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DISCUSSÃO DO CASO CLÍNICO Síndrome de Cushing John dos Santos e Santos Identificação: E.B.S., gênero masculino, 45 anos, casado, mora com esposa e filho; trabalha como marceneiro numa fábrica de móveis e reside em Salvador (BA). Queixa: Paciente em acompanhamento pelo setor de Endocrinologia, com quadro clínico em evolução, apresenta 3 anos de acompanhamento, caracterizado por aumento ponderal de 16 kg (72 para 88 kg). O mesmo tem se mostrado pouco tolerante e impaciente com familiares e pessoas próximas. Antecedentes familiares: Pai diabético e mãe cardiopata. Quadro clínico: Sobrepeso, com IMC = 26,7 kg/m2; Hipertensão arterial sistêmica, com baixa adesão ao tratamento, PA = 145/90 mmHg; presença de equimoses e estrias violáceas. Exames laboratoriais: Glicemia de jejum - 115 mg/dL (valor de referência (VR): 60-99); Cortisol sérico (CS) às 8h – 33 µg/dL (VR: 5-25), cortisol salivar à 0h – 280 ng/dL (VR até 100). CS após administração de 8mg dexametasona – 22 µg/dL; ACTH basal – 43 pg/ mL (VR: 5-46). Foi feita uma ressonância magnética da sela túrsica que se apresentou sem anormalidades. 1) Que glândula está envolvida neste caso? RESPOSTA: Glândula suprarrenal 2) Comente os sinais e sintomas, juntamente com os exames obtidos, qual a hipótese de diagnóstico? RESPOSTA: Os exames evidenciam alta concentração hormonal de cortisol no organismo e, por conseguinte, há uma correlação intrínseca com os sinais e sintomas que o indivíduo está apresentando. O aumento ponderal de 16 kg – contribuindo para o sobrepeso – se justifica pela retenção de líquidos e pela redistribuição da gordura corporal (podendo evoluir para obesidade centrípeta). A irritabilidade também ocorre em virtude da ação direta do cortisol no encéfalo, além da estimulação à liberação de adrenalina. Outrossim, a HAS ocorre em decorrência da ampla retenção de sódio e líquidos; a liberação de adrenalina na circulação também promove vasoconstrição e, consequentemente, a pressão sobre os vasos permanece alta. A presença de equimoses (“hematomas”) e estrias violáceas ocorre em razão da redução das proteínas das fibras colágeno no tecido subcutâneo, que se tornam frágeis. A glicemia de jejum também se mostra elevada como consequência da ampla produção de glicose no fígado. Finalmente, a partir dos sinais e sintomas e, também, dos exames laboratoriais, a hipótese diagnóstica é a síndrome de Cushing. 3) Que procedimentos terapêuticos são indicados? RESPOSTA: Os procedimentos terapêuticos variam em função da etiologia. Em caso de adenomas na hipófise (pouco provável neste caso, uma vez que a ressonância magnética não evidenciou alterações na região da sela túrcica) e na própria glândula adrenal, recomenda-se o uso de medicamentos específicos para controlar quantidade do hormônio e, se viável, a intervenção cirúrgica visando retirar o tumor. Em alguns casos, a radioterapia também é necessária após a cirurgia. Em caso de estresse crônico, a terapêutica visa, principalmente, combater o estresse e a ansiedade por meio de psicoterapia e momentos de lazer. Outrossim, recomenda-se a prática regular de exercícios físicos e a adoção de uma dieta saudável e balanceada, diminuindo o consumo de café – por exemplo – e maximizando a ingestão de alimentos ricos em vitamina C. 4) Qual seria a influência do fator estresse sobre o desenvolvimento dessa disfunção endócrina? RESPOSTA: A liberação do hormônio cortisol se exacerba nos momentos de estresse. Tal hormônio age defronte de situações emergências, ativando vias nervosas ligadas ao hipotálamo e, por conseguinte, promovendo adaptações fisiológicas para ajudar na resposta física aos problemas. O aumento da pressão arterial, elevada quantidade de glicose na circulação sanguínea, além do aumento de batimentos cardíacos propiciam a energia necessária para luta/fuga. Não obstante, quando o estímulo provocado pelo estresse ocorre diuturnamente – isto é, torna-se perene – pode haver uma liberação contínua e exacerbada de cortisol, culminando em uma disfunção endócrina que gera efeitos sistêmicos, como a síndrome de Cushing.
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