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Neurotransmissores E DUARDO F ERREIRA DA SILVA – M EDICINA – M1 – 01/09/2018 – FISIOLOGIA RESUMO DO CAPÍTULO 6 DO LIVRO P URVES , N EUROCIÊNCIAS . Neuropep�dios são moléculas transmissoras rela�vamente grandes, compostas de 3 a 36 aminoácidos. Aminoácidos individuais, como glutamato e o GABA, assim como os transmissores ace�lcolina, serotonina e histamina, são muito menores do que os neuropep�dios, sendo, portanto, chamados de neurotransmissores pequenos. As aminas biogênicas (dopamina, noradrenalina, adrenalina, serotonina e histamina) são frequentemente discu�das em separado, em virtude de suas propriedades químicas e ações pós-sináp�cas semelhantes. Ace�lcolina (ACo) Primeira substância iden�ficada como neurotransmissor. Além de sua ação como neurotransmissor das junções neuromusculares esquelé�cas e da sinapse neuromuscular entre o nervo vago e as fibras musculares cardíacas, a ACo atua como neurotransmissor nas sinapses dos gânglios do sistema motor visceral e em diversos sí�os dentro do sistema nervoso central. A ace�lcolina é sinte�zada nos terminais nervosos a par�r da ace�l-coenzima A (ace�l-CoA, que é sinte�zada a par�r da glicose) e da colina, em que uma reação catalisada pela colina-ace�ltransferase (CAT). A colina está presente no plasma em alta concentração. Em contraste com a maioria dos demais neurotransmissores pequenos, a ação pós-sináp�ca da ACo em muitas sinapses colinérgicas (em especial na junção neuromuscular) não é encerrada pela receptação, mas por uma poderosa enzima de hidrólise, a ace�lcolinesterase (ACoE). Essa enzima encontra-se concentrada na fenda sináp�ca, assegurando uma rápida diminuição na concentração de ACo. A ACoE hidrolisa a ACo em acetato e colina. A colina produzida é transportada de volta para os terminais nervosos e u�lizada para ressinte�zar ACo. ● Organofosforados (Ex.: Sarin) podem ser letais, pois inibem a ACoE, levando a ACo a acumular-se em sinapses colinérgicas. Esse aumento na ACo despolariza a célula pós-sináp�ca e a torna refratária a liberações subsequentes de ACo, causando, entre outros efeitos, paralisia neuromuscular. ● Α-bungarotoxina, um dos muitos pep�deos que, em conjunto, cons�tuem o veneno de uma serpente indiana. Bloqueia a transmissão na junção neuromuscular e é u�lizada pela serpente para paralisar sua presa. Essa toxina bloqueia a transmissão ligando-se irreversivelmente a receptores colinérgicos nico�nicos, impedindo que a ACo abra canais iônicos pós-sináp�cos. O Resultado é a paralisia, pois os músculos esquelé�cos não mais podem ser a�vados pelos neurônios motores. Muitas das ações pós-sináp�cas da ACo são mediadas pelo receptor colinérgico nico�nico (nACoR), assim designado porque a nico�na, um es�mulante do SNC, também se liga a esses receptores. O consumo de nico�na produz um certo grau de euforia, relaxamento e, por fim, dependência, e acredita-se que esses efeitos sejam mediados, nesse caso, pelos nACoRs. São canais de cá�ons não sele�vos que geram respostas pós-sináp�cas excitatórias. nACoRs é um grande complexo proteico, consis�ndo em cinco subunidades arranjadas em torno de um poro central que atravessa a membrana. No caso nACoRs do músculo esquelé�co, esse pentâmero receptor contém duas subunidades α, cada uma das quais liga uma molécula de ACo. Uma vez que ambos os sí�os de ligação para a ACo devem estar ocupados para o canal ser aberto, apenas concentrações rela�vamente altas desse neurotransmissor levam à a�vação do canal. nACoRs neurais em geral diferem dos musculares pelo fato de não apresentarem sensibilidade à α-bungarotoxina e de terem apenas dois �pos de subunidades no receptor (α e β). Uma segunda classe de receptores para a ACo é a a�vada por muscarina, um alcaloide tóxico encontrado em alguns cogumelos, de modo que são denominados receptores colinérgicos muscarínicos (mCAoRs). São metabotrópicos e medeiam a maior parte dos efeitos da ACo no encéfalo. mCAoRs são altamente expressos no estriado e em várias outras regiões do prosencéfalos, ondem exercem influência inibitória sobre efeitos motores mediados pela dopamina. Esses receptores são também encontrados nos gânglios do sistema nervos periférico. Por fim, eles medeiam respostas colinérgicas periféricas em órgãos efetores do sistema neurovegeta�vos – como coração, músculo liso e glândulas exócrinas – e são responsáveis pela inibição da frequência cardíaca determinada pelo sistema nervoso. Existem bloqueadores mACo terapeu�camente úteis como a a tropina (U�lizada para dilatar a pupila), a escopolamina (efe�va na prevenção de náuseas) e o ipratrópio (ú�l no tratamento de asma). Miastenia Grave A miastenia grave é uma doença que interfere na transmissão entre neurônios motores e as fibras musculares. A miastenia em geral afeta os músculos que controlam as pálpebras (resultando na queda das pálpebras ou ptose) e os movimentos oculares (resultando em visão dupla ou diplopia). Estudo em pacientes miastênicos indicam que os potenciais de placa motora (PPMs) e os minipotenciais de placa motora (MPPMs) são muito menores que o normal. Uma vez que tanto a frequência dos MPPMs quanto o conteúdo quân�co dos PPMs são normais, parece provável que a miastenia grave afeta as células musculares pós-sináp�cas. Mudanças evidentes são um alargamento da fenda sináp�ca e uma aparente redução no número de receptores para a ace�lcolina na membrana pós-sináp�ca. Estudos demostraram que o sangue de pacientes miastênicos contém an�corpos contra receptores colinérgicos e que esses an�corpos então presentes nas sinapses neuromusculares. A remoção dos an�corpos por troca de plasma melhora a fraqueza. Por fim, a injeção do soro de pacientes miastênicos em camundongos produz efeitos miastênicos. Esses achados indicam que a miastenia grave é uma doença autoimune, direcionada a receptores colinérgicos nico�nicos. A resposta imunológica reduz a quan�dade de receptores funcionais na junção neuromuscular e pode, por fim, destruí-los, diminuindo a eficácia da transmissão sináp�ca. Ainda não foi esclarecida a razão pela qual o sistema imunitário começa a produzir uma resposta autoimune contra receptores colinérgicos. Glutamato (Aminoácidérgicos) Quase todos os neurônios excitatórios do sistema nervoso central são glutamatérgicos. Elevadas concentrações de glutamato extracelular, liberado como resultado de uma lesão neural, são tóxicas para os neurônios. O glutamato é um aminoácido não essencial, devem ser sinte�zados no neurônio, pois não cruza a barreira hematoencefálica. O principal percursor para a síntese de glutamato é a glutamina, que é liberada pelas células gliais. Uma vez liberada, a glutamina é captada pelos terminais pré-sináp�cos e metabolizada em glutamato pela enzima mitocondrial glutaminase. O glutamato pode também ser sinte�zado por transaminação do 2-cetoglutarato, um intermediário do ciclo do ácido cítrico. Assim, parte da glicose metabolizada pelos neurônios pode também ser u�lizada par a síntese de glutamato. O glutamato sinte�zado no citoplasma pré-sináp�co é empacotado em vesículas sináp�caspor transportadores, denominados VGLUT. Uma vez liberado, o glutamato é removido da fenda sináp�ca por diversos transportadores de aminoácidos excitatórios (TAAEs). O glutamato captado pelas células gliais é conver�do em glutamina pela enzima glutamina sintetase; a glutamina é, então, transportada para fora das células gliais e a seguir para dentro dos terminais nervosos. Dessa forma, os terminais sináp�cos atuam em cooperação com as células gliais para manter um suprimento adequado de neurotransmissor. O conjunto dessa sequência de eventos é referido como ciclo do glutamato-glutamina. Foram iden�ficados diversos �pos de receptores para o glutamato. Três deles são receptores ionotrópicos, denominados receptores NMDA, receptores AMPA e receptores cainato. Esses receptores são assim designados em função dos agonistas que os a�vam: NMDA (N-me�l-D-aspartato), AMPA (α-amino-3-hidroxil-5-me�l-4-isoxasol-propianato) e ácido caínico. Todos os receptores glutamatérgicos ionotrópicos são canais ca�ônicos não sele�vos, semelhantes aos nACoRs, permi�ndo a passagem de Na + e K + e , em alguns casos, de pequenas quan�dades de Ca 2+ . Desse modo, a a�vação de receptores NMDA, AMPA ou cainato sempre produz respostas pós-sináp�cas excitatórias . O canal iônico do receptor NMDA permite a entrada de Ca 2+, , além de íons monovalentes, como sódio e potássio. Como resultado, os PEPS produzidos pela abertura do receptor NMDA podem aumentar a concentração de Ca 2+ dentro do neurônio pós-sináp�co. A mudança na concentração de cálcio pode então atuar como um segundo mensageiro, a�vando cascatas de sinalização intracelulares. Esse receptor tem a capacidade de se ligar a Mg 2+ extracelular. Em potenciais de membrana hiperpolarizados, esse íon bloqueia o poro do canal do receptor NMDA. A despolarização, no entanto, empurra o Mg 2+ para fora do poro, permi�ndo o fluxo de outros cá�ons. Essa propriedade fornece a base para o fluxo de corrente voltagem-dependente através do receptor e significa que o receptor NMDA permite a passagens de cá�ons apenas durante a despolarização da célula pós-sináp�ca. Outra propriedade do receptor NMDA é a abertura do canal desse receptor que necessita a presença de um coagonista, o aminoácido glicina. Correntes sináp�cas produzidas pela es�mulação de receptores NMDA são mais lentas e de mais longa duração do que aquelas produzidas pela es�mulação de receptores AMPA/Cainato. Os papeis fisiológicos dos receptores cainato são menos bem definidos; em alguns casos, esses receptores são encontrados em terminais pré-sináp�cos e servem como um mecanismo de retroalimentação para regular a liberação de glutamato. Os receptores glutamatérgicos metabotrópicos (Existem três �pos) (mGluRs) modulam indiretamente canais iônicos pós-sináp�cos, diferem em seu acoplamento às vias intracelulares de transdução de sinal. Os mGluRs causam respostas pós-sináp�cas mais lentas e podem aumentar ou diminuir a excitabilidade das células pós-sináp�cas. EXCITOXICIDADE NA LESÃO ENCEFÁLICA AGUDA Pode ser um caso clínico do seminário de fisiologia (Tema do grupo: glutamato) GABA e Glicina A maior parte das sinapses inibitórias no encéfalo e na medula espinhal u�liza ou o ácido y—aminobu�rico (GABA) ou a glicina como neurotransmissor. O principal precursor da síntese de GABA é a glicose, que é metabolizada até intermediários do ciclo do ácido cítrico, gerando por fim glutamato (piruvato e glutamina também podem ser precursores). A enzima glutamato-descarboxilase (GAD), que é encontrada exclusivamente em neurônios GABAérgicos, catalisa a conversão de glutamato em GABA. Para sua a�vidade, GAD requer um cofator, o piridoxal-fosfato. Uma vez que o piridoxal-fosfato é derivado da vitamina B 6 , uma deficiência dessa vitamina pode levar à redução na síntese de GABA. Uma que o GABA é sinte�zado, ele é transportado para dentro das vesículas sináp�cas por um transportador vesicular de aminoácidos inibitórios (TVAAI). O mecanismo para a remoção de GABA é semelhante àquele do glutamato: tanto os neurônios como a glia contêm transportadores de alta afinidade para o GABA, denominados GATs. A maior parte do GABA é conver�da, por fim, em succinato, o qual é, a seguir, metabolizado no ciclo do ácido cítrico, que medeia a síntese de ATP na célula. As enzimas necessárias para essa degradação, a GABA-aminotransferase e a desidrogenase do semialdeído succínico, são enzimas mitocondriais. A inibição da degradação do GABA determina um aumento no conteúdo de GABA no tecido e um aumento na a�vidade de neurônios inibitórios. Os receptores GABA A e GABA C são receptores ionotrópicos, enquanto o GABA B é metabotrópico. Os receptores GABAérgicos ionotrópicos são geralmente inibitórios, pois os canais a eles associados são permeáveis ao Cl - . Receptores GABAérgicos ionotrópicos contêm dois sí�os de ligação para o GABA e números sí�os aos quais diferentes drogas se ligam, modulando esses receptores. O sí�o de ligação de benzodiazepínicos, situa-se fora do poro e modula a a�vidade do canal. Os benzodiazepínicos, como o Diazepam e o clordiazepóxido são drogas tranquilizantes que aumentam a transmissão GABAérgica por ligarem-se às subunidades α e δ dos receptores GABA A . Além disso, pelo menos alguns aspectos do comportamento do indivíduo alcoolizado são causados por alterações mediadas pelo álcool em receptores GABAérgicos ionotrópicos. Os receptores GABA B são inibitórios. A inibição mediada por esse receptor deve-se à a�vação de canais de K + . Um segundo mecanismo para a inibição mediada por GABAb é o bloqueio de canais de Ca 2+ , que tende a hiperpolarizar as células pós-sináp�cas. Cerca de metade das sinapses inibitórias da medula espinhal u�liza glicina; A glicina é sinte�zada a par�r da serina pela isoforma mitocondrial da serina hidroxime�ltransferase e é transportada para dentro das vesículas sináp�cas pelo mesmo transportador vesicular de aminoácidos inibitórios que carrega o GABA. Uma vez liberada na fenda sináp�ca, a glicina é rapidamente removida por transportadores de glicina na membrana plasmá�ca. Mutações em genes que codificam algumas dessas enzimas resultam em hiperglicinemia, uma doença devastadora em neonatos, caracterizada por latargia, convulsões e retardo mental. Receptores para a glicina são também canais de Cl - a�vados por ligantes. Receptores para glicina são pentâmeros. Os receptores de glicina são fortemente bloqueados pela estricnina, o que pode ser responsável pelas propriedades tóxicas desse alcaloide de plantas.
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