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Afecções do sistema reprodutivo de ruminantes

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Letícia Beatriz Mazo Pinho | UAM | Proibida a comercialização deste resumo 
afecções do sistema reprodutivo de RUMINANTES e CASOS CLÍNICOS  
Caso clínico  
O tratador do rebanho de uma propriedade de gado de corte reuniu os animais num piquete para vaciná-los, e observou uma vaca no cio sendo montada por um touro. Porém, quando chegou perto do touro notou que ele não tinha prepúcio, pênis, testículo e nem saco escrotal, mas sim uma vagina com clitóris desenvolvido. Explique este caso. 
Intersexo  
A intersexualidade é a alteração no desenvolvimento orgânico, que se contrapõe às características determinadas pelo sexo genético (cromossômico), que leva a algumas anomalias do desenvolvimento do trato reprodutor. Durante o desenvolvimento embrionário e fetal, temos a diferenciação sexual acontecendo em três estágios:  
· Sexo cromossômico: A primeira coisa que acontece na fecundação é a determinação do sexo cromossômico, porque o oócito tem o cromossomo X e vai ser fertilizado por um espermatozoide, que ou carrega o cromossomo X ou o cromossomo Y.  
· Sexo gonadal: desenvolvimento da gônada embrionário indiferenciada (ovários e testículo).  
· Sexo fenotípico.
 
Diferenciação sexual fetal  
Quando o oócito for fecundado por um espermatozoide Y, que carrega junto do cromossomo o gene SRY, é responsável pela masculinização do organismo em desenvolvimento, já que vai diferenciar a gônada, e essa gônada indiferenciada vai caminhar em direção aos testículos. No testículo temos as células de Sertoli e de Leydig (produzem testosterona), assim, a partir do momento que a gônada indiferenciada se transforma em testículo embrionário ocorre a produção de testosterona pelas células de Leydig e um similar, o 5DHT, com isso, a testosterona desenvolve os ductos mesonéfricos, dando origem aos testículos, ductos deferentes e epidídimo. A 5-DHT desenvolve o fechamento Sino urogenital dando origem ao desenvolvimento de uretra, próstata, glândulas bulbouretrais, pênis, prepúcio e escroto. Além disso, as células de Sertoli vão produzir o hormônio anti-mulleriano (MIF), que bloqueia e impede o desenvolvimento dos ductos de muller, que é responsável pelo desenvolvimento de útero, cérvix e vagina. A diferenciação da genitália masculina interna e externa é um processo dependente da produção de hormônios, ou seja, produção da testosterona e 5-DHT pelo testículo embrionário. 
Quando o oócito for fecundado por um espermatozoide X, não haverá a presença do gene SRY, bem como os hormônios e estruturas que a testosterona desenvolve, assim como o processo de diferenciação da genitália feminino é independe dos hormônios ovarianos. Sem a inibição do hormônio anti-mulleriano, a gônada antes indiferenciada vai receber estímulos dos ductos paramesonéfricos que levarão ao desenvolvimento do útero, cérvix e vagina
 
Tipos de intersexualidade  
1. O hermafrodita verdadeiro ou ambiglandular é o indivíduo que vai possuir gônadas de 2 tipos, anatômica e funcionalmente ativos, ou ainda, podem ter o ovotestis, que é a fusão do testículo com o ovário 
1. Pseudo-hermafrodita masculino: apresenta gônada masculina, com característica sexual secundária feminina  
1. Pseudo-hermafrodita feminino: apresenta gônada feminina, com característica sexual secundária masculina 
O pseudo-hermafrodita ocorre quando há uma disfunção em toda cadeia da diferenciação sexual fetal, onde ou o testículo embrionário não produzir quantidades suficientes de hormônio masculino, ou ainda, como nesse caso, não produziu o hormônio anti-mulleriano. O sexo cromossômico não irá bater com o sexo genotípico e fenotípico.
Etiologia  
1. Fatores genéticos  
1. Insuficiência endócrina do testículo embrionário  
1. Aplicação de andrógenos (testosterona) exógenos na gestante 
1. Fatores cromossômicos 
 
Freemartinismo  
Uma forma de intersexualidade que ocorre em mais frequência nas vacas. Ele acontece quando temos uma gestação gemelar com fetos de sexos diferentes, onde a síndrome de martim ocorre em consequência da anastomose dos vasos sanguíneos da placenta. Com essas trocas recíprocas de sangue, a diferenciação sexual no macho é antes da fêmea, por volta de 30-40d de gestação, e por conta disso, terá a passagem de várias substâncias e estruturas orgânicas entre os fetos. Nesse caso a fêmea é infértil em decorrência do desenvolvimento precoce do macho, onde, liberando o MIF, acabará não tendo o desenvolvimento do seu trato reprodutivo normal. Isso é mais frequente em vacas de leite e em épocas específicas, assim, quando ocorre essa dupla ovulação, cerca de 90% dos casos quando os animais nascem e se confirma ser uma gestação gemelar heterossexual, sabemos que é um caso de freematismo. Por consequência da testosterona e o hormônio 5-DHT passarem para fêmea, machos também são sub-férteis. 
· Anastomose dos vasos córioalantoideanos e fusão da circulação das membranas fetais
 
1. Passagem de células (hemácias e leucócitos): quimeras (possuem células XX e XY) 
1. Passagem de andrógenos  
1. Passagem do FDT (fator de diferenciação de testículo) 
1. Passagem do MIF (fator inibidor dos Ductos Muller) 
1. Modificação na organogênese do aparelho genital da fêmea 
1. Desenvolvimento mais precoce dos testículos  
1. Testosterona e 5 dihidro-testosterona
O freemartinismo é uma intersexualidade frequente nos bovinos e acaba sendo raro em outras espécies, já que, somente os bovinos possuem a anastomose de vasos sanguíneos entre os fetos, gerando grandes prejuízos econômicos de 0,3 a 0,9% por ano (o produto gerado será inviável para a produção)
  
Sinais clínicos do freemartinismo  
1. Masculinização da fêmea 
1. Alterações de temperamento  
1. Maior massa muscular e acúmulo de gordura 
1. Alterações de vulva: pequena, pelos longos, pseudoprepúcio, hipertrofia de clítoris a pênis hipoplásico 
1. Vagina mais curta ou em fundo cego em porção cranial (trato reprodutivo da fêmea pouco desenvolvido)  
1. Palpação retal  
1. Gônada indiferenciada e hipoplásica  
1. Agenesia ou hipoplasia de corpo e cornos uterinos (ação do hormônio anti-mulleriano que bloqueia o desenvolviento dos ductos de muller) 
1. Percepção de segmentos tubulares e glândulas rudimentares 
1. Avaliação citogenética: quimerismo XX/XY com 93% de segurança no diagnóstico 
1. Diagnóstico: ambivalência e quimerismo  
1. Prognóstico: quanto à vida pode ser considerado bom, quanto à sua função é considerado mau, pois esses animais serão estéreis 
1. Não há formas de tratamento  
 
 Útero pouco desenvolvido com persistência do ducto mesonéfrico
 
 
 Hipertrofia de clitóris e mais presença de pelos na comissura ventral da vulva  
 
Caso clínico  
Você é chamado às pressas em uma fazenda para atender uma ovelha que está com uma “bola pendurada pela vulva”. O que pode ser esse tecido exteriorizado? 
 
Prolapso vaginal  
O prolapso vaginal é o deslocamento da mucosa vaginal (total ou parcial) da sua posição normal externamente a vulva pela rima vulvar. É uma afecção multifatorial, porém, para que ocorra o prolapso vaginal, é necessário a junção de três fatores acontecendo ao mesmo tempo: relaxamento vaginal (ligamentos pélvicos) com aumento do lúmen vulvar e força, está, que irá deslocar a vagina da sua força original. Ele acontece em maior frequência em bovinos e ovinos. Dentre as possíveis causas para o prolapso vaginal, podemos citar o aumento da pressão intra-abdominal, sendo mais recorrente no final da gestação (considerando que o feto ao final da gestação cresce 6% do seu tamanho), mas não sendo uma regra, e por isso, pode acontecer em qualquer idade, podendo as fêmeas idosas e pluríparas terem maiores tendência ao prolapso vaginal.  
A força que pressiona a vagina caudalmente pode ser desencadeada em diversas situações como em decúbito, defecação, micção, gestação e hidropsia (hidropsia dos envoltórios fetais, uma patologia que faz com que aumente a produção do líquido placentário)
   
1. Agentes mecânicos: estábulos inclinados e transportes  
1. Obesidade  
1. Cervicites e vaginites: 
 
Sinais clínicosdo prolapso vaginal  
1. Prolapso parcial da vagina  
1. Exteriorização de uma porção da vagina  
1. Mucosa avermelhada, lesionada e inflamada  
1. O prolapso nas vacas aparece em decúbito e em pequenos ruminantes normalmente é permanente
 
1. Prolapso total da vagina  
1. Permanente em todas as espécies, vagina e cérvix  
1. Mucosa edematosa, inflamada, infectada e necrótica  
1. Retenção urinária por constrição uretral
 
1. Diagnóstico  
1. Sinais clínicos (estrutura e rima vulvar) com exame físico para diferenciar tumor ou hiperplasia de vagina  
1. US: viabilidade fetal e posicionamento vesicular  
1. Tratamento 
1. Limpeza e desinfecção da mucosa 
1. Causa base (hipropsia, vaginite, etc)  
1. Redução do prolapso associado a uma anestesia epidural  
1. Sondagem vesical para facilitar a redução do prolapso  
1. Técnica de manutenção por suturas vulvares: retirar o fator de aumento do lúmen vulvar que causa o prolapso (se a fêmea estiver no fim da gestação, devemos retirar a sutura)
  
Sutura com processo de flessa  
  
Reposicionamento da mucosa vaginal prolapsada, o aparelho tem três pinos que vão perfurar os lábios vulvares e mantem os dois trilhos juntos para diminuir o lúmen da vulva.
  
Sutura com processo de Buhner  
 
É a técnica mais utilizada para correção de prolapso vaginal, a agulha é introduzida margeando a comissura ventral e vamos por uma lateral do subcutâneo, saindo um pouco lateral a comissura dorsal da vulva, a agulha tem um colchete na ponta, iremos passar uma fita e puxar essa agulha, e quando puxamos, a linha vai passar pela borda esquerda da vulva e sai rente a comissura ventral. Com isso, fazemos um nó e o lúmen da vulva ficará menor. É mais simples e menos agressivo que o Flessa, sendo a mais utilizada nas vacas para reverter o prolapso vaginal.
Sutura com caslick modificado
É mais freqüente em éguas que em vacas, a idéia nesse caso é fazer uma aplicação de lidocaína subcutânea nos dois lados da porção dorsal da vulva. Tiramos um flap da mucosa dos dois lados para reativar o tecido, e após, realizamos a sutura (normalmente simples contínua)
Caso clínico 
Você é chamado para avaliar uma vaca que foi inseminada, mas ficou vazia ao diagnóstico de gestação. No exame ginecológico, observa que há secreção vaginal purulenta. Ao realizar a palpação transretal, não detecta alterações em útero e ovários. Onde pode estar o problema?
 
Infecções vaginais 
A microbiota vaginal em ruminantes é variavel de acordo com número e composição dos microrganismos, diversos fatores podem alterar essa ambiente e qualquer desequilíbrio pode causar infecções.
As infecções vulvo-vaginais são caracterizadas por hiperemia, presença de exsudato purulento e infiltrado inflamatório leucocitário. 
Podem ser por diversas causas como vírus, bactérias ou protozoários transmitidos pelo coito
1. Ureaplasma diversum 
1. Mycoplasma bovigenitalium 
1. Herpesvirus bovino tipo 1 
Sinais clínicos: é observado descarga purulenta valvar, infertilidade (no sentido de não aceitar monta, e física); pústulas e erosões; nódulos marrons ou avermelhados e nódulos brancos (HVB). 
O tratamento irá variar de acordo com o agente envolvido. 
Caso clínico 
Em uma propriedade de vacas leiteiras, um inseminador experiente tentou pela primeira vez inseminar uma vaca jovem que já tinha sido coberta por um touro e ficado gestante. Ele ficou por mais de 15 minutos manipulando a cérvix da vaca, e não conseguiu passar o aplicador pelos anéis cervicais. Quais as possibilidades de etiologia para este caso? Qual o tratamento?
Cervicopatias
São desde congênitas com aplasia segmentar, dupla, curta, retorcida e outras, até adquiridas, como advinda por uma vaginite, endometrite, pelo uso incorreto de pipetas de IA (causa lesão e processo inflamatório), ou prolapso dos anéis cervicais externos. Também pode ser em decorrência do agente Actinomyces pyogenes. 
Sinais clínicos de uma cervicite (adquirida): 
1. Sinais: descarga mucopurulenta, repetição de cio, infertilidade, dificuldade de passagem de pipeta de IA
1. Exame ginecológico: cervix externa edematosa, vermelha escura, inchada, descarga purulenta e abscessos. 
1. Tratamento: antibioticoterapia local/sistêmica, swab com antisséptico nos anéis afetados
 
 Constrição do anel cervical e cérvix tortuosa 
 Divertículos cervicais 
 Cérvix dupla verdadeira

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