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1 Thayná Campos Duarte Definido como a proliferação maligna das células epiteliais que margeiam os ductos ou lóbulos. Normalmente possui crescimento insidioso e localiza-se no quadrante superior externo ou na região central. Além disso, costuma ser unilateral, firme e de consistência endurecida. Para o Brasil, estimam-se que 66.280 casos novos de câncer de mama, para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres. Para o Brasil, estimam-se que 66.280 casos novos de câncer de mama, para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres. O tipo histológico mais comum para o câncer de mama feminina é o carcinoma de células epiteliais, que se divide em lesões in situ e invasoras. A cada ano, aproximadamente 24,2% dos casos novos de câncer em mulheres correspondem a tumores de mama. Independentemente da condição socioeconômica do país, a incidência desse câncer se configura entre as primeiras posições das neoplasias malignas femininas. Cerca de 1% de todos os casos de câncer de mama incidem no sexo masculino. o SEXO: 99% dos casos acontecem no sexo feminino o IDADE: idade superior a 40 anos. O acúmulo de exposições ao longo da vida e as próprias alterações biológicas resultantes do envelhecimento aumentam o risco. o ANTECEDENTE PESSOAL DE CA DE MAMA: Mulheres com história prévia de câncer de mama possuem risco de 50% de desenvolver um câncer microscópico e um risco de 20 a 25% de desenvolver um câncer clinicamente aparente na mama contralateral. o HISTÓRIA FAMILIAR: Câncer de mama em parentes de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) aumenta o risco da doença de 2,0 a 2,5 vezes. o LESÕES HISTOLÓGICAS INDICADORAS DE RISCO: Carcinoma ductal in situ é precursor e Carcinoma lobular in situ é marcador de risco e precursor. o FATORES ENDÓCRINOS OU RELATIVOS A HISTÓRIA REPRODUTIVA: menarca precoce (antes dos 12 anos); menopausa tardia (após os 55 anos); primeira gravidez após os 30 anos; nuliparidade; uso de contraceptivos orais e de terapia de reposição hormonal pós- menopausa. o ANTECEDENTES PESSOAIS PARA OUTROS CA’s E RADIOTERAPIA PARA LINFOMA DE HODKIN: A história de outros tipos de tumor, principalmente de endométrio, ovário ou cólon, e a história de radioterapia mediastinal para linfoma de Hodgkin aumentam a probabilidade de um câncer de mama subsequente. Problema 1 – Fechamento 1 CANCER DE MAMA Epidemiologia Fatores de risco Manifestações Clínicas 2 Thayná Campos Duarte o GENÉTICA: Mutação no gene BRCA 1 É uma mutação que ocorre no braço longo do cromossoma 17, que codifica uma proteína que age como supressora tumoral. É responsável por 40% dos casos de câncer com envolvimento genético. Aumenta o risco de câncer, sobretudo na pré-menopausa. - Jovens - Pode ter CA de ovário associado -CA de alto grau que não responde a estrogênio e progesterona Mutação no gene BRCA 2 É uma mutação que ocorre no braço longo do cromossoma 13. Este cromossoma também é inativo durante o processo de oncogênese. A mutação aumenta o risco de doença principalmente na pós-menopausa. **Indicado ooforectomia bilateral precoce pré- menopausa para profilaxia. o OUTROS FATORES: Dietas ricas em gordura; uso crônico de bebida alcoólica; sedentarismo *O CA de mama está associado ao tempo de exposição a altas doses de estrogênio e progesterona. Alterações do ciclo menstrual, em que se tem a estimulação das glândulas e ductos que se prepara pra produzir leite e na ausência da fecundação as taxas hormonais caem, e o tecido que sofreu uma hiperplasia sofrerá apoptose para que ocorra atrofia. Tem- se uma alteração de hiperplasia-atrofia expões o tecido a possibilidade de sofrer atipia celular e daí desenvolver um CA de mama. -Apresentação clássica: tumor endurecido, de forma variável, contornos irregulares, limites imprecisos e fixos. - Assimetria de volume de mama e edema linfático. -Abaulamentos e retrações de pele (pele de laranja), ulcerações da pele ou papila. -Descarga papilar, uniducatal, espontânea, intermitente. Tipo água de rocha, ou sanguinolenta. **Autoexame: Só identifica tumor na fase clínica (maior que 1cm). 1 vez por mês, uma semana após o término da mesntruação. História natural do CA de mama: Epitélio Normal Hiperplasia Epitelial Típica Hiperplasia Epitelial Atípica Carcinoma Intraductal ou Intralobular Carcinoma Invasor -- Admite-se que o carcinoma da mama passe por uma fase in situ, onde a membrana basal está preservada, evoluindo para a ruptura desta membrana, progredindo para a forma infiltrativa. O carcinoma invasor pode permanecer por tempo variável limitado à mama. A disseminação ocorre principalmente pela via linfática e menos frequentemente pela via hematogênica pura. A formação de novos vasos linfáticos peritumorais, com paredes altamente permeáveis, permite a penetração de células malignas no interior destes, dando início ao processo de disseminação. Tais células são transportadas pela linfa até o primeiro gânglio de drenagem da região (linfonodo sentinela) e, a partir deste, para as cadeias ganglionares regionais, comprometendo outros linfonodos (principalmente os da cadeia axilar). Seguindo o fluxo linfático, as células tumorais embolizadas podem ultrapassar os linfonodos regionais e chegar à circulação sanguínea, atingindo alvos mais distantes e formando implantes tumorais metastáticos (os órgãos mais atingidos são os pulmões, fígado e ossos). Manifestações Clinicas Tipos Histológicos 3 Thayná Campos Duarte Carcinoma In Situ Corresponde à doença local, ou seja, à lesão restrita ao epitélio. Não ocorre infiltração do estroma. É a proliferação das células cancerígenas dentro dos ductos e lóbulos, sem invasão do tecido estromal. Pode ser classificado como lobular (quase sempre se originam dos ácinos), ou ductal (podem se originar tanto dos ácinos quanto dos ductos). Carcinoma Ductal In Situ (CDIS) 85% dos casos, geralmente detectado apenas por mamografia. É considerada “lesão precursora” do CA de mama e, na maioria das vezes, tem prognóstico favorável. Microscopicamente é caracterizado pela dilatação da luz dos ductos e pelo achado de células padrão ductal com alterações malignas que não invadem a membrana basal. O tipo celular característico é a célula grande, poligonal e coesa; sua disposição no interior dos ductos define os subtipos histológicos: cribiforme (proliferação celular que deixa espaços regulares, redondos de bordas nítidas), micropapilar (tufos de células que apresentam uma saliência em direção ao lúmen, são desprovidos de eixo vascular), papilar (semelhante ao micropapilar, mas com eixos fibrovasculares evidentes), sólido (suas células ocluem totalmente o lúmen dos ductos) e comedocarcinoma (pior prognóstico; caracterizado pela distensão dos ductos, anaplasia celular e necrose central que posteriormente sofre calcificação; normalmente evolui para invasão). Carcinoma Lobular In Situ (CLIS) Não se apresenta como lesão palpável, normalmente não há expressão mamográfica, e não é visível macroscopicamente ao exame histopatológico. Constitui um achado microscópico incidental a partir de um tecido mamário removido cirurgicamente por outro motivo. É detectado mais frequentemente na pré-menopausa, sugerindo influência hormonal no desenvolvimento ou manutenção dessa lesão. - O padrão histológico é o de hiperplasia lobular atípica, com presença de células epiteliais pequenas, não coesas, dispostas no interior dos ácinos. **representa um indicador biológico de aumentode risco para o desenvolvimento de um tumor invasor, devido ao seu grande potencial para multicentricidade e bilateralidade. -Deve ser tratado com biópsia excisional. Carcinomas Infiltrantes (invasivos) Doença invasiva, ocorre infiltração do estroma mamário. Cerca de 80% são do tipo ductal infiltrativo; a maior parte dos tumores restantes é do tipo lobular infiltrativo. Carcinoma Ductal Infiltrante (CIRROS0) Povoca reação estromal que produz diferentes formas de apresentação, determinando retração de pele quando há reação fibrótica intensa, ou abaulamentos quando o crescimento é tuberoso e com pouca fibrose. A reação estromal pode ser intensa resultando em estroma denso e firme (cirroso). Essa característica é responsável pela massa palpável de consistência pétrea ao exame clínico, e pela grande expressão radiológica e ultrassonográfica, com presença de lesão sólida típica dos carcinomas invasivos. O prognóstico é bom em casos de carcinoma ductal isolado, e péssimo em casos de metástases. *Mais comum, 80% 4 Thayná Campos Duarte Carcinoma Lobular Infiltrante É pouco frequente. Corresponde a 5 a 10% na maioria das séries. O achado típico é de uma área mal definida, infiltrada, espessada na mama, com pouca expressão mamográfica. Apresenta maior tendência à bilateralidade e multicentricidade. -Não se observa lesão macroscópica. Microscopicamente, evidenciam-se células pequenas e ovais, que infiltram o estroma na forma característica, em “fila indiana”. Carcinoma Mucinoso (coloide): Comum em idosas. Acúmulo de mucina ao redor das células tumorais, aparência gelatinosa e bem circunscrita. Crescimento lento. Carcinoma Tubular: Presença de estruturas tubulares ou glandulares bem formadas infiltrando o estroma. Carcinoma Medular: Padrão de crescimento sincicial em mais de 75% do tumor; ser histologicamente circunscrito; estruturas glandulares e tubulares ausentes; células neoplásicas com núcleos muito pleomórficos, de alto grau (grau 3) e nucléolos evidentes; infiltrado inflamatório linfoplasmático. Carcinoma Inflamatório: eritema, edema, calor e endurecimento da pele, com o aspecto característico em “casca de laranja”. Histologicamente caracteriza-se pela invasão das células tumorais no sistema linfático regional e à distância. Carcinoma Papilífero: Pós-menopausa. Região central da mama. Manifesta-se com derrame papilar sanguinolento. A ausência de células mioepiteliais no interior da lesão é característica. Doença de Paget: É uma desordem do mamilo e aréola, caracterizada clinicamente pela aparência eczematoide, com a presença de erosão e descamação. - Histologicamente, caracteriza-se pela presença de células tumorais que acometem a epiderme das papilas mamárias. É obrigatória a distinção deste tumor com o eczema areolar. A destruição da papila é a principal característica da doença de Paget. RASTREAMENTO: O MS e o INCA preconizam que (1) mulheres com idade < 50 anos não é recomendado o rastreamento com mamografia de alta resolução, apenas exame clínico das mamas (ECM) anual ; - (2) mulheres com idade entre 50 e 69 anos recomenda-se a MMG bienal e ECM anual; (3) mulheres com idade ≥ 70 anos é contraindicado o rastreamento com MMG. ***Mulheres acima de 35 anos com fatores de risco elevado tais como, parentes de 1º grau com CA de mama antes dos 50 anos, com CA de mama bilateral, CA de ovário em qualquer idade, CA de mama masculino na família ou diagnóstico pessoal de malignidade nas mamas, é indicado ratreio anual com MMG e ECM. Avaliação Diagnóstica 5 Thayná Campos Duarte A mamografia apresenta maior acurácia em mulheres mais idosas, porque, com o envelhecimento, o tecido fibroglandular da mama é substituído por gordura, que pode ser diferenciada mais facilmente das alterações teciduais. Diagnóstico O diagnóstico do câncer de mama deve estar ancorado em um tripé: exame clínico, exame de imagem e analise histopatológica. EXAME FÍSICO: O exame físico deve avaliar cuidadosamente as mamas e as cadeias linfáticas axilares, supra e infraclaviculares CLÍNICO: avaliar cuidadosamente as mamas e as cadeias linfáticas axilares, supra e infraclaviculares. A suspeita de malignidade ocorre com a presença de tumor endurecido, contornos irregulares, fixo ou pouco móvel podendo ou não estar associado a descargas papilares uniductal, espontânea, intermitente do tipo agua de rocha ou sanguinolenta. Em casos avançados podem ocorrer abaulamentos e retrações da pele (peau d’orange), ulcerações da pele ou papila e tumores exofíticos. AUTOEXAME: consiste numa prática padronizada, sistemática e periódica, normalmente 1x por mês e uma semana após o término da menstruação para mulheres que estão na menacme. Entretanto, essa técnica está em desuso; PAAF: a punção aspirativa por agulha fina é o primeiro passo na investigação dos nódulos mamários, pois diferencia lesões císticas das lesões sólidas (os tumores sólidos são diagnosticados após a falha em aspirar líquido com a PAAF), em seguida o material aspirado deve ser encaminhado para avaliação citológica. ULTRASSONOGRAFIA: assegura boa diferenciação entre nódulos sólidos e císticos. Alguns achados ultrassonográficos são sugestivos de malignidade, como margens irregulares, hipoecogenicidade e textura heterogênea, presença de sombra acústica posterior. Nódulo mais alto q largo. MAMOGRAFIA: principal método de rastreamento do câncer de mama. A mamografia de alta resolução possibilita a identificação de lesões muito pequenas, com o mínimo de radiação, sem apresentar risco para as pacientes. Além disso, auxilia na caracterização dos achados clínicos e evidencia outros focos de tumor. As imagens das alterações benignas geralmente se resumem a calcificações grosseiras e nódulos com contornos regulares e nítidos; já as imagens sugestivas de malignidade incluem nódulos espiculados, sem margens definidas, e microcalcificações pleomórficas agrupadas. RM: É útil no estudo da mama contralateral, na avaliação de focos secundários do tumor na mama ipsilateral, no rastreio de recidiva local do tumor e na avaliação de pacientes em uso de implantes mamários. CINTILOGRAFIA: amplamente empregada para rastreamento e diagnóstico de metástases a distancia, sobretudo implantes ósseos. 6 Thayná Campos Duarte É utilizado como estratégia para definir prognóstico e orientar a conduta terapêutica. -Pode ser realizado pela cintilografia, RX, US e TC. O mais utilizado é o TNM (tumor, linfonodo e metástase). - Tumores menores que 1 cm associam-se a prognósticos favoráveis. Por outro lado, tumores menores que 2 cm se beneficiam de terapia sistêmica adjuvante. -os carcinomas in situ ou não invasores, e alguns invasores bem diferenciados mucinoso, tubular, medular, papilar possuem melhor prognóstico. O tratamento varia de acordo com o estadiamento da doença, as características biológicas do tumor e as condições da paciente (idade, se já passou ou não pela menopausa, doenças preexistentes e preferências). - Tratamento local: cirurgia e radioterapia. - Tratamento sistêmico: quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica. Estádios I e II: A conduta habitual consiste de cirurgia, que pode ser conservadora, com retirada apenas do tumor ou mastectomia, com retirada da mama e reconstrução mamária. O tratamento neoadjuvante pode ser indicado na tentativa de se fazer um downstaging da doença e permitir uma cirurgia conservadora. Após a cirurgia, tratamento complementarcom radioterapia pode ser indicado em algumas situações. Já a reconstrução mamária deve ser sempre considerada nos casos de retirada da mama para minimizar os danos físicos e emocionais do tratamento. O tratamento sistêmico, após o tratamento local, será indicado de acordo com a avaliação de risco de a doença retornar (recorrência ou recidiva) e considera a idade da paciente, o tamanho e o tipo do tumor e se há comprometimento dos linfonodos axilares. A mensuração (medição) dos receptores hormonais (receptor de estrogênio e progesterona) do tumor, por meio do exame de imunohistoquímica, é fundamental para saber se a hormonioterapia pode ser indicada (tratamento de uso prolongado em forma de comprimidos para diminuir a produção dos hormônios femininos do organismo). Estadiamento Prognóstico Tratamento https://www.inca.gov.br/publicacoes/cartilhas/bem-estar-qualidade-de-vida-e-reducao-do-estresse-durante-o-tratamento https://www.inca.gov.br/publicacoes/cartilhas/bem-estar-qualidade-de-vida-e-reducao-do-estresse-durante-o-tratamento 7 Thayná Campos Duarte Estádio III: Pacientes com tumores maiores que 5cm, porém ainda localizados, enquadram-se no estádio III. Nessa situação, o tratamento sistêmico (na maioria das vezes, com quimioterapia) é a opção inicial. Após a redução do tumor promovida pela quimioterapia, segue-se com o tratamento local (cirurgia e radioterapia). Estádio IV Nessa fase, em que já há metástase (o câncer se espalhou para outros órgãos) é fundamental buscar o equilíbrio entre o controle da doença e o possível aumento da sobrevida, levando-se em consideração os potenciais efeitos colaterais do tratamento. A atenção à qualidade de vida da paciente com câncer de mama deve ser preocupação dos profissionais de saúde ao longo de todo o processo terapêutico. o Diagnóstico precoce: objetivo de identificar pessoas com sinais e sintomas iniciais do CA de mama. A estratégia de diagnóstico precoce do câncer de mama mais aceita é formada pelo tripé: população alerta para os sinais e sintomas suspeitos de câncer; profissionais de saúde capacitados para avaliação dos casos suspeitos; e sistemas e serviços de saúde preparados para garantir a confirmação diagnóstica oportuna, com qualidade e garantia da integralidade da assistência em toda a linha de cuidado. o Rastreamento: é uma estratégia baseada na realização de testes relativamente simples em pessoas sadias, com o intuito de identificar doenças em sua fase pré-clínica (assintomática). A classificação BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System) serve para fornecer uma linguagem padronizada na avaliação mamária, na interpretação do exame e na conduta orientada nas imagens de mamografia e ultrassonografia. Estratégias para rastreamento e diagnóstico precoce Classificação BIRADS 8 Thayná Campos Duarte Os tumores malignos do ovário são os mais letais entre os tumores ginecológicos e geralmente permanecem silenciosos até que sejam intratáveis. Tumores que produzem sintomas agudos normalmente são de origem fisiológica. **A maioria dos casos novos de câncer de ovário se forma por células epiteliais, o restante por células germinativas e células estromais. No Brasil, esperam-se 6.650 casos novos de câncer de ovário, para o triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 6,18 casos novos a cada 100 mil mulheres. O câncer de ovário é o oitavo câncer mais incidente entre as mulheres no mundo. No Brasil, o CA de ovário representa 2% de todos os canceres, mas é a 8ª causa de morte por CA nas mulheres. No momento do diagnóstico, em 75% dos casos a doença já se encontra em estágios avançados. O CA ovariano é raríssimo antes dos 30 anos, ocorrendo em menos de 1% dos casos. o HISTÓRIA FAMILIAR: A história familiar positiva eleva o risco em três a quatro vezes, em caso de uma ou duas parentes acometidas. o IDADE: A incidência aumenta com a idade e se torna máxima entre os 60 e 65 anos. o GENÉTICOS: Na presença de síndromes hereditárias, o risco de desenvolver um câncer de ovário pode chegar a 50%. Câncer ovariano isolado: parentes de 1 grau com mutações no gene BRCA 1 apresentam risco aumentado em 3 a 4 vezes. Síndrome do CA mama-ovário hereditário: Representa 85% a 95% de todos os casos de CA ovário hereditário. O maior risco da relação hereditária está em mulheres com a incidência de dois ou mais casos de parentes de 1 grau com CA de ovário e com mutações no gene BRCA 1 e BRCA 2 o MENARCA PRECOCE E MENOPAUSA TARDIA: o NULIPARIDADE: aumento de 30 a 60% o OUTROS: Fatores ambientais, fatores nutricionais, tabagismo, obesidade, endometriose. **A malignidade ovariana surge de um processo anômalo de regeneração da superfície epitelial na ovulação. Assim, fatores que promovem inibição da função ovariana reduzem o risco de câncer de ovário. o AMAMENTAÇÃO: A inibição da função ovariana pela lactação reduz o risco de CA de ovário. o USO DE ACOs: reduz o risco em até 50%. o OUTROS: Ooforectomia profilática, laqueadura tubária (diminui o fluxo sanguíneo ovariano e o potencial de migração de fatores carcinogênicos). Os sintomas clínicos iniciais são vagos e inespecíficos. Sendo eles sugestivos de doença de em andar superior do abdome. Sensação de plenitude gástrica Saciedade precoce Dispepsia Distensão abdominal Constipação abdominal Em casos tardios dor pélvica Sinais ao exame físico: Massa ovariana palpável ao toque bimanual ou à palpação do abdome. CASOS AVANÇADOS: Caquexia ascite e abdome volumoso dispneia CANCER DE OVÁRIO Epidemiologia Fatores de risco Fatores de Proteção Manifestações Clínicas 9 Thayná Campos Duarte o Característica da massa ovariana: tamanho, contorno, grau de mobilidade, aderência aos tecidos vizinhos. o Presença ou não de ascite o O toque retal: a avaliação do grau de aderência da massa aos ligamentos uterossacros, presença de nodulações em fundo de saco de Douglas e da irressecabilidade cirúrgica em casos avançados de infiltração pélvica. o derrame pleural o massa umbilical (nódulo umbilical metastático) nódulo umbilical Irmá Maria José -----Esses achados são inespecíficos Devido à evolução insidiosa da doença, a maioria dos diagnósticos são feitos quando já há disseminação da cavidade peritoneal. CLÍNICO US PÉLVICA: é o primeiro exame a ser solicitado para avaliação de massa anexial. Permite a definição das características morfológicas das massas ovarinas. A presença de componente sólido, proeminências superficiais, tamanho > 6 cm e formato irregular sugerem malignidade. DOPPLERFLUXOMETRIA: avalia a velocidade do fluxo sanguíneo pelo tumor. A presença de neovascularização, principalmente central, com fluxo de baixa resistência e índice de pulsatilidade < 1,0 é altamente sugestiva de malignidade permitem a avaliação de toda a cavidade abdominal, são úteis para determinar a extensão do câncer principalmente no pré- operatório. MARCADORES TUMORAIS: São substâncias sintetizadas pelo tumor ou a ele associadas. CA125 (elevado em 80% dos casos), CEA, beta-hCG, AFP, CA19, testosterona e estradiol. Exame Físico Avaliação Diagnóstica 10 Thayná Campos Duarte As neoplasias malignas dos ovários são classificadas de acordo com a linhagem das células de origem. Os tumores primários podem ser classificados em três categorias: neoplasias epiteliais; neoplasias germinativas; neoplasias do estroma e cordões sexuais. TUMORES EPITELIAISAdenocarcinomas. Constituem 80 a 90% do tumores malignos ovarianos. --o tipo histológico seroso é o mais frequente e responde por 75% dos casos. Tumores serosos - Surgem por invaginação do epitélio superficial do ovário e secretam líquido seroso. - Estas invaginações associam-se a focos de material estranho, denominados corpos de psammoma ou psamomatosos. Esses corpos podem corresponder a agentes irritativos que produzem aderências e o aprisionamento dos epitélios de superfície. - Em 80% dos casos, apresentam áreas de granulação calcificada que podem ser visíveis à radiografia. **Classificam-se em três subtipos histológicos: • Benignos: cistoadenoma seroso é um dos tumores benignos mais frequentes e pode malignizar. • Limítrofes: 10% dos tumores serosos ovarianos, e 50% deles incidem antes dos 40 anos de idade. • Malignos: há invasão do estroma. Os cistoadenocarcinomas são os tumores malignos mais comuns (75%), com faixa etária mais alta. Geralmente são bilaterais e não ultrapassam 25 cm de diâmetro. O cistoadenocarcinoma papilífero é o de pior prognóstico, e possui importante associação com carcinomas infiltrantes. Tumores mucinosos -São tumores císticos com cavidades revestidas por epitélio secretor de mucina. - 20% dos tumores epiteliais - É o tumor ovariano que atinge as maiores dimensões (até um metro de diâmetro), podendo ocupar toda a cavidade abdominal. - Tal epitélio pode secretar grandes quantidades de material mucoide ou gelatinoso, podendo levar ao extravasamento para a pelve e abdome e causar adesão das alças intestinais (se esse material estiver circundado por um material fibroso, é chamado de pseudomixoma). Esse fenômeno pode causar obstrução intestinal, sendo um indicador de malignidade. Tumores endometrioides caracterizam-se por padrão adenomatoso com todas as possíveis variações de epitélios encontrados no útero. Tumores de células claras são constituídos por células claras e células em cabeça de prego que projetam seu núcleo para o citoplasma apical; é o tumor de pior prognóstico entre os epiteliais. TUMORES DE CÉLULAS GERMINATIVAS - Representam cerca de 20% dos tumores ovarianos. - Ocorre principalmente em mulheres jovens e crianças. - São geralmente diagnosticados por massas abdominais palpáveis. Dor abdominal, distensão abdominal e sangramentos vaginais anormais. - O tipo histológico maligno mais comum é o Disgerminoma. Tipos Histológicos Derivam da transformação maligna do epitélio da superfície ovariana (celômico) o qual pode se diferenciar em: (1) tubário, dando origem aos tumores serosos; (2) epitélio endometrial, dando origem aos tumores endometrióide; (3) epitélio endocervical, intestinal ou do piloro gástrico dando origem aos tumores mucinosos; (4) epitélio endometrial durante a gestação originando os tumores de células claras; e (5) epitélio urotelial, originando os tumores de Brenner 11 Thayná Campos Duarte - Os tumores de células germinativas são frequentemente associados a atividades hormonais ou enzimáticas e os marcadores séricos são a alfafetoproteína (AFP), a gonadotrofina coriônica humana (hCG) e a desidrogenase láctica (LDH). Disgermioma Teratoma Imaturo Tumor do seio endodérmico ou carcinoma do saco vitelino Carcinoma embrionário Coriocarcinoma não gestacional puro do ovário TUMOR DE CÉLULAS DOS CORDÕES SEXUAIS/ESTROMA GONODAL - 5 a 8% dos tumores ovarianos. - Derivam do estroma - Devido ao fato do mesênquima gonodal indiferenciado poder dar origem tanto a células femininas (granulosa e teca) quanto masculinas (sertoli e leydig), os tumores podem conter esses tipos de células. -São benignos ou de baixo grau de malignidade - Podem produzir hormônios Tumores da Tecagranulosa Tecomas e Fibromas Tumores de Sertoli-Leydig Ginadroblastoma O estadiamento cirúrgico é também terapêutico. Realizado por laparotomia com coleta de líquido ascítico para estudo citológico, histerectomia total, anexectomia bilateral, omentectomia, linfadenectomia pélvica e para-aórtica e biópsias peritoneais múltiplas. Tratamento cirúrgico Cirurgia fundamental: corresponde à histerectomia total com salpingo- ooforectomia bilateral, omentectomia infracólica e citorredução tumoral. A cirurgia será considerada ótima quando todo o tumor for ressecado ou quando permanecer tumor residual menor que 1cm. Estadiamento Tratamento 12 Thayná Campos Duarte Cirurgia conservadora: nas pacientes jovens que desejam manter a função reprodutiva a cirurgia se restringe à salpingooforoplastia unilateral, caso o tumor esteja confinado a um ovário. Cirurgia citorredutora: indicada quando o tumor não está restrito aos ovários com o objetivo de deixar a menor quantidade de tumor residual, facilitando a ação da quimioterapia e atenuando os sintomas. Ooforectomia profilática: pacientes de alto risco para neoplasia de ovário com prole completa podem se beneficiar da ooforectomia bilateral profilática após os 35 anos. Tratamento adjuvante A quimioterapia (QT) adjuvante é amplamente empregada após o tratamento cirúrgico (preferencialmente 4 a 6 semanas após o procedimento) e a radioterapia não é utilizada na prática.
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