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Auditoria Financeira 1ª edição 2017 Auditoria Financeira 3 Palavras do professor Olá, seja bem vindo à disciplina de Auditoria Financeira. Mas afi nal o que é Auditoria Financeira? Qual a importância desta disciplina para a sua atua- ção cotidiana como profi ssional? Ao escolher o curso de Ciências Contábeis cada um de vocês fez esta escolha profi ssional baseado na sua história de vida de cada um de vocês. Este desejo que você possui de se tornar um futuro contador ou um futuro auditor, o motiva a estar agora lendo este material educativo que eu enquanto professor, a partir de conhecimentos adquiridos ao longo de minha vida em contato com outros professores ou mediadores, me possi- bilita disponibiliza-los a vocês. Esta relação que agora estabelecemos de compartilhar o conhecimento se dá cotidianamente dentro e fora do meio acadêmico, mediada presen- cialmente ou virtualmente, ocorre na nossa relação com a nosso contato com profi ssionais da área contábil e da área de auditoria, sempre estamos ora aprendendendo, ora ensinando. A disciplina Auditoria Financeira que é uma disciplina que os capacitará para revisar as demonstrações contábeis, as demonstrações fi nancei- ras, os registros e as transações de uma empresa, cuja fi nalidade é a de assegurar a segurança das informações e proporcionar credibilidade as demonstrações fi nanceiras e contábeis. Você está preparado para este desafi o? Você consegue se visualizar como um profi ssional apto para revi- sar as demonstrações contábeis de uma empresa, elaborando um relató- rio fi nal para ser apresentado para os gestores da empresa? Então vamos lá! ... Dividida em oito unidades de aprendizagem nesta disciplina vamos refl e- tir sobre o conceito e a função da auditoria nas organizações, sua impor- tância, seus papéis de trabalho e seu relatório fi nal, de forma que possam nos ajudar a melhor exercer a nossa profi ssão. Sejam todos bem vindos e bom curso para todos!!! 1 4 Unidade de estudo 1 Conceito e Modalidades de Auditoria Financeira e Contábil Para iniciar seus estudos A Auditoria é a técnica contábil que visa obter elementos de modo a ter- -se convicção para julgar as demonstrações contábeis de uma entidade foram efetuados conforme os princípios de contabilidade fundamentais e se refl etem a situação econômico da entidade, o resultado do período examinado e as demais situações e informações nele demonstrados. Objetivos de Aprendizagem • Conhecer o Conceito e os Tipos de Auditoria. • Conhecer os Princípios Básicos de Auditoria. 5 Auditoria Financeira | Unidade de estudo 1 – Conceito e Modalidades de Auditoria Financeira e 1. Conceito de Auditoria A palavra auditoria vem de um termo em latim “audire”, que significa “ouvir”. Os primeiros povos a aplicarem a auditoria na contabilidade foram os ingleses, que na época utilizavam, como termo a palavra auditing, que nada mais eram que procedimentos técnicos contábeis que revisavam a contabilidade, por simples conferência. Mas se formos analisar na antiguidade, no Egito Antigo, os escribas já possuíam técnica de contabilidade, e revi- saram as informações relativas aos bens, especialmente no estoque e grãos. Esse método era tão antigo quanto a escrita. Mais adiante, nos séc. XV e XVI, a contabilidade como a conhecemos, foi desenvolvida pelos italianos, sendo que o primeiro Colégio de Contadores surgiu em Veneza, no ano de 1581. Os jovens aprendizes nessa época, passa- vam por um período de 6 anos de aprendizado, e após isso passavam por uma prova, para serem admitidos como alunos. A auditoria por esse período, se restringia a simples conferência das informações contábeis, e se restringia mais a parte operacional. Com o surgimento da Revolução Industrial, as organizações se tornaram mais complexas, exigindo por isso mesmo, um controle patrimonial/financeiro mais aprimorado. Com o surgimento dos tributos, circulação de capitais, investimento em mão de obra e patrimônio, a contabili- dade foi se tornando mais complexa, e a auditoria foi se evidenciando como uma técnica contábil mais apurada, e um importante recurso para orientar os fatos contábeis, e a estratégia da empresa para obtenção de mercado. Com a expansão de seus negócios e a globalização, as empresas têm a necessidade de revisar seus controles internos e todos os seus procedimentos operacionais, gerenciais, financeiros, bem como; também a necessidade de uma pessoa que auxiliasse na administração e na execução destas atividades. Surgiu então o auditor que realiza este trabalho de maneira periódica, que pode exigir ou não um certo grau de profundidade. Não neces- sariamente o papel do auditor, visa somente a área contábil/financeira da empresa, bem como também outras áreas não relacionadas com a financeira, principalmente para o fato de verificar-se se as normas internas da organização vêm sendo seguidas. Então, na atualidade como podemos definir hoje a auditoria? Hoje a auditoria é basicamente a analise sistemática das rotinas, procedimentos, informações de uma entidade, através de suas demonstrações financeiras. Sua fun- ção primordial, é oferecer as pessoas interessadas (sócios, sociedade, fisco, governo) um posicionamento neutro sobre esses números tendo como embasamento principal normas e procedimentos contábeis/financeiros. Então podemos dizer que a Auditoria é um exame analítico de uma determinada operação contábil, ou finan- ceira, cujo objetivo é atestar sua validade. 6 Auditoria Financeira | Unidade de estudo 1 – Conceito e Modalidades de Auditoria Financeira e Figura 1 – Conceito de Auditoria Legenda: Conceito de Auditoria Fonte: https://pt.123rf.com Segundo as Normas Internacionais de Auditoria, a auditoria tem como principal objetivo expressar a opinião sobre as demonstrações contábeis e se estas foram elaboradas com adequações e diretrizes referentes aos Prin- cípios Fundamentais de Contabilidade, as normas da organização auditada, proporcionando credibilidade à Con- tabilidade. Ao profissional que é responsável pelos trabalhos de auditoria, dá-se o nome de auditor, e uma de suas prerro- gativas é ser essencialmente formado no Curso de Ciências Contábeis. Figura 2 – O Auditor Legenda: Profissional responsável pelos trabalhos de Auditoria Fonte: https://pt.123rf.com Conforme o Conselho Federal de Contabilidade, quando o auditor assume a responsabilidade pela auditoria de uma entidade, tem que se ter conhecimento suficiente desta entidade, de suas normas, de sua atividade, de sua atuação, de modo que assim, este profissional entenda todos os procedimentos realizados, e práticas contábeis 7 Auditoria Financeira | Unidade de estudo 1 – Conceito e Modalidades de Auditoria Financeira e efetuadas que são relevantes a situação patrimonial e financeira da empresa, de maneira a atingir os objetivos propostos, dentro da legislação. Em seu aspecto sistêmico, a auditoria não só auxilia a administração da entidade, na tomada de decisões, bem como através de seus relatórios, evidencia erros, omissão ou fralde, para salvaguardar o patrimônio da entidade. Então a Auditoria objetiva, após a aplicação de procedimentos pautados em normas profissionais reconhecidas, expressar uma opinião no relatório do auditor sobre as demonstrações financeiras que em resumo abrange as práticas adotadas no Brasil, os Princípios Contábeis, as Normas Brasileiras de Contabilidade e a Legislação per- tinente. Os Princípios Fundamentais da Contabilidade (Pcs) tiveram sua origem diante da necessidade de realizar um procedimento uniforme na prática contábil e por extensão à auditoria. Principalmente pelo fato de elaborar e interpretar apropriadamente as demonstrações financeiras/contábeis. Hoje temos no Brasil os princípios contá- beis apresentados pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) através da Resolução n. 750/1993, e redação dada pela Resolução CFC n. 1.282/2010; quais sejam: Princípio da Entidade; Princípio da Continuidade; Princípio da Oportunidade; Princípiodo Registro pelo Valor Original; Princípio da Competência e por último, Princípio da Prudência. Por princípio da entidade podemos entender que o Patrimônio da pessoa do sócio não se pode confundir com o Patrimônio da pessoa da empresa, ou seja, cada um possui própria Personalidade e Patrimônio próprios. Desta forma, os registros contábeis devem ser elaborados considerando-se o sócio como personalidade autônoma se comparado à empresa. Por Princípio da Continuidade “pressupõe-se que a entidade continuará suas atividades por tempo indeterminado e, portanto, livre de mensuração de tempo. Esse princípio determina que os registros contábeis devem ser feitos tendo como premissa principal que a empresa terá́ vida contínua e não terá fim. Por princípio da oportunidade pode-se entender como a mensuração e apresentação dos componentes patri- moniais de modo que produza informações que sejam reais e de confiança. A falta de integridade na divulgação das informações contábeis, podem ocasionar perda em sua importância, por isso é necessário equilibrar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da informação”. Em resumo, esse princípio menciona que os registros contábeis devem ser feitos oportunamente, ou seja, sempre no tempo correto. A escrituração dos fatos contá- beis deve integra e isenta de erros. O registro pelo valor original considera que os valores utilizados pela empresa devem ser lançados em moeda corrente nacional, e originados das transações que foram realizadas. O custo histórico e variações são conside- rados como referenciais de mensuração e devem ser utilizadas de diferentes formas. Essas variações do custo histórico ocorrem pelos seguintes fatores: a. custo corrente (valores na data das demonstrações contábeis); b. valor realizável (valor da venda do ativo ou do pagamento do passivo no decurso das operações); c. valor presente (valor presente do componente patrimonial); d. valor justo (valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liquidado, em uma operação que não ocorre favorecimentos); e e. atualização monetária (atualização realizada em moeda corrente nacional). O registro pelo valor original significa que as transações devem ser registradas pelo seu valor histórico considerando, quando neces- sário, as variações do custo destas operações. O Princípio da competência estabelece que “o fato contábil deve ser reconhecido no período que ocorrer, inde- pendentemente do recebimento ou do pagamento”. Assim, as receitas e despesas, que entendemos como um grupo de contas que determinarão o lucro ou o prejuízo de uma empresa, devem ser registradas, no momento que ocorrerem (seja no momento da prestação do serviço ou no momento da colocação da mercadoria à dispo- sição do cliente), e isto entendemos como o fato gerador. 8 Auditoria Financeira | Unidade de estudo 1 – Conceito e Modalidades de Auditoria Financeira e Por Princípio da prudência entendemos que deve ser adotado o menor valor para os componentes (contas) do ativo e de maior valor para os do passivo, por ser um entendimento mais justo, mais prudente. Desse modo, como princípio, indica que se houver duas situações idênticas que devam ser registradas na contabilidade, o senso con- tábil determina que devemos adotar sempre o que é mais prudente, mais sensato. Então adota-se maior despesa e menor receita, e valores menores para os bens e direitos (Ativo) e maiores para as obrigações (Passivo). O auditor também examina e pode avaliar o grau de confiança dos controles internos que a empresa possui, mas não se preocupa em identificar fraudes, a não ser que estas afetem as demonstrações contábeis em exame, em observância com a Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 700/91, que aprovou as normas de audi- toria independente das demonstrações contábeis. Apesar da Auditoria ser regulamentada no país no início da década de 60 em função da exigência do Mercado de Capitais essa atividade nos últimos anos tem sofrido diversas modificações relacionadas a atividade auditorial principalmente pelo Conselho Federal de Contabilidade, que está buscando adequar essa atividade as Normas Internacionais de Contabilidade. As Normas Brasileiras de Contabilidade Profissionais (NBC P) definem regras de exercício profissional e classifi- cam-se em: • Geral (NBC PG); do Auditor Independente (NBC PA); do Auditor Interno (NBC PI); do Perito (NBC PP) As Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas (NBC T) definem conceitos doutrinários, regras e procedimentos aplicados de Contabilidade e classificam-se em: • Geral (NBC TG); • do Setor Público (NBC TSP); • de Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica (NBC TA); • de Revisão de Informação Contábil Histórica (NBC TR); • de Asseguração de Informação Não Histórica (NBC TO); • de Serviço Correlato (NBC TSC); • de Auditoria Interna (NBC TI); • de Perícia (NBC TP); • de Auditoria Governamental (NBC TAG). A Auditoria Contábil, no Brasil, passou por uma reformulação normativa com base nos padrões estabelecidos pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), na condição de membro associado da Internacional Federativo of Accounting (IFAC), ou, traduzindo, Federação Internacional de Contadores, devidamente autorizado, e com o apoio do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon). Os auditores privados e públicos do Brasil, não possuem um Código de Ética ainda. Mas no que se refere aos audi- tores, quanto a obediência de Normas, existem normas de auditoria que trazem alguns preceitos éticos, princi- palmente a independência, responsabilidade, integridade e sigilo. No que se refere aos auditores públicos, estes também não possuem um código com normas éticas, mas há também regras e estudos que mencionam sobre a matéria, além dos relevantes preceitos da atual Constituição Federal, aplicados ao Auditor Público, e o Código de Ética dos Servidores Públicos do Governo Federal (Decreto n. 1.171de 22.06.94). Para as demonstrações financeiras/contábeis das Sociedades Anônimas (S/As), é adotado no Brasil, o que deter- mina a Lei n. 6.404/1976 que estabelece as seguintes demonstrações obrigatórias para este tipo de empresa: Balanço Patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstração dos Lucros ou Prejuízos acumu- 9 Auditoria Financeira | Unidade de estudo 1 – Conceito e Modalidades de Auditoria Financeira e lados, opcionalmente substituída pela demonstração das mutações do Patrimônio Líquido, demonstração do Fluxo de caixa e demonstração do valor adicionado. As S/As, além de serem obrigatoriamente auditadas, devem elaborar, a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Segundo as Normas do Conselho Federal de Contabilidade, a Auditoria Independente de Demonstrações Finan- ceiras tem como principal objetivo, verificar se as demonstrações financeiras e contábeis foram elaboradas de acordo com a estrutura de relatório financeiro que é um padrão estabelecido, que, no Brasil, é denominado prá- ticas contábeis brasileiras e compreendem: • legislação societária, • Normas Brasileiras de Contabilidade, emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, • pronunciamentos, interpretações e orientações emitidos pelo Comitế de Pronunciamentos Contábeis (CPC). • práticas adotadas pelas entidades em assuntos não regulados, desde que seja atendida à NBC T 1 — Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis emitida pelo Con- selho Federal de Contabilidade. O foco central dos trabalhos da Auditoria é o exame dessas demonstrações contábeis/financeiras, com o objetivo de emitir um relatório sobre sua adequação. O exame auditorial contábil tem como objetivo considerar a possibilidade de ocorrência de fraudes e erros. Na ocorrência relevante das mesmas, é função do auditor fazer observações em seu parecer ou expressar que suas análises foram realizadas de acordo com as Normas de Auditoria. Sendo assim, este exame não tem como pro- pósito descobrir fraudes e erros. Emboraa auditoria contábil seja um procedimento importante e indispensável para o controle de uma organi- zação, esta não deve ser considerada como imune a imperfeições ou falhas. A auditoria contábil muitas vezes é limitada no momento em que as imperfeições detectadas não assumem mais uma característica contábil, ou seja, abrangem, além dos controles patrimoniais, aspectos, como os voltados mais para a área de engenharia de produção ou de pesquisa operacional. Assim, a auditoria na área de custos pode detectar situações provenientes do conflito entre os custos-padrão com os custos reais, porém, mas não é capaz de identificar se essa divergência é decorrente de um desenho de projeto com baixa qualidade ou se é decorrente de uma regulagem de máquinas deficiente. Nesse sentido, essas situações, não são de competência da auditoria contábil. A auditoria confirma a própria finalidade da Contabilidade, avaliando se os registros estão corretos, os confir- mando aos administrados, ao fisco e até mesmo aos financiadores a fidedignidade das demonstrações contá- beis. Essa garantia, o da credibilidade, é um dos pontos centrais da auditoria. O auditor deve analisar essencialmente o controle interno da empresa, que tipo de negócio ele faz, interpretar as normas contábeis aplicadas para as principais práticas utilizadas pela empresa. O auditor quer saber essencial- mente onde estão os maiores problemas da empresa, e para chegar a essa conclusão, a análise dos demonstra- tivos é essencial, mas não é o único objeto de pesquisa. Esse levantamento inicial, geralmente é feito porque o auditor solicita para a empresa diversos documentos, além das demonstrações financeiras, e geralmente o trabalho do auditor não atinge 100% das documentações utilizadas pela empresa. Esse trabalho é feito por amostragem. Se o auditor identificar uma operação realizada de maneira incorreta, ele deve solicitar que a empresa realize as correções necessárias, sob pena de ter essa identificação mencionada nos relatórios finais de auditoria. Cabe a empresa, então, a não negar o fornecimento de documentações, essenciais a esse trabalho, nem tam- pouco, oferecer documentos falsos ou omitir a entrega de documentação, de modo a direcionar o trabalho do auditor, de maneira incorreta, porque a parte interessada, a empresa será a maior prejudicada, se assim proceder. 10 Auditoria Financeira | Unidade de estudo 1 – Conceito e Modalidades de Auditoria Financeira e As possibilidade que o auditor pode atuar são as mais variadas, sendo que as principais relacionadas com seu trabalho, se refere a sua atuação em empresas que negociam ações em bolsas de valores, ou aquelas empresas que pretendem negociar. Estas empresas precisam passar por diversos procedimentos de auditoria. Os auditores também podem atuar em auditoria de instituições financeiras, em empresas de planos de saúde, e em sociedades sem fins lucrativos. Por fim, o auditor pode atuar também internamente dentro de empresas que realizam trabalhos de auditoria, inicialmente como trainee, ou como estagiário. Nestas empresas, geralmente obedece ao plano de carreira, conforme número de auditorias realizadas, e assim o profissional pode até mesmo a ter seu negócio próprio, como sócio de uma empresa de auditoria, e diretamente responsável pelas operações da empresa. E por fim, pode atuar como profissional independente, atuando de forma mais autônoma. Muitos auditores, após o período de trabalho em empresas de auditoria, respeitados os prazos previstos em lei para seu término, atuam mesmo como consultores empresariais; inclusive em empresas que realizaram traba- lhos de auditoria, por já possuírem notório conhecimento da atividade da empresa, e de sua área de atuação, por conhecerem os métodos que a empresa adota no mercado de trabalho e principalmente por conhecerem as principais técnicas que a empresa adota, e procedimentos contábeis efetuados. Figura 3 – Trabalho da Auditoria Legenda: Auditor realizando seu trabalho Fonte: https://pt.123rf.com Geralmente, as pessoas em um primeiro momento, quando se fala em auditoria em uma empresa, tem em mente, que será feita uma investigação da empresa, a fim de descobrir pontos obscuros nas operações finan- ceiras e contábeis, no entanto não é este o ponto chave da auditoria. Na realidade nem o é. Que fique claro que a auditoria está inserida dentro de um contexto em que se procura apurar pelo exame de documentos, fatos e origens contábeis financeiras, eventuais irregularidades e equívocos realizados, para acertos e correções em demonstrações futuras. A análise das demonstrações financeiras, se são integras e fidedignas; as formas utilizadas para a informação dos dados, se os sistemas utilizados pela empresa estão em conformidade com a legislação, se os ativos da empresa estão sendo protegidos pelos procedimentos contábeis/financeiros realizados; e se há economia e eficiência nestes procedimentos; tais os principais pontos que a auditoria analisa. 11 Auditoria Financeira | Unidade de estudo 1 – Conceito e Modalidades de Auditoria Financeira e Por isso mesmo, este trabalho, o da auditoria, é um trabalho especialmente técnico, que em grande parte consiste em chegar se os procedimentos contábeis estão de acordo com as regras, tanto da empresa, como da legislação. E quem é responsável pela elaboração das Normas de Auditoria? Hoje estas normas são discutidas e promulgadas pelo CFC – Conselho Federal de Contabilidade que trabalha em conjunto com o Instituto de Auditores Independentes do Brasil (IBRACON), a CVM – Comissão de Valores Mobiliários, o Banco Central e a Superintendência de Seguros Privados. Por fi m, as Normas são promulgadas pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC, através de Resoluções. Normas Brasileiras de Contabilidade e Auditoria http://www1.cfc.org.br/conteudo. aspx?codMenu=116 É importante mencionarmos, que não somente os fatos reportados pela contabilidade são objeto de análise da Auditoria, mas também outros fatos e situações que ocorrem na empresa, mas que refl etirão nas análises e demonstrações fi nanceiras da empresa. Um exemplo disso foi no ano de 2013, quando do aumento das passagens de ônibus na cidade de São Paulo, que desencadeou uma onda de protestos. A Prefeitura de São Paulo, na ocasião, contratou os serviços de uma con- ceituada empresa de Auditoria Independente, para realizar um estudo independente, imparcial e aprofundado, tanto nos documentos da prefeitura, como nos documentos das empresas concessionárias do serviço. Na ocasião a empresa de auditoria encontrou divergências contábeis apresentados nos documentos das conces- sionárias, e podemos dizer que com esses dados foi possível ganhar qualidade na prestação destes serviços e com isso, uma economia de dinheiro, de modo a refl etir no custo destas passagens. Via de regra, não somente as empresas obrigadas por lei contratam serviços de auditoria. Mas podemos indagar: quais os benefícios então de realizar auditoria, em empresas que não são obrigadas a auditar? A resposta a esta indagação está no fato de que a auditoria pode ajudar a empresa a aumentar sua credibilidade junto a bancos, fornecedores e clientes; sem contar nas oportunidades que podem surgir para a empresa a médio e longo prazo. Diante disso, podemos dizer que a auditoria é uma ferramenta de gestão estratégica para a empresa porque os processos gerenciais passam a ser validados pela orientação dada pela auditoria após o exame de toda situação fi nanceira e patrimonial da empresa. Mas ressalte-se que a auditoria não tem o papel de ser uma ferramenta fi scalizadora, como já dissemos anterior- mente. O objetivo não é ir atrás de irregularidades e fraudes, mas acompanhar processos, controles e dados; e verifi car se estes estão refl etindo a realidade. O objetivo é conduzir a empresa por um caminho confi ável, para atingir efi ciência profi ssional e leva-la a cumprir leis. Em tempos de crise, podemos afi rmar que o papel do auditor e da auditoriacomo um todo, é de suma importân- cia, principalmente no fato de que um procedimento de auditoria efi caz, pode levar a empresa a reduzir custos, diminuir tempo gasto em processos desnecessários, e levar a empresa a uma economia real em tempos de crise, simplesmente com base em observações efetuadas nos relatórios fi nanceiros/contábeis da cia. 12 Auditoria Financeira | Unidade de estudo 1 – Conceito e Modalidades de Auditoria Financeira e Por isso mesmo o papel do auditor é de sua importância e responsabilidade, mas não menor é o papel da empresa como auxiliar neste trabalho, de modo a fornecer para o auditor todos os relatórios e informações necessárias para o bom desempenho de seu trabalho. Nesse sentido, tanto o auditor como a auditoria são solicitados para apurarem a responsabilidade e resguarda- rem a integridade da empresa, dos diretores e da liquidez das informações; como também para dar as informa- ções e garantias a todos os entes, s O auditor externo tem que ter independência absoluta no desempenho de seu trabalho, não deve aceitar quais- quer condições ou imposições da empresa. O auditor tem um contrato de prestação de serviço para com a empresa auditada, ele examina as demonstrações contábeis em por vezes, em alguma área específica ou proce- dimento específico. Sua finalidade é emitir relatório sobre a adequação das demonstrações contábeis em conformidade com as ativi- dades da empresa e em conformidade com a atividade que a empresa exerce. Este relatório deve ser totalmente independente, imparcial, e totalmente transparente. Dessa forma, a Auditoria é a peça fundamental na verificação de todas as demonstrações contábeis e relatórios gerenciais, sinalizando falhas que possam alertam para a necessidade de possíveis mudanças, ou mesmo de práticas adotadas pela empresa no uso de suas atribuições, sejam mercantis, sejam como prestadores de serviço. 1.1 – Modalidades de Auditoria De acordo com as atividades exercidas pela Auditoria, vamos mencionar a seguir os diversos tipos de modalida- des de Auditoria, de acordo com a atividade desenvolvida pela Auditoria nas organizações: Tabela 1 – Tipos de modalidades de Auditoria Auditoria de Gestão Auditoria cujo objetivo principal é emitir uma opinião voltada para a regularidade das contas, que averigua a execução de contratos, acordos, convênios ou ajustes, e a correta aplicação dos recursos, e principalmente, no zelo dos valores e do patrimônio das empresas e organizações. Auditoria Especial O objetivo principal é o de examinar fatos e/ou situações que estejam fora dos objetivos da empresa. Geralmente é realizada tendo como início fatos relevantes, de natureza incomum ou extraordinária, sendo realizada a pedido de autoridade competente, que podem ser: administração, sócios, acionistas entre outros. Auditoria de Logística Esta auditoria atua na logística da empresa, com o objetivo de verificar as principais atividades que compõem o negócio. 13 Auditoria Financeira | Unidade de estudo 1 – Conceito e Modalidades de Auditoria Financeira e Auditoria de Riscos Geralmente é realizada decorrente dos riscos que a empresa possui, ou de fatos importantes que podem criar situações presentes ou futuras para a empresa, que podem até limitar a empresa a atingir seus objetivos. Auditoria de Sistemas Objetiva avaliar a segurança e vulnerabilidade dos sistemas (softwares) de uma organização. Fonte: Attie, William (1992, p. 55) Nesse sentido a Auditoria vem contribuindo para a melhoria das organizações, pois que seu trabalho realizado por profissionais gabaritados, tornam públicos a fidedignidade das demonstrações contábeis da empresa e tra- zem credibilidade para as demonstrações contábeis. Mas podemos dizer que além disso, a auditoria serve para assegurar a observância das políticas da empresa, demonstra que a empresa está seguindo a legislação de forma correta, e que suas normas e procedimentos estão em conformidade com as Normas contábeis e financeiras, refletindo a solidez da empresa no ambiente de negócios. Podemos concluir diante do que foi estudado, que quanto ao conceito, se analisarmos a auditoria de maneira isolada, ela assume um caráter genérico e corresponde a uma análise de um ou mais elementos que caracterizam uma situação de uma determinada organização empresarial. Essa análise pode ser feita por uma pessoa interna da empresa, chamada de auditor interno, ou então por uma entidade externa a organização, mas independente- mente de ser uma pessoa interna ou externa, deve assumir um caráter de total independência, e imparcialidade, no trabalho a ser executado. A organização, no qual é objeto do trabalho da auditoria, pode tratar-se de empresa pública e também de empresa privada. O trabalho da auditoria, via de regra, consiste genericamente, em uma análise exaustiva das informações finan- ceiras destas empresas, efetuadas de forma quantificada e qualificada, e principalmente com o objetivo de refe- rendar as informações contábeis/financeiras, de forma que traduza fidedignamente os números da empresa, da forma mais correta possível. Estas entidades que realizam o trabalho da auditoria, estão sujeitas a regras especificas, especialmente em sua conduta ética. De fato, as demonstrações financeiras, contábeis e gerenciais, são a principal fonte na tomada de decisão de uma organização, pois que auxiliam os financiadores da empresa, os sócios e acionistas, no objetivo traçado administrativo da empresa, e informam também os próprios trabalhadores, o Estado, clientes, fornecedores de um modo geral. Neste contexto, o fato da informação ser alvo de uma auditoria, não significa dizer que a entidade está sendo objeto de investigação, e que seus números divulgados, não reflitam a realidade; e é justamente o contrário, porque significam que seus números estão sendo referenciados por uma empresa, alheia a entidade, sem vínculo algum com a empresa. 14 Auditoria Financeira | Unidade de estudo 1 – Conceito e Modalidades de Auditoria Financeira e Até que ponto a Auditoria poderá evoluir ainda nas organizações? Diante disso, podemos dizer que como ciência, a Auditoria será independente da Contabilidade ou sempre será dependente desta como ciência? Guia de Controle para Empresas de Auditoria http://www1.cfc.org.br/conteudo. aspx?codMenu=117 Auditoria: Evolução com Ética, Responsabilidade, Independência, mas sem Bola de Cristal. Braulio Vilela - Auditoria e consultoria - http://www.bvauditoria.com.br/artigos03. html 15 Considerações fi nais Nesta Unidade você viu quais os conceitos de Auditoria e suas modalida- des. Aprendeu a história da Auditoria e sua importância nas organizações. A evolução das empresas no mercado interno e externo e a consequente competitividade nas diversas áreas do mercado, tornam as empresas reféns de informações precisas e reais, capazes de levá-las à efi ciente tomada de decisão. A Auditoria surge para suprir estas necessidades. Nesse sentido, verifi camos que a Auditoria como Disciplina complemen- tar da Contabilidade, assume um interesse de suma importância para as organizações como um todo. Referências bibliográfi cas 16 AUDITORIA externa independente do Instituto dos Auditores Independen- tes do Brasil. COMISSÃ O DE VALORES MOBILIÁ RIOS. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. FIPECAFI. Manual de contabilidade das sociedades por aç õ es. Sã o Paulo: Atlas, 1995. IBRACON. Princí pios contá beis. 2. ed. Sã o Paulo: Atlas, 1994. LEI DAS SOCIEDADES ANÔ NIMAS. 3. ed. Sã o Paulo: Atlas, 1997 (Manual de Legislaç ã o Atlas, no 28). NORMA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE – NBCT.
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