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PREVENÇÃO SECUNDÁRIA DE CARDIOPATIA ISQUÊMICA: Pacientes que se encontram na prevenção secundária de cardiopatia isquêmica possuem risco basal mais alto. Cerca de 10% de quem sobrevive às primeiras horas, morrem na fase aguda do infarto ou no primeiro ano de seguimento e, depois do primeiro ano, a taxa de mortalidade alcança 5% ao ano. Isso tudo sem contar os pacientes que terão reinfartos e outras agudizações da doença coronariana. Por isso, deve-se partir para a prevenção de recidivas para pessoas que tiveram infarto, angina instável, morte súbita reanimada, descompensação de IC e arritmias ventriculares. Benefício: o benefício absoluto das medidas para prevenção secundária são bem mais altas (com NNT mais baixos), por conta do risco basal ser maior. Deve-se considerar fazer a revascularização em quem não recebeu na fase aguda, pois ela supera o tratamento farmacológico. Ainda, podem existir pacientes que possuem doença arterial coronariana sem sintomas e que sejam acidentalmente identificados por exame. E, se na escala de Framingham, o risco desse paciente for alto, ele também entra nesse esquema de prevenção da cardiopatia isquêmica. Medidas de mudança alimentar: principalmente nas dietas pobres em gordura saturada e na dieta do mediterrâneo, podem ser boas alternativas para estes pacientes. Dieta do mediterrâneo: Poucas vezes ao mês: no topo da pirâmide estão os alimentos indicados para comer poucas vezes ao mês → carne vermelha. Poucas vezes na semana: doces, ovos e carne de peixe. Consumo cotidiano: recomenda-se atividade física, o consumo do vinho, óleo de oliva, além de queijos, iogurtes, feijão, leguminosas e as nutss. Ainda, frutas e verduras em abundância, além de fontes de carboidratos como pães, grãos, macarrão e arroz. De maneira geral, essa dieta foca muito em azeite de oliva e nas nozes. Estudo YON: Reuniu 605 pessoas entre 65 e 80 anos que tinham passado por infarto prévio (prevenção secundária portanto). Dessas pessoas, 302 caíram no grupo que aderirem a dieta do mediterrâneo e 303 fizeram a dieta da associação americana do coração. Esse estudo encontrou uma queda de 50-70% do risco de recorrência após 27 meses de seguimento. Houve queda de 75% de incidência de eventos coronarianos e caiu 60% a mortalidade total Vieses do Estudo YON: Comemos esses alimentos em conjunto e não separadamente durante o dia a dia, então pode ter um grau de interferência. Informações sobre a dieta só foram reportadas ao final para 27% do grupo controle e de 49% do grupo intervenção. Os pacientes foram divididos em graus diferentes de adesão à dieta do mediterrâneo, ou seja, a dieta não foi “seguida à risca por todas as pessoas. Por isso, foram separadas em adesão alta, moderada e baixa e os benefícios foram analisados separadamente. A dieta basal dos pacientes só foi avaliada no grupo de intervenção. Então, não se sabe quais foram as mudanças que ocorreram no grupo controle. Grupos de reabilitação: Faz parte de uma estratégia coletiva que visa ensinar o paciente a se cuidar melhor. Elas farão: Exercícios; Intervenções educativas com grupos de apoio e de discussão do pós infarto/AVC; Receber informações nutricionais (entender fatores de risco); Uso de medicamentos; Tem nível de evidência um pouco mais baixo que a dieta do mediterrâneo, porque é impossível descobrir qual das medidas fazem mais diferença (co-intervenção sendo um viés), porém não tira a eficácia do grupo de reabilitação. Estudo COCREM: Foi feito um ensaio com mais 6 revisões prévias que totalizaram 148 ensaios com N>98 mil pacientes. Foi comprovado o benefício de que a participação em grupos de reabilitação, independente da medida que houve maior adesão, resultou em: Queda da admissão hospitalar; Melhora da qualidade de vida; Redução DISCRETA da mortalidade após 1 ano de participação no grupo. Não tem custo para os indivíduos, eles participam conforme o que querem realizar e fazem exercícios conforme eles dão conta de fazer. Estatinas: Logo após a estabilização da fase aguda do IAM, se o indivíduo não usa, ele passa a usar. Mecanismo de Ação: A enzima HMG-CoA reduz a acetil-coa em mevalonato que irá passar por outras reações para se obter o colesterol. Ou seja, a obtenção do mevalonato/ácido mevalônico é a etapa limitante para obtenção do colesterol. Assim, as estatinas irão bloquear a enzima HMG CoA redutase, diminuindo a fabricação do mevalonato e consequentemente baixar o colesterol hepático, diminuindo a síntese de proteínas de baixa densidade. Como menos LDL é sintetizado no fígado, menos será lançado no sangue. Se tem menos colesterol no sangue, as células se adaptam e vão expressar mais receptores LDL em sua superfície, dessa forma as células irão captar mais LDL para si, diminuindo ainda mais o LDL livre na corrente sanguínea. Os efeitos pleiotrópicos das estatinas não são desprezíveis: Aumentam a síntese de prostaglandina vasodilatadora, antiagregante plaquetária; Diminui a expressão de endotelina vasoconstritora; Diminui a ativação de radical livre, a partir da ativação de receptor de angiotensina; Esse ensaio acima é o principal, já que o N é o mais alto. Para perceber como o ensaio é robusto para o uso de estatinas na prevenção secundária. A seleção de estatinas é baseada na queda de LDL, na presença ou não de doença hepática e na politerapia com risco de interferência sobre o metabolismo das estatinas. Prevenção secundária: O NNT é de 10 a 14, ou seja, muito pequeno, o que é muito bom (a cada 14 pessoas 1 é beneficiada com a estativa para prevenção do evento CV). NNT é de 25 para prevenir mortalidade, visto que baixam em 42% o risco de mortalidade CV. Portanto, elas são muito relevantes, prevenindo evento cardiovascular agudo, infarto e também evitam a mortalidade. Efeitos Colaterais: As estatinas são seguras e geralmente bem toleradas, tendo os principais efeitos colaterais abaixo: Miopatia: o paciente irá relatar câimbra e fraqueza muscular, que pode ser resolvido com ajuste de dose ou troca para segunda escolha medicamentosa das estatinas. Lembrar que ao bloquear o mavelonato, as estatinas também bloqueiam o farnesyl e geranil priofosfato, não permitindo a ativação de proteínas intracelulares. Dentre as proteínas, está a ubiquitina/coenzima 10 que entra na cadeia respiratória de transferência de elétrons nas mitocôndrias, para transferência de ATP. Portanto, com o uso das estatinas, se bloqueia a ação da ubiquitina e diminui o ATP na musculatura esquelética, provocando a dor muscular. Prevalência de 16% É o efeito colateral que os pacientes mais se queixam. Pode ocorrer melhora com a reposição da coenzima q10. Rabdomiólise: A miopatia pode se agravar progredindo para rabdomiólise, necrose do tecido de musculatura esquelética com a liberação do conteúdo (mioglobina) na corrente sanguínea, gerando um quadro de IR que pode ser fatal O risco é muito baixo → 0,01%. Então, não tira o benefício das estatinas Os medicamentos que tinham maior poder causador de rabdomiólise já foram retirados do mercado (serivastatina) Diabetes: aumento de diagnóstico de DM2 a longo prazo. Em ensaio: NNT de 255 pacientes por 4 anos de exposição. Ainda não supera o benefício das estatinas Outros: cefaleia, tontura, intolerância gastrointestinal, insônia → não passam de 2 a 5% de prevalência Ezetimibe: Não se tem estudo deste medicamento na prevenção primária, apenas na secundária. Também conhecido pelo nome comercial de ezetrol. O ezetimibe auxilia as estatinas a reduzir o colesterol LDL. Mecanismo de Ação: Sua ação está no transportador NPC1L1, o qual carrega as micelas de colesterol da luz intestinal para os enterócitos que depois irão para os vasos linfáticos. Sendo o fármaco um antagonista bloqueador do transportador de colesterol dos enterócitos, inibe a absorção do colesterol. Assim, se menos colesterol for absorvido, as lipoproteínas de densidade baixa a nível hepático serão menos formadas. Baixa o LDL em 15% mais, quando somado com as estatinas. Benefício: para o paciente que não atingiu a meta de redução deLDL só com estatina Ensaio IMPROVE IT: Segmento de 6 anos, com N maior que 18 mil pessoas. No grupo que utilizou ezetimibe associado a estatina, baixou apenas 6,4% o RR do desfecho composto de morte CV, infarto, AVC, admissão por angina e revascularização coronariana. Por isso o NNT ficou maior que 300 pacientes por ano, ou seja, é um valor muito alto, portanto poucas pessoas iriam ter o benefício. Por isso ele só é indicado para quem não atingiu a meta de LDL só com a estatina Lembrar que as estatinas são mais baratas também. Efeitos Colaterais: Intolerância gastrointestinal passageira; Tontura; Cefaleia; Não são efeitos adversos muito relevantes comparado a placebo, menos que 5% O que pode ocorrer com mais frequência é ele intensificar a incidência da miopatia, visto que tem relação com a maior queda de LDL. Administração: 1x/ao dia pois tem ½ vida longa de 12 a 14 horas. Antiagregantes Plaquetários: Tienopiridinas e AAS: quando o paciente faz angioplastia com colocação do stent, o Clopidogrel acompanha o AAS, em torno de 6 meses a 1 ano, impedindo a reobstrução do sítio que foi recém desobstruído. AAS: Na prevenção secundária, ele também é uma definição, pois o benefício foi encontrado em diversos ensaios clínicos. Mecanismo de ação: Promove a aceitação irreversível da COX1 das plaquetas. Dessa forma, a plaqueta não consegue mais produzir tromboxano A2 que é indutor de agregação plaquetária. Toxicidade mínima. Baixa a mortalidade de 17 a 30%. Diminui reoclusão de sítio revascularizado em 50% e complicações oclusivas agudas pós angioplastia, tendo um NNT de aproximadamente 100 pacientes. Clopidogrel: Mecanismo de ação: Todos são bloqueadores dos receptores P2Y para ADP. Quando o ADP se liga a esse receptor ele ativa o aumento de cálcio plaquetário e favorece a agregação das plaquetas. Assim, o ADP terá competição com as tienopiridinas, o que diminuirá a agregação. Prasugrel e Ticaglelor: Alcançam em torno de 55% menos agregação plaquetária, ou seja, mais que o Clopidogrel. Mas, isso é desfecho intermediário, em relação a desfechos primordiais as evidências ainda não permitem admitir superioridade inequívoca a quem agrega mais as plaquetas. Clopidogrel: Pode ser substituto do AAS quando se tem alergia a ele, mas também pode-se usá-lo junto ao AAS. Síndrome Coronariana Aguda: é eficaz, o que justifica o seu uso por 6 meses após um evento de síndrome coronariana aguda, mesmo que o benefício se direciona principalmente à trombose de stent nos primeiros 30 dias. Na ausência da colocação de stent, a eficácia é mais baixa em diminuir a incidência de infarto, AVC e morte por doença CV. Portanto, o benefício é mais alto junto ao AAS em situações de colocação de stent Estudo PCI-CURE: chegou a conclusão que o Clopidogrel reduz em 30% a incidência de desfecho combinado, com NNT de apenas 48 pessoas. Agora, nas pessoas que não realizaram a angioplastia (“amostra submetida a tratamento clínico exclusivo”) o grupo que recebeu Clopidogrel apresentou redução de RR de 20% na incidência do desfecho composto de morte, AVC e infarto não fatal. O cure ainda evidenciou que houve a redução de desfecho composto de morte, AVC, infarto não fatal e isquemia refratária nas primeiras 24 horas de uso do Clopidogrel junto ao AAS. Houve ainda redução do RR de 34% e mantido por pelo menos 12 meses quando há colocação do stent, Estudo mais relevante, pois tem um N maior que 2 mil. Portanto, o Clopidogrel + AAS são eficazes tanto na fase aguda do IAM como na prevenção secundária da cardiopatia isquêmica. Efeitos Colaterais: Sangramento: por conta da ação intrínseca, já que as plaquetas estão impedidas de agregar, ocorre maior extravasamento do sangue para os tecidos, que irão coagular mais tarde e fora dos vasos → mais frequente (1-10%) Hematomas: consequência de haver coagulação tardia fora dos vasos. Dispneia: ticagleror tem restrição para pacientes portadores de doenças respiratórias, pois ele alcança a prevalência de 15% de dispneia. Leucopenia: pela ticlopidina principalmente. Intolerância gastrointestinal: não é limitante e não alcança mais que 5 a 7% de incidência Alergia medicamentosa: baixa frequência, pois não depende do remédio em si, mas sim do paciente e de sua hipersensibilidade. Lembrar: prasugrel tem contraindicação para idosos acima de 75 anos e também para quem tem menos de 60kg, pois para essas populações o benefício dele desapareceu quando avaliado em ensaios clínicos. Eficácia: Até 1980: foi encontrado que beta-bloqueadores reduziam o risco de mortalidade de 23 a 32% de risco de morte súbita. Até 2003: o que foi encontrado até 1980 foi confirmado entre 96 a 2003, que o NNT é de 20 para prevenção de uma morte. Por isso, os betabloqueadores são muito indicados. Nesse estudo recente, afirma que o benefício dos beta-bloqueadores desapareceu por conta dos acessos aos procedimentos de reperfusão . Conforme os pacientes realizam mais reperfusão coronariana, é corrigida a morbidez, tendo um benefício superior do que só com efeito farmacológico, porque os métodos de reperfusão superam os métodos farmacológicos. Morte cardíaca: antes baixava 23% e na era de reperfusão voltou para neutralidade. Morte súbita: antes baixava 33% mas caiu para 6% na era de reperfusão. Prevenção de angina se mantém. Na incidência de AVC a reperfusão melhorou a ação de beta-bloqueadores. Recomendações Guideline de 2013: Prevenção Secundária: a terapia com beta-bloqueadores deve ser iniciada e continuada por 3 anos em todos os pacientes com função do ventrículo esquerdo normal, que tiveram infarto ou síndrome coronariana aguda. É razoável continuar o uso de beta-bloqueadores por mais de 3 anos na terapia crônica em pacientes com função do VE normal que tiveram IAM ou síndrome coronariana aguda. Fase aguda: iniciar beta-bloqueadores nas primeiras 24 horas SE houver choque cardiogênico. Em 2017, um estudo baseado em evidências do uso do beta-bloqueador separou pacientes que estão em risco maior ou menor de choque cardiogênico: Se o indivíduo não tem disfunção sistólica ventricular esquerda é questionado o uso de BB a longo prazo, por conta dos estudos da era reperfusão Se o indivíduo tiver disfunção sistólica do ventrículo esquerdo, os BB a longo prazo são mantidos . Inibidores da ECA: Mecanismo de ação: Inibem a ECA, diminuindo a angiontesina II, a qual não atuará em receptores AT1, promovendo vasodilatação, diminuindo a pressão, diminuição de aldosterona, diminuição de vasopressina e diminuindo o tônus simpático adrenérgico sobre o coração impedindo, assim, a hipertrofia cardíaca. Se não puder usar IECA: se utiliza as “sartanas”, vulgo bloqueadores de AT1. Eles não são preferíveis aos IECA pois não afetam mortalidade e baixam pouco a prevalência do infarto. Ensaios: Nesse estudo foram avaliados pacientes com limites de pré-hipertensão e o benefício é atribuído à redução da pressão arterial por conta do bloqueio renina-angiotensina. Os IECAs são requisitados na insuficiência cardíaca porque a vigência é maior nos portadores de disfunção ventricular. O risco absoluto de mortalidade cai de 4-6% não importando a idade do paciente. É aconselhado começar eles o quanto antes após o infarto e é mantido para controle pressórico. Em relação ao AVC, o IECA + tiazida resulta em RR de 42% menos para AVC. 1 pessoa em 42 que recebe IECA previne o infarto. 50 tratados são necessários para evitar uma morte CV. 1 em cada 56 tratados previne-se a mortalidade total. Anticoagulantes Orais: Varfarina: Atua na prevenção de tromboembolismo pulmonar, profundo venoso, sistêmico, trombose ligada à válvula prostética cardíaca, sendo barata e aprovada em diversos cenários. A varfarina se inclui no grupo de anticoagulantes chamados cumarínicos, os quais são bloqueadores da obtenção da vitamina K (síntese dos fatores de coagulação). Mecanismo de Ação: Entra na inativação da enzima epóxido redutase da vitamina K. Epóxido redutase: essa enzima tem como papel reduzir a vitamina K para a forma ativa dela, e dessa maneira ela setorna utilizável para a síntese dos fatores de coagulação→ II, VII, IX, X e o V. Dessa forma, ao bloquear a enzima, a varfarina irá impedir a formação desses fatores de coagulação. Ação intrínseca: o efeito da varfarina não é imediato, demorando de 3 a 5 dias para aparecer. Isso, porque até baixar os níveis dos fatores demora. Aqueles que já tiveram uma cardiopatia isquêmica (estão em prevenção secundária) e são PORTADORAS de comorbidades como: Fibrilação atrial crônica Grau de IC avançado Fração de ejeção <20% História de AVC embólico Coagulograma: É preciso acompanhar o efeito da varfarina com coagulograma: esse é um dos motivos de desistência do medicamento A varfarina ao bloquear os fatores de coagulação II, V, VII, IX e X age tanto na via intrínseca como na extrínseca de coagulação. A dose da varfarina é de 5 a 20mg por dia, e a dosagem do paciente irá depender para o que quer fazer prevenção. Há variações bem para tomar varfarina, por exemplo: toma todos os dias menos sábado e domingo, outros tomam 2 segunda, 1 quarta, 2 sexta e ainda pula o fim de semana. Isso ocorre porque o objetivo é achar um intervalo posológico que atinja o controle normalizado internacional para saber o quanto a pessoa está anticoagulada Analisa-se no coagulograma: plaquetas, fatores da coagulação do indivíduo como tempo de protrombina ou de ativação de protrombina (TP ou TAP). TP: assim, pelo TP, é possível ativar a coagulação no indivíduo fora do corpo e verificar quanto tempo leva para acontecer e os passos são os seguintes: Colhe o sangue do paciente com citrato e ele irá sequestrar o cálcio fazendo com que não tenha como coagular. Após isso, centrifuga o sangue e separa o plasma com os fatores da coagulação preservados. Simular uma coagulação em laboratório: adiciona tromboplastina na amostra, junto com cálcio e contar quanto tempo leva para coagular. Isso tudo é para saber o tempo de coagulação/tempo de protrombina sob efeito da varfarina comparado com o tempo de protrombina de uma pessoa normal (sem varfarina). O tempo de protrombina normal é de 10 a 14 segundos. E assim compara esse tempo com o da pessoa tratada com varfarina. Tromboplastina: A qualidade do reagente é muito importante, pois com base no resultado do coagulograma a pessoa pode estar usando uma dose a mais do medicamento. Por conta disso, a OMS adotou o índice de sensibilidade nacional (ISI). O ISI é o quanto o paciente faz o exame igual o padrão ouro da OMS → é aquele em que se tem a tromboplastina padrão OMS e o TP que alcança com reagente padrão OMS comparado com o tempo de protrombina padrão tromboplastina de outro lugar do mundo. Ou seja, o ISI é uma CORREÇÃO entre o reagente que você tem com o reagente padrão OMS. Isso o fabricante deve fornecer e o ISI tem que ir de 1 a 1,4 para determinar se o reagente é aceitável. Se maior que 1,4 ele não é um reagente confiável para o teste. O melhor é que seja sempre perto de 1 pois significa que o tempo de protrombina do seu reagente será mais parecido com o tempo de protrombina do reagente da OMS Quando se está coagulando o paciente com varfarina, você deseja que a diferença do tempo de protrombina com o uso da varfarina pelo tempo de protrombina de uma pessoa normal (INR) seja: 2 a 3x mais alta em quem tem trombose venosa profunda em tratamento com a varfarina. Se vai fazer prevenção quer um atraso no tempo de protrombina da pessoa, no caso de 1,5 a 2x. Se prevenindo fibrilação atrial quer que o tempo de protrombina do paciente seja 2 a 3x maior do que na pessoa que não tem essa. É uma droga de baixa margem de segurança, já que possui muitas interações medicamentosas e efeitos colaterais. Por conta disso, precisa de coagulograma e a dose terapêutica é muito próxima a dose limite. Ensaios: Os cumarínicos foram avaliados por ensaios clínicos pequenos e metanálise, mostrando benefícios pequenos. Na baixa margem de segurança dela não há indicação para todos os pacientes que estão em prevenção secundária. É mais influente/redutora na prevenção de AVC, mas isto é sombreado pois aumenta o sangramento, especialmente quando associado a antiplaquetários. Na cardiopatia isquêmica crônica (com IAM prévio) recomenda-se a anticoagulação oral para a prevenção do AVC quando houver: Fibrilação atrial crônica: a fibrilação atrial permite a formação de trombo nas câmaras cardíacas que escapam para as carótidas. O uso de varfarina se aplica neste caso para prevenção de AVC em quem é portador de fibrilação atrial. Fração de ejeção <20%: tem potencial para trombose aumentado, por isso o uso da varfarina. História prévia de AVC embólico: pelo fato de a varfarina atuar principalmente na prevenção do AVC ela se aplica a quem tem esse histórico. Como se pode perceber, a maior prevenção da varfarina é no AVC. Então, ela é usada em pacientes. Uma vez que o sentido de usar a varfarina é promover uma coagulação mais lenta, pois é anticoagulante, os números da fração do INR serão sempre positivos, já que o tempo de coagulação com o uso da varfarina deve ser maior do que o tempo de coagulação de uma pessoa que não tenha a doença em questão. Dessa forma, eu tenho como garantir o quanto a pessoa está sendo anticoagulada com a varfarina e por isso a importância do coagulograma. Caso contrário, jogaria no escuro a dose administrada (podendo anticoagular demais ou de menos). Se por exemplo, anticoagular demais, terá mais tempo de sangramento, ainda mais se der AAS junto. Efeitos Adversos: Náuseas, vômitos, anorexia, diarreia: intolerância do sistema gastrointestinal, sendo passageira e não limitante. Após 2 a 3 semanas não incomoda tanto o indivíduo. Sangramento e hematoma: o mais relevante, existe chance de haver sangramento intracraniano, além de sangramento nasal, gengival, urinário, gastrointestinal, etc. Hematomas são coágulos a nível do tecido, que assume aspecto característico púrpuro que muda de tonalidade conforme vai sendo degradado. Reações alérgicas: não são frequentes, mas podem ser preocupantes quando reação urticariforme com angioedema (edema de glote, língua, lábios e garganta) e ai precisa suspender a medicação. Outros: cansaço, sonolência leve. A varfarina tem antídoto seguro. Então, em caso de intoxicação pode administrar vitamina K (10-50mg, leva em torno de 6 horas para instalação de efeito mas pleno). Se não puder esperar o efeito da vitamina K pode começar a fazer administração de plasma com fatores de coagulação. Interações Medicamentosas: A varfarina é bem absorvida via oral, mas se liga 99% a proteínas plasmáticas. A meia vida dela é de 40 horas, ou seja, bem longo e ela exige metabolismo hepático por enzimas CYP. Tudo isso contribui para que tenham muitas interações medicamentosas. Colestiramina e Colestipol: são sequestradores de sais biliares→ a colestiramina se liga aos ânions de sais biliares, precipita eles e induz a perda fecal desses sais. Da mesma forma que os sais biliares, a varfarina também possui composição ânion iônica, então também vai se ligar a colestiramina e precipitar, sendo eliminada via fecal. Assim, a varfarina não atinge a corrente sanguínea e, portanto, a colestiramina e o colestipol reduzem sua absorção. Estrogênios: são pró-coagulantes, justamente para prevenção de perda sanguínea demasiada durante o fluxo menstrual. Logo, ocorre oposição ao efeito da varfarina, e portanto estrogênios reduzem o efeito dela. Indutores hepáticos: principalmente de CYP2C9 podem reduzir meia vida da varfarina→ deve ser feito ajuste de dose da varfarina caso o paciente faça uso de um dos medicamentos abaixo. Carbamazepina, fenitoína, barbitúricos, rifampicina, griseofulvina e erva de são joão. Inibidores hepáticos da CYP2C9: todos os abaixo aumentam os níveis da varfarina, aumentando a chance de sangramento. Fluoxetina, paroxetina, fluxovamina, eritromicina, claritromicina, sulfametaxazol, levofloxacino, metronidazol e amiodarona. Antiagregantes plaquetários: sinergismo com eles → aumento do potencial para ocorrer sangramento, mas também pode ter objetivo terapêutico.AAS, AINEs, antipsicóticos típicos e atípicos, antidepressivos tricíclicos, estatinas e antagonistas de receptores AT1: como a varfarina se liga a 99% das proteínas plasmáticas ela é deslocada por eles uma vez que esses medicamentos também se ligam a elas fazendo com que a varfarina fique mais tempo no sangue e chegue ao fígado exercendo efeito anticoagulante. Os antagonistas de receptor AT1 tem menor relevância porque é mais difícil de acontecer. Hormônios tireoideanos com T4 (tiroxina): aumentam o catabolismo dos fatores de coagulação, assim, pode aumentar o efeito da varfarina. Pode, também, haver sangramento, já que a varfarina impede a formação dos fatores de coagulação e o T4 ainda realiza o catabolismo dos fatores que já existem. Etanol: o consumo excessivo do etanol que é indutor de enzimas hepáticas pode acelerar o metabolismo do fármaco. Por sua vez, o uso crônico, pode gerar hepatotoxicidade e diminuir o metabolismo das drogas. Com o etanol, portanto, a varfarina fica mais tempo no corpo, tendo mais chance de sangramento. Fontes de vitamina K: podem atenuar o efeito da varfarina pois ela diminui a disponibilidade de vitamina K, ou seja, oposição direta da função. - Naturais: vegetais folhosos escuros como couve, espinafre e rúcula. - Sintético: polivitamínicos com vitamina K. Antibacterianos que diminuem a flora normal: podem reduzir a síntese de vitamina K pelas bactérias. Isso porque a conversão da vitamina K, para se tornar uma forma utilizável pelo organismo, envolve as bactérias da flora intestinal normal. Se perder bactérias da flora não terá a conversão. Assim, isso em conjunto com o efeito da varfarina no fígado (de diminuição da vitamina K), irá potencializar o efeito da varfarina. Também pode causar diarreia por conta disso → Cefalexina, cefadroxil, tetraciclina, ciprofloxacino. Resumo: Dieta do mediterrâneo: recomendação máxima. Reabilitação: não se sabe direito o que interfere mais, e por isso tem nível de evidência B. Estatinas: grau máximo de recomendação. Ezetimibe: caro e tem baixo benefício absoluto, sendo relevante em quem não alcança a meta de LDL só com estatina. AAS: é consagrado e tem NNT menor que na prevenção primária. Clopidogrel: também tem benefício muito bem estabelecido no prazo de 1 ano e principalmente em quem recebeu angioplastia com stent. Revascularização para pouco sintomáticos ou assintomáticos: tem nível baixo, até porque já passou do infarto agudo. Só se faz revascularização na prevenção secundária em quadros não estáveis, com muita admissão hospitalar. Beta-bloqueadores: nível de evidência máximo, já que reduzem mortalidade e reinfarto. IECA: preferidos na prevenção secundária em pacientes que tem eventos cardiovasculares maiores, em presença de disfunção ventricular relevante. Revascularização: tem grau de recomendação máxima para aqueles pacientes que tem um risco maior e com disfunção ventricular. Angioplastia coronariana: inferior a revascularização. Tratamento de hipertensão: já que é um fator de risco na cardiopatia isquêmica, deve ser tratada com bloqueadores ou IECA. Estudo recente sobre o AAS: Separaram os pacientes em aqueles que iam tomar: Apenas aspirina. Apenas xarelto (rivaroxabana). Os dois. Resultados: Na primeira linha da imagem abaixo podem ser analisados os medicamentos em questão para os desfechos primários de morte CV, infarto do miocárdio e AVC. Onde o xarelto sozinho teve melhores resultados que o AAS sozinho, e ainda AUMENTOU o benefício do AAS quando usado concomitantemente . Na última linha: análise de morte por qualquer causa foi encontrado melhores resultados do xarelto sozinho que do AAS sozinho e, novamente, o xarelto AUMENTOU o benefício da aspirina. Basicamente o estudo mostrou que o xarelto é tão eficaz quanto o AAS e que inclusive aumenta o benefício deste medicamento. Mesma coisa no AVC, tanto isquêmico quanto hemorrágico. Até então o xarelto era inserido na prevenção de AVC, em quem tem fibrilação atrial e na prevenção de TVP em quem fez cirurgia ortopédica de quadril e joelho. Mas, agora pode ter aberto as portas para o uso dele na prevenção secundária de cardiopatia isquêmica. Competindo com o uso da varfarina pelo fato de não precisar realizar coagulograma e não ter metade das interações que a varfarina tem. Problema é que ele é muito mais caro que a varfarina. Rivaroxabano: Xarelto: RivaroXaBAN: bane o fator de coagulação X. Mecanismo de ação: Bloqueador direto do fator X ativado. Sendo o fator X o ponto de convergência da via intrínseca e extrínseca, o rivaroxabano irá impedir a ativação da trombina e da formação da fibrina. Existem outros fármacos que agem sobre outros fatores de coagulação que são importantes, porém, eles não foram aprovados para cardiopatia isquêmica ainda, dentre eles o Dagibatran (bloqueador de fator II). Administração: Via enteral, bem absorvido. Metabolização: Pelas enzimas CYP3A4 → interação com cetoconazol e inibidores da HIV protease (saquinavir). Meia-vida: De 5 a 9 horas (em idosos de 11 a 13 horas) e é excretado metade via fecal e metade via renal. Tem pouco estudo e é caro. Hoje (após 2018) tem antídoto* Antídoto: fator X recombinante. Então, quando fornecido o fator X recombinado o xarelto se ligaria a esse fator artificial e não ao fator X do organismo → é um antídoto caro. Efeitos Adversos: Estão entre 5-10% de ocorrência, o que não é muito. Sangramento em diferentes sítios corporais → ocular, TGI, retal, nasal. Hematomas. Anemia → muito pouco frequente, só se tiver sangramento crônico. Dispepsia, dor abdominal, diarreia, náuseas e vômitos. Fraqueza, tontura e cefaleia → não passa de 2% de prevalência, mas até placebo causa. Elevação de transaminases → hepatotoxicidade, mas não tem muito relato, podendo ser transitório. QUESTÕES: 1 - Paciente de 56 anos deu entrada na emergência de um hospital com angina de peito instável, infartou há um ano e oito meses. Hipertensa, hipercolesterolêmica e obesa com IMC de 30 kg/m2. Frequência cardíaca de 143 batimentos por minuto, pressão arterial de 150/80 mmHg na admissão hospitalar. Colesterol total em nível de 260mg/dl, HDL de 49 mg/dl e LDL de 177 mg/dl e triglicérides de 120 mg/dl. Angiografia coronariana mostrou distúrbio do ramo descendente anterior esquerdo da artéria coronária, com estenose proximal e distal e a paciente foi encaminhada para angioplastia coronariana transluminal percutânea e inserção de stent. Em instruções para alta, recebeu prescrição de candesartan, hidroclorotiazida, ticlopidina e AAS (é alérgica a ramipril). Um mês após, a paciente reapresentou dor anginosa ao fazer esforço e diltiazem (60mg 3x/dia) e dinitrato de isossorbida (3x/dia) foram adicionados aos medicamentos que ela usava porque a dor estava indo e voltando a esforços físicos cada vez menos intensos 1. Varfarina deveria ter sido preferida ao AAS porque baixa a síntese de vários fatores de coagulação, logo será mais eficaz do que ele. Certo ou errado? Justifique sua resposta. Utilize do mecanismo de ação da varfarina e de suas características clínicas (efeitos adversos e interações) e compare com o benefício do AAS para responder R: Errado. O AAS é uma DEFINIÇÃO na prevenção secundária, pois seu benefício foi encontrado em diversos ensaios clínicos, além de ter toxicidade mínima e baixo custo. Já a varfarina, tem maior prevenção no AVC. Então, ela é usada em pacientes na prevenção secundária que são portadores de comorbidades como fibrilação atrial crônica, grau de IC avançado, fração de ejeção <20% e história de AVC embólico. Atuando assim, mais na prevenção de tromboembolismo pulmonar, profundo venoso, sistêmico e trombose ligada à válvula prostética cardíaca. A varfarina atua inativando a enzima epóxido redutase da vitamina K e, essa enzima, tem como papel reduzir a vitamina K para a forma ativa dela. Dessa forma, ela se torna utilizável para a síntese dos fatores de coagulação II, VII, IX, X e V. Assim, ao bloquear a enzima, a varfarina irá impedir a formação desses fatores de coagulação. Já na açãointrínseca, seu efeito não é imediato, demorando de 3 a 5 dias para aparecer. Isso, porque até baixar os níveis dos fatores de coagulação demora. Além disso, diferente do AAS, a varfarina é uma droga de baixa margem de segurança já que possui muitas interações medicamentosas e efeitos colaterais necessitando o acompanhamento através de coagulograma, por sua dose terapêutica ser muito próxima a dose limite Efeitos Adversos: Náuseas, vômitos, anorexia, diarreia: intolerância do sistema gastrointestinal, sendo passageira e não limitante. Após 2 a 3 semanas não incomoda tanto o indivíduo Sangramento e hemtatoma: o mais relevante, existe chance de haver sangramento intracraniano, além de sangramento nasal, gengival, urinário, gastrointestinal, etc. Hematomas são coágulos a nível do tecido, que assume aspecto característico púrpuro que muda de tonalidade conforme vai sendo degradado Reações alérgicas: não são frequentes, mas podem ser preocupanetes quando reação urticariforme com angioedema (edema de glote, língua, lábios e garganta) e ai precisa suspender a medicação Outros: cansaço, sonolência leve A varfarina tem antídoto seguro. Então, em caso de intoxicação pode administrar vitamina K (10-50mg, leva em torno de 6 horas para instalação de efeito mas pleno). Se não puder esperar o efeito da vitamina K pode começar a fazer administração de plasma com fatores de coagulação Interações Medicamentosas: A varfarina é bem absorvida via oral, mas se liga 99% a proteínas plasmáticas. A meia vida dela é de 40 horas, ou seja, bem longo e ela exige metabolismo hepático por enzimas CYP. Tudo isso contribui para que tenham muitas interações medicamentosas Colestiramina e Colestipol: são sequestradores de sais biliares → a colestiramina se liga aos ânios de sais biliares, precipita eles e induz a perda fecal desses sais. Da mesma forma que os sais biliares, a varfarina também possui composição anion iônica, então também vai se ligar a colestiramina e precipitar, sendo eliminada via fecal. Assim, a varfarina não atinge a corrente sanguínea e, portanto, a colestiramina e o colestipol reduzem sua absorção Estrogênios: são pró-coagulantes, justamente para prevenção de perda sanguínea demasiada durante o fluxo menstrual. Logo, ocorre oposição ao efeito da varfarina, e portanto estrogênios reduzem o efeito dela Indutores hepáticos: principalmente de CYP2C9 podem reduzir meia vida da varfarina → deve ser feito ajuste de dose da varfarina caso o paciente faça uso de um dos medicamentos abaixo ● Carbamazepina, fenitoína, barbitúricos, rifampicina, griseofulvina e erva de são joão Inibidores hepáticos da CYP2C9: todos os abaixo aumentam os níveis da varfarina, aumentando a chance de sangramento ● Fluoxetina, paroxetina, fluxovamina, eritromicina, claritromicina, sulfametaxazol, levofloxacino, metronidazol e amiodarona Antiagregantes plaquetários: sinergismo com eles → aumento do potencial para ocorrer sangramento, mas também pode ter objetivo terapêutico AAS, AINEs, antipsicóticos típicos e atípicos, antidepressivos tricíclicos, estatinas e antagonistas de receptores AT1: como a varfarina se liga a 99% das proteínas plasmáticas ela é deslocada por eles uma vez que esses medicamentos também se ligam a elas fazendo com que a varfarina fique mais tempo no sangue e chegue ao fígado exercendo efeito anticoagulante ● Os antagonistas de receptor AT1 tem menor relevância porque é mais difícil de acontecer Hormônios tireoideanos com T4 (tiroxina): aumentam o catabolismo dos fatores de coagulação, assim, pode aumentar o efeito da varfarina. Pode, também, haver sangramento, já que a varfarina impede a formação dos fatores de coagulação e o T4 ainda realiza o catabolismo dos fatores que já existem Etanol: o consumo excessivo do etanol que é indutor de enzimas hepáticas pode acelerar o metabolismo do fármaco. Por sua vez, o uso crônico, pode gerar hepatotoxicidade e diminuir o metabolismo das drogas. Com o etanol, portanto, a varfarina fica mais tempo no corpo, tendo mais chance de sangramento Fontes de vitamina K: podem atenuar o efeito da varfarina pois ela diminui a disponibilidade de vitamina K, ou seja, oposição direta da função ● Naturais: vegetais folhosos escuros como couve, espinafre, rúcula ● Sintético: polivitamínicos com vitamina K Antibacterianos que diminuem a flora normal: podem reduzir a síntese de vitamina K pelas bactérias. Isso porque a conversão da vitamina K, para se tornar uma forma utilizável pelo organismo, envolve as bactérias da flora intestinal normal. Se perder bactérias da flora não terá a conversão. Assim, isso em conjunto com o efeito da varfarina no fígado (de diminuição da vitamina K), irá potencializar o efeito da varfarina. ● Também pode causar diarreia por conta disso ● Cefalexina, cefadroxil, tetraciclina, ciprofloxacino Assim, a varfarina não é superior o AAS e sua baixa margem de segurança faz com que ela não seja indicada para todos os pacientes que estão em prevenção secundária 2. Como está sendo usado o AAS, não é necessário incluir ticlopidina. Certo ou errado? Justifique sua resposta. R: Errado. Os derivados das tienopiridinas (como Clopidogrel e ticlopidina) em conjunto com o AAS são eficazes tanto na fase aguda como na prevenção secundária da cardiopatia isquêmica. O estudo PCI-CURE, chegou a conclusão que o Clopidogrel reduz em 30% a incidência de desfecho combinado, com NNT de apenas 48 pessoas. Entretanto, nos pacientes que não realizaram a angioplastia, o grupo que recebeu o Clopidogrel apresentou redução de RR de 20% na incidência do desfecho composto de morte, AVC e infarto não fatal. Ainda, o CURE evidenciou que houve a redução de desfecho composto de morte, AVC, infarto não fatal e isquemia refratária nas primeiras 24 horas de uso do Clopidogrel junto ao AAS. Houve, ainda, uma redução do RR de 34% se mantido pelo menos 12 meses quando há colocação do stent. Ou seja, o Clopidogrel tem benefício muito bem estabelecido no prazo de 1 ano, principalmente naqueles que receberam angioplastia com stent. 3. Poderia ser considerada a substituição do condesartan por um betabloqueador nesse caso? Justifique sua resposta. Utilize dos impactos sobre desfechos primordiais para comparar e outros parâmetros que julgar relevantes. R: Estudos recentes afirmam que o benefício dos beta-bloqueadores desapareceu por conta dos acessos aos procedimentos de reperfusão. Conforme os pacientes realizam mais reperfusão coronariana, a morbidez é corrigida, tendo um benefício superior do que só com efeito farmacológico, porque os métodos de reperfusão superam os métodos farmacológicos ● Morte cardíaca: antes baixava 23% e na era de reperfusão voltou para neutralidade ● Morte súbita: antes baixava 33% mas caiu para 6% na era de reperfusão ● Prevenção de angina se mantém ● Na incidência de AVC a reperfusão melhorou a ação de beta-bloqueadores As recomendações da Guideline de 2013 são as a seguir: Prevenção Secundária: a terapia com betabloqueadores deve ser iniciada e continuada por 3 anos em todos os pacientes com função do ventrículo esquerdo normal, que tiveram infarto ou síndrome coronariana aguda. → É razoável continuar o uso de beta-bloqueadores por mais de 3 anos na terapia crônica em pacientes com função do VE normal que tiveram IAM ou síndrome coronariana aguda Fase aguda: iniciar beta-bloqueadores nas primeiras 24 horas SE houver choque cardiogênico → Em 2017, um estudo baseado em evidências do uso do betabloqueador separou pacientes que estão em risco maior ou menor de choque cardiogênico: ● Se o indivíduo não tem disfunção sistólica ventricular esquerda é questionado o uso de BB a longo prazo, por conta dos estudos da era reperfusão ● Se o indivíduo tiver disfunção sistólica do ventrículo esquerdo, os BB a longo prazo são mantidos Assim, os beta-bloqueadores na prevenção secundária possuem nível de evidência máximo, já que reduzem a mortalidade e reinfarto. Dessa forma, seria interessante a substituição, uma vez que os bloqueadores de AT1 não afetam mortalidadee baixam pouco a prevalência do infarto. 4. Estabeleça as mudanças de estilo de vida que podem constituir medidas não farmacológicas importantes nessa situação Dieta do Mediterrâneo: recomenda-se o consumo de carne por poucas vezes ao mês, o consumo de doces, ovos e carne de peixe poucas vezes na semana e consumo cotidiano de vinho, óleo de oliva, além de queijos, iogurtes, feijão, leguminosas e nuts, além de realização de atividade física. Ainda, frutas e verduras em abundância, além de fontes de carboidratos como pães, grãos, macarrão e arroz. Estudo YON: Reuniu 605 pessoas entre 65 e 80 anos que tinham passado por infarto prévio (prevenção secundária portanto). Dessas pessoas, 302 caíram no grupo que aderirem a dieta do mediterrâneo e 303 fizeram a dieta da associação americana do coração. ● Esse estudo encontrou uma queda de 50-70% do risco de recorrência após 27 meses de seguimento ● Houve queda de 75% de incidência de eventos coronarianos e caiu 60% a mortalidade total Vieses do Estudo YON: ● Comemos esses alimentos em conjunto e não separadamente durante o dia a dia, então pode ter um grau de interferência ● Informações sobre a dieta só foram reportadas ao final para 27% do grupo controle e de 49% do grupo intervenção ● Os pacientes foram divididos em graus diferentes de adesão à dieta do mediterrâneo, ou seja, a dieta não foi “seguida à risca" por todas as pessoas. Por isso, foram separadas em adesão alta, moderada e baixa e os benefícios foram analisados separadamente ● A dieta basal dos pacientes só foi avaliada no grupo de intervenção. Então, não se sabe quais foram as mudanças que ocorreram no grupo controle Grupos de Reabilitação: Faz parte de uma estratégia coletiva que visa ensinar o paciente a se cuidar melhor. Elas farão: ● Exercícios ● Intervenções educativas com grupos de apoio e de discussão do pós infarto/AVC ● Receber informações nutricionais (entender fatores de risco) ● Uso de medicamentos Tem nível de evidência um pouco mais baixo que a dieta do mediterrâneo, porque é impossível descobrir qual das medidas fazem mais diferença (co-intervenção sendo um viés), porém não tira a eficácia do grupo de reabilitação Estudo COCREM: Foi feito um ensaio com mais 6 revisões prévias que totalizaram 148 ensaios com N>98 mil pacientes. Foi comprovado o benefício de que a participação em grupos de reabilitação, independente da medida que houve maior adesão, resultou em: ● Queda da admissão hospitalar ● Melhora da qualidade de vida ● Redução DISCRETA da mortalidade após 1 ano de participação no grupo Não tem custo para os indivíduos, eles participam conforme o que querem realizar e fazem exercícios conforme eles dão conta de fazer 5. Descreva os benefícios das estatinas na prevenção secundária de cardiopatia isquêmica e discuta sobre a necessidade de associar a sinvastatina com ezetimibe nesse caso R: A enzima HMG-CoA reduz a acetil-coa em mevalonato que irá passar por outras reações para se obter o colesterol. Ou seja, a obtenção do mevalonato/ácido mevalônico é a etapa limitante para obtenção do colesterol. Assim, as estatinas irão bloquear a enzima HMG CoA redutase, diminuindo a fabricação do mevalonato e consequentemente baixar o colesterol hepático, diminuindo a síntese de proteínas de baixa densidade. Como menos LDL é sintetizado no fígado, menos será lançado no sangue. Se tem menos colesterol no sangue, as células se adaptam e vão expressar mais receptores LDL em sua superfície, dessa forma as células irão captar mais LDL para si, diminuindo ainda mais o LDL livre na corrente sanguínea. Efeitos Pleiotrópicos: ● Aumentam a síntese de prostaglandina vasodilatadora, antiagregante plaquetária ● Diminui a expressão de endotelina vasoconstritora ● Diminui a ativação de radical livre, a partir da ativação de receptor de angiotensina ● Redução da expressão de moléculas de adesão ● Maior liberação de IL4, 5 e 10 e do fator transformador de crescimento beta, favorecendo resposta TH2 que pode sustentar a ação protetora das estatinas em enfermidades autoimunes mediadas por linfócitos TH1 ● Redução da expressão de complexos de histocompatibilidade maior tipo II. Segundo o ensaio HPS que teve um N alto (>20 mil) o NNT é de 10 a 14, ou seja, muito pequeno, o que é muito bom (a cada 14 pessoas 1 é beneficiada com a estatina para prevenção do evento CV) ● NNT é de 25 para prevenir mortalidade, visto que baixam em 42% o risco de mortalidade CV ● Portanto, elas são muito relevantes, prevenindo evento cardiovascular agudo, infarto e também evitam a mortalidade Ezetimibe: não se tem estudos desse medicamento na prevenção primária, apenas na prevenção secundária, ele auxilia as estatinas a reduzir o colesterol LDL. A ação do ezetimibe está no transportador NPC1L1, o qual carrega as micelas de colesterol da luz intestinal para os enterócitos que depois irão para os vasos linfáticos. Sendo o fármaco um antagonista bloqueador do transportador de colesterol dos enterócitos, inibe a absorção do colesterol. Assim, se menos colesterol for absorvido, as lipoproteínas de densidade baixa a nível hepático serão menos formadas. Ele baixa o LDL em 15% a mais, quando somado com as estatinas. ENSAIO IMPROVE IT: ● Segmento de 6 anos, com N maior que 18 mil pessoas ● No grupo que utilizou ezetimibe associado a estatina, baixou apenas 6,4% o RR do desfecho composto de morte CV, infarto, AVC, admissão por angina e revascularização coronariana ● Por isso o NNT ficou maior que 300 pacientes por ano, ou seja, é um valor muito alto, portanto poucas pessoas iriam ter o benefício Dessa forma, ele só é indicado para quem não atingiu a meta de LDL só com a estatina e como a paciente não estava ainda em uso de estatina não há necessidade da associação porque além do fármaco ser mais caro, e não ter tanto benefício, se associado com a sinvastatina ainda pode intensificar a incidência da miopatia visto que tem relação com a maior queda de LDL 6. Compare o uso de varfarina com o do rivaroxabano na prevenção secundária de cardiopatia isquêmica R: O rivaroxabando é um bloqueador direto do fator X ativado. Sendo o fator X o ponto de convergência da via intrínseca e extrínseca, o rivaroxabano irá impedir a ativação da trombina e da formação da fibrina. Assim, ele também irá interferir nos fatores de coagulação, da mesma forma que a varfarina. Em ensaios o rivaroxabano sozinho teve melhores resultados que o AAS sozinho e ainda AUMENTOU o benefício do AAS quando usado concomitantemente, ou seja, ele é tão eficaz quanto o AAS e inclusive aumentar o benefício desse medicamento, diferente da varfarina. Antes, ele era inserido na prevenção de AVC, em quem tem fibrilação atrial e na prevenção de TVP em quem fez cirurgia ortopédica de quadril e joelho. Mas, agora, pode ter aberto as portas para o uso dele na prevenção secundária de cardiopatia isquêmica, COMPETINDO COM A VARFARINA pelo fato de não precisar realizar coagulograma e não ter metade das interações medicamentosas que a varfarina tem, sendo mais seguro. Entretanto, ele é muito mais caro que a varfarina.
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