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A base da estratégia terapêutica da DM tipo 2 envolve, além do controle glicêmico, o controle dos fatores de risco para aterosclerose, ou seja, tratar também e deforma agressiva: ▪ HAS ▪ Obesidade ▪ Dislipidemia ▪ Sedentarismo ▪ Tabagismo Os pacientes com DM1, após o diagnostico inicial, devem ser referenciados imediatamente ao endocrinologista; já os DM2 têm de seguir 2 planos terapêuticos: controle glicêmico –mudança de estilo de vida + farmacoterapia –e prevenção de complicações crônicas – intervenção preventiva metabólica e cardiovascular + detecção e tratamento de complicações. O controle glicêmico rígido é importante para a redução de complicações microvasculares; as metas abaixo são consideradas ideias para a American Diabetes Association, mas pode ser individualizada de acordo com as condições do paciente – os mais idosos e com DM de longa duração tendem a hipoglicemia em tratamento intensivo. Os testes de HbA1c devem ser feitos >2 vezes ao ano pelos diabéticos e >4 vezes/ano pelos pacientes com intolerância a glicose; já o teste de glicemia capilar não tem um esquema padrão de frequência, mas nos casos de DM1: medir 4 vezes ao dia. HbA1c METAS Adultos diagnostico antigo <7% Recém diagnosticados < 6,5% Idosos ou + complicações <8 – 8,5% Crianças e adolescentes < 7,5 – 8,5% GLICEMIA EM JEJUM GLICEMIA PRE PRANDIAL GLICEMIA POS PRANDIAL <100 <100 <160 Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) <100 <130 <180 American Diabetes Association (ADA) / European Foundation for the Study of Diabetes (EASD) ❖ Plano alimentar: A dieta e o exercício físico são importantes para manutenção do IMC entre 20-25 kg/m2. Verificar a cada consulta. ❖ Atividade física: >30 min/dia ou 1 hora/dia. Evitar exercício prolongado de >1 hora. Realizar a glicemia antes do exercício e evitar se >250 mg/dl no DM1. Ingerir alimento com carboidrato se <100 mg/dl. ❖ Abandono do tabagismo ❖ HbA1c: Verificar a cada 3 meses até o controle+ a cada 6 meses. ❖ Glicemia em jejum: Realizar medida mensal. Valores ideais entre 90-130 mg/dl. ❖ Controle do colesterol e HDL: Realizar pesquisa anualmente. LDL <100 HDL >40 Triglicérides <150 ❖ Controle da PA: Verificar a cada consulta; deve estar <130/80 mmHg. Após o diagnóstico de DM2 deve-se primeiro tentar o MEV por 1-3 meses, se hiperglicemia <270 e/ou ausência de sintomas + IMC <30, seguindo o paciente com teste de HbA1c (que deve estar<7%). Os agentes antidiabéticos orais são medicamentos que reduzem a glicemia, com o objetivo de mantê-la em níveis normais (em jejum < 100 mg/dL e pós-prandial< 140 mg/dL). Sob esse conceito amplo, de acordo com o mecanismo de ação principal, os antidiabéticos podem ser agrupados do seguinte modo: ▪ Os que diminuem a produção hepática de glicose (anti- hiperglicemiante) a) Biguanida (Metformina) ▪ Os que diminuem a ação da glicose perifericamente (anti- hiperglicemiantes) a) Pioglitazonas (Tiazolidinediona ou glitazona) ▪ Os que aumentam a secreção de insulina (hipoglicemiantes) a) Sulfoniuréias (Clorpropamida, Glibenclamida, Glipizida, Gliclazida e Glimepirida) b) Metglinidas (Repaglinida e Nateglinida) ▪ Incretinomiméticos a) Gliptinas ou iDPP4 (Sitagliptina, Vildagliptina, Saxagliptina, Linagliptina, Alogliptina) b) Agonista do GLP-1 (Liraglutida, semaglutida e dulaglutida) ▪ Os que promovem glicosuria via inibição SGLT2 a) Glifozina (Dapagliflozina, Empagliflozina, Canagliflozina) ▪ Os que espoliam a glicose via TGI b) Inibidores de alfa glicosidase (Arcabose) ANTI-HIPERGLICEMIANTES→ BIGUANIDAS As biguanidas e as pioglitazonas são medicamentos que sensibilizam a ação da insulina, mas são vistos separadamente porque a biguanida tem uma ação mais hepática e a pioglitazona diminui a resistência vascular periférica da glicose. A biguanida é a única medicação que determina a diminuição significativa da incidência de complicações microvasculares (AVE, IAM). Sua ação ocorre através de três mecanismos básicos: ▪ Inibição da gliconeogênese hepática, principal responsável pela hiperglicemia de jejum, o que contribui para 75% de sua ação hipoglicemiante; ▪ Melhora da sensibilidade dos tecidos periféricos à insulina via GLUT 4 (contribuindo para queda da insulinemia); ▪ Redução do turnover de glicose no leito esplâncnico. Não estimula a secreção de insulina tendo um pequeno efeito anorexígeno, não aumento o peso; por isso também, não aumenta as chances de hipoglicemia. Deve ser iniciada junto a MEV. Também estimula a redução de triglicerídeos em 10-15% e em menor grau do LDL. Maiores reduções da glicemia podem ser conseguidas com a associação com sulfoniuréias, glitazonas ou insulinoterapia (efeito aditivo). Esta associação está indicada em caso de DM2 refratária. Seu representante é a metformina que deve ser administrada após as refeições, iniciando com 500 – 850 mg/dia com aumento semanal até 850 mg após café, almoço e jantar (2550 mg/dia). A apresentação de liberação lenta (glifage XR) pode ser administrada 1 – 2 vezes ao dia. Metformina (500 – 850 – 1000 mg/cp) 500 mg/dose VO BID ou TRID ou 1g/dose VO MID após as refeições Glifage XR (500 – 750 – 850 – 1000 mg/cp) 1 cp/dia VO no jantar, aumentar a dose a cada 2 semanas; são não alcançar meta: o Cp de 500mg → 2 cp no café da manha + 2 cp na janta o Cp 750 mg → 1 cp no café da manha + 2 cp na janta o Cp 850 mg → 1 cp no café da manha + 2 cp na janta o Cp 1g → 1 cp no café da manha + 1 cp na janta Desvantagens: desconforto abdominal, diarreia e náusea são efeitos que podem ser evitados com início de doses baixas (500 mg) com aumento progressivo a cada 7 dias. A apresentação de liberação prolongada (XR) causa menos efeito gastrintestinais. Deficiência de vitamina B12 no íleodistal, recomendando-se monitorá-lo periodicamente. Contraindicações: Gravidez Insuficiência renal (TFG < 30 mL/min/1) Insuficiências hepática, cardíaca ou pulmonar Acidose grave A droga também deve ser suspensa dois dias antes da realização de qualquer exame com contraste radiológico. O motivo não é que a metformina seja diretamente nefrotóxica (coisa que ela não é) e, sim, porque, se ocorrer IRA contraste-induzida (cujo risco está aumentado no diabético, especialmente o nefropata), a chance de acidose metabólica grave induzida pela metformina aumenta sobremaneira. Outras indicações de metformina: ▪ Síndrome dos ovários policísticos ▪ Esteatose hepatica alcoólica (NASH) ▪ Pré-diabetes em pacientes de alto risco ANTI-HIPERGLICEMIANTES→ PIOGLITAZONAS São potentes sensibilizadores periféricos de insulina. Sua ação é análoga a da metformina, isto é, aumentam o efeito periférico da insulina, porém, agem muito mais no estímulo à captação de glicose pelo músculo esquelético do que no bloqueio da gliconeogênese hepática. O mecanismo de ação é o aumento da expressão dos receptores periféricos de insulina, secundário ao estímulo de um fator de transcrição presente no núcleo da célula (o PPAR-gama). A redução da glicemia é lenta, sendo que se observação sua ação plena após 6 – 8 semanas após inicio do tratamento. Não é necessário o ajuste renal. Pioglitazona (15 – 30 – 45 mg/cp) 15 - 45 mg VO MID Desvantagens: Retenção hídrica Anemia dilucional Ganho ponderal Insuficiência cardíaca Fratura menopausa extremidades distais (antebraço,punho, pés, tornozelo, fíbula ou tíbia) Contraindicações: Insuficiência cardíacaclasses III e IV Insuficiência hepática Gravidez SECRETAGOGOS → SULFONIURÉIAS O mecanismo base dos secretagogos (sulfoniureias e glinidas) se dá via estimula aos canais de K+ que causarão um influxo nos canais de Ca2+ e estimulação da secreção de insulina. Basicamente fazem o que os canais GLUT2 realizam quando em contato com glicose. Necessitam de células beta funcionantes para sua ação, uma vez que estimulam apenas a liberação da insulina formada, mas não sua síntese, ou seja, não é indicado aqueles que já tiveram suas reservas totais de células beta extinguidas. Clorpropamida 125 a 500 mg/dia Glibenclamida (5 mg/cp) 2,5 – 5 mg VO MID inicial, 5 – 10 mg/dia usual e dose máxima de 5 mg TRID VO Glipizida 2,5 a 20 mg/dia Gliclazida (30 – 60 mg/cp) 30 mg/dia, máximo de 120 mg/dia VO Glimepirida (1 – 2 – 3 – 4 – 6 mg/cp) 1 mg/dia VO, usual de 1 – 4 mg/dia ate máximo de 8 mg/dia A clorpropramida, a tolbutamidae a tolazamida são as sulfonilureias de1ª geração, aquelas que necessitam de uma dose maior para garantir o efeito máximo e possuem maior interação medicamentosa. As demais são sulfonilureias de 2ª ou 3ª geração (glimepirida). As grandes desvantagens são a hipoglicemia e o ganho ponderal (Clorpropamida favorece o aumento de peso e não protege contra retinopatia). A hipoglicemia, às vezes grave e fatal, especialmente nos idosos, alcoólatras, desnutridos, nefropatas, hepatopatas e em uso de determinados medicamentos: ▪ Salicilatos ▪ Warfarim ▪ Gemfibrozil ▪ Clofibrato ▪ Sulfas ▪ Fenilbutazona ▪ Metildopa ▪ Cloranfenicol ▪ Miconazol ▪ Propranolol ▪ IMAO A chance de hipoglicemia é proporcional à meia-vida do fármaco, portanto é maior com a clorpropramida (meia-vida =24-48h), que pode ter o seu efeito hipoglicemiante mantido por mais de 60-90h, por conta de seus metabólitos ativos. A Clorpropamida está relacionada a outros efeitos adversos específicos: efeito dissulfiram (intoxicação por acetaldeído após ingestão alcoólica: rubor facial, sudorese, náuseas) e hiponatremia, que algumas vezes pode ser grave, especialmente com o uso associado de tiazídicos (por SIADH). Contraindicação: Gravidez Insuficiência renal ou hepática SECRETAGOGOS → GLINIDAS As glinidas ou metglinidas tem inicio de ação mais rápido do que as sulfoniureias e já iniciam sua ação 5 – 10 minutos após a ingestão com duração de 1 – 5 horas. Com este perfil são uteis para cobrir o incremento da glicemia após as refeições, portanto são administradas 1 – 30 minutos antes das principais refeições. Não devemos associar glinidas com sulfoniureias pois tem a mesma ação. Repaglinida (0,5 – 1 – 2 mg/cp) 0,5 mg/dia VO inicial antes das refeições, manutenção de 4 mg/dia VO e máxima de 16 mg/dia Nateglinida (120 mg/cp) 120 mg VO TRID antes das refeições Desvantagens: Hipoglicemia Ganho ponderal discreto Contraindicado: Gravidez INCRETINOMIMÉTICOS → AGONISTAS DO RECEPTOR DE GLP-1 As incretinas são substancias liberadas no intestino em resposta a glicose, o que já torna os seus fármacos interessantes pois o controle glicêmico terá baixo risco de hipoglicemia. São representados pelos agonistas do receptor GLP-1 e os inibidores da dipeptidil peptidase tipo IV (iDPPA4). Os agonistas de GLP-1 vêm ganhando importante pois além do controle glicêmico, fornece uma importe perda ponderal mesmo entre os não diabéticos e diminuem o risco cardiovascular. Ao ativar o GLP-1 potencializam a secreção de insulina no pâncreas, aumenta o estoque de glicogênio no fígado, aumenta a saciedade no cérebro, reduz o esvaziamento gástrico e aumenta a lipólise. Liraglutida (6 mg/ml na caneta) 0,6 mg/dia SC Semaglutida (1,34 mg/ml) 0,25 mg SC 1x/semana, após 4 semanas aumentar para 0,5 mg SC 1x/semana Dulaglutida (0,75mg/0,5 ml – 1,5 mg/0,5 ml) 0,75 mg SC 1x/semana Recomenda-se iniciar o tratamento com doses baixas e ir titulando progressivamente de 7 – 14 dias ate a dose máxima, com aumentos mais lentos entre a população idosa. Também são comercializados adjuntos a insulina, tendo aqui a vantagem de posologia mais fácil: só uma aplicação para ambas as medicações. Contraindicações: Hipoglicemia se associado a secretagogos Náusea, vômitos e diarreia Aumento da frequência cardíaca Possibilidade de pancreatite aguda INCRETINOMIMÉTICOS → GLIPTINAS (IDPP4) Aumento do nível de GLP-1, com aumento da síntese e da secreção de insulina, além da redução de glucagon. Sitagliptina (25 – 50 – 100 mg/cp) 100 mg VO MID Vildagliptina (50 mg/cp) 50 mg VO MID ou BID VO, máximo de 100 mg Saxagliptina (2,5 – 5 mg/cp) 2,5 – 5 mg VO MID Linagliptina (5 mg/cp) 5 mg VO MID Alogliptina (12,5 – 25 mg/cp) 25 mg VO MID Desvantagens: Angioedema e urticária Possibilidade de pancreatite aguda Aumento das internações por insuficiência cardíaca ESPOLIADOR VIA GLICOSÚRIA→ INIBIDORES DOS CANAIS DE SGLT2 Estas medicações agem nos canais que transportam sódio e glicose no segmento S1 do túbulo contorcido proximal – SGLT2 – que reabsorve cerca de 90% da glicose filtrada pelos rins. Porem este mecanismo é limitado, já que a glicosúria causa o aumento da produção de glucagon. Os benefícios são a perda de peso, aumento do HDL e liberação de sódio, contribuindo para um bom controle da PA. Entretanto, devem ser evitados em idosos, pois aumentam o risco de diurese osmótico levando a hipotensão postural e quedas. Durantes as internações devido cetoacidose diabética, devem ser suspensos já que aumentam os níveis de cetoacidos. Desvantagens: Infecção genital Infecção urinária Poliúria Dapagliflozina (5 – 10 mg/cp) 10 mg VO MID Empagliflozina (10 – 25 mg/cp) 10 mg VO MID, máximo de 25 mg/dia Canagliflozina (100 – 300 mg/cp) 100 – 300 mg VO MID antes do café da manha ESPOLIADOR → INIBIDORES DE ABSORÇÃO INTESTINAL DE GLICOSE Esta classe inibe as enzimas alfa-glicosidases da borda escova dos enterócitos das vilosidades intestinais, reduzindo a absorção do amido, dextrina e dissacarídeos, já que não serão clivados em monossacarídeos. Age na glicemia pós prandial e por isso é administrada antes das 3 refeições principais. Acarbose (50 – 100 mg/cp) 25 mg VO TRID, aumentar num intervalo de 4 – 8 semanas ate dose de manutenção de 50 – 100 mg TRID com dose máxima de 50 – 100 mg VO TRID. Desvantagens: Meteorismo, flatulência e diarreia Redução discreta da HbA1c A escolha do medicamento deve levar em consideração: ▪ Estado geral, peso e idade do paciente; ▪ Comorbidades presentes (complicações do diabetes ou outras); ▪ Valores das glicemias de jejum e pós-prandial, bem como da HbA1c; ▪ Eficácia do medicamento; ▪ Risco de hipoglicemia; ▪ Possíveis interações com outros medicamentos, reações adversas e contraindicações; ▪ Custo do medicamento; ▪ Preferência do paciente. Pacientes com manifestações leves: quando a glicemia for <200 mg/dL, com sintomas leves ou ausentes (sem a presença de outras doenças agudas concomitantes), estão indicados os medicamentos que não promovam aumento da secreção de insulina, principalmente se o paciente for obeso. No caso de intolerância à metformina, as preparações de ação prolongada podem ser úteis. Persistindo o problema, um dos demais agentes hipoglicemiantes podem ser escolhidos. Pacientescom manifestações moderadas: quando a glicemia de jejum for >200 mg/dL, mas <300mg/dL na ausência de critérios para manifestações graves, devem-se iniciar modificações de estilo de vida e uso de metformina associada a outro agente hipoglicemiante. A indicação do segundo agente dependerá do predomínio de RI ou de deficiência de insulina/falência da célula β. Dessa maneira, o inibidor da DPP-4, a acarbose, os análogos do GLP-1, a glitazona e os inibidores de SGLT2 poderiam constituir a segunda ou a terceira medicação. Em paciente com perda ponderal, poderiam ser combinadas uma sulfonilureia ou glinidas. Pacientes com manifestações graves: para os de mais pacientes com valores glicêmicos >300 mg/dLe manifestações graves (perda significativa de peso, sintomas graves e/ou cetonúria), deve-se iniciar insulinoterapia imediatamente.
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