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Professor: Fernando Braga AULA 5 � Os parafusos são utilizados tanto para manter partes unidas, como no caso de parafusos de fixação, quanto para mover cargas, como no caso dos chamados parafusos de potência, ou parafusos de avanço. � Parafusos usados para fixação podem ser arranjados para resistir a cargas de tração, de cisalhamento, ou a ambas � A terminologia de roscas dos parafusos: � Pelo uso pretendido Existem duas padronizações consagradas para rosca dos parafusos: � UNS – Unified National Standard ( Inglaterra, EUA e Canadá) � ISO – Padrão Europeu (usa dimensões métricas) O padrão ISO e UNS não são intercambiáveis. � Ambos as padronizações utilizam um ângulo incluído de 60° e definem o tamanho de rosca pelo diâmetro nominal externo (máximo) d da rosca externa. � O passo de rosca p é a distância entre roscas adjacentes. � Crista e raiz são tomadas como planas para reduzir a concentração de tensões que ocorre em canto vivo. � Três séries padrão de famílias de diâmetro primitivo são definidas para as roscas de padrão UNS: passo grosso (UNC), passo fino (UNF) e passo extrafino (UNEF). � A série grossa é a mais comum e é recomendada especialmente onde se requerem repetidas inserções e remoções do parafuso ou onde o parafuso é rosqueado em um material mole. � Roscas finas são mais resistentes ao afrouxamento decorrente de vibrações que as roscas grossas por causa do seu menor ângulo de hélice e, portanto, são utilizadas em automóveis, aviões e outras aplicações submetidas a vibrações. � As roscas da série ultrafina são utilizadas onde a espessura de parede é limitada e suas roscas pequenas são uma vantagem. � Esquema de Construção de uma Rosca (UNS) Diâmetro Nominal (in) Série Filetes/polegada Passo (in) ¼ UNC 20 0,0500 ¼ UNF 28 0,03571 ¼ UNEF 32 0,03125 O passo de roscas UNS é definido reciprocamente como o número de roscas por polegada, por exemplo: 1/4-20 UNC-2A Define rosca externa de diâmetro 0,250 in com 20 filetes por polegada, série grossa, classe 2 de ajuste. O passo de roscas métricas (ISO) é especificado pela dimensão do passo em mm, por exemplo M8 × 1,25 Define rosca ISO comum de 8 mm de diâmetro por 1,25 mm de passo de hélice. � Dimensões padronizadas para roscas métricas tabelas: � Dimensões padronizadas para roscas UNS: � O espaçamento entre furos é determinado pelos valores da NBR 8800. São utilizados estes valores com o objetivo de evitar as seguintes situações mostradas: � Ruptura, por tração pura, das peças unidas. Onde : A é a área líquida da chapa, isto é, a área da chapa menos a área de todos os furos. � Cisalhamento ou rasgamento da borda da chapa Neste tipo de falha, costuma-se considerar que os componentes das forças distribuem-se uniformemente sobre a projeção da área de contato do parafuso. � Cisalhamento ou rasgamento da borda da chapa Neste caso a tensão é calculada como: Onde: A - área projetada por parafuso é A=t.d. t - é a espessura da chapa mais fina d - é o diâmetro do parafuso. Vamos analisar a seção de junção aparafusada a carregada em tração, mostrada ao lado. � Características da junção A função de uma junta parafusada é reter duas ou mais partes. Ao torcer a porca, a mesma estica o parafuso de modo a produzir a força de retenção. Essa força de retenção é denominada de pré-carga. Visto que as partes estão sendo retidas juntos, a força de retenção que produz tensão no parafuso de porca, induz a compressão nas partes. � Características da junção A carga externa de tração é pode ser escrita da seguinte forma: � � �� � �� Onde: �� - porção da força P absorvida pelo parafuso �� - porção da força P absorvida pelas chapas � Calculo da Força resultante no parafuso �� � � � � � C= �� �� �� onde: P – é a carga externa kb - rigidez do parafuso km - rigidez das partes Fi - força de pré-carga C - constante de rigidez da junta N - número de parafusos na junta Uma maneira conservadora de cálculo é assumir que C=1 e toda carga externa é descarregada no parafuso. � Calculo da Força resultante nas partes �� � 1 � � � � � C= �� �� �� onde: P – é a carga externa kb - rigidez do parafuso km - rigidez das partes Fi - força de pré-carga C - constante de rigidez da junta N - número de parafusos na junta Uma maneira conservadora de cálculo é assumir que C=0 e toda carga externa é descarregada nas partes em compressão. A rigidez das partes será estimada, considerando a equação básica para deformações e a definição de rigidez de uma mola: Combinando as duas teremos as seguintes equações para calculo da rigidez dos componentes. � Rigidez do Parafuso Onde: Ap -área sob tração do parafuso Ep - módulo de elasticidade do material do parafuso g – comprimento efetivos aproximado ambas as partes. � Rigidez das Partes Onde: Am -área das partes sob tensão Em - módulo de elasticidade do material das partes g – comprimento efetivos aproximado ambas as partes. Será utilizado o seguinte esquema para determinar a área das partes. Onde: �� - d (para pequenas folgas) �� � 1,5d �� = 1,5d � g tg30º �� pode ser rescrito da seguinte forma: � Calculo da Força Máxima de Pré-Carga A força Fp é calculada por: onde: At = área sob tração Sp = Resistência de Prova O valor mínimo da força de pré-carga deve ser igual a � � . � Calculo da Força Pré-Carga Para as aplicações mais comuns considera-se a pré- carga como: Fi=0,5 x Sy x At onde: Fi - força de pré-carga em N Sy - tensão de escoamento do parafuso At - área sob tração � O torque estimado para garantir a pré-carga Fi é calculado pela seguinte fórmula: onde: K - coeficiente de torque tabelado Fi - força de pré-carga d - diâmetro máximo � Coeficiente tabelado Quando a condição do parafuso não for declarada pode-se utilizar K=0.2 Determinação das Tensões � Tensão de pré-carga - , � -. /0 � Tensão sob carga de serviço - ,� � -� /0 = 12 3 4 -.5 /0 Exercício 1: A figura abaixo mostra um mancal de esferas alojado em sua caixa e suportando a extremidade de um eixo girante. O eixo aplica uma carga estática de 9 kN à caixa do mancal, conforme mostrado. Selecione parafusos métricos (ISO) para a fixação da caixa do mancal e especifique o torque de aperto mais apropriado. A espessura total das chapas é de 20mm. Primeiramente para iniciarmos a seleção devemos selecionar o tipo de rosca e o material do parafuso: Material do Parafuso: A325 Tipo 1 Resistência de Prova Sp=586MPa Limite de Escoamento Sy=635MPa Rosca Tipo Grossa Conexão do Tipo Permanente Como valor inicial vamos considerar que o parafuso para esta aplicação é do tipo M7. Depois de estimado o diâmetro vamos, realizar a verificação do parafuso, primeiramente calculando a força no parafuso: Reescrevendo a fórmula temos: A tensão atuante no parafuso: É necessário estimar um novo diâmetro, como sugestão a nova área é estimada da pela seguinte forma: Pela Tabela: Com a nova área a força no parafuso deve ser calculada novamente, pelo procedimento realizado anteriormente. Neste caso a força é dada por: A tensão atuante no parafuso: Tensão Atuante igual a Admissível Neste caso será verificado para um parafuso M10. Neste caso a tensão atuante é 81% do escoamento sendo considerado este dimensional adequado. Para esta carga o parafuso está adequado. O Torque de aperto considerando k=0,2. 6 � 7�� � 0,2 9 18411 9 0,010 � 36,8 =.? � Os parafusos também são usados para resistir a cargas de cisalhamento, como mostrado na figura embora esse tipo de aplicação seja mais comum em projetos estruturais que em projetos de máquinas. � Pórticos de edifícios de aço estrutural e pontes são frequentemente fixados por parafusos de alta resistência, pré-carregados. (Alternativamente, eles podem ser soldados ou rebitados.) � A pré-carga de tração nesse caso serve para criar grandes forças de atrito entre elementos parafusados, que então podem resistir à carga de cisalhamento. Dessa forma, os parafusos permanecem ainda carregados emtração com altas pré-cargas. � Se o atrito na junta não for suficiente para suportar as cargas de cisalhamento, então o(s) parafuso(s) será(ão) colocado(s) sob cisalhamento direto. � Em projetos de máquinas, onde as relações dimensionais entre as partes requerem em geral tolerâncias muito menores que no trabalho estrutural, não é considerada boa prática utilizar parafusos de porca e sem porca em cisalhamento. � Para posicionar ou suportar partes de máquinas de precisão sob cargas de cisalhamento, uma combinação de parafusos e pinos passantes. � Pinos passantes suportam cargas de cisalhamento, mas não cargas de tração, e parafusos de porca sem porca suportam cargas de tração, mas não cargas de cisalhamento diretas. � Junta com a carga excêntrica ao centróide. Sistema deve ser reduzido a uma força e um momento no centroide da ligação. � Junta com a carga não excêntrica ao centróide. � , � -. /0 � onde: � n – é o número de elementos At – área de seção do elemento (no caso de parafusos a área sob tração) Antes do cálculo das cargas devemos calcular o centroide da junta parafusada. Segue uma orientação para o cálculo do centroide. Na figura, os pontos A1 a A5 são as áreas da seção reta de um grupo de cinco parafusos. � Junta com a carga excêntrica ao centróide. Não é necessário que os parafusos possuam o mesmo diâmetro. De acordo com a estática, o centroide G é localizado pelas coordenadas: � Junta com a carga excêntrica ao centróide. Onde xi e yi são as coordenadas dos centros dos parafusos. � Junta com a carga excêntrica ao centróide. Após o cálculo do centroide as cargas deverão ser calculadas em parcelas de forças: 1) Primeira parcela relativa a carga concentrada P 2) Segunda parcela relativa a carga de momento M � Parcela relativa a carga concentra é calculada da seguinte forma. onde: n – é o número de elemento At – área de seção do elemento (no caso de parafusos a área sob tração) P - carga concentrada � Parcela relativa a carga de momento Primeiramente deve ser calculado o centroide da ligação, e momento então deve ser calculado. A força então deve ser estimada da seguinte forma: � Composição de forças As forças deverão ser composta (Fr) conforme o exemplo mostrado abaixo: � , � -@ /0 onde: Fr – força resultante At – área de seção do elemento (no caso de parafusos a área sob tração) � Exercício 2 Uma barra de aço retangular de 15 mm por 200 mm. sustentada em balanço por um canal de aço de 250 mm usando dois pinos, localizados em E e F , e quatro parafusos de porca, localizados em A, B, C e D. Considerando que toda a carga de 16 kN é sustentada pelos parafusos determine: a) As forças atuando em cada parafuso: b) O diâmetro de cada parafuso: Resolução – letra a) 1º) Passo Determinar o arranjo da junta e a posição do centróide da junta. Como o arranjo da junta é simétrico o centróide está localizado no centro da junta. Resolução 2º) Passo – Cálculo das Forças Força F1: Resolução 2º) Passo – Cálculo das Forças Força F2: mmrj 966075 22 =+= Resolução 3º) Passo – Resultante das Forças Ponto A = Ponto B Ponto D = Ponto C Resolução 3º) Passo – Resultante das Forças Ponto A = Ponto B Ponto D = Ponto C Resolução – letra b) O material escolhido será o A325 Tipo 1. Utilizando um fator de segurança de 2 para o escoamento temos: Pela tabela de parafusos temos: