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RCC 04- CC IV Carolina Ferreira Uma mulher de 45 anos se queixa de sensação de peso e fadiga nas pernas.Ela não apresenta os sintomas ao acordar, mas eles se tornam mais perceptíveis e significativos no decorrer do dia e quando ela fica em pé por um tempo prolongado.Quando ela fica em pé na maior parte do dia, observa edema nas duas pernas. Os sintomas estão concentrados na panturrilha medial, área onde há veias tortuosas proeminentes. Ela observou veias dilatadas pela primeira vez há 20 anos, quando estava grávida.Inicialmente elas não lhe causaram nenhum desconforto, mas aumentaram progressivamente e, nos últimos 10 anos, tornaram-se cada vez mais dolorosas. Ela lembra que sua mãe tinha veias semelhantes nas pernas. PONTOS IMPORTANTES -Mulher de 45 anos, queixa de sensação de peso e fadiga nas pernas, ñ apresenta os sintomas ao acordar, + perceptíveis e significativos no decorrer do dia e quando ela fica em pé por um tempo prolongado→ Sinais de insuficiência venosa -Quando ela fica em pé na maior parte do dia, observa edema nas duas pernas→ Sinais de edema -Os sintomas estão concentrados na panturrilha medial, área onde há veias tortuosas proeminentes→ Veias varicosas e varizes -Ela observou veias dilatadas pela primeira vez há 20 anos, quando estava grávida→ Presença do fator desencadeante (gravidez) -Ela lembra que sua mãe tinha veias semelhantes nas pernas→ Histórico familiar presente LISTA DE PROBLEMAS • Sensação de peso e fadiga nas pernas • Sintomas perceptíveis no decorrer do dia e quando fica em pé por tempo prolongado e edema nas 2 pernas • sintomas concentrados na panturrilha medial, área onde há veias tortuosas proeminentes • veias dilatadas que progressivamente ao longo dos anos e tornando-se dolorosas • histórico familiar(materna) HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS 1. Insuficiência venosa crônica 2. TVP? -A Insuficiência Venosa Crônica (IVC) dos membros inferiores (MMII) corresponde a um distúrbio vascular comum e está associada a alterações morfológicas e/ou funcionais e de longa duração -A doença pode ser assintomática ou apresentar sinais e sintomas diversos que necessitam de avaliação e tratamento adequado -Além da deformidade estética que ocasiona, pode causar sintomas incapacitantes, complicações e sequelas graves -O principal elemento do quadro de IVC são as veias varicosas, que são aquelas que apresenta alterações permanentes de calibre e comprimento – tortuosidade. As varizes propriamente ditas são veias dilatadas, tortuosas e alongadas. Varizes Microvarizes -Também fazem parte do quadro as microvarizes e as telangiectasias. As microvarizes são pequenas veias de trajeto tortuoso ou retilíneo, c/ calibre < do que 4 mm. De coloração azulada ou esverdeada, RCC 04- CC IV Carolina Ferreira causam incômodo estético. Muitas vezes, são confundidas c/ veias normais, visíveis pela transparência da pele. -As telangiectasias são pequenos vasos, bastante finos, que podem aparecer isoladamente ou ser confluentes. Localizados na derme, em geral ñ produzem danos à saúde nem sintomas importantes telangiectasias -O quadro de IVC de longa duração causa hipertensão venosa crônica nos membros inferiores. Os principais sinais de hipertensão venosa são a pigmentação marrom da pele – dermite ocre – e o surgimento de úlceras varicosas. Hipertensão venosa c/ dermite ocre e úlcera varicosa ANATOMIA -As veias dos MMII podem ser divididas em 2 sistemas venosos: 1. profundo 2. superficial -A drenagem venosa é realizada a partir de um compartimento superficial e de um compartimento profundo, que se comunicam a partir das veias perfurantes. O compartimento superficial é formado por 2 veias principais, que estão localizadas no subcutâneo, superficiais à fáscia muscular profunda. São elas: • Veia Safena Magna: é a veia + longa do corpo e se forma a partir do arco dorsal do pé e veia dorsal do hálux. Percorre anteriormente ao maléolo medial, ascendendo medialmente na perna e coxa, sendo responsável pela drenagem venosa dessa região. A safena magna se continua como veia femoral, em seguida ilíaca externa, que drena na ilíaca comum e, por fim, na veia cava inferior (VCI). • Veia Safena Parva: surge do arco venoso dorsal e veia dorsal do 5º dedo, passa posteriormente ao maléolo lateral, ascendendo lateralmente na perna e coxa e tributando na veia poplítea. A veia poplítea, ao passar pelo hiato dos adutores, passa a ser chamada de veia femoral, depois ilíaca externa, que drena na ilíaca comum e, por fim, na VC RCC 04- CC IV Carolina Ferreira -O compartimento profundo é formado normalmente por veias duplas, denominadas de acompanhantes, porque estão situadas ao lado das artérias que acompanham. Essas veias estão localizadas profundamente à fáscia muscular, podendo estar dentro dos músculos (intramuscular) ou entre eles (intermuscular). As veias plantares lateral e medial se continuam como veia tibial posterior. A veia tibial posterior se continua como veia poplítea, que ao passar pelo hiato dos adutores, torna-se a veia femoral (posterior à artéria femoral). Esta, ao passar pelo ligamento inguinal, passa a ser chamada de veia ilíaca externa, em seguida ilíaca comum e, por fim, drena na VCI. Já a veia dorsal do pé se continua como veia tibial anterior, veia poplítea, veia femoral, veia ilíaca externa e veia ilíaca comum, que tributa na VCI. -Veias dos sistemas venosos superficial e profundo: 1. Sistema venoso profundo a) Tibiais posteriores; b) Tibiais anteriores; c) Fibulares; d) Veia poplítea; e) Veia femoral. 2. Sistema venoso superficial a) Veia safena magna; b) Veia safena parva. EPIDEMIOLOGIA -Atinge 1 em cada 5 mulheres e 1 em cada 15 homens. -Aproximadamente 2 a 5 % da população mundial apresenta insuficiência venosa, e até 60% das veias se tornam varicosas, tendo relevância clínica -Nas mulheres, o quadro clínico costuma surgir de forma + precoce, a partir dos 40 anos, enquanto que na população masculina é + comum a ocorrência a partir dos 70 anos ETIOLOGIA -A insuficiência venosa pode ter diversas etiologias,como: ° Primária: nesses casos, a insuficiência venosa ocorre devido a uma incompetência das válvulas, determinada por um fisiológico da pressão nas veias. Ñ se sabe exatamente a causa dessa hipertensão venosa, dado que, o distúrbio surge independentemente de outras doenças ° Secundária: está associada a doenças que a pressão venosa, como é o caso da TVP, traumas ou alguma outra condição anatômica que esteja comprometendo a função das veias ° Superficial: quando há defeito nas válvulas venosas superficiais ° Profunda: associada a lesão das válvulas venosas do compartimento profundo ° Congênita: é identificada ao nascimento ou no decorrer da infância. Está associada a um defeito congênito das válvulas venosas → A Síndrome de Klippel-Trenaunay-Weber corresponde a um distúrbio congênito, caracterizado por malformações capilares e venosas, c/ ou sem malformações linfáticas, associadas ao supercrescimento de membro, que pode levar a um quadro de insuficiência venosa crônica. É uma síndrome pouco frequente, porém merece ser lembrada devido a sua grave morbidade FATORES DE RISCO -Existem diversos fatores de risco p/ o desenvolvimento da IVC, alguns deles são modificáveis, o risco de o paciente desenvolver este distúrbio -Principais fatores: a idade avançada, sedentarismo, obesidade, sexo feminino, posição supina prolongada, tabagismo, gestação, hipertensão arterial, anticoncepcional oral e trauma em membrosinferiores -Diversos estudos sugeriram um forte componente familiar associado a doença RCC 04- CC IV Carolina Ferreira venosa crônica. Nesses estudos, pacientes c/ ambos pais afetados apresentaram > risco de desenvolver varizes -Outro ponto importante observado é que a taxa de prevalência da doença venosa crônica parece ser > na população ocidental. Essa observação está associada aos hábitos relacionados ao estilo de vida ocidental FISIOPATOLOGIA -As veias possuem válvulas que, juntamente c/ a contração da musculatura esquelética da perna, direcionam o fluxo sanguíneo de distal p/ proximal e do compartimento profundo para o compartimento superficial. Assim, os 2 principais determinantes do fluxo venoso são as válvulas e a bomba venosa -As válvulas venosas são geralmente bicúspides e se apresentam em > quantidade à medida que a pressão hidrostática , ou seja, nas regiões + distais. A finalidade é justamente superar os efeitos da gravidade quando os indivíduos se mantém em posição supina. Ao promover um fluxo unidirecional a partir do fechamento passivo das suas valvas, as válvulas impedem que o sangue flua na direção oposta e, portanto, facilitam o seu retorno ao coração -A bomba venosa se refere a contração dos músculos da perna, que direciona o sangue p/ regiões proximais a partir do da pressão subfascial em relação a pressão hidrostática das veias. A eficácia da bomba vai depender de uma contração muscular adequada e de valvas competentes. Assim, quando há uma função inadequada da bomba muscular, válvulas venosas incompetentes ou obstrução do fluxo venoso (secundária a trombose ou estenose venosa ñ trombótica, por exemplo), o paciente pode desenvolver um da pressão venosa -Quando essa pressão alcança valores entre 60 a 90 mmHg, ou seja, 3x acima dos valores considerados normais, temos a chamada hipertensão venosa -A hipertensão venosa sustentada, c/ o tempo, é capaz de promover alterações anatômicas, fisiológicas e histológicas que estão associadas a insuficiência venosa crônica. O de pressão é transmitido de forma retrógrada p/ o sistema venoso superficial, levando a um enfraquecimento da parede venosa, resultando em uma dilatação anormal das veias na forma de telangiectasias ou varizes. Além disso, pode ser transmitido diretamente p/ o sistema capilar superficial. O refluxo au a pressão hidrostática na veia, resultando na perda de líquido p/ o 3º espaço e consequentemente leva a formação de edema. Ademais, a hipertensão venosa estimula a liberação de células inflamatórias na parede da veia e nas válvulas, induzindo uma resposta inflamatória local Este gráfico mostra como a alteração no sistema de válvulas e na bomba venosa o risco de o paciente desenvolver complicações da insuficiência venosa. A curva (A) corresponde a um paciente normal, a curva (B) corresponde ao paciente c/ insuficiência venosa e a curva (C) ao paciente c/ insuficiência venosa e trombose. Observe que na curva A, ao longo do exercício, c/ a contração muscular, há uma queda importante da pressão venosa. C/ o término do exercício, a veia volta a receber sangue de forma gradual, fazendo c/ que sua pressão volte a gradualmente. Na curva B, perceba que ocorre uma da pressão venosa, porém, essa redução ñ é a adequada, como mostra a curva A do paciente sem insuficiência venosa. E, após o exercício, a pressão tende a RCC 04- CC IV Carolina Ferreira retornar + rápido ao valor inicial, indicando que dentro daquele vaso existe um regime de hipertensão sustentado. Já o paciente c/ obstrução associada a insuficiência venosa, a pressão dentro do vaso ñ altera mesmo c/ o exercício da panturrilha, indicando uma gravidade ainda > e um risco de desenvolver as complicações associadas ao distúrbio venoso. HISTÓRIA NATURAL -A IVC pode ser classificada em primária e secundária. -Primária: decorre da degeneração primária da parede venosa. As válvulas venosas perdem a sua função, determinando insuficiência valvular e refluxo venoso. Ñ há relação causal c/ outros processos mórbidos. Os fatores predisponentes e desencadeantes participam do processo. Os predisponentes são: hereditariedade, sexo feminino, obesidade e outros defeitos de tecido de sustentação e da parede venosa – hérnia e hemorroidas, respectivamente –, enquanto os desencadeantes são os imediatamente responsáveis pelo aparecimento da doença, provocando sobrecarga no sistema venoso: períodos longos na posição sentada ou em pé, obesidade e gestações repetidas. -Secundária: decorre de alterações do sistema profundo (refluxo e/ou obstrução), levando à sobrecarga do sistema superficial. Essas alterações podem ser: 1. Congênitas: aplasia, hipoplasia ou fístulas arteriovenosas no sistema venoso profundo. São raras; 2. Pós-trombóticas: ocorrem como sequela de episódios de trombose venosa profunda. A síndrome pós- trombótica consiste em um quadro de IVC que se instala em pacientes com trombose venosa profunda prévia, tanto pela oclusão das veias profundas acometidas na fase inicial como pelo refluxo venoso que pode se estabelecer nelas após a recanalização; 3. Pós-traumáticas: traumatismos penetrantes podem deixar como sequela fístulas arteriovenosas, que determinam hipertrofia do sistema venoso por sobrecarga de pressão do sistema arterial. -Uma causa secundária de IVC pode ser a síndrome de May-Thurner, ou síndrome de Cockett, que é a compressão da veia ilíaca comum esquerda pela artéria ilíaca comum direita, que pode causar sintomas unilaterais no membro inferior esquerdo, associados ou ñ ao aparecimento de varizes. Pode ser causa de TVP QUADRO CLÍNICO -Quadro clínico típico: • Dor ou sensação de peso nos MMII • Dor geralmente é caracterizada como pulsátil ou em queimação pode ser generalizada ou localizada em veias especificas. Em casos graves pode dificultar a deambulação • Dor piora quando o pct se mantém em posição supina por períodos prolongados e melhora c/ a elevação dos membros • Edema: nos estágios iniciais, costuma ser unilateral, limitado a região do tornozelo e aparece ao final do dia. C/ a evolução da doença, o edema pode ser tornar persistente, bilateral, progredindo p/ a região da panturrilha e permanecer ao longo de todo o dia. O edema costuma melhorar c/ a elevação dos membros e c/ a deambulação, e se exacerbar quando o paciente se mantém em pé por um período de tempo prolongado. • Telangiectasias e varizes • Hiperpirgmentação da pele: gera a dermatite ocre • Lipodermatosclerose • Úlcera venosa:exsudativa, região do maléolo, tecido de granulação e é indolor • Fadiga e prurido • Formigamento • Pernas inquietas RCC 04- CC IV Carolina Ferreira -Os sintomas tendem a se agravar c/ temperatura ambiente elevada, piorando no verão, e c/ alterações hormonais. São piores na fase perimenstrual, c/ uso de contraceptivos orais e reposição hormonal -As varizes normalmente surgem na topografia das veias insuficientes: face medial da perna e coxa (veia safena magna) e face lateral da perna (veia safena parva). Em muitos casos, os pacientes apresentam apenas varizes nos MMII sem nenhum sintoma e se queixam apenas de incômodo estético. C/ a progressão da insuficiência venosa crônica e a instalação de hipertensão venosa crônica, ocorre eczema varicoso, + frequentemente no terço distal da face medial da perna, sendo uma inflamação da derme decorrente do extravasamento de hemácias p/ o interstício devido à hipertensão das vênulas. Caracteriza-se por vermelhidão e prurido. -O extravasamentocontínuo de hemácias p/ o interstício leva à deposição de hemoglobina na pele e no tecido subcutâneo. A hemoglobina é convertida em hemossiderina pelos macrófagos, que precipita e agrava a reação inflamatória e exsudativa. Nesse ponto, exacerba-se a melanogênese, evoluindo c/ a coloração acastanhada da pele, a chamada dermite ocre, em geral perimaleolar e no terço distal da perna. O quadro pode evoluir p/ a lipodermatoesclerose, definida como fibrose da pele e do tecido sub-cutâneo. Nesse estágio, a pele fica fina, rígida, brilhante, com coloração acastanhada sobre o subcutâneo endurecido -Qualquer trauma superficial ou até mesmo o ato de coçar p/ aliviar o prurido pode ser fator de desencadeamento da úlcera varicosa. -O estágio final da IVC é a úlcera de estase venosa crônica. A ferida pode iniciar-se de forma espontânea ou traumática, c/ tamanho e profundidade variáveis.Geralmente se localiza no maléolo medial e é pouco dolorosa. São frequentes as curas e recidivas. Quando o membro está pendente, observa-se a exsudação da ferida. -A claudicação venosa é um sintoma raro e caracteriza-se pela dor acentuada durante o exercício físico, causada pela obstrução grave do sistema venoso. CLASSIFICAÇÃO -A classificação proposta p/ a IVC é a CEAP, criada pelo American Venous Forum em 1994, e aceita mundialmente desde então. Essa classificação divide os diferentes quadros clínicos de acordo c/ Clínica, Etiologia, Anatomia e Patofisiologia. DIAGNÓSTICO -O diagnóstico é eminentemente clínico, dessa forma, a obtenção de uma história clínica adequada, o que inclui investigar possíveis fatores de risco, tempo do surgimento dos sintomas e seus fatores de melhora e piora, associada os achados do exame físico, pode ser suficiente p/ dar o diagnóstico do distúrbio venoso → Exames laboratoriais ou de imagem ñ são mandatórios, mas em alguns casos RCC 04- CC IV Carolina Ferreira podem auxiliar no diagnóstico e reconhecer possíveis complicações da doença. -História clínica: caracteriza-se por dor nos MMII, em peso, vespertina, que pode estar acompanhada de varizes, edema, prurido e cãibras, lipodermatoesclerose e dermite ocre, além das úlceras venosas. -Exame físico: é realizado, inicialmente, c/ o paciente na posição ortostática. A inspeção e a palpação revelam os trajetos venosos dilatados e tortuosos e demonstram o grau de alteração da pele provocado pela estase venosa crônica, hipercromia, presença de eczema e úlcera. É muito importante a palpação dos pulsos c/ o objetivo de avaliar se há doença arterial associada. -Manobras: 1. Compressão do óstio da veia safena magna – teste de Brodie- Trendelenburg: c/ o membro elevado a 45°, comprime-se o óstio da veia safena magna ao nível da prega inguinal c/ o garrote ou o polegar; em seguida, coloca-se o paciente na posição ereta. Caso haja enchimento das varizes neste momento, há insuficiência valvular de veias perfurantes. Posteriormente, retira-se o garrote ou o polegar. Se houver enchimento das varizes após a retirada do garrote, há insuficiência valvular da veia safena magna Teste de Brodie-Trendelenburg 2. Compressão do óstio da veia safena parva: é feita da mesma forma que a anterior, mas no cavo poplíteo; 3. Determinação das veias perfurantes insuficientes da perna: por meio da palpação de defeitos faciais, principalmente na face medial da perna; Palpação de veias perfurantes 4. Percussão venosa – teste de Schwartz: c/ o paciente em pé, palpa-se o trajeto venoso, enquanto, c/ a outra mão, se realiza a percussão sobre ela a fim de determinar insuficiência valvular neste segmento; Teste de Schwartz 5. Teste p/ avaliação do sistema venoso profundo – teste de Perthes: em ortostatismo, aplica-se o garrote abaixo do joelho e pede-se para o paciente fazer exercícios c/ a perna. Ocorre o esvaziamento das veias varicosas caso o sistema venoso profundo esteja patente e as perfurantes estejam competentes. -USG c/ Doppler: pode ser útil p/ identificar uma obstrução e/ou incompetência valvar como a causa da hipertensão venosa. Em veias normais, ao aplicar uma pressão utilizando o transdutor, podemos observar um colabamento do vaso. Nos casos de veias trombosadas, elas ñ comprimem. Ao utilizar o doppler colorido, podemos RCC 04- CC IV Carolina Ferreira identificar a presença e direção do fluxo sanguíneo e detectar refluxo. Entretanto, a USG ñ deve ser utilizada como procedimento de rotina, sendo indicada sobretudo nos casos de dúvida diagnóstica ou em pacientes que não respondem ao tratamento clínico padrão → Existem 2 modos de USG que são utilizados rotineiramente: o modo B e o modo Doppler. Quando associados, chamamos de USG Duplex. O modo B fornece imagens em uma escala de cinza que permite a avaliação dos detalhes anatômicos dos vasos, como a presença de trombo. Já o modo Doppler exibe o fluxo sanguíneo dentro do vaso, gera informações de velocidade. A imagem gerada é colorida, sendo que existe uma padronização em relação as cores. O fluxo em direção ao transdutor é exibido na cor vermelha, enquanto que o fluxo que se afasta do transdutor é exibido na cor azul. Portanto, a cor não está relacionada ao fluxo arterial ou venoso -Flebografia: exame invasivo considerado padrão-ouro no estudo da IVC, é feita em 2 etapas: ascendente e descendente. A 1º mostra aspectos morfológicos, como paredes, válvulas e luz, e a 2º , aspectos funcionais, particulamente o refluxo venoso. -TC: atualmente, pode-se obter, utilizando injeção de contraste, boa visualização do sistema venoso. É preciso técnica apropriada p/ o tempo do contraste, o que permite ñ só a análise do sistema venoso, mas também possíveis causas de compressão. -Pletismografia: trata-se de métodos de registro das variações de volume de um membro em função do movimento de entrada e saída de sangue desse membro a cada ciclo cardíaco, podendo inferir sua condição circulatória. Existem várias técnicas: a ar, por strain gauge, de impedância, por deslocamento de água e fotopletismografia. Atualmente, esses métodos têm pouca utilidade clínica, ficando seu uso reservado p/ a pesquisa científica. -Pressão venosa ambulatorial: nesta técnica, insere-se uma agulha na veia do pé, conectando-a a um transdutor de pressão, medida em repouso e após o exercício; diferenciam-se, ainda, as pressões dos sistemas venosos superficial e profundo. É o padrão-ouro p/ a monitorização hemodinâmica da insuficiência venosa, mas com pouca aplicação prática. Tem sua importância em pesquisa. -Ultrassonografia intravascular: a técnica utiliza um cateter c/ um transdutor de ultrassom na ponta. Gera imagens do intravascular e possibilita visualizar a anatomia venosa e achar locais de obstrução. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Insuficiência cardíaca congestiva • Insuficiência renal • Linfedema • Hipotireoidismo • Angioedema • TVP • Pé diabético • Ulcera arterial • Carcinoma de células escamosas • Pioderma gangrenoso • Celulite • Erisipela • Ulcera traumatica COMPLICAÇÕES -Flebite superficial: devido à estase venosa, há > tendência à formação de coágulos no sistema venoso superficial. Palpa-se o cordão varicoso endurecido. O paciente apresenta dor, vermelhidão e inchaço no trajeto das varizes. Há chance de embolia se é acometida a veia safena magna no terço proximal da coxa, próximo à junção safenofemoral. -Eczema varicoso: é a presença de hemoglobina livre no tecido celular subcutâneo, que causa processo inflamatório crônico e exsudativo. O paciente apresenta queixa de prurido local -Erisipela de repetição: presença de edema crônico e porta de entrada na derme (úlceras),propiciando infecção de RCC 04- CC IV Carolina Ferreira repetição na pele. É causada, principalmente, por Streptococcus e Staphylococcus e pode ser ascendente ou evoluir c/ lesões bolhosas. Em alguns casos mais graves é necessária a internação para antibioticoterapia intravenosa ou até debridamentos. -Úlcera varicosa: normalmente, é indolor, c/ bordas elevadas e fundo granuloso, coberto ou não de fibrina. Quando o membro está pendente, observa-se a exsudação da ferida. Pode evoluir c/ processo infeccioso secundário, apresentando-se como celulite periúlcera. As úlceras c/ infecção são dolorosas. A úlcera varicosa acomete o terço distal da perna, próximo ao maléolo medial. -Hemorragia: a pele acometida c/ dermite ocre e lipodermatoesclerose associada à fragilidade de veias subdérmicas em regime de hipertensão venosa facilita a erosão da parede venosa, causando sangramento profuso. PREVENÇÃO -As modificações do estilo de vida (perda ponderal, exercícios regulares e redução do cloreto de sódio da dieta) podem o risco por a pressão venosa do membro inferior. -Evite permanecer sentado ou em pé por longos períodos -Faça caminhadas regulares -Suba pelas escadas, não de elevador -Ative a bomba muscular das pernas fazendo exercícios físicos como natação, andar de bicicleta ou caminhadas rápidas -Fortaleça as suas veias com exercícios -Alterne banhos quentes e frios para fortalecer o sistema vascular -Certifique-se de que toma líquidos suficientes -Mantenha o seu peso baixo -Não use sapatos com saltos altos -Use meias de compressão médica assim que notar os primeiros sinais de surgimento da insuficiência venosa TRATAMENTO -É importante lembrar que pacientes c/ > riscos de desenvolver insuficiência venosa devem ser orientados a seguir medidas p/ a prevenção da doença. São medidas preventivas o uso de meias de compressão, realização de exercícios físicos regulares, perda de peso, elevar os membros inferiores e evitar períodos longos em pé. P/ os pacientes já c/ sinais e sintomas de insuficiência venosa, existem diferentes tipos de tratamento. -Medidas conservadoras: é usada p/ todos os pacientes como a elevação dos membros, cuidados c/ a pele, exercícios e terapias de compressão. Ademais, é importante ficar atento aos fatores de risco, controlando aqueles que são modificáveis, como a obesidade, tabagismo, hipertensão e diabetes mellitus -Elevação dos membros: elevar os pés acima do nível do coração, por cerca 30 minutos, 3 a 4 vezes por dia, pode a sintomatologia dos pacientes, bem como ajudar no processo de cicatrização das úlceras venosas -Cuidados c/ a pele: pacientes c/ distúrbios venosos apresentam uma predisposição p/ o surgimento de dermatites de contato ou de estase, que podem se manifestar c/ prurido, vermelhidão e alteração da pigmentação da pele. Assim, é importante manter o cuidado adequado da pele, que inclui a limpeza e o uso de emolientes p/ ajudar a manter a barreira intacta -Exercícios: pcts c/ insuficiência venosa apresentam a bomba venosa prejudicada. Assim, caminhadas diárias e exercícios simples, como a flexão do tornozelo enquanto estão sentados, são medidas acessíveis que podem melhorar os parâmetros hemodinâmicos dos pacientes e favorecer a cicatrização das úlceras. -Sintomático: atividades físicas e medicamentos flebotômicos auxiliam no controle da sintomatologia. Esses RCC 04- CC IV Carolina Ferreira medicamentos o tônus venoso e reduzem a permeabilidade e a fragilidade capilar. Alguns exemplos são a castanha- da-índia, a diosmina associada à hesperidina, a aminaftona, o tribenosídio e os fitoterápicos. As medicações ñ devem substituir o tratamento de compressão elástica nem os hábitos de vida que amenizem a estase venosa. -Meias de compressão elásticas: são práticas e eficientes. Exercem > compressão no maléolo, c/ redução no sentido proximal. Assim, a capacitância dos sistemas venosos superficial e profundo e corrigem alguns refluxos e distúrbios de pressões teciduais, promovendo o fluxo venoso fisiológico. -Escleroterapia: a finalidade é eliminar as pequenas microvarizes e telangiectasias por meio de injeção de substância que provoca irritação no endotélio venoso e induz a transformação da veia em um cordão fibroso. As substâncias + utilizadas são: 1. Glicose hipertônica a 75%: principalmente em telangiectasias, pode ser resfriada c/ nitrogênio líquido; 2. Oleato de monoetanolamina (Ethamolin®): pouco utilizado; 3. Polidocanol: seu uso na forma de espuma tem sido amplamente divulgado. Pode ser usado tanto em veias reticulares como em varizes e, em alguns casos, na veia safena magna. Causa uma inflamação local e oclusão da luz venosa. É a principal indicação como forma alternativa ao fechamento de úlceras venosas em idosos. Pode causar manchas definitivas na pele. Se utilizado em veias maiores ou, ainda, na veia safena magna, é recomendada a monitorização do procedimento por meio de US -Laser transdérmico: tem demonstrado eficácia clínica p/ telangiectasias, principalmente quando associado à escleroterapia -Cirúrgico: têm indicação nos portadores de varizes primárias dos membros inferiores c/ os objetivos de remover os pontos de refluxo e as veias varicosas, aliviar a sintomatologia e evitar a evolução da hipertensão venosa crônica. As técnicas + utilizadas são: 1. Retirada de microvarizes: pode ser feita c/ anestesia local e microincisões escalonadas; 2. Retirada de colaterais: retiram-se as veias por incisões escalonadas, de pequeno tamanho; 3. Safenectomia: retira-se a veia safena magna ou parva quando há sintomatologia importante e insuficiência comprovada por exame de imagem. É contraindicada a casos de trombose venosa profunda; 4. Ablação térmica da veia safena: técnica utilizada p/ tratamento da safena em substituição à safenectomia, podendo ser realizada c/ cateter de radiofrequência ou laser. O cateter provoca uma lesão térmica do endotélio venoso, causando a oclusão da veia. Esta técnica requer monitorização c/ ultrassonografia; 5. Ligadura de veias perfurantes insuficientes – técnicas de Linton, Felder ou ligadura videoassistida: cirurgia p/ ligadura das veias perfurantes insuficientes; 6. Valvuloplastia: está indicada na insuficiência do sistema venoso profundo quando há safenectomia e a erradicação das colaterais ñ foi suficiente p/ o controle dos sintomas. É mais utilizada na IVC primária; 7. Implante de stent: técnica endovascular utilizada p/ o tratamento das doenças venosas obstrutivas das veias ilíacas, decorrentes de compressão extrínseca, principalmente síndrome de May-Thurner. -São complicações possíveis nas cirurgias de varizes: hemorragias, linforragias, lesão de estruturas vasculares (artéria ou veia femoral, artéria ou veia poplítea), lesão de nervo motor (fibular), lesão de nervos sensitivos (safeno, sural ou nervos cutâneos), trombose venosa profunda, infecção, tromboflebite e linfedema. RCC 04- CC IV Carolina Ferreira -Tratamento das úlceras varicosas: baseia- se na correção do refluxo venoso, na realização de curativos locais e no controle da infecção. O refluxo venoso pode ser corrigido c/ meias de compressão e, se possível, cirurgia. Os curativos visam proporcionar um meio favorável à cicatrização. A infecção deve ser tratada c/ antibioticoterapia sistêmica oral ou intravenosa. A bota de Unna é um tipo de curativo muito usado em úlceras avançadas. Consiste em uma atadura inelástica impregnada c/ uma pasta de zinco aplicada em toda a perna, como um gesso. Alémde atuar sobre a úlcera, a compressão inelástica reduz a estase venosa crônica. O que orientar a uma paciente jovem que apresenta varizes calibrosas em ambas as pernas sem nenhum sintoma associado? Uma paciente jovem que apresenta varizes calibrosas em ambas as pernas e nenhum sintoma associado deve ser primeiramente avaliada em uma consulta médica. Na história, os sintomas venosos devem ser ativamente pesquisados (peso, dor, formigamento). O exame físico deve ser realizado na posição em pé e as veias varicosas devem ser palpadas. A veia safena, quando apresenta refluxo, mostra-se dilatada e com tributárias tortuosas. Alterações tróficas como dermite ocre e lipodermatoesclerose devem ser avaliadas. Estes sinais podem estar presentes mesmo que a paciente ñ perceba ou tenha sintomas. Caso o examinador necessite de + informações, o US pode avaliar quais veias superficiais e/ou profundas apresentam refluxo. Esta paciente deve ser orientada quanto ao tratamento clínico p/ evitar a progressão da doença: manter-se no peso adequado, realizar atividades físicas e usar meia de compressão. O tratamento cirúrgico (remoção das veias varicosas c/ refluxo) é uma opção futura caso a paciente venha a apresentar sintomas ou sinais de progressão da insuficiência venosa. A remoção das varizes pode ser proposta caso a paciente apresente incômodo c/ a aparência das veias dilatadas. Medicamentos flebotônicos são úteis no controle dos sintomas (edema, peso, câimbras) e ñ devem ser prescritos nos pacientes assintomáticos.
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