelo sistema. (2) exotérmica, sua entalpia final é menor que sua entalpia inicial, logo sua variação de entalpia (ΔH) é menor que zero. (3) endotérmica, sua entalpia final é maior que sua entalpia inicial, logo sua variação de entalpia (ΔH) é maior que zero. Aponte a(s) alternativa(s) correta(s). 16 (Unisc-RS) Considerando as afirmações abaixo, está er- rada apenas: a) numa reação exotérmica, os produtos apresentam um conteúdo de calor menor do que os reagentes. b) numa reação exotérmica, ocorre liberação de calor. c) numa reação exotérmica, os reagentes apresentam um conteúdo de calor maior do que os produtos. d) numa reação exotérmica, a variação de entalpia é menor do que zero. e) numa reação exotérmica, a variação de entalpia é maior do que zero. ΔH � 0 Entalpia dos produtos Entalpia dos reagentes "Entra" energia Produtos Caminho da reação0 ΔH ΔH Reagentes Produtos Caminho da reação0 Reagentes Transformação 870 kJ 1.000 kJ Entalpia inicial Entalpia final a) A variação da entalpia indica a de calor ou pela reação, a constante. b) O fato de uma reação ser exotérmica ou endotérmica depende do balanço das energias existentes nos e da reação. c) Um princípio fundamental da Termodinâmica diz que a energia não pode ser nem , apenas . REVISÃO R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 330 • Fundamentos da Química 3 FATORES QUE INFLUEM NAS ENTALPIAS (OU CALORES) DAS REAÇÕES QUÍMICAS Evidentemente, a quantidade de calor liberada ou absorvida numa reação depende, em primeiro lugar, das quantidades de reagentes e produtos que participam da reação. Por convenção, consi- dera-se que o valor de ΔH, escrito ao lado de uma equação química, seja referente às quantidades em mols escritas na equação. Por exemplo: 2 H2 (g) � O2 (g) 2 H2O (v) ΔH � �116,24 kcal ou �485,88 kJ Escrita dessa maneira, a equação acima indica que há liberação de 116,24 kcal (�485,88 kJ) quan- do 2 mols de hidrogênio reagem com 1 mol de oxigênio produzindo 2 mols de água. Desse modo, devemos considerar a variação de entalpia como um componente da própria equa- ção, podendo participar dos cálculos estequiométricos, como aprendemos no capítulo 11. A entalpia de uma reação depende também de uma série de fatores físicos, dos quais os princi- pais são: • o estado físico dos reagentes e produtos da reação; • a forma alotrópica dos reagentes e produtos da reação; • o fato de os reagentes e produtos estarem ou não em solução e a concentração desta; • a temperatura na qual se efetua a reação. Consideremos, como exemplo, a formação da água nos estados sólido (s), líquido (l) e vapor (v) a 1 atm e 25 °C: Notamos que o simples fato de a água formada se apresentar no estado de vapor, líquido ou sólido (gelo) já altera a entalpia da reação. Experimentalmente, verifica-se que cada mol de gelo conso- me 6,0 kJ para fundir — é o chamado calor (ou entalpia) molar de fusão; já no estado líquido, cada mol de água consome 43,7 kJ para evaporar — é o chamado calor (ou entalpia) molar de vaporiza- ção. Sendo assim, essas quantidades de calor são somadas ou subtraídas da entalpia da reação, em obediência ao princípio da conservação da energia. Essas considerações podem ser representadas pelo seguinte gráfico: Diferença � 43,7 kJ/mol Diferença � 6,0 kJ/mol H2 (g) � 1 2 O2 (g) H2O (v) ΔH1 � �242,9 kJ/mol H2 (g) � 1 2 O2 (g) H2O (l) ΔH2 � �286,6 kJ/mol H2 (g) � 1 2 O2 (g) H2O (s) ΔH3 � �292,6 kJ/mol Entalpia (kJ/mol) Caminho da transformação H2 (g) + O2 (g) H2O (v) H2O (l) H2O (s) ΔHvap. = �43,7 kJ/mol ΔHfusão = �6,0 kJ/mol ΔH1 ΔH2 ΔH3 1 2 Nível de energia mais alto Nível de energia médio Nível de energia mais baixo �242,9 0 �286,6 �292,6 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 331 Capítulo 14 • TERMOQUÍMICA Neste gráfico, observamos que a entalpia da água no estado de vapor é a mais alta; no estado líquido, é média; no estado sólido, é a mais baixa. Isso ocorre porque o grau de agitação das moléculas cresce do estado sólido para o gasoso: FRANK & ERNEST ® by Bob Thaves 20 05 U N IT E D M E D IA / IN TE R C O N TI N E N TA L P R E S S 4 EQUAÇÃO TERMOQUÍMICA É a equação química, corretamente balanceada, junto à qual mencionamos a entalpia da reação e na qual indicamos todos os fatores que possam influir no valor dessa entalpia. Exemplos: H2 (g) � 1 2 O2 (g) H2O (l) ΔH � �286,6 kJ/mol (25 °C; 1 atm) C (diamante) � O2 (g) CO2 (g) ΔH � �395,0 kJ/mol (25 °C; 1 atm) 1 2 H2 (g) � 1 2 Cl2 (g) HCl (aq) ΔH � �167,2 kJ/mol (25 °C; 1 atm) H2 (g) � Cl2 (g) 2 HCl (g) ΔH � �184,1 kJ/mol (25 °C; 1 atm) É importante observar que a quantidade de calor, expressa pelo ΔH, sempre se refere às quanti- dades de reagentes e produtos que aparecem escritas na equação termoquímica. No terceiro exemplo acima, encontramos HCl (aq), que se lê: “HCl aquoso” e que significa “HCl dissolvido numa quantidade suficientemente grande de água”, de tal modo que novas adições de água não provoquem mais nenhuma liberação ou absorção de calor (é o que se denomina diluição total ou infinita). Lembramos, ainda, que antigamente as equações termoquímicas eram escritas colocando-se o calor como um dos termos da própria equação. Por exemplo, a primeira das equações escritas acima ficaria: H2 (g) � 1 2 O2 (g) H2O (l) � 286,6 kJ (25 °C; 1 atm) ou assim: H2 (g) � 12 O2 (g) � 286,6 kJ H2O (l) (25 °C; 1 atm) Água a) A alteração no ΔH decorrente dos estados físicos dos reagentes e produtos é devida ao liberado ou absorvido nas de estado. b) Numa reação exotérmica, o calor liberado conforme os produtos estejam nos estados , e . c) Uma equação termoquímica é uma equação química corretamente balanceada, na qual indicamos todos os que possam influir na sua variação de . REVISÃO SÓLIDO (gelo) LÍQUIDO (água líquida) GÁS (vapor de água) Aumenta a agitação (energia) das moléculas de água Aumento da entalpia (H) R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 332 • Fundamentos da Química EXERCÍCIO RESOLVIDO EXERCÍCIOS EXERCÍCIO RESOLVIDO 17 Coloque as reações mencionadas abaixo em ordem crescente de liberação de calor, indicando esse fato em um gráfico de entalpia. S (s) � O2 (g) SO2 (g) ΔH1 S (l) � O2 (g) SO2 (g) ΔH2 S (g) � O2 (g) SO2 (g) ΔH3 Resolução À medida que uma substância passa, sucessivamen- te, do estado sólido para o líquido e para o gasoso, sua entalpia ou conteúdo de calor vai aumentando. Aplicando essa ideia ao enxofre, que é o único que se altera fisicamente, nas três reações dadas, e considerando que a reação de combustão é sem- pre exotérmica, temos o gráfico abaixo. Note que ΔH1, ΔH2 e ΔH3 são negativos (reação exotérmica), mas em valor absoluto temos: �ΔH1� � �ΔH2� � �ΔH3� que representa a ordem de liberação de calor. Concluímos então que o enxofre gasoso, ao quei- mar-se, libera mais calor do que o enxofre líquido, e este libera mais calor do que o enxofre sólido. 18 (UFSM-RS) Observe o diagrama abaixo. De acordo com esse diagrama, pode-se concluir que, na transformação: a) H2O (g) H2O (l),ΔH � �43,9 kJ e o pro- cesso é exotérmico. b) H2O (l) H2O (g), ΔH � �43,9 kJ e o pro- cesso é exotérmico. c) H2O (s) H2O (g), ΔH � �51,0 kJ e o pro- cesso é endotérmico. d) H2O (g) H2O (s), ΔH � �51,0 kJ e o pro- cesso é endotérmico. e) H2O (s) H2O (l), ΔH � �7,1 kJ e o proces- so é endotérmico. 19 (Unesp) Considere a equação a seguir: 2 H2 (g) � O2 (g) 2 H2O (l) ΔH � �572 kJ É correto afirmar que a reação é: a) exotérmica, liberando 286 kJ por mol de oxigênio con- sumido. b) exotérmica, liberando 572 kJ para dois mols de água produzida. c) endotérmica, consumindo 572 kJ para dois mols de água produzida. d) endotérmica, liberando 572 kJ para dois mols de oxi- gênio consumido. e) endotérmica, consumindo 286 kJ por mol de água produzida. 20 (UFMG) Considere o diagrama de entalpia, abaixo, en- volvendo o dióxido de carbono e as substâncias elemen- tares diamante, grafite e oxigênio. Considerando esse diagrama, assinale a afirmativa falsa. a) A transformação do diamante em grafite é exotérmica. b) A variação de entalpia na combustão de 1 mol de dia- mante é igual a �392 kJ � mol�1. c) A variação de entalpia na obtenção de 1 mol de CO2 (g), a partir do grafite, é igual a �394 kJ � mol�1. d) A variação de entalpia na obtenção de 1 mol de dia- mante, a partir do grafite, é igual a 2 kJ � mol�1. 21 (UFRRJ) Quando o cloreto de amônio (NH4Cl) se dis- solve em água, forma uma solução de caráter ácido, pois o pH é inferior a sete, ocorrendo absorção de ca- lor (ΔH � � 3,9 kcal/mol) e fazendo com que a tempe- ratura da solução: a) decomponha a água. b) aumente. c) diminua. d) permaneça a mesma. e) aumente a concentração do soluto. 22 Sabendo-se que: HCl (aq) � NaOH (aq) NaCl (aq) � H2O (l), ΔH � �13,8 kcal pergunta-se: a) A reação é exotérmica ou endotérmica? b) Qual é a quantidade de calor envolvida na neutralização de 146 g de HCl (aq), segundo a equação acima? S (g) + O2 S (l) + O2 S (s) + O2 SO2 (g) Entalpia ΔH1 ΔH2 ΔH3 0 H (kJ) H2O (g) H2O (l) H2O (s) �241,6 �285,5 �292,6 H (kJ � mol–1) C (diamante) CO2 (g) C (grafite), O2 (g) 2 –394 0 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 333 Capítulo 14 • TERMOQUÍMICA Resolução a) A reação é exotérmica, de acordo com o valor negativo do ΔH dado. b) Da própria equação, concluímos que: I. 3 Fe3O4 � 8 Al 4 Al2O3 � 9 Fe, ΔH � �800,1 kcal II. Fe2O3 � 2 Al Al2O3 � 2 Fe, ΔH � �203,5 kcal A quantidade de calor liberada por mol de ferro formado é: a) maior na reação I. b) maior na reação II. c) igual nas duas reações. d) igual a 9 � 800,1 kcal na reação I. e) igual a 203,5 kcal na reação II. 25 (PUC-RJ) A mistura de hidrazina (N2H4) e peróxido de hi- drogênio (H2O2) pode ser utilizada na propulsão de fo- guetes: N2H4 (l) � 2 H2O2 (l) N2 (g) � 4 H2O (g) � 154 kcal Admitindo que o peróxido de hidrogênio está em exces- so e que o rendimento da reação é de 100%, calcule a energia liberada quando se consomem 64 g de hidrazina. 26 (Vunesp) Ozonizador é um aparelho vendido no comér- cio para ser utilizado no tratamento da água. Nesse apa- relho é produzido ozônio (O3) a partir do oxigênio do ar (O2), que mata os micro-organismos presentes na água. A reação de obtenção do ozônio a partir do oxigênio pode ser representada pela equação: 3 O2 (g) 2 O3 (g) ΔH � �284 kJ Com base nessa equação, e considerando a transforma- ção de 1.000 g de O2 (g) em O3 (g), a quantidade de calor envolvida na reação é: a) 2.958,33 kJ e a reação é endotérmica. b) 1.479,16 kJ e a reação é exotérmica. c) 739,58 kJ e a reação é exotérmica. d) 369,79 kJ e a reação é endotérmica. e) 184,90 kJ e a reação é endotérmica. 23 (Unisinos-RS) Considerando a equação termoquímica abaixo representada: S (g) � 3 2 O (g)2 SO3 (s), ΔH � �94,4 kcal/mol podemos afirmar que, na formação de 200 g de trióxido de enxofre: a) ocorre a liberação de 94,4 kcal, uma vez que a reação é exotérmica. b) ocorre a absorção de 94,4 kcal, uma vez que a reação é endotérmica. c) ocorre a liberação de 169,5 kcal, uma vez que a rea- ção é exotérmica. d) ocorre a absorção de 236 kcal, uma vez que a reação é endotérmica. e) ocorre a liberação de 236 kcal, uma vez que a reação é exotérmica. 24 (PUC-RS) Quando os óxidos Fe3O4 e Fe2O3 são reduzidos pelo alumínio conforme as reações expressas pelas equa- ções a seguir: 1 HCl (aq) 13,8 kcal 36,5 g 13,8 kcal 146 g x x � 55,2 kcal Libera Observação: Voltamos a lembrar que muitos pro- blemas de Termoquímica vêm associados ao cálculo estequiométrico. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 27 (Unicenp-PR) Considere o gráfico ao lado. Podemos afirmar que a formação de um iceberg: a) é um processo endotérmico. b) é um processo exotérmico. c) apresenta ΔH positivo. d) apresenta ΔH igual a zero. e) não libera nem absorve calor. 28 (Cesgranrio-RJ) Considere o diagrama de entalpia abaixo. Assinale a opção que contém a equação termoquímica correta: a) H2 (g) � 1 2 O2 (g) H2O (g) ΔH � �242 kJ � mol�1 b) H2O (l) H2O (g) ΔH � �41 kJ � mol�1 c) H2O (l) H2 (g) � 1 2 O2 (g) ΔH � �283 kJ � mol�1 d) H2O (g) H2 (g) � 1 2 O2 (g) ΔH � 0 kJ � mol�1 e) H2 (g) � 1 2 O2 (g) H2O (l) ΔH � �41 kJ � mol�1 H2O (g) En ta lp ia (ΔH ) kJ/mol 0 –242 –283 H2O (l) H2 (g) + O2 (g) 1 2 Entalpia H (kJ) H2O (v) H2O (l) H2O (s) R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 334 • Fundamentos da Química 29 (UFRRJ) Nuvens de gotas d’água condensadas são frequentemente vistas surgindo de escapamentos de au- tomóveis. Isto ocorre porque a queima de combustíveis produz dióxido de carbono (CO2) e água (H2O). Considerando que a combustão de 1,0 mol de gasolina (sendo o octano k C8H18 k seu constituinte típico) libe- ra 940 kcal, a massa de dióxido produzido e a energia liberada na queima de 10 (dez) litros de gasolina (densi- dade � 0,79 kg/L) são, respectivamente: a) 12,2 kg e 6,5 � 105 kcal. b) 24,4 kg e 6,5 � 104 kcal. c) 42,2 kg e 3,5 � 102 kcal. d) 48,8 kg e 6,5 � 105 kcal. e) 42,2 kg e 3,5 � 106 kcal. 30 (UFMG) Etanol, metano e metanol são combustíveis de uso amplo. Hidrogênio molecular, utilizado nos ônibus espaciais, tem sido objeto de muitos estudos visando a seu maior uso. São dadas as equações das reações de combustão completa de 1 mol de cada uma dessas subs- tâncias, bem como as respectivas variações de entalpia. • C2H5OH (l) � 3 O2 (g) 2 CO2 (g) � 3 H2O (l) ΔH � �1.370 kJ � mol�1 • CH4 (g) � 2 O2 (g) CO2 (g) � 2 H2O (l) ΔH � �890 kJ � mol�1 • CH3OH (l) � 1,5 O2 (g) CO2 (g) � 2 H2O (l) ΔH � �726 kJ � mol�1 • H2 (g) � 0,5 O2 (g) H2O (l) ΔH � �286 kJ � mol�1 As massas molares de etanol, metano, metanol e hidrogê- nio molecular são, respectivamente, 46 g/mol, 16 g/mol, 32 g/mol e 2 g/mol. Considerando o calor liberado pela queima de um gra- ma de cada combustível, o mais eficiente é: a) etanol c) metano b) hidrogênio d) metanol 5 CASOS PARTICULARES DAS ENTALPIAS (OU CALORES) DE REAÇÃO 5.1. Conceitos preliminares Antes de mencionar os principais casos particulares de entalpias de reação, é importante observar que não é possível medir os valores absolutos das entalpias, mas apenas as variações de entalpia que ocor- rem durante as reações químicas. Essa impossibilidade, aliás, ocorre com várias outras grandezas que tentamos medir na natureza, o que nos obriga a considerar certos referenciais arbitrários. Por exemplo: • para medir altitudes, considera-se arbitrariamente que o nível do mar tem altitude zero; • para medir potenciais elétricos, admite-se arbitrariamente que a Terra tem potencial elétrico zero; • para medir a energia potencial associada a um corpo, devido à altura em que esse corpo se encontra, admite-se arbitrariamente que, no chão, a energia potencial é zero. Por que são feitas essas considerações? Porque é impossível medir altitudes, potenciais elétricos, energias potenciais etc. de modo absoluto. Assim,contentamo-nos com uma medida relativa — em relação ao nível do mar, em relação à Terra, em relação ao solo etc. Analogamente, para a medição das entalpias convencionou-se arbitrariamente considerar um estado padrão, assim definido: Por convenção, um elemento ou composto químico está no estado padrão quando se apresenta em seu estado (físico, alotrópico ou cristalino) mais comum e estável, a 25 °C e 1 atm de pressão. Ainda, por convenção, dizemos que: Toda substância simples, no estado padrão, tem entalpia igual a zero. É usual indicar por ΔH 0 as variações de entalpia medidas no esta- do padrão. Assim, para o elemento carbono, por exemplo, temos: • grafite: H 0 � 0 (pois é a forma alotrópica mais estável); • diamante: H 0 � � 2,0 kJ/mol (isto é, 2,0 kJ/mol acima do gra- fite, pois o diamante é menos estável). Evidentemente, as substâncias compostas terão sempre entalpias diferentes de zero. 1,9 Zero Entalpia (kJ/mol) Diamante Grafite Adotado por convenção R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 335 Capítulo 14 • TERMOQUÍMICA 5.2. Entalpia (ou calor) padrão de formação de uma substância (ΔH 0f ) É a variação de entalpia (quantidade de calor liberada ou absorvida) verificada na formação de 1 mol da substância considerada, a partir das substâncias simples correspon- dentes, admitindo-se todas as substâncias no estado padrão. Por exemplo, a 25 °C e a 1 atm, temos as seguintes entalpias de formação: H2 (g) � 1 2 O2 (g) 1 H2O (l) ΔH 0 f � �286,6 kJ/mol H2 (g) � S (rômbico) � 2 O2 (g) 1 H2SO4 (l) ΔH 0 f � �813,0 kJ/mol 2 C (grafite) � 3 H2 (g) � 1 2 O2 (g) 1 C2H5OH (l) ΔH 0 f � �277,5 kJ/mol Note que o ΔH da reação CaO (s) � CO2 (g) CaCO3 (s), por exemplo, não representa o calor de formação do CaCO3, pois a reação parte de substâncias compostas e não de substâncias simples. a) Estado padrão de um elemento ou composto químico corresponde à temperatura de , a pressão de e a forma alotrópica ou cristalina ou estado físico mais para o elemento ou composto conside- rado. b) Entalpia (ou calor) padrão de formação de uma substância é a variação de verificada na de da substância, a partir das substâncias correspondentes, estando todas as substâncias no estado . REVISÃO EXERCÍCIOS 31 (FMU/Fiam-Faam/Fisp-SP) Considerando o diagrama abai- xo, pode-se afirmar que a entalpia de formação do ClF gasoso é: EXERCÍCIO RESOLVIDO a) 47,3 kcal/mol d) �13,3 kcal/mol b) �47 kcal/mol e) 60,6 kcal/mol c) 13,3 kcal/mol 32 (Mackenzie-SP) S8 (rômbico) � 12 O2 (g) 8 SO3 (g) � 752,0 kcal Na reação acima equacionada, realizada a 25 °C e 1 atm, a entalpia de formação do SO3 (g) é igual a: a) �752,0 kcal c) �773,0 kcal e) �94,0 kcal b) �752,0 kcal d) �94,0 kcal 33 O calor de formação do CO2 (g) na temperatura de 25 °C é ΔH 0(298 K) � �393,5 kJ/mol. A partir desse dado, pode- se afirmar que o efeito térmico, ΔH 0(298 K), resultante da combustão de 1 grama de carbono, é igual a: a) �393,5 kJ c) 32,8 kJ e) 393,5 kJ b) �32,8 kJ d) 131,2 kJ 34 (Fuvest-SP) Considere os dados da tabela abaixo, a 25 °C e 1 atm. Amônia (gás) �46 Cloreto de hidrogênio (gás) �92 Cloreto de amônio (sólido) �314 Substância Entalpia de formação (kJ/mol) a) Calcule a variação de entalpia (em kJ/mol) quan- do a base reage com o ácido para formar o cor- respondente sal. b) Essa reação de salificação é exotérmica ou endotérmica? Por quê? Resolução Uma das maneiras de calcular a variação de entalpia ou calor de uma reação é utilizando as entalpias de formação de cada um dos reagentes e dos pro- dutos da reação. Neste problema, o item a pede a variação de entalpia da reação: NH3 (g) � HCl (g) NH4Cl (s) ΔH � ? Cl (g) + F (g) 0 ClF (g) 13,3 kcal 47,3 kcal H (kcal) Cl2 (g) + F2 (g) 1 2 1 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 336 • Fundamentos da Química Ora, na página 328, vimos que ΔH � Hprod. � Hreag.. No presente caso, temos: ΔH � H0f(NH 4 Cl) � (H 0 f(NH 3 ) � H 0 f(HCl)) ΔH � �314 � (�46 � 92) ΔH � �176 kJ/mol Temos então as respostas: a) ΔH � �176 kJ/mol b) Reação exotérmica, pois o ΔH é negativo. que se combina com a água e forma hidróxido de magnésio, conforme a reação: Mg (s) � 2 H2O (l) Mg(OH)2 (s) � H2 (g) A variação de entalpia dessa reação, em kJ/mol, é: a) �1.496,1 c) �352,9 e) �1.496,1 b) �638,7 d) �352,9 35 (FEI-SP) Dadas as entalpias de formação CO (g) e CO2 (g), calcule a entalpia da reação: CO2 (g) � C (s) 2 CO (g) à temperatura de 25 °C e pressão normal. Dados: ΔH0f(CO) � �26 kcal/mol; ΔH 0 f(CO 2 ) � �94 kcal/mol Resolução A única novidade deste exercício em relação ao an- terior é o aparecimento de um coeficiente na equa- ção química (no caso, o coeficiente 2, no 2o mem- bro da equação). Considerando que as entalpias de formação são dadas para 1 mol do produto forma- do, temos que multiplicar a do CO, nesse caso, por 2. Temos, então: CO2 (g) � C (s) 2 CO (g) ΔH � ? ΔH � 2 H0f(CO) � (H 0 f(CO2) � H 0 f(C)) ΔH � 2 � (�26) � (�94 � 0) ΔH � �42 kcal No cálculo acima, o calor de formação do C (s) é zero, porque se trata de um elemento químico na forma da substância simples mais estável e no estado padrão. Segundo a equação acima, para a obtenção do Mn (s), a variação de entalpia, na temperatura de 298 K, em kJ, é de: a) �282,5 c) �3.053,1 b) �2.515,3 d) �10.827,1 38 (PUC-MG) A trinitroglicerina, C3H5(ONO2)3, é um explo- sivo muito forte e muito perigoso, explodindo facilmen- te com choques ou pancadas. Calcule a variação de entalpia (ΔH) na decomposição da trinitroglicerina em kcal, de acordo com a reação: 4 C3H5(ONO2)3 (l) 12 CO2 (g) � 10 H2O (g) � 6 N2 (g) � O2 (g) São dadas as entalpias padrão de formação: C3H5 (ONO2)3 (l) � �58,0 kcal/mol; CO2 (g) � �94,0 kcal/mol; H2O (g) � �57,8 kcal/mol. a) �1.474 c) �184,2 e) �1.474 b) �368,5 d) �368,5 Dados: H2O (l): ΔH 0 f � �285,8 kJ/mol Mg(OH)2 (s): ΔH 0 f � �924,5 kJ/mol 37 (Uerj) O alumínio é utilizado como redutor de óxidos, no processo denominado aluminotermia, conforme mostra a equação química: 8 Al (s) � 3 Mn3O4 (s) 4 Al2O3 (s) � 9 Mn (s) Observe a tabela: Entalpia de formação (ΔH0f(298 K)) (kJ � mol�1) Al2O3 (s) �1.667,8 Mn3O4 (s) �1.385,3 Substância 5.3. Entalpia (ou calor) de combustão de uma substância É a variação de entalpia (quantidade de calor liberada) verificada na combustão total de 1 mol da substância considerada, supondo-se todas as substâncias no estado padrão. Por exemplo, a 25 °C e 1 atm, temos: • entalpia (ou calor) de combustão do metano (CH4) 1 CH4 (g) � 2 O2 (g) CO2 (g) � 2 H2O (l) ΔH � �889,5 kJ/mol • entalpia (ou calor) de combustão do álcool metílico (CH3OH) 1 CH3OH (l) � 3 2 O2 (g) CO2 (g) � 2 H2O (l) ΔH � �725,6 kJ/mol Note que ΔH é sempre negativo, pois as reações de combustão são sempre exotérmicas. É muito comum medir-se a entalpia de combustão de uma substância orgânica, como ocorreu nos exemplos anteriores. Nesse caso, considera-se como combustão total sempre aquela que leva à forma- ção de CO2 e H2O. 36 (Unirio-RJ) Os soldados em campanha aquecem suas re- feições prontas, contidas dentro de uma bolsa plástica com água. Dentro dessa bolsa existe o metal magnésio, EXERCÍCIO RESOLVIDO R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 337 Capítulo 14 • TERMOQUÍMICA Uma aplicação importante dos calores de combustão é a escolha dos combustíveis a serem usados nas indústrias. Sem dúvida, é muito impor- tante considerar a quantidade de calor que o com- bustível é capaz de produzir. Essa propriedade se denomina poder calorífico e geralmente é medi- da em kcal/kg ou kJ/kg. A tabela ao lado fornece o poder calorífico de alguns combustíveis. Sem dúvida, outro fator importante na esco- lha de um combustível industrial é o seu preço por quilograma.Um terceiro fator a se considerar é a poluição causada pela queima do combustível. O ideal é que se produza o mínimo possível de poluição, mas acon- tece que os combustíveis mais “limpos” são, em ge- ral, os mais caros. É o caso do hidrogênio, cuja quei- ma gera muito calor e produz água, que não é poluente; mas o hidrogênio, como combustível, ain- da tem uso limitado, devido a seu alto custo. Poder calorífico Combustível (kcal/kg) kJ/kg Você pode fazer Não cheire nem experimente substâncias desconhecidas. Cuidado com as substâncias tóxicas e/ou inflamáveis. Cuidado com respingos na pele e nos olhos. Medindo o calor de combustão do álcool Material necessário: • Uma lata de refrigerante (de alumínio) vazia. • Uma balança. • Um termômetro. • Uma lamparina a álcool. • Um suporte Procedimento: • Determine a massa da lata de refrigerante vazia. • Coloque água na lata e meça novamente a massa (cerca de 100 g de água). • Introduza o termômetro na lata (tomando o cuidado de não encostar o bulbo na lata) e meça a temperatura inicial da água. • Determine a massa da lamparina com álcool e coloque-a sob a lata. • Pendure a lata conforme desenho ao lado. • Coloque uma proteção de papelão em volta do conjunto (cuidado para que não pegue fogo). • Acenda a lamparina (com a supervisão do seu professor ou de um adulto) até a água atingir aproximadamente 75 °C. • Meça a temperatura final da água e apague o fogo. • Determine novamente a massa da lamparina. Questões: 1. Qual foi a variação da temperatura da água? 2. Qual foi a quantidade de calor absorvida pela água? 3. Qual é o calor de combustão do álcool, em kJ/mol? 4. Quais são as fontes de erro deste experi- mento? Termômetro Lata de alumínio Álcool Bulbo Suporte Gasolina 11.400 47.800 Óleo diesel 10.700 44.700 Álcool combustível 6.500 27.200 Gás liquefeito de petróleo 11.600 48.500 Gás natural 11.700 49.000 Carvão metalúrgico 7.600 32.000 Lenha (pinho) 4.300 18.000 Hidrogênio 33.900 142.000 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 338 • Fundamentos da Química LA E R TE EXERCÍCIO RESOLVIDO39 (Unifor-CE) A queima de 1,0 kg de metano liberou 5,5 � 104 kJ. Com base neste dado, o calor de combus- tão, expresso em kJ/mol de metano, é da ordem de: a) 8,8 � 10�4 c) 8,8 � 10�2 e) 8,8 � 104 b) 8,8 � 10�3 d) 8,8 � 102 40 (F. Santo André-SP) O consumo de um automóvel mo- vido a álcool etílico é de 10 km/kg de álcool. Sabendo que a energia de combustão desse álcool é da ordem de 103 kJ/mol, quantos quilojoules são necessários para o automóvel percorrer 46 km? (Massa molar do álcool etílico � 46 g/mol) a) 101 b) 102 c) 103 d) 104 e) 105 41 (UFSM-RS) Muitos carros utilizam o álcool etílico como combustível. Sabendo que sua combustão total é representada pela equação química balanceada • C2H5OH (l) � 3 O2 (g) 2 CO2 (g) � 3 H2O ΔH � �327 kcal/mol a quantidade de calor liberada na queima de 141 g de álcool etílico é, aproximadamente: a) �327 kcal c) �1.000 kcal e) �46.000 kcal b) �460 kcal d) �10.000 kcal 42 (Vunesp) O metano (CH4), também conhecido como gás do lixo, ao sofrer combustão, apresenta entalpia padrão de combustão (ΔH0c) igual a �890 kJ/mol. a) Escreva a reação de combustão do metano, indican- do a entalpia padrão de combustão (ΔH 0c) da reação. b) Sabendo que a massa molar do metano é 16 g/mol, calcule a massa desse gás que ao sofrer combustão apresenta ΔHc � �222,6 kJ. 43 (Cesgranrio-RJ) Observe o gráfico abaixo. EXERCÍCIOS Comparando-se os calores liberados, em kJ/kg, na combustão do metano (principal constituinte do gás natural) e do hidrogênio (considerado por muitos como o combustível do futuro), conclui-se que o do: a) metano é aproximadamente igual ao do hidro- gênio. b) hidrogênio é cerca de duas vezes e meia maior. c) metano é cerca de cinco vezes maior. d) metano é cerca de duas vezes e meia maior. e) hidrogênio é cerca de cinco vezes maior. Resolução Na reação: CH4 � 2 O2 CO2 � 2 H2O ΔH � ? temos: ΔH � �394 � 2 (�242) � (�74 � 0) ⇒ ⇒ ΔH � �804 kJ/mol 1 mol de CH4 � 16 g 804 kJ 1 kg de CH4 � 1.000 g x x � 50.250 kJ/kg Na reação: H2 � 1 2 O2 H2O ΔH � ? temos: ΔH � �242 kJ/mol 1 mol de H2 � 2 g 242 kJ 1 kg de H2 � 1.000 g y y � 121.000 kJ/kg Portanto: y x y x 121.000 50.250 2,4� �⇒ Alternativa b O valor da entalpia de combustão de 1 mol de SO2 (g), em quilocalorias, a uma temperatura de 25 °C e pressão de 1 atm, é: a) �71 b) �23 c) �23 d) �71 e) �165 44 (PUC-Campinas-SP) Considere os dados da tabela abaixo. Substância ΔH0f de formação (kJ/mol) CH4 (g) �74 CO2 (g) �394 H2O (g) �242 H (kcal) 0 – 71 – 94 SO3 (g) S (s) + O2 (g) 3 2 SO2 (g) + O2 (g) 1 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 339 Capítulo 14 • TERMOQUÍMICA 45 (UCS-RS) Uma indústria utiliza como combustível o gás metano em seus processos. Calcule a energia produzida pela queima de 320 kg diá- rios desse combustível, com base nos seguintes dados: I. Calor de formação do CH4 (g) ΔH � �74,82 kJ/mol II. Calor de formação de H2O (l) ΔH � �285,6 kJ/mol III. Calor de formação de CO2 (g) ΔH � �393,1 kJ/mol A energia produzida pela queima total de metano, em valores arredondados, é igual a: a) 1,50 � 106 kcal c) 8,0 kJ e) 4,18 � 104 kJ b) 1,78 � 107 kJ d) 17,9 kcal 46 (UFRJ) Grande parte dos táxis do Rio de Janeiro está utili- zando gás natural como combustível, em substituição à gasolina e ao álcool (etanol). A tabela a seguir apresenta os calores de combustão para as substâncias representa- tivas desses combustíveis. a) A quantidade de álcool contida num tanque de com- bustível de um automóvel corresponde a 46 kg. Calcule a quantidade de calor liberada pela queima de todo o combustível do tanque. b) Escreva a equação de combustão completa do etanol. c) Calcule o volume, em litros, nas CNTP, de gás natural que precisamos queimar para produzir a mesma quan- tidade de calor que resulta da combustão de 1 mol de gasolina. Combustível Calor de combustão (kJ/mol) Gás natural (CH4) �900 Gasolina (C8H18) �5.400 Álcool (C2H6O) �1.400 5.4. Energia de ligação Energia de ligação é a variação de entalpia (quantidade de calor absorvida) verificada na quebra de 1 mol (6 � 1023) de uma determinada ligação química, supondo-se todas as substâncias no estado gasoso, a 25 °C e 1 atm. A quebra de ligações é sempre um processo endotérmico; portanto, ΔH é sempre positivo. Por exemplo: H K H ou H2 (g) 2 H (g) ΔH � �435,5 kJ/mol Cl K Cl ou Cl2 (g) 2 Cl (g) ΔH � �242,0 kJ/mol Esses dois exemplos são muito simples, pois se referem a moléculas que contêm apenas 2 átomos unidos por ligação simples. Existem, porém, os casos de ligações duplas (como no oxigênio, O l O) e os de ligações triplas (como no nitrogênio, N m N). Veja os exemplos seguintes: • ligações duplas: O l O ou O2 (g) 2 O (g) ΔH � �497,8 kJ/mol (nesse exemplo, são necessários 497,8 kJ para quebrar 1 mol de ligações duplas); • ligações triplas: N m N ou N2 (g) 2 N (g) ΔH � �943,8 kJ/mol (nesse caso, são necessários 943,8 kJ para quebrar 1 mol de ligações triplas). Existem ainda os casos de moléculas poliatômicas. Seja, por exemplo, o caso do metano: CH H H H ou CH 4 (g) C (g) � 4 H (g) ΔH � �1.651,6 kJ Nesse exemplo, gastamos 1.651,6 kJ para quebrar 4 mols de ligações C K H; consequentemente, para quebrar cada mol de ligação C K H, teremos gasto 1.651,6 9 4 � 412,9 kJ por mol de ligações C K H. Ligação Energia de ligação (kcal/mol) H k Br 87,4 Cl k Cl 57,9 H k Cl 103,1 Br k Br 46,1 EXERCÍCIOS 47 Calcule a variação de entalpia na reação 2 HBr (g) � Cl2 (g) 2 HCl (g) � Br2 (g), conhecendo as seguintes energias de ligação, todas nas mesmas condições de pressão e temperatura dadas na tabela ao lado: EXERCÍCIO RESOLVIDO R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 340 • Fundamentos da Química Resolução Este é um tipo de problema muito comum na Termoquímica: calcular a variação de entalpia de uma reação conhe- cendo as energias de todas as ligações químicas que existem nos reagentes e produtos da reação. O principal cuidado a tomar na resolução é lembrar que energia de ligação é a variação de entalpia necessária para quebrar a ligação (ΔH positivo, pois o processo é sempre endotérmico). É importante notar que, durante a reação química, acontece o seguinte: nos reagentes, as ligações entre os átomos são rompidas (o processo é endotérmico, sendo ΔH positivo); nos produtos, as ligações são formadas (o processo é exotérmico, sendo ΔH negativo). Conse- quentemente, para a reação o esquema mais simples de resolução é o seguinte: 2 � 87,4 57,9 2 � (�103,1) �46,1 �174,8 �57,9 �206,2 �46,1 �252,3�232,7 Entalpia total para formar os produtos Entalpia total para quebrar os reagentes 2 HBr (g) � Cl2 (g) 2 HCl (g) � Br2 (g) 2 H Br (g) � Cl Cl (g) 2 H Cl (g) � Br Br (g) Portanto: ΔH � �232,7 � 252,3 ⇒ ΔH � �19,6 kcal Observação: Essa soma final corresponde à seguinte ideia: se gastarmos 232,7 kcal para quebrar todas as ligações das moléculas iniciais e ganharmos 252,3 kcal na formação de todas as ligações das moléculas finais, haverá uma sobra de 252,3 � 232,7 � 19,6 kcal para a reação liberar em forma de calor. Este tipo de problema é muito importante, pois corresponde a um segundo caminho para o cálculo dos calores de reação (lembre-se de que o primeiro caminho se deu a partir das entalpias de formação das substâncias que partici- pam da reação). 48 (Cefet-RJ) “A BMW testa veículos movidos a hidrogênio e antecipa uma novidade que chegará ao mercado em 2005. A indústria [...] aposta no hidrogênio como um dos mais promissores substitutos da gasolina. Ele não de- pende de reservas estratégicas e é facilmente obtido com a quebra da molécula da água. [...] Em vez de dióxido de carbono, o escapamento expele água. O hidrogênio pode zerar a emissão de poluentes por veículos no futuro...” Ligação Energia de ligação (kJ � mol�1) H k H 437 H k O 463 O l O 494 Fonte: Revista Época, out. 2000. Com base nos dados da tabela acima, podemos afirmar que a variação de entalpia (ΔH) da reação 2 H2 (g) � O2 (g) 2 H2O (g), em kJ/mol de H2O (g), é: a) �442 b) �242 c) �221 d) �467 e) �488 49 (UFRGS-RS) Os valores de energia de ligação entre al- guns átomos são fornecidos no quadro abaixo. Considere a reação representada por: CH4 (g) � 2 O2 (g) CO2 (g) � 2 H2O (v) O valor aproximado de ΔH, em kJ, é de: a) �820 d) �360 b) �360 e) �820 c) �106 50 (Uece) A grande preocupação mundial sobre o efeito dos derivados halogenados de hidrocarbonetos prende-se ao fato de eles serem responsáveis pela destruição da cama- da de ozônio que nos protege da radiação ultravioleta. A hidrogenação parcial do tetracloreto de carbono pro- duz o clorofórmio, de acordo com a reação: CCl4 � H2 CHCl3 � HCl Utilizando a tabela acima, que tem valores aproximados de entalpias de ligação, calcule a variação de entalpia da reação e assinale a alternativa verdadeira: a) �60 kJ c) �70 kJ b) �60 kJ d) �70 kJ Ligação Entalpia de ligação (em kJ/mol) C k Cl 339,0 H k H 436,0 C k H 413,0 H k Cl 432,0Ligação Energia de ligação (kJ/mol) C k H 413 O l O 494 C l O 804 O k H 463 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 341 Capítulo 14 • TERMOQUÍMICA A lei de Hess, que é uma lei experimental, tem importância fundamental no estudo da Termoquímica, e estabelece que: A variação de entalpia (quantidade de calor liberada ou absorvida) em uma reação química depende apenas dos es- tados inicial e final da reação. Vamos explicar essa lei utilizando um exemplo simples. Para a transformação de C (grafite) � O2 (g) em CO2 (g), podemos admitir dois caminhos diferentes, conforme mostra o esquema adiante: • diretamente (primeiro caminho); • ou através do CO (g) (segundo caminho). 6 LEI DE HESS Você pode observar Um dos grandes objetivos da ciência é resumir os aparentemente complica- dos fenômenos da natureza em leis e explicações simples. Na história da ciência, a lei de Hess, por exemplo, contribuiu para o nascimento do importantíssimo princípio da conservação da energia. A essas duas alternativas correspondem os seguintes valores experimentais, para as variações de entalpia (supondo pressão e temperatura constantes): Primeiro caminho: C (grafite) � O2 (g) CO2 (g) ΔH � �393,3 kJ Segundo caminho: C (grafite) � 1 2 O2 (g) CO (g) ΔH1 � �110,3 kJ CO (g) � 1 2 O2 (g) CO2 (g) ΔH2 � �283,0 kJ Somando, temos: ΔH1 � ΔH2 � �110,3 � 283,0 ⇒ ΔH1 � ΔH2 � �393,3 kJ Portanto: ΔH � ΔH1 � ΔH2 Graficamente: Germain Henry Hess Nasceu na Suíça, em 1802, e faleceu na Rússia, em 1850. Foi professor na Universidade de São Petersburgo. Hess foi um dos pioneiros da Físico- -Química, estudando os calores das reações químicas e as relações desses calores com a afinidade entre as subs- tâncias e com as forças de ligação entre os elementos químicos. R E P R O D U Ç Ã O CO2 (g) (estado final) Primeiro caminho ΔH Segundo caminho ΔH2 Segundo caminho ΔH1 1 2 C (grafite) � O2 (g) (estado inicial) CO2 (g) (estado final) CO (g) � O2 (g) (estado intermediário) 1 2 Entalpia Caminho da reação ΔH C (grafite) + O2 (g) ΔH2 CO (g) + O2 (g) CO2 (g) Hinicial Hfinal ΔH1 Estado inicial Estado intermediário Estado final 1 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 342 • Fundamentos da Química Generalizando, dizemos que “partindo-se sempre de um mesmo estado inicial e chegando-se sempre a um mesmo estado final, o ΔH será sempre o mesmo, quer a reação seja direta, quer ela se efetue em várias etapas” (ou, ainda, o ΔH independe do caminho percorrido durante a reação). Por essa razão, a lei de Hess também é conhecida como lei dos estados inicial e final. Embora tenha surgido independentemente, a lei de Hess pode ser considerada, atualmente, como uma simples consequência do princípio da conservação de energia ou do primeiro princípio da Termodinâmica. Consequências da lei de Hess 1a) As equações termoquímicas podem ser somadas como se fossem equações matemáticas. Retomando o exemplo anterior, temos: C (grafite) � 1 2 O2 (g) CO (g) ΔH1 � �110,3 kJ CO (g) � 1 2 O2 (g) CO2 (g) ΔH2 � �283,0 kJ C (grafite) � O2 (g) CO2 (g) ΔH � �110,3 �283,0 ⇒ ΔH � �393,3 kJ Por esse motivo, a lei de Hess também é chamada de lei da soma dos calores de reação. Essa técnica de somar equações é muito útil, pois permite calcular o ΔH de certas reações cuja execução experimental é muito difícil e, às vezes, impossível. 2a) Invertendo uma equação termoquímica, devemos trocar o sinal de ΔH. Esse fato deve forçosamente acontecer porque, somando uma equação à sua inversa, o resultado final deve ser zero. Por exemplo: C (grafite) � O2 (g) CO2 (g) ΔH � �393,3 kJ CO2 (g) C (grafite) � O2 (g) ΔH � �393,3 kJ Zero (substâncias) Zero (quantidade de calor) Em outras palavras, isso representa a conservação de energia entre os estados inicial e final. 3a) Multiplicando (ou dividindo) uma equação termoquímica por um número diferente de zero, o valor de ΔH será também multiplicado (ou dividido) por esse número. Basta imaginar a equação somada a si própria várias vezes. C (grafite) � O2 (g) CO2 (g) ΔH � �393,3 kJ C (grafite) � O2 (g) CO2 (g) ΔH � �393,3 kJ 2 C (grafite) � 2 O2 (g) 2 CO2 (g) ΔH � �786,6 kJ Enfim, como podemos observar, é perfeitamente válido dar às equações termoquímicas um trata- mento matemático (adições, subtrações, multiplicações, divisões, inversões etc.), desde que as opera- ções efetuadas incluam também os valores de ΔH. É importante lembrar que as variações de entalpia das reações podem ser calculadas por três caminhos: • a partirdas entalpias de formação das substâncias que participam da reação; • a partir das energias de ligação existentes nas moléculas das substâncias que participam da reação; • pela lei de Hess, somando algebricamente várias equações com variações de entalpia já conhecidas, de modo a obter a equação (e a variação de entalpia) desejada. a) A lei de Hess diz que a variação de de uma reação química depende apenas dos estados e da reação. b) A lei de Hess é um caso particular do princípio da de . c) As equações termoquímicas podem sofrer tratamentos matemáticos como , , etc., desde que também se incluam os valores de da reação. REVISÃO R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 343 Capítulo 14 • TERMOQUÍMICA 51 (UFSM-RS) O acetileno é um gás que, ao queimar, pro- duz uma chama luminosa, alcançando uma temperatura ao redor de 3 000 °C. É utilizado em maçaricos e no cor- te e solda de metais. A sua reação de decomposição é: • C2H2 (g) 2 C (s) � H2 (g) com ΔH � �226 kJ � mol�1 Baseando-se nessa reação, analise as afirmativas. I. Invertendo o sentido da equação, o sinal da entalpia não varia. II. Há liberação de calor, constituindo-se numa reação exotérmica. III. A entalpia dos produtos é menor que a dos reagentes. Está(ão) correta(s): a) apenas I. c) apenas III. e) apenas II e III. b) apenas II. d) apenas I e II. 52 (UFF-RJ) Um dos princípios da Termoquímica — o princí- pio de Hess — estabelece: “O calor desprendido ou ab- sorvido numa reação química depende, unicamente, dos EXERCÍCIOS estados inicial e final, independendo de quaisquer esta- dos intermediários”. Considere, à temperatura de 500 K, a reação: • Ag (s) � 1 2 Cl2 (g) AgCl (s) com ΔH0 � �106,12 kJ e as equações: I. AgCl (s) Ag (s) � 1 2 Cl (g) II. 2 Ag (s) � Cl2 (g) 2 AgCl (s) III. 2 AgCl (s) 2 Ag (s) � Cl2 (g) As equações indicadas por I, II e III têm seus respectivos valores de ΔH0, em kJ, iguais a: a) 106,12; �212,24; 212,24 b) �106,12; 212,24; �212,24 c) 106,12; �212,24; �212,24 d) �106,12; �212,24; 212,24 e) 106,12; 212,24; �212,24 EXERCÍCIO RESOLVIDO 53 Dadas as equações termoquímicas: S (s) � O2 (g) SO2 (g) ΔH1 � �296,8 kJ SO2 (g) � 1 2 O2 (g) SO3 (g) ΔH2 � �97,8 kJ pede-se calcular o calor da reação (variação de entalpia) indicada pela equação abaixo: S (s) � 3 2 O2 (g) SO3 (g) ΔH � ? Resolução De acordo com a lei de Hess, as equações termoquímicas podem ser somadas como se fossem equações algébricas. Aplicando essa ideia às duas equações dadas, temos: S (s) � O2 (g) SO2 (g) ΔH1 � �296,8 kJ SO2 (g) � 1 2 O2 (g) SO3 (g) ΔH2 � �97,8 kJ S (s) � 3 2 O2 (g) SO3 (g) ΔH � ΔH1 � ΔH2 ΔH � �394,6 kJ Essa resolução pode ser acompanhada pelo gráfico seguinte (siga a sequência ΔH1, ΔH2 e ΔH): 54 Dadas as equações termoquímicas: C (grafite) � O2 (g) CO2 (g) ΔH1 � �393,3 kJ C (diamante) � O2 (g) CO2 (g) ΔH2 � �395,2 kJ calcule a variação da entalpia da transformação: C (grafite) C (diamante) ΔH � ? Entalpia kJ (substâncias simples) 0 – 296,8 – 394,6 SO3 (g) ΔH1 ΔH2 ΔH S (s) + O2 (g) 3 2 SO2 (g) + O2 (g) 1 2 EXERCÍCIO RESOLVIDO R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 344 • Fundamentos da Química EXERCÍCIO RESOLVIDO 55 (PUC-PR) Dadas as seguintes equações termoquímicas: I. NO (g) � 1 2 O2 (g) NO2 (g) � 13,5 kcal II. 1 2 N2 (g) � O2 (g) NO2 (g) � 8,1 kcal Calcule o ΔH para a reação abaixo: 1 2 N2 (g) � 1 2 O2 (g) NO (g) O valor encontrado será de: a) �21,6 kcal c) �20,6 kcal e) �5,4 kcal b) �21,6 kcal d) �5,4 kcal 56 (UPF-RS) Em um conversor catalítico, usado em veículos automotores no cano de escape para redução da polui- ção atmosférica, ocorrem várias reações químicas, sendo que uma das mais importantes é: CO (g) � 1 2 O2 (g) CO2 (g) Sabendo-se que as entalpias das reações citadas abaixo são: C (grafite) � 1 2 O2 (g) CO (g) ΔH1 � �26,4 kcal C (grafite) � O2 (g) CO2 (g) ΔH2 � �94,1 kcal Resolução Neste problema, ao contrário do anterior, se somarmos as duas equações dadas, na forma como elas estão escritas, não obteremos a equação pedida. No entanto, bastará inverter a segunda equação (e o valor do ΔH2 correspondente) e somá-la à primeira, que chegaremos à equação termoquímica pedida: Equação inalterada: C (grafite) � O2 (g) CO2 (g) ΔH1 � �393,3 kJ Equação invertida: CO2 (g) C (diamante) � O2 (g) � ΔH2 � �395,2 kJ Soma: C (grafite) C (diamante) ΔH � ΔH1 � (�ΔH2) ⇒ ΔH � �1,9 kJ pode-se afirmar que a reação inicial é: a) exotérmica e libera 67,7 kcal/mol. b) exotérmica e libera 120,5 kcal/mol. c) exotérmica e absorve 67,7 kcal/mol. d) endotérmica e absorve 120,5 kcal/mol. e) endotérmica e absorve 67,7 kcal/mol. 57 (UFRGS-RS) O metano, principal componente do gás natural, pode sofrer combustão incompleta segundo a reação descrita pela equação abaixo. 2 CH4 (g) � 3 O2 (g) 2 CO (g) � 4 H2O (l) Considere as seguintes equações termoquímicas. • CH4 (g) � 2 O2 (g) CO2 (g) � 2 H2O (l) ΔH 0 � �890,0 kJ • 2 CO (g) � O2 (g) 2 CO2 (g) ΔH 0 � �566,0 kJ Dadas essas equações termoquímicas, é possível obter o valor de ΔH 0 da equação acima. Esse valor é, em kJ: a) �324,0 b) �607,0 c) �1.214 d) �1.456 e) �2.346 58 Sabendo que os calores de combustão do enxofre monoclínico e do enxofre rômbico são, respectivamente, �297,2 kJ/mol e �296,8 kJ/mol, calcule a variação de entalpia na transformação de 1 mol de enxofre rômbico em enxofre monoclínico. Resolução Quando o enunciado do problema é apresentado em linguagem corrente — isto é, em linguagem não-matemática —, aconselhamos, como primeiro passo, a “tradução” desse enunciado para a forma de equações termoquímicas. Nesse caso, a partir do enunciado, resultam: S (mon.) � O2 (g) SO2 (g) ΔH1 � �297,2 kJ/mol • equações “dadas” S (rômb.) � O2 (g) SO2 (g) ΔH2 � �296,8 kJ/mol • equação pedida: S (rômb.) S (mon.) ΔH � ? Assim sendo, temos: 1a eq. dada (invertida): SO2 (g) S (mon.) � O2 (g) �ΔH1 � �297,2 kJ/mol 2a eq. dada (inalterada): S (rômb.) � O2 (g) SO2 (g) ΔH2 � �296,8 kJ/mol Soma: S (rômb.) S (mon.) ΔH � (�ΔH1) � ΔH2 ⇒ ΔH � �0,4 kJ/mol 59 (Vunesp) Silício elementar, na forma sólida, pode ser obtido pela reação entre dióxido de silício pulverizado e magnésio metálico. a) Escreva a equação balanceada da reação, indicando os estados de agregação de reagentes e produtos. b) Calcule a variação de entalpia desse processo químico a partir das entalpias de reação dadas a seguir: Si (s) � O2 (g) SiO2 (s) ΔH1 � �910,9 kJ/mol Mg (s) � 1 2 O2 (g) MgO (s) ΔH2 � �601,8 kJ/mol 1 2 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 345 Capítulo 14 • TERMOQUÍMICA EXERCÍCIO RESOLVIDO 60 São dadas as equações termoquímicas: I. C (grafite) � O2 (g) CO2 (g) ΔH1 � �94,1 kcal II. H2 (g) � 1 2 O2 (g) H2O (l) ΔH2 � �68,3 kcal III. CH4 (g) � 2 O2 (g) CO2 (g) � 2 H2O (l) ΔH3 � �212,8 kcal Calcule o valor do ΔH da reação: IV. C (grafite) � 2 H2 (g) CH4 (g) ΔH � ? Resolução Vimos no exercício 54 que uma das equações ficou inalterada, e a outra, invertida. Em exemplos mais complicados, como vamos adivinhar qual das equações será invertida? Ou ainda qual das equações será multiplicada (ou dividida) por um número conveniente? Enfim, como devemos arrumar as equações dadas, de modo que a soma delas venha realmente a produzir a equação pedida? Na verdade, não precisamos de adivinhações; basta compreender o seguinte roteiro: a) Assinale quais são as substâncias que aparecem na equação pedida e seus respectivos coeficientes — neste caso, temos: no 1o membro da equação IV, C (grafite) e 2 H2 (g); e, no 2 o membro, CH4 (g). b) Assinale também onde essas mesmas substâncias aparecem nas equações dadas (considere apenas as substân- cias que aparecem num único lugar, nas equações dadas). c) Arrume cada equaçãodada (invertendo-a, multiplicando-a ou dividindo-a por um número conveniente) de modo a obedecer a ordem e os coeficientes da equação pedida. Ao arrumar as equações, temos, neste problema, a seguinte situação: • Na equação pedida IV, a primeira substância é C (grafite); na equação dada I, o C (grafite) já está no 1o membro e com coeficiente 1, como queremos. Conclusão: a equação I deve permanecer inalterada. • Na equação pedida IV, a segunda substância é 2 H2 (g); na equação dada II, o H2 (g) está no 1 o membro, porém com coeficiente 1. Conclusão: a equação II deve ser multiplicada por 2. • Na equação pedida IV, a terceira substância é CH4 (g), que está no 2 o membro; na equação dada III, o CH4 (g) tem coeficiente 1, mas está no 1o membro. Conclusão: a equação III deve ser invertida. d) Some as equações assim alteradas, obtendo a equação pedida. O que acabamos de explicar pode ser resumido no seguinte esquema: Com esses critérios, vamos agora somar as equações dadas: Eq. I inalterada C (grafite) � O2 (g) CO2 (g) ΔH1 � �94,1 kcal Eq. II multiplicada por 2 2 H2 (g) � O2 (g) 2 H2O (l) 2 � ΔH2 � �136,6 kcal Eq. III invertida CO2 (g) � 2 H2O (l) CH4 (g) � 2 O2 (g) �ΔH3 � �212,8 kcal Soma C (grafite) � 2 H2 (g) CH4 (g) ΔH � ΔH1 � 2 � ΔH2 � ΔH3 ΔH � �17,9 kcal CO2 (g) ΔH1 � �94,1 kcal ΔH2 � �68,3 kcal ΔH3 � �212,8 kcal H2O (l) I II III � O2 (g) 1 2 Equação pedida Invertida Equações dadas Multiplicada por 2 Inalterada CH4 (g) CH4 (g) H � ?� C (grafite) C (grafite) � O2 (g) H2 (g) 2 H2 (g) � 2 O2 (g) CO2 (g) � 2 H2O (l) IV R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 346 EXERCÍCIO RESOLVIDO Δ Entalpias de reação em kJ/mol 1a) 6 C (s) � 3 O2 (g) � 6 H2 (g) C6H12O6 (aq) ΔH1 � �1.263 2a) H2 (g) � 1 2 O2 (g) H2O (l) ΔH2 � �286 3a) CO2 (g) C (s) � O2 (g) ΔH3 � 394 Resolução Organizando as equações dadas: 1a equação invertida: C6H12O6 (aq) 6 C (s) � 3 O2 (g) � 6 H2 (g) �ΔH1 � �1.263 kJ 2a equação 6: 6 H2 (g) � 3 O2 (g) 6 H2O (l) 6 � ΔH2 � �1.716 kJ 3a equação invertida 6: 6 C (s) � 6 O2 (g) 6 CO2 (g) �6 � ΔH3 � �2.364 kJ Soma: C6H12O6 (aq) � 6 O2 (g) 6 CO2 (g) � 6 H2O (l) ΔH � �2.817 kJ E, por meio de um cálculo estequiométrico, obtemos: Temos, então, mais um exemplo de cálculo estequiométrico associado aos cálculos da Termoquímica. Alternativa e 1 mol de C6H12O6 � 180,0 g 2.817 kJ 1 g x x � 15,65 kJ 61 (UFC-CE) O gás de água, uma importante mistura cons- tituída de CO e H2, utilizada na indústria, é preparado fazendo-se passar um fluxo de água gasosa sobre carvão, a 1.000 °C, segundo a equação: C (s) � H2O (g) CO (g) � H2 (g) Considere as seguintes informações: • C (s) � O2 (g) CO2 (g) ΔH0f � �393,5 kJ • 2 H2 (g) � O2 (g) 2 H2O (g) ΔH0f � �483,6 kJ • 2 CO (g) � O2 (g) 2 CO2 (g) ΔH0f � �566,0 kJ Calcule o valor de ΔH f 0 para a formação do gás de água (1ª equação dada) e classifique a reação do ponto de vista termodinâmico. 62 (Cesgranrio-RJ) O gás hilariante (N2O) tem característi- cas anestésicas e age sobre o sistema nervoso central, fazendo com que as pessoas riam de forma histérica. Sua obtenção é feita a partir de decomposição térmica do nitrato de amônio (NH4NO3), que se inicia a 185 °C, de acordo com a seguinte equação: NH4NO3 (s) N2O (g) � 2 H2O (g) No entanto, o processo é exotérmico e a temperatura fornecida age como energia de ativação. Sabe-se que as formações das substâncias N2O, H2O e NH4NO3 ocorrem através das seguintes equações termoquímicas: • N2 (g) � 1 2 O2 (g) N2O (g) � 19,5 kcal • H2 (g) � 1 2 O2 (g) H2O (g) � 57,8 kcal • N2 (g) � 2 H2 (g) � 3 2 O2 (g) NH4NO3 (s) � 87,3 kcal A quantidade de calor liberada, em kcal, no processo de obtenção do gás hilariante é: a) 8,8 c) 28,3 e) 183,4 b) 17,6 d) 125,6 63 (UFRGS-RS) Considere as seguintes equações termo- químicas. • CH3OH (l) � 3 2 O2 (g) CO2 (g) � 2H2O (l) ΔH 0f(298 K) � �726 kJ • H2 (g) � 1 2 O2 (g) H2O (l) ΔH 0f(298 K) � �286 kJ • C (grafite) � O2 (g) CO2 (g) ΔH 0f(298 K) � �393 kJ Combinando essas equações, é possível obter o valor da entalpia padrão de formação do metanol a 25 °C. Esse valor, em kJ, é aproximadamente igual a: a) �726 c) �47 e) �726 b) �239 d) �239 64 (Mackenzie-SP) Dada a reação: C6H12O6 (aq) � 6 O2 (g) 6 CO2 (g) � 6 H2O (l) Consideradas as entalpias de reação abaixo, a energia liberada na reação do metabolismo de 1,0 g de glicose no organismo é: (Dado: massa molar da glicose � 180,0 g/mol) a) 2.817,0 kJ b) 10,8 kJ c) 3,2 kJ d) 7,6 kJ e) 15,65 kJ R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 14 • TERMOQUÍMICA 347 65 (Fatec-SP) As reações de combustão do etanol e do heptano podem ser representadas pelas seguintes equações: • C2H5OH � 3 O2 2 CO2 � 3 H2O � 1,5 � 10 3 kJ/mol • C7H16 � 11 O2 7 CO2 � 8 H2O � 4,5 � 10 3 kJ/mol Queima-se uma quantidade suficiente de etanol para obter a mesma energia que se obtém na queima de um mol de heptano. Nessas condições, na queima do etanol, a quantidade de mols de CO2 formado é: a) 2 b) 3 c) 5 d) 6 e) 9 66 (UCSal-BA) Considere as reações químicas representadas por: • HgO (s) � 90 kJ Hg (l) � 1 2 O2 (g) • CH4 (g) � 2 O2 (g) CO2 (g) � 2 H2O (g) � 900 kJ Que quantidade, em mols, de metano deve ser queima- da para suprir a energia necessária à decomposição de 100 mols de HgO? a) 2,0 mols d) 10 mols b) 4,0 mols e) 20 mols c) 5,0 mols EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES 67 (Uerj) Um dos processos de controle de dióxido de car- bono em atmosferas artificiais consiste na utilização do hidróxido de lítio, que, após a hidratação, seguida de carbonatação, elimina o referido gás do ambiente. São apresentadas abaixo duas das três equações que descre- vem esse processo. 1a etapa: LiOH (s) � H2O (g) LiOH � H2O (s) ΔH � �14,5 kcal Reação global: 2 LiOH (s) � CO2 (g) Li2CO3 (s) � H2O (g) ΔH � �21,4 kcal Escreva a equação termoquímica correspondente à se- gunda etapa do processo descrito. 68 (UFSCar-SP) Considere as equações: • Ca2� (g) � 2 Cl� (g) CaCl2 (s) ΔH � � 2.260 kJ/mol • Ca2� (g) Ca2� (aq) ΔH � �1.657 kJ/mol • Cl� (g) Cl� (aq) ΔH � �340 kJ/mol A entalpia de dissolução, em kJ/mol, do cloreto de cálcio em água, é: a) �714 d) �77 b) �263 e) �263 c) �77 69 (Fuvest-SP) Considere a reação de fotossíntese e a reação de combustão da glicose representadas abaixo: 6 CO2 (g) � 6 H2O (l) C6H12O6 (s) � 6 O2 (g) C6H12O6 (s) � 6 O2 (g) 6 CO2 (g) � 6 H2O (l) Sabendo-se que a energia envolvida na combustão de um mol de glicose é 2,8 � 106 J, ao sintetizar meio mol de glicose, a planta: a) libera 1,4 � 106 J. d) absorve 2,8 � 106 J. b) libera 2,8 � 106 J. e) absorve 5,6 � 106 J. c) absorve 1,4 � 106 J. 70 (UFRN) É possível sintetizar o metano (CH4) gasoso a partir da reação do carbono (C) sólido com hidrogênio (H2) gasoso. Considere os valores de variação de entalpia, nas condi- ções normais de temperatura e pressão expressos nas seguintes equações: • C (s) � O2 (g) CO2 (g) ΔH � �393,5 kJ/mol • H2 (g) � 1 2 O2 (g) H2O (l) ΔH � �285,8 kJ/mol • CH4 (g) � 2 O2 (g) CO2 (g) � 2 H2O (l) ΔH � �890,3 kJ/mol A partir dos dados acima, o tipo de reação e a variação de entalpia para a síntese do metano podem ser repre- sentados pelo gráfico: a) Clorofila Luz C (s) CH4 (g) � 2 H2 (g) H ΔH = �74,8 kJ/mol C (s) CH4 (g) � 2 H2 (g) H ΔH = �211 kJ/mol C (s) CH4 (g) � 2 H2 (g) H ΔH = �74,8 kJ/mol C (s) CH4 (g) � 2 H2 (g) H ΔH = �211 kJ/mol d) b) c) R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 348 Aprendemos, nos itens anteriores, que a variação de entalpia (ΔH) mede a quantidade de calor liberada ou absorvida numa reação em sistema aberto. Antigamente acreditava-se que seria espontânea toda reação que liberassecalor, e vice-versa. Atual- mente, contudo, conhecem-se processos que são espontâneos, apesar de absorverem calor; é o caso da evaporação da água: H2O (l) H2O (v) ΔH � �43,7 kJ Concluímos, então, que deve haver algum outro fator, além da liberação de calor, que influi na espon- taneidade de um processo. Esse novo fator é a tendência natural de todo sistema de caminhar para uma situação de maior desordem. É o que acontece no exemplo acima: ao passarem do estado líquido para o gasoso, as moléculas de água ficam mais “livres”, mais “soltas”, isto é, em maior desordem. Para avaliar o grau de desordem de um sistema, os cientistas imaginaram uma grandeza denomi- nada entropia, usualmente designada por S, tal que: Aumento de desordem Aumento de entropia Matematicamente, temos: ΔS � Sfinal � Sinicial � 0 O contrário acontece no caso de diminuição da desordem ou aumento da ordem no sistema. Juntando as duas ideias: • uma reação é espontânea quando libera calor; • uma reação é espontânea quando há aumento de desordem no sistema. Criou-se uma nova grandeza, chamada energia livre (G), tal que sua variação obedece à seguinte relação matemática: 7 ENTROPIA E ENERGIA LIVRE Você pode observar O estudo dos calores das reações e a criação da ideia de entalpia foram muito importantes no desenvolvimento da Termoquímica. Como sempre acon- tece, porém, novas observações e novas experiências estimulam os cientistas a melhorar as explicações dos fenômenos da natureza. Agora pode-se dizer com maior segurança que: A reação é espontânea quando ΔG � 0 e não espontânea quando ΔG � 0. As ideias de variação de entropia (ΔS) e de variação da energia livre (ΔG) — que complementam a ideia de variação de entalpia (ΔH ) — constituem um bonito exemplo da evolução da ciência. Como já dissemos em ocasiões anteriores, à proporção que novas observações são feitas e novos dados são coletados, novas ideias surgem, visando explicar melhor os fatos da natureza. No entanto, a explicação dos fenômenos somente se torna completa depois que novas grandezas (e novas medidas) são criadas, tornando possível traduzir a conclusão final em uma fórmula matemática. ΔG � ΔH � T � ΔS em que ΔG é a variação de energia livre. ΔH é a variação de entalpia. T é a temperatura absoluta da reação. ΔS é a variação de entropia. (T � ΔS é chamada “energia de organização”). a) A entropia, designada por , mede o grau de de um sistema material. b) A variação de energia livre, designada por , depende da variação de , da variação de e da do sistema. c) Uma reação é espontânea quando a variação da energia livre é que zero. REVISÃO R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Capítulo 14 • TERMOQUÍMICA 349 EXERCÍCIO RESOLVIDO EXERCÍCIOS 71 (UFRN) Um mol de água deve apresentar maior entropia quando estiver no estado: a) líquido. b) gasoso. c) sólido. d) líquido ou sólido, independendo da temperatura am- biente. e) líquido ou sólido, dependendo da forma do recipien- te que contém a água. 72 (Uece) Para avaliar o “grau de desordem” de um siste- ma, os cientistas idealizaram uma grandeza denominada entropia, usualmente designada por S, tal que: 1. Aumento de Desordem ⇒ Aumento de Entropia ΔS � 0 ⇒ Sfinal � Sinicial 2. Aumento de Ordem ⇒ Diminuição de Entropia ΔS � 0 ⇒ Sfinal � Sinicial A transformação em que ocorre diminuição de entropia é: a) Ferro (s) Ferro (l) b) C6H6 (l) � 3 H2 (g) C6H12 (l) c) 2 O3 (g) 3 O2 (g) d) H2O (l) H2O (v) 73 (CeuB-DF) A reação de combustão do etanol pode ser representada pela seguinte equação: C2H5OH (l) � 3 O2 (g) 2 CO2 (g) � 3 H2O (g) Esta transformação pode ser classificada como: a) exotérmica com diminuição da entropia b) exotérmica com aumento da entropia c) endotérmica com diminuição da entropia d) endotérmica com aumento da entropia e) uma reação atérmica Fusão Vaporização 78 (Unitau-SP) Na reação de formação do gás de água, a 25 °C e 1 atm, temos ΔH � 31,4 kcal/mol e ΔS � �0,032 kcal/K � mol. a) Qual é o ΔG? b) A reação ocorre nessa temperatura? 79 (UFPE) Grande parte da energia necessária à vida humana provém da oxidação do açúcar no organismo, gerando dióxido de carbono e água, conforme a reação a seguir. C6H12O6 � 6 O2 a CO2 � b H2O ΔG � �686 kcal/mol Com relação a esta reação podemos afirmar que os coe- ficientes a e b são, respectivamente: a) 12 e 18 e a reação é espontânea. b) 6 e 6 e a reação é espontânea. c) 6 e 8 e a reação não é espontânea. d) 4 e 6 e a reação é espontânea. e) 6 e 12 e a reação não é espontânea. 80 Acima de que temperatura a reação 1 2 I2 (g) � 1 2 Cl2 (g) ICl (g) torna- -se espontânea? (Dados: ΔH � 8,4 kcal/mol; ΔS � 37 cal/K � mol) Resolução Uma reação torna-se espontânea quando ΔG � 0. Ora, sendo ΔG � ΔH � T � ΔS, devemos ter ΔH � T � ΔS � 0, ou seja, T � ΔS � ΔH . Substituindo os valores dados no problema, temos: T � 37 � 8.400 ⇒ ⇒ T � 227 K ou t � �46 °C 81 Acima de que temperatura a reação H2 (g) � 1 2 O2 H2O (g) torna-se espontâ- nea? (ΔH � �58,1 kcal/mol; ΔS � �10,6 kcal/K � mol) EXERCÍCIO RESOLVIDO 74 Calcule a variação de entropia (ΔS) da reação H2 (g) � I2 (g) 2 HI (g) a 25 °C, sa- bendo que, nessa temperatura, as entropias padrão são: H2 (g) � 31,2 cal/K � mol; I2 (g) � 27,9 cal/K � mol; HI (g) � 49,3 cal/K � mol. Resolução H2 (g) � I2 (g) 2 HI (g) 31,2 27,9 2 � 49,3 59,1 98,6 ΔS � Sfinal � Sinicial ΔS � 98,6 � 59,1 ⇒ ΔS � 39,5 cal/K � mol Esse valor corresponde à formação de 2 mols de HI; portanto, para 1 mol de HI temos (dividindo por dois): ΔS � 19,75 cal/K � mol 75 Calcule a variação de entropia da reação H2 (g) � 1 2 O2 (g) H2O (g). (Entropias padrão, na temperatura da reação, em cal/K � mol: H2 (g) � 31,2; O2 (g) � 49,0; H2O (g) � 45,1) EXERCÍCIO RESOLVIDO 77 (FEI-SP) Para uma reação, sabe-se que ΔH � 20 kcal/mol e ΔS � 80 cal/mol � K. Qual é o ΔG dessa reação a 1.000 K? Resolução ΔG � ΔH � T � ΔS ΔG � 20.000 � 1.000 � 80 ΔG � �60.000 cal/mol ou ΔG � �60 kcal/mol 76 Qual é a variação de entropia da reação: 6 C (grafite) � 3 H2 (g) C6H6 (l)? (Entropias padrão, em cal/K � mol; C (grafite): 1,4; H2 (g): 31,2; C6H6 (l): 41,3) R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 d o C ód ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . • Fundamentos da Química 350 LEITURA A PRODUÇÃO E O CONSUMO DE ENERGIA Atualmente, as principais fontes de energia são: o carvão mineral, o petróleo e o gás natural. Além do grande consumo de petróleo, o Brasil deve boa parte da energia às suas usinas hidrelétricas. Períodos de seca prolongada, po- rém, reduzem a quantidade de água nas repre- sas, o que pode provocar o racionamento de energia elétrica ou os apagões. No curto prazo, procurou-se a alternativa das usinas termelé- tricas. Estas, no entanto, consomem grandes quantidades de combustível — derivados do pe- tróleo ou gás natural — e ocasionam poluição. É bom lembrar que o carvão mineral, o pe- tróleo e o gás natural são fontes de energia: • não-renováveis; portanto, mais cedo ou mais tarde, irão esgotar-se; • poluidoras, pois os gases produzidos em suas combustões comprometem a atmosfe- ra terrestre. Considerando o aumento da população terrestre e o aumento de consumo de energia por habitante, concluímos que a manutenção do desenvolvimento humano só será possível se houver: • produção de mais energia, por meio de no- vos processos que sejam econômicos e não poluidores; • economia de energia, com o uso de máqui- nas e aparelhos mais eficientes e com a ree- ducação de pessoas e nações. Vejamos, então, algumas fontes alternati- vas de energia. a) Energia nuclear — As usinas atômicas atuais produzem energia pela fissão do urânio (com- bustível não-renovável). A quantidade de ener- gia produzida é grande (1 g de urânio-235 equi- vale a 13,7 barris de petróleo); o processo, po- rém, é caro e oferece o perigo de a radioativi- dade escapar em caso de acidente.
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