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Reumatologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Letícia Tamashiro Definição: Hiperuricemia: ácido úrico > 6,8mg/dL – deposição e formação de cristal, pois ultrapassada faixa de saturação. O ácido úrico provem do metabolismo das purinas (bases nitrogenadas do DNA). Manifestações clínicas Crises de gota aguda: Monoarticular, dor intensa, hiperemia, podagra (em 50% dos pacientes crise inicia nessa articulação), médio pé, tornozelos, calcanhar e joelhos. As crises são autolimitadas de 5-14 dias, atinge o pico máximo de dor em 24h, período assintomático, febre em 30% dos pacientes. Tem boa resposta a AINE. Epidemiologia: Prevalência: 2,7%. Incidência de 20% nos últimos 10 anos. Predominante no sexo masculino; Mulheres correspondem 5% doas pacientes, sendo 90% mulheres na menopausa. Faixa etária de 40-60 anos. Fatores de risco: Álcool: Cerveja é rica em guanosina (aumenta produção de ácido úrico). Reumatologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Letícia Tamashiro Dieta: purinas de origem animal: carne vermelha; frutos do mar. Fisiopatologia: Hiperuricemia saturada, começa a virar cristal e se sedimenta próximo a articulação. Alguns fatores fazem com que esses cristais se desprendam no microtofo e caem na sinóvia (pequenos traumas, alterações acentuadas dos níveis de ácido úrico). Uma vez que esse cristal chega na sinovial, ele é fagocitado, englobado pelo fagolisossomo, levando a ativação do inflamassoma (que produz citocinas inflamatórias). Essas citocinas inflamatórias caem na articulação como uma chuva inflamatória. IL-1, TNF-alfa, NO, quimiocinas aumenta a expressão de moléculas de adesão, facilitando a diapese. Ao mesmo tempo, alguns macrófagos começam a produzir citocinas anti-inflamatórias, IL10, TGFbeta e por isso essa crise se resolve espontaneamente. Confirmação diagnostica: Padrão outro: punção articular – cristais de MUS. Formato de agulha, birrefringência negativa, amarelo-paralelo e azul-perpendicular. Líquido sinovial: Celularidade – 5000-80000 cel/mm³ Mérdia 15000-20000 cel/mm³. Predominio de neutrófilos. Valor normal: <2000 cel/mm³ AU sérico: 1/3 pode estar <7mg/dL, porque durante a crise a paciente secreta mais cortisol e excreta AU. AU urinário: Normal – hipoexcretores. Aumentado – paciente é hiperprodutor: AU>800mg/24h em pacientes com ClCr>60 (paciente renal AU vai estar alterado). Diagnóstico diferencial – artrite séptica: enviar líquido para cultura e fazer gram; celularidade maior que 50000 cel/mm³ a 100000cel mm³ e já punciona pus; mal estado geral, febre. Pseudogota: cristal de pirofosfato de cálcio diidratado. A crise é prolongada e o joelho é a articulação mais envolvida. Acomete pacientes com mais de 60 anos e é associada a osteoartrite. Cristais birrefringência positiva, romboide, azul. Celularidade de cerca de 12000 cel/mm³. Condrocalcinose – depósito de pirofosfato de cálcio se depositam na cartilagem – RX. Reumatologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Letícia Tamashiro Evolução clínica: Hiperuricemia assintomática → gota aguda intermitente → gota crônica. Acima de 10 anos – gota tofácea crônica: Crises frequentes, ausência de períodos assintomáticos. Paciente passa a desenvolver osteoartrite secundária. Tofo: localização – dedos, punhas, orelha, hoelhos, bursa olecraniana, pontos de pressão. Tratamento: AINE: sem superioridade de um em relação a outro. Cuidado: pode levar a IR/sangramento digestivo. Inibidores de COX-2 se queixa gastrointestinal (lembrar que COX-2 é contraindicado em pacientes cardiopatas). Corticoesteroides sistêmicos: cuidado com hiperglicemia; não é melhor escolha para pacientes diabéticos. Corticosteroides intrarticular – faz-se se uma ou duas articulações. *Na fase aguda nunca é poliarticular; mas após 10 anos, a gota crônica pode ser poliarticular. Profilaxia – colchicina: Interfere na migração dos neutrófilos – altera a distribuição das selectinas. Preceder medicação hipouricemiante 1-2 semanas; alguns autores dizem que pode começar ao mesmo tempo. Manter por 6 meses a 1 ano; 1 cp por dia. Medidas não farmacológicas: Não abusar de álcool; perder peso; evitar diuréticos tiazídicos; redução de caloria e carboidratos – AU 10-15%. Restrição de purina – pouco efetiva. Medidas farmacológicas: Objetivo: AU <6mg/dL Alopurinol – medicação mais utilizada: é um inibidor da xantina oxidase (enzima que transforma xantina é AU). Efeito colateral - farmacodermia: Sd. Steven-Johnson. Defeitos enzimáticos funcionamento ruim HPRT ou acelerado da PRPP – associados a gota. Reumatologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Letícia Tamashiro Uricosúricos – aumenta excreção de AU: Probenecide e benzobromarona. Pacientes com ClrCr <60 (probecenide) e ClCR<20 (benzopromarona). Benzobromarona tem sido relacionada a hepatite fulminante; pode ter cálculo renal (não é boa opção para paciente com litíase). Orientar o paciente para ingerir muito água. Agem bloqueando a URAT-1 no túbulo proximal responsável pela reabsorção do AU. Outras medicações uricosúricas: Losartana. Fenofibrasto (20% redução do AU), Atorvastatina, estrógeno. Uricase: Enzima recombinante não modificada do Aspergillus flavus. Risco aumentado de anafilaxia. Síndrome de lise tumoral – aumento abrupto de purina e consequentemente de ácido úrico que pode se depositar na articulação e no rim → uso de uricase. Hiperuricemia assintomática: Fator de risco para desenvolver: HAS, DM2, DLP, DRC e DCV. DRC e DCV. Mulheres tem prognóstico pior. Mortalidade aumenta por DCV. HAS – jovens, Valores que aumentam o risco: Homens: AU >5,8mg/dL. Mulheres: AU >3,6mg/dL. Não há medicações aprovadas para tratar hiperuricemia assintomático. É indicado tto não farmacológico: dieta, mudança do estilo de vida, evitar medicações que aumentam o AU. Reumatologia – FMBM Pamela Barbieri – T23 Profª Dra. Letícia Tamashiro Conclusões: alta prevalência, potencial detrutivo. Dx: punção articular. Investigar Sd metabólica. Sempre tratar hiperuricemia – mesmo que com medidas não farmacológicas. Não suspender alopurinol durante crise de gota.
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