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Resumo Patologia das Enterites EDUARDA CAROLINE GOSTINSKI 2021 PATOLOGIA ESPECIAL I AULA TEÓRICA 8 - 23/08 Normalmente há um agente primário e depois um secundário que piora a situação. ENTERITES VIRAIS Diarreia Viral Bovina (BVD) e Doença das Mucosas Está envolvida com infecções clínicas, desde infecções inaparentes até enfermidades fatais. É uma enfermidade que afeta mucosas gastroentéricas e/ou respiratórias, é uma doença hemorrágica, que causa perdas reprodutivas, mortalidade embrionária e fetal, mumificação fetal, malformação e natimortalidade. O mecanismo das lesões são a disfunção e morte das células epiteliais das mucosas. A forma não citopatogênica do vírus é provavelmente introduzida no rebanho pela chegada de novos animais, mistura de rebanhos, sêmen e outras práticas de manejo (fômites contaminado por fluidos corpóreos ou dejetos, contato com bezerros PI ou animais carreadores). A forma citopatogênica do vírus é comumente uma mutação da forma não citopatogênica do vírus. A infecção em fêmeas gestantes entre 40 e 120 dias de gestação: ao ser infectada pela cepa não citopatogênica, há formação de imunocomplexos, e a prole nasce Persistentemente Infectado (PI), não havendo resposta imunológica. Quando entrar em contato com a cepa patogênica, vai ter doença grave (doença das mucosas) e morrer. Os indivíduos PI permanecem disseminando o vírus no rebanho. Micro: destruição das criptas epiteliais do intestino, principalmente na porção caudal do intestino delgado; depleção das placas de Peyer com subsequente herniação da área que era ocupada pela placa; inflamação arteriolar com degeneração hialina e necrose fibrinóide no intestino e outros órgãos; infecção do epitélio respiratório. Lesões: as mais graves acometem às áreas linfoides e geralmente são cobertas por membranas diftéricas ou moldes de fibrina adjacentes. Úlceras acompanhadas de hemorragia, resultante da exposição dos leitos capilares às endotoxinas ou outras moléculas tóxicas que são absorvidas pela barreira intestinal aberta (junções celulares). A diarreia pode ser secundária à absorção de grandes quantidades de endotoxinas pela lâmina própria e pelo estroma de sustentação. Doença das Mucosas (DM) Acomete os animais persistentemente infectados. Sinais Clínicos: febre, salivação, descarga nasal e ocular, diarreia profusa hemorrágica, desidratação e morte. Macro: hiperemia, erosões, úlceras e crostas, fina camada de exsudato em todo o trato gastrointestinal, conteúdo intestinal líquido escuro aquoso, pode ser encontrada necrose das placas de Peyer com coágulos e fibrina. Micro: necrose de linfócitos nos folículos, necrose de coagulação no epitélio e exsudação catarral ou fibrinosa. As lesões nem sempre vão seguir o padrão, podem ser atípicas, envolvendo dermatites, rins, lesões na área interdigital. Material para exame: histopatológico - órgãos linfoides e digestivos (formol Eduarda Gostinski | Resumo Patologias das Enterites 2021 Patologias das Enterites exsudação de fibrina; conteúdo entérico amarelado translúcido. Importante lembrar que nem sempre o quadro de parvovirose vai ser de enterite hemorrágica. A literatura diz que alguns casos divergem das características clássicas, podendo ter variação na cor das fezes, não precisando ser hemorrágica, podendo ser marrom. As placas de Peyer podem estar aumentadas ou deprimidas. ENTERITES BACTERIANAS Colibacilose Neonatal É causada pelo Escherichia coli e cada cepa pode causar um quadro clínico diferente. Causa alterações bioquímicas nas células, fazendo com que secretem mais bicarbonato de sódio e sódio para o lúmen intestinal, e assim o intestino tem atração à água, deixando o animal desidratado, com diarreia e um quadro de acidose metabólica. Micro: não há lesão evidente, apenas lesão bioquímica. Macro: leite coagulado no estômago, parede intestinal fica mais delgada (fina) com conteúdo líquido claro a amarelado (leite misturado com água), presença de bolhas de gás. Diagnóstico: o ideal é a cultura, somado ao quadro clínico patológico e a bacteriologia. Paratuberculose/Doença de Johne Causada pelo Mycobacterium avium spp. paratuberculosis. Essa bactéria é um BAA resistente (Bacilo Álcool Ácido Resistente). O animal acometido tem infecção pela via fecal-oral. Os animais ingerem a bactéria presente em fômites contaminados, ela é deglutida e chega ao sistema Eduarda Gostinski | Resumo Patologias das Enterites 2021 10%); imunohistoquímica; virológico - sangue com anticoagulante, baço e intestino em gelo; IF, Western Blot, RT- PCR. Parvovirose e Panleucopenia A parvovirose é causada pelo parvovírus canino tipo 2 acomete canídeos (cão, raposa, coiotes e lobos). Já a Panleucopenia é causada pelo parvovírus felino, seu quadro clínico é parecido, mas ocorre com menos frequência, já que a vacina é bem eficiente. Patogenia: o vírus causa lesões no sistema imune (linfócitos e medula óssea), e com isso a produção de células inflamatórias fica diminuída, e esse animal apresenta neutropenia (nível baixo de neutrófilos) e linfopenia (nível baixo de linfócitos), assim o animal fica predisposto a complicações por bactérias presentes no intestino. A lesão intestinal é profunda, afetando as células da cripta, e ainda tem uma imunossupressão. O animal tem diarreia já que a fusão/atrofia das vilosidades diminui a superfície da absorção. O cheiro característico das fezes é melena, sangue digerido. Micro: necrose com perda do epitélio dos vilos e criptas; colapso da lâmina própria; base da cripta - células hiperplásicas e multinucleadas (célula sincicial); necrose de tecido linfoide; bactérias e fungos aderidos à superfícies da mucosa; raramente há miocardite linfocítica (com ausência das lesões no TGI). Macro: serosa granular (é possível sentir a irritação da mucosa, o tecido não vai estar liso) e avermelhada; hemorragias; perda da superfície aveludada (pela atrofia das vilosidades); inflamação aguda; Salmonelose É uma zoonose. Depende de fatores predisponentes, como fatores estressantes e doenças intercorrentes (BVD - diarreia viral bovina, verminose, PSC - peste suína clássica). A via de infecção é fecal-oral, mas a Salmonella pode fazer parte da microbiota intestinal. Patogenia: a bactéria possui muitos fatores de virulência, como a produção de enterotoxinas que causam alteração na secreção de Cl (Cloro), HCO3 (Bicarbonato de sódio), Na (Sódio), H2O, que leva a um quadro de diarreia; se forem citocinas, causam necrose no endotélio e trombose, devido à lesões vasculares, há uma enterite fibrinonecrótica. Em suínos: Afeta suínos jovens, com 2 a 4 meses de idade. Forma Septicêmica - Salmonella choleraesuis, causa lesões hemorrágicas devido a endotoxina; vasculite e trombose; arroxeamento da pele de orelhas, focinho, pescoço e cauda; gangrena; hemorragias; nódulos tifóides no fígado; enterite fibrinonecrótica/hemorrágica; úlceras botonosas (áreas circulares de descontinuidade do epitélio). Forma Entérica - S. typhimurium e S. typhisuis causa diarreia crônica intermitente; acomete comumente cólon, ceco e reto, menos comum no jejuno e íleo. Inflamação no reto (proctite necrosante), se tiver cicatrização, causa estenose retal, e assim o animal não consegue externar as fezes, vai ficando magro e com aumento de volume abdominal (barrigudo), não acompanhando os ganhos da ninhada. A salmonelose afeta o animal e abre espaço para muitas outras doenças. Eduarda Gostinski | Resumo Patologias das Enterites 2021 por meio do peristaltismo. As bactérias se ligam a receptores nas superfícies luminais (apicais) das células M e são translocadas em vesículas endocíticas às membranas basais das células e liberadas nas placas de Peyer. Os animais se infectam quando jovens, antes dos 6 meses de idade. O período de incubação é de 2 anos ou mais. A bactéria produz granulomas, com linfadenite (inflamação dos linfonodos), linfagite (inflamação dos vasos linfáticos) e linfagiectasia (obstrução dos vasos linfáticos intestinais) granulomatosa. Sinais Clínicos: diarreia crônica intermitente(quadro que cessa e retorna) em bovinos; emagrecimento; edema submandibular; perda de produtividade; desidratação; debilidade; caquexia e morte. Macro: parede intestinal espessada e enrugada (aspecto de cérebro); edema; avermelhamento; hemorragias; úlceras focais; linfonodos mesentéricos aumentados; vasos linfáticos proeminentes com nodulações; base da aorta calcificada; baço aumentado e hiperplasia de polpa branca. Micro: lâmina própria e submucosa intestinal, linfonodos e vasos linfáticos com infiltrado granulomatoso (macrófagos, células de Langerhans) se usa coloração de Ziehl-Neelsen e Fite-Faraco permitem a visualização dos bacilos intracelulares; Fígado - atrofia hepatocelular e microgranulomas; Vasos - degeneração e calcificação com proliferação de colágeno. Diagnóstico: é feito a partir dos sinais clínicos, histopatologia, isolamento (2-4 meses), imunohistoquímica, sorologia (ELISA/PCR). peristaltismo, e se move ativamente através da camada de muco e acessa as células epiteliais e caliciformes da mucosa. A bactéria infecta as gotículas de mucigênio das células caliciformes, e ativa essas células, aumentando a produção de muco. A diarreia ocorre pela diminuição da absorção de líquidos pelo epitélio lesionado e pelo ligeiro aumento da permeabilidade intestinal. Micro: necrose de células de mucosa; hemorragia; presença de fibrino e neutrófilos. Macro: enterite muco-hemorrágica ou fibrino-hemorrágica; lúmen tem muco com sangue e às vezes membrana fibrinonecrótica. Enteropatia Proliferativa ou Ileíte Causada pela Lawsonia intracellularis,, que é uma bactéria intracelular obrigatória, principalmente células epiteliais do intestino. Possui duas formas: Síndrome Hemorrágica Aguda ou Enteropatia Proliferativa Hemorrágica: é aguda, afeta mais animais adultos (de reposição). Clinicamente demonstram diarreia hemorrágica, em decorrência de hemorragia intestinal profusa e leva a morte rápida. Diagnóstico Diferencial: disenteria suína. Micro: criptas com restos celulares e neutrófilos, com hiperplasia e hemorragia. Macro: intestino espessado e enrugado (aspecto de cérebro), com áreas ulceradas; espessamento da parede, presença de sangue escuro. Síndrome Não Hemorrágica ou Adenomatose Intestinal Porcina: é um quadro crônico, que afeta animais jovens. Os animais tem uma diarreia transitória, que resulta em redução do Eduarda Gostinski | Resumo Patologias das Enterites 2021 Em bovinos: É muito semelhante, pode ocorrer a forma septicêmica e entérica. Lesões: nódulos tifóides no fígado; focos de necrose com presença de macrófagos; baço aumentado; colecistite fibrinosa (inflamação da vesícula biliar); jejuno e íleo com enterite fibrinonecrótica; vasculite e trombose. Em equinos: S. typhimurium, acomete potro de 1 a 6 meses de idade. Forma superaguda - septicêmica; forma aguda e crônica; ceco e cólon com lesões diftéricas ou botonosas. Colite Espiroquetal É a inflamação do cólon, causada pela bactéria Brachyspira pilosicoli, que é uma espiroqueta anaeróbia, que afeta suínos em fase de crescimento e terminação, pode também acometer humanos. Micro: evidenciação de borda em escova. Na coloração de impregnação por prata, as espiroquetas ficam pretas. Macro: erosões focais superficiais, coalescentes com exsudato fibrinonecrótico. Diagnóstico: clínico, macroscópico, histopatológico, por isolamento e PCR. Disenteria Suína Causada pela espiroqueta anaeróbia Brachyspira hyodysenteriae. Acomete suínos de 15 a 70kg, sendo raro em animais adultos e fêmeas gestantes. A infecção é fecal-oral, pela ingestão de água e alimentos contaminados, assim como alguns animais podem ser portadores ou carreadores (insetos, ratos, moscas, mosquitos). Patogenia: os suínos entram em contato com a bactéria pela ingestão de fômites contaminados. A bactéria é deglutida e chega ao intestino por Eduarda Gostinski | Resumo Patologias das Enterites 2021 ganho de peso e lote desuniforme, atrasando a idade de abate. Micro: hiperplasia de células da cripta com ulcerações. Macro: enrugamento e espessamento da mucosa do íleo e jejuno (cólon e ceco). Adenomatose intestinal + enterite necrótica: hiperplasia de células da cripta, espessamento da mucosa, com pseudomembrana fibrinonecrótica. Diagnóstico: a clínica e a patologia vão dar uma suspeita, por isso será preciso algo mais específico, como coloração de prata, que mostra os bacilos curtos enegrecidos, imunohistoquímica, sorologia, PCR possui pouca especificidade.
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