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Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 SÍNDROME METABÓLICA: A síndrome metabólica refere-se à frequente agregação de pressão arterial elevada com adiposidade abdominal (“padrão masculino”), resistência à insulina com intolerância à glicose, e um padrão dislipidêmico consistindo tipicamente em níveis plasmáticos elevados de triglicerídeos e baixos de HDL–colesterol. Como essa síndrome tem como base a resistência à ação da insulina (hormônio responsável pelo metabolismo da glicose), ela pode ser conhecida também como síndrome de resistência à insulina. Ou seja: a insulina age menos nos tecidos, obrigando o pâncreas a produzir mais insulina e elevando o seu nível no sangue. O estudo da SM tem sido dificultado pela ausência de consenso na sua definição e nos pontos de corte dos seus componentes, com repercussões na prática clínica e nas políticas de saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o National Cholesterol Education Program's Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III) formularam definições para a SM. A definição da OMS preconiza como ponto de partida a avaliação da resistência à insulina ou do distúrbio do metabolismo da glicose, o que dificulta a sua utilização. A definição do NCEP-ATP III foi desenvolvida para uso clínico e não exige a comprovação de resistência à insulina, facilitando a sua utilização. Segundo o NCEP-ATP III, a SM representa a combinação de pelo menos três componentes dos apresentados nesse quadro. Pela sua simplicidade e praticidade é a definição recomendada pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (I-DBSM). É importante destacar a associação da SM com a doença cardiovascular, aumentando a mortalidade geral em cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em cerca de 2,5 vezes. DIAGNÓSTICO: São objetivos da investigação clínica e laboratorial: confirmar o diagnóstico da síndrome metabólica (SM) de acordo com os critérios do NCEP-ATP III9 e identificar fatores de risco cardiovascular associados16. Para tanto, realiza-se: 1. História clínica - idade, tabagismo, prática de atividade física, história pregressa de hipertensão, diabetes, diabetes gestacional, doença arterial coronariana, acidente vascular encefálico, síndrome de ovários policísticos (SOP), doença hepática gordurosa não-alcoólica, hiperuricemia, história familiar de hipertensão, diabetes e doença cardiovascular, uso de medicamentos hiperglicemiantes (corticosteróides, betabloqueadores, diuréticos). 2. Exame físico necessário para diagnóstico da SM: o Medida da circunferência abdominal: A circunferência abdominal, medida no meio da distância entre a crista ilíaca e o rebordo costal inferior, por ser o índice antropométrico mais representativo da gordura intra-abdominal e de aferição mais simples e reprodutível, é a medida recomendada. A circunferência abdominal deve ser medida em todas as pessoas porque mesmo aquelas sem sobrepeso ou que parecem magras podem armazenar excesso de gordura abdominal. Quanto maior a circunferência abdominal, maior o risco de síndrome metabólica e suas complicações. O armazenamento de excesso de gordura abdominal aumenta o risco dos seguintes problemas: Doença arterial coronariana; Hipertensão arterial; https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/doen%C3%A7a-arterial-coronariana/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-a-doen%C3%A7a-arterial-coronariana-dac https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/hipertens%C3%A3o-arterial/hipertens%C3%A3o-arterial Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 Diabetes tipo 2; Níveis alterados de gorduras, incluindo colesterol, no sangue (dislipidemia); Esteatose hepática; Gota; Síndrome do ovário policístico (em mulheres); Doença renal crônica; Apneia obstrutiva do sono; Disfunção erétil (em homens). o Níveis de pressão arterial. Deve-se aferir no mínimo duas medidas da pressão por consulta, na posição sentada, após cinco minutos de repouso. Além destes dois dados obrigatórios deverá estar descrito no exame físico destes pacientes: o Peso e estatura. Devem ser utilizados para o cálculo do índice de massa corporal através da fórmula: IMC = Peso/Altura2; o Exame da pele para pesquisa de acantose nigricans. Examinar pescoço e dobras cutâneas; o Exame cardiovascular. 3. Exames laboratoriais necessários para o diagnóstico da SM: o Glicemia de jejum. A SM, definida pelos critérios do NECP-ATP III, recomenda para o diagnóstico das alterações da tolerância à glicose apenas a avaliação laboratorial de jejum, não exigindo teste de tolerância oral à glicose (TOTG) nem métodos acurados de avaliação da insulino-resistência (clamp euglicêmico, HOMA–IR). Em face da recomendação da American Diabetes Association, o ponto de corte proposto para o diagnóstico de glicemia de jejum alterada passou de 110mg/dL para 100mg/dL, o que futuramente poderá influir no critério diagnóstico da SM. o Dosagem do HDL-colesterol e dos triglicerídeos; o Outros exames laboratoriais adicionais poderão ser realizados para melhor avaliação do risco cardiovascular global, tais como: colesterol total, LDL-colesterol, creatinina, ácido úrico, microalbuminúria, proteína C reativa (B, 2B), TOTG (glicemia de jejum e após duas horas da ingestão de 75g de dextrosol), eletrocardiograma. A presença de LDL aumentado não faz parte dos critérios diagnósticos da síndrome metabólica, porém, freqüentemente, os pacientes portadores de resistência à insulina e síndrome metabólica apresentam aumento da fração pequena e densa do LDL- colesterol que tem um potencial aterosclerótico maior. Apesar de não fazerem parte dos critérios diagnósticos da síndrome metabólica, várias condições clínicas e fisiopatológicas estão freqüentemente a ela associadas, tais como: síndrome de ovários policísticos, acanthosis nigricans, doença hepática gordurosa não- alcoólica, microalbuminúria, estados pró- trombóticos, estados pró-inflamatórios e de disfunção endotelial e hiperuricemia. PREVENÇÃO PRIMÁRIA: De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os fatores de risco mais importantes para a morbimortalidade relacionada às doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) são: hipertensão arterial sistêmica, hipercolesterolemia, ingestão insuficiente de frutas, hortaliças e leguminosas, sobrepeso ou obesidade, inatividade física e tabagismo23. Cinco desses fatores de risco estão relacionados à alimentação e à atividade física e três deles têm grande impacto no aparecimento da Síndrome Metabólica (SM). A predisposição genética, a alimentação inadequada e a inatividade física estão entre os principais fatores que contribuem para o surgimento da SM, cuja prevenção primária é um desafio mundial contemporâneo, com importante repercussão para a saúde. Destaca-se o aumento da prevalência da obesidade em todo o Brasil e uma tendência especialmente preocupante do problema em crianças em idade escolar, em adolescentes e nos estratos de mais baixa renda. A adoção precoce por toda a população de estilos de vida relacionados à manutenção da saúde, como dieta adequada e prática regular de atividade física, preferencialmente desde a infância, é componente básico da prevenção da SM. https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab%C3%B3licos/diabetes-mellitus-dm-e-dist%C3%BArbios-do-metabolismo-da-glicose-no-sangue/diabetes-mellitus-dm#v772835_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-relacionados-ao-colesterol/dislipidemiahttps://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/doen%C3%A7as-hep%C3%A1ticas-e-da-ves%C3%ADcula-biliar/manifesta%C3%A7%C3%B5es-da-doen%C3%A7a-hep%C3%A1tica/f%C3%ADgado-gorduroso https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-%C3%B3sseos,-articulares-e-musculares/gota-e-artrite-por-pirofosfato-de-c%C3%A1lcio/gota https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/dist%C3%BArbios-menstruais-e-sangramento-vaginal-an%C3%B4malo/s%C3%ADndrome-do-ov%C3%A1rio-polic%C3%ADstico-sop https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-renais-e-urin%C3%A1rios/insufici%C3%AAncia-renal/doen%C3%A7a-renal-cr%C3%B4nica-drc https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-pulmonares-e-das-vias-respirat%C3%B3rias/apneia-do-sono/apneia-do-sono https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-masculina/disfun%C3%A7%C3%A3o-sexual-em-homens/disfun%C3%A7%C3%A3o-er%C3%A9til-de Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 A alimentação adequada deve: o Permitir a manutenção do balanço energético e do peso saudável; o Reduzir a ingestão de calorias sob a forma de gorduras, mudar o consumo de gorduras saturadas para gorduras insaturadas, reduzir o consumo de gorduras trans (hidrogenada); o Aumentar a ingestão de frutas, hortaliças, leguminosas e cereais integrais; o Reduzir a ingestão de açúcar livre; o Reduzir a ingestão de sal (sódio) sob todas as formas. A atividade física é determinante do gasto de calorias e fundamental para o balanço energético e controle do peso. A atividade física regular ou o exercício físico diminuem o risco relacionado a cada componente da SM e trazem benefícios substanciais também para outras doenças (câncer de cólon e câncer de mama); Baixo condicionamento cardiorrespiratório, pouca força muscular e sedentarismo aumentam a prevalência da SM em três a quatro vezes. O exercício físico reduz a pressão arterial, eleva o HDL- colesterol e melhora o controle glicêmico. Com duração mínima de 30 minutos, preferencialmente diário, incluindo exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular, o exercício físico previne a SM em uma relação dose-efeito apropriada para o grupo etário; A melhora de hábitos de vida deve contemplar a redução do tempo de lazer passivo (televisão, jogos eletrônicos, atividades em computadores etc.); O tabagismo deve ser agressivamente combatido e eliminado, pois eleva o risco cardiovascular; Programas educativos que abordem as medidas preventivas em escolas, clubes, empresas e comunidades podem contribuir para a prevenção da SM. ABORDAGEM TERAPÊUTICA CONJUNTA NA SÍNDROME METABÓLICA: As metas a serem alcançadas com a abordagem terapêutica desta associação são as que irei citar (que estão no quadro). Para alcançar estes objetivos são necessárias medidas terapêuticas não-medicamentosas e medicamentosas. TRATAMENTO NÃO-MEDICAMENTOSO: Há grandes dificuldades na abordagem terapêutica conjunta de várias comorbidades no mesmo indivíduo. As primeiras e mais importantes medidas a serem recomendadas visam a intervir no estilo de vida do paciente. O excesso de peso, o sedentarismo e uma alimentação inadequada são fatores para o determinismo da síndrome metabólica frequentemente observados na prática clínica. Ênfase deve ser dada à perda de peso, à correção das anormalidades metabólicas e à atividade física regular. A adoção de uma dieta balanceada é uma das principais medidas a ser preconizada em indivíduos com síndrome metabólica, individualizada para a necessidade de cada paciente. A dieta deve estar direcionada para a perda de peso e da gordura visceral, com o objetivo de normalização dos níveis pressóricos, da correção das dislipidemias e da hiperglicemia e consequentemente a redução do risco cardiovascular. As evidências favorecem as dietas ricas em fibras, pobres em gorduras saturadas e colesterol e com reduzida quantidade de açúcares simples. A princípio uma dieta que atenda a todos estes requisitos torna-se de difícil aceitação e, em consequência, menor adesão pelo paciente. Por esta razão a orientação alimentar deve sempre que possível atender aos hábitos socioeconômico-culturais de cada indivíduo. Neste contexto, o auxílio de um nutricionista pode ser útil para se conseguir um melhor planejamento dietético e uma maior adesão ao tratamento. O valor Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 calórico total deve ser calculado para que se atinja a meta de peso definida, lembrando-se que mesmo uma redução de 5% a 10% do peso está associada à melhoria dos níveis pressóricos, do controle metabólico e até mesmo da mortalidade relacionada ao diabetes. A atividade física deve também ser enfaticamente estimulada, sempre adequada à faixa etária e ao condicionamento físico de cada indivíduo. A prática de exercícios moderados, 30 – 40 minutos por dia, está sem dúvida associada ao benefício cardiovascular. Atividades físicas mais intensas são em geral necessárias para induzir maior perda de peso, mas neste caso, tanto para o tipo como para a intensidade do exercício, os pacientes devem ser avaliados de forma individualizada, e eventualmente, com prévia avaliação cardiovascular. A ingestão excessiva de bebidas alcoólicas está relacionada ao aumento da pressão arterial, dos níveis de triglicerídeos e da carga calórica total. Recomenda-se limitar a ingestão de bebidas alcoólicas a 30ml/dia de etanol para homens e a metade para mulher. Isso corresponde para o homem a 720ml de cerveja, 240ml de vinho e 60ml de bebida destilada. Evidências mostram que acima desses limites há elevação nos níveis da pressão arterial e de triglicerídeos, além de influenciar na carga calórica total. Aos pacientes que não conseguem respeitar estes limites, sugere-se o abandono do consumo de bebidas alcoólicas19. Na síndrome metabólica, para as mulheres e para os pacientes com elevação dos níveis de triglicérides e do peso corporal, esses valores devem ser reduzidos à metade. Embora não seja parte integrante da síndrome metabólica, a proibição do hábito de fumar deve ser fortemente estimulada face à sua enorme importância como fator de risco cardiovascular. Por fim, deve ser ressaltado que a grande dificuldade no tratamento continua sendo a adesão do paciente, principalmente no que tange à mudança do estilo de vida. Por esta razão, a atuação integrada de uma equipe multidisciplinar composta por médico, nutricionista, professor de educação física, enfermeiro, psicólogo, assistente social, farmacêutico, visando o tratamento do paciente, é altamente desejável, e sem dúvida, um grande passo para conquistas futuras. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: O tratamento medicamentoso na síndrome metabólica estará sempre indicado quando não se conseguir resultado com as medidas de mudanças do estilo de vida, situação muito frequente na prática clínica. O mais importante objetivo do tratamento da hipertensão arterial é a redução da pressão arterial e com isso a morbimortalidade cardiovascular e renal. As IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial recomendam que qualquer uma das cinco principais classes de drogas anti- hipertensivas (diuréticos, betabloqueadores, antagonistas de cálcio, inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores dos receptores de angiotensina II (BRA) podem ser utilizadas como tratamento inicial da hipertensão arterial, não havendo diferenças entre eles em relação aos benefícios cardiovasculares. Entretanto, ao término de grande parte dos estudos queavaliaram o controle da pressão arterial (PA), a maioria dos pacientes utilizou associação dos hipotensores. Na presença de síndrome metabólica, se o diabetes estiver presente, o bloqueio do sistema renina angiotensina tem se mostrado útil19. Estudos clínicos têm demonstrado benefício para a proteção renal na nefropatia diabética com proteinúria, em diabéticos do tipo 1 (IECA) e do tipo 2 (BRA). Nos hipertensos com PA 160mmHg/100mmHg, a associação de drogas deve ser considerada para o início do tratamento anti- hipertensivo. Em cerca de dois terços dos pacientes hipertensos, são necessárias duas ou mais drogas para a obtenção do controle pressórico, especialmente quando os níveis pressóricos são mais elevados ou se as metas a serem atingidas são mais rigorosas. Quando a associação de drogas for empregada, o diurético deve ser utilizado. Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 Em pacientes com síndrome metabólica, a redução da pressão arterial para cifras inferiores a 130mmHg/85mmHg pode ser útil, considerando-se o elevado risco cardiovascular associado. No paciente com diabetes tipo 2, a pressão arterial deve ser reduzida abaixo de 130mmHg/80mmHg, não importando que associação de drogas seja necessária para se alcançar este objetivo. A presença de nefropatia com proteinúria importante implica em redução da pressão arterial para valores abaixo de 120mmHg/75mmHg. Para os pacientes portadores de doença cardiovascular estabelecida e com idade superior a 50 anos, recomenda-se atingir essa meta em menos de seis meses. A associação de anti-hipertensivos, utilizando- se hipotensores em separado ou combinado em dose fixa, deve obedecer à premissa de não se associar drogas com mecanismos de ação similares. O TRATAMENTO DA DIABETES TIPO 2: A maioria dos pacientes com hiperglicemia não responde ou deixa de responder adequadamente ao tratamento não- medicamentoso, e nesses casos, devem ser iniciados um ou mais agentes hipoglicemiantes com a finalidade de controlar a glicemia e promover a queda da hemoglobina glicada –A1c. O diabetes é atualmente considerado uma moléstia cardiovascular. Esta mudança de paradigma implica num novo direcionamento no tratamento da doença. Além do objetivo de normalização da glicemia, é fundamental a necessidade de serem desenvolvidas estratégias dirigidas para a diminuição da incidência de eventos cardiovasculares. A adoção de metas mais rígidas, não só dos valores glicêmicos, como também dos outros fatores de risco associados, deve ser perseguida. Em relação aos agentes orais utilizados no tratamento do diabetes tipo 2, a droga ideal deve ter além do efeito anti-hiperglicemiante, uma ação antiaterogênica. O diabetes tipo 2 é decorrência de dois defeitos básicos: resistência insulínica e deficiência insulínica. Nas fases iniciais da moléstia, predomina o fator resistência, sendo indicado o uso de drogas sensibilizadoras da ação insulínica: metformina e glitazonas. Acarbose também pode ser utilizada nesta situação. A história natural do diabetes tipo 2 evidencia, com o passar dos anos, uma deterioração progressiva da glicemia decorrente da instalação mais acentuada do fator deficiência insulínica. Nessa fase, as sulfoniluréias podem ser associadas aos sensibilizadores de insulina. A deficiência de insulina pode se acentuar, ocorrendo então a necessidade de associação de insulina aos agentes orais e finalmente insulinização plena. As glinidas e a acarbose são drogas auxiliares indicadas no tratamento da hiperglicemia pós-prandial. Combinações terapêuticas de metformina e glitazonas, metformina e sulfoniluréias, e glitazonas e sulfoniluréias têm sido amplamente utilizadas. Além dessas combinações outras podem ser vistas, assim como também as drogas atualmente disponíveis no mercado brasileiro. Os medicamentos que aumentam a sensibilidade do organismo à insulina, como, por exemplo, a metformina ou um medicamento da classe da tiazolidinediona (por exemplo, rosiglitazona ou pioglitazona), podem ajudar. Além disso, a prática de exercícios é importante para as pessoas com diabetes, porque permite que o corpo use o açúcar no sangue de forma mais eficiente e pode muitas vezes ajudar a abaixar o nível de açúcar no sangue. Em relação às metas a serem alcançadas no tratamento do diabetes do tipo 2, recomenda-se uma glicose de jejum de até 110mg/dL, pós-prandial inferior a 140mg/dL e hemoglobina glicosilada (%) até o limite superior do método. É necessário ressaltar, mais uma vez, a importância de se tratar o diabetes no contexto dos outros componentes da síndrome metabólica. Todas as estratégias necessárias para a diminuição da aterosclerose devem ser implementadas. Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA: As alterações do metabolismo lipídico apresentam uma relação frequente com a aterogênese e, consequentemente, com a aterosclerose e a elevada morbimortalidade cardiovascular170,171. Convém enfatizar que apesar de os níveis de LDL-colesterol não constituírem um dos critérios diagnósticos desta síndrome, as evidências de estudos clínicos controlados apontam para a necessidade da redução do LDL-colesterol como meta primária a ser alcançada com o tratamento, concomitantemente com a correção dos níveis do HDL-colesterol e dos triglicérides. As estatinas são os medicamentos de escolha para reduzir o LDL-C em adultos. Estudos de prevenção primária e secundária mostram que as estatinas diminuem os eventos coronarianos, a incidência de acidente vascular encefálico e a necessidade de revascularização do miocárdio e a mortalidade cardiovascular total. Os fibratos demonstraram benefício na redução de eventos cardiovasculares em indivíduos com HDL-C abaixo de 40mg/dL, componente frequente da síndrome metabólica. Os fibratos são também indicados para o tratamento da hipertrigliceridemia quando a dieta e a atividade física não forem suficientes para corrigi-la. Os ácidos graxos ômega-3 podem ser usados como terapia coadjuvante da hipertrigliceridemia ou em substituição aos fibratos em caso de intolerância a eles. O ácido nicotínico de liberação intermediária pode aumentar o HDL-C e, segundo alguns estudos contribui para redução de eventos cardiovasculares. O ezetimiba associado às estatinas permite acentuada redução do LDL-C e a sua utilização pode ser considerada para atingir as metas lipídicas preconizadas. A terapêutica combinada de estatinas com fibratos ou com o ácido nicotínico pode ser uma opção atrativa nos indivíduos com síndrome metabólica que apresentem elevação do LDL-colesterol e dos triglicerídeos e redução do HDL-colesterol. TRATAMENTO PARA OBESIDADE: Caso as medidas não-medicamentosas recomendadas não consigam induzir à perda de pelo menos 1% do peso inicial por mês, após um a três meses, deve-se considerar a introdução de drogas adjuvantes da dieta para os indivíduos com IMC >30kg/m2 ou ainda, naqueles com IMC entre 25kg/m2 e 30kg/m2 desde que acompanhado de comorbidades. As drogas mais indicadas são a sibutramina e o orlistat. Estudos têm demonstrado seus efeitos favoráveis para a perda de peso e melhora dos parâmetros metabólicos, com boa tolerabilidade e segurança. As drogas da classe noradrenérgica são eficazes na perda de peso, mas os seus estudos são antigos e de curto prazo. Os inibidores seletivos de recaptação de serotonina usados como antidepressivos, podem também proporcionar perda de peso. Não são recomendadasas fórmulas manipuladas face à falta de controle de qualidade das mesmas. O tratamento cirúrgico tem como objetivo diminuir a entrada de alimentos no tubo digestivo (cirurgia restritiva), diminuir a sua absorção (cirugia disabsortiva) ou ambas (cirurgia mista). A cirurgia bariátrica pode estar indicada para pacientes diabéticos ou com múltiplos fatores de risco com IMC >35kg/m2, resistentes ao tratamento conservador, realizado continuamente por dois anos (Portaria 196/GM/MS de 29/2/2000). As cirurgias bariátricas implicam em perda de peso que varia de 20% a 70% do excesso de peso. É o método mais eficaz e duradouro para perda de peso e com melhora nítida dos componentes da síndrome metabólica. Complicações incluem mortalidade em torno de 1%, má nutrição, dumping e colelitíase. ESTADO PRÓ-COAGULANTE E PRÓ- INFLAMATÓRIO: A síndrome metabólica se associa a elevações do fibrinogênio, do PAI-1 e possivelmente de outros fatores de coagulação, caracterizando um estado pró- trombótico. Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 Para os indivíduos com síndrome metabólica de médio e alto risco (risco de DAC >10%) pelo escore de Framingham, deve ser recomendado o uso contínuo de AAS em baixas doses. ................................................................................ OBESIDADE: A obesidade é uma doença crônica, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo. CAUSAS: A principal causa de obesidade é a alimentação inadequada ou excessiva. Para manter o peso ideal é preciso que haja um equilíbrio entre a quantidade de calorias ingeridas e a energia gasta ao longo do dia. Quando há abundância de alimentos e baixa atividade energética, existe o acúmulo de gordura. Por isso, o sedentarismo é o segundo fator importante que contribui para a obesidade. Além disso, existem os fatores genéticos, em que uma pessoa pode herdar a disposição para obesidade; ter o metabolismo mais lento, o que facilita o acúmulo de gorduras e dificulta o emagrecimento, ou ter aumento de peso por conta das oscilações hormonais. Também existe uma influência dos fatores psicológicos, quando o estresse ou as frustrações desencadeiam crises de compulsão alimentar. A obesidade é fator de risco para uma série de doenças. O obeso tem mais propensão a desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, entre outras. DIAGNÓSTICO: É feito por meio do cálculo do Índice de Massa Corpórea (IMC), que avalia a relação entre o peso e a altura. O IMC é calculado dividindo-se o peso do paciente pela sua altura elevada ao quadrado. É o padrão utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que identifica o peso normal quando o resultado do cálculo do IMC está entre 18,5 e 24,9. Para ser considerado obeso, o IMC deve estar acima de 30. Quanto maior o índice, mais chances do paciente desenvolver diabetes, problemas cardiovasculares e nas articulações, hipertensão arterial e depressão, problemas diretamente ligados à pior qualidade de vida e menor longevidade. Também existem outras formas de constatar o excesso de peso que agem em conjunto com o cálculo do IMC. São elas: cálculo da porcentagem de gordura e medir a circunferência abdominal. DIRETRIZES 2016: Baixo peso <18,5 kg/m2 Normal 18,5-24,9 Sobrepeso 25-29,9 Obesidade grau 1- 30-34,5 Grau 2 - 35-39,9 Grau 3 >= 40 TRATAMENTO: A melhor forma de tratar a obesidade é adotar mudanças no estilo de vida, com uma dieta menos calórica aliada a um programa de exercícios físicos, sempre sob a supervisão de um profissional. Também pode ser feito o uso de medicamentos, desde controladores de apetite até os que reduzem a absorção de gordura pelo organismo. Para os casos mais graves, pode ser recomendada também a cirurgia bariátrica, especialmente para quem possui o IMC acima de 35 e também ter doenças associadas à obesidade, e para os que têm IMC acima de 40 e não conseguem emagrecer com outros tratamentos. Em todos os casos, o acompanhamento médico regular é fundamental. HAS (HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA): A HAS é uma condição clínica multifatorial caracterizada por uma elevação sustentada (mantida ao longo de semanas) dos níveis pressóricos. De 140/ 90 mmHg em diante já é considerado hipertensão. Lembrando que essa elevação só será considerada patológica se for continuada/sustentada/mantida, porém, uma elevação eventual não quer dizer que Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 essa pessoa seja hipertensa. Inclusive, a elevação da pressão eventualmente pode estar relacionada à: atividade física, ansiedade, emoções, dor, e não necessariamente a pessoa é hipertensa por causa disso; é apenas um mecanismo natural. Frequentemente se associa a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos alvo (órgãos que dependem dos mecanismos fisiológicos dos vasos e da circulação para que sejam bem perfundidos: rins, cérebro, coração, parte do fundo do olho- retina onde tem os pequenos vasos, que podem desencadear lesões de órgão alvo). Agrada pela presença de outros fatores de risco, como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes mellitus (DM). HIPERTENSÃO PRIMÁRIA - ESSENCIAL: resulta da combinação de polimorfismo genético e fatores ambientais (como o tabagismo), que favorecem o aumento do volume sanguíneo e/ou resistência periférica. (90% a 95% dos casos). HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA: secundária à um outro transtorno. As causas podem ser renais, endócrinas, cardiovasculares, neurológicas. HIPERTENSÃO MALIGNA: aproximadamente 5% dos casos. Elevação rápida, que se não tratada, pode leva a óbito em 1 a 2 anos. A pressão arterial adequada é resultado do equilíbrio entre o débito cardíaco (influenciado pelo volume sanguíneo, força e frequência de contração) e resistência vascular periférica. A resistência periférica vai ser coordenada principalmente por fatores hormonais e neuronais que vão desempenhar a vasoconstricção ou vasodilatação e vão funcionar em equilíbrio. Se a pressão está elevada, os mecanismos vão influenciar a redução do volume sanguíneo e a vasodilatação. Se a pressão cai, ocorrerá a vasoconstricção e aumento do volume sanguíneo. Além disso, têm também alguns fatores locais, como a autorregulação, casos de hipóxia que podem interferir na pressão em locais específicos do corpo. O que mais se aborda em relação ao controle da pressão é o SISTEMA RENINA- ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA: Quando o indivíduo tem uma queda na pressão arterial, isso vai ocasionar em uma redução da distribuição de sangue para o corpo/ perfusão de tecidos periféricos e isso vai ser percebido pelo rim. O rim, então, vai começar a produzir a renina, que vai converter o angiotensinogênio em angiotensina 1. A ECA (enzima conversora de angiotensina), por sua vez, vai converter a angiotensina 1 em angiotensina 2. A partir daí vai ocorrer o aumento da resistência vascular periférica e a ativação da aldosterona, que vai causar o aumento da volemia pela retenção de sódio (uma vez que sódio puxa água). Resultado disso tudo: aumento da pressão arterial. OUTROS FATORES QUE CONTROLAM A PRESSÃO: Sistema nervoso autônomo: Vai controlar o tônus vascular; Aumento da pressão arterial provoca distensão na parede arterial, estimulando barorreceptores que, por meio de reflexo (centro vagal no bulbo), ativam o nervo vago, inibindo a atividade simpática.Em idosos, a perda de elasticidade da parede arterial compromete esse sistema. Átrios (em alguns casos também o miocárdio ventricular): Síntese e liberação de fatores natriuréticos, que induzem diurese e vasodilatação (vai contra o sistema renina-angiotensina-aldosterona); Vasos: Endotélio libera endotelinas (potentes vasoconstrictores), prostaciclina e oxido nítrico (NO) (vasodilatadores). CLASSIFICAÇÃO E SEUS ESTÁGIOS: Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 EPIDEMIOLOGIA: Acometendo um quarto da população adulta (70 milhões nos Estados Unidos e 1 bilhão de pessoas no mundo todo), a hipertensão é a principal causa de morte no mundo e a causa mais comum de uma consulta ambulatorial a um médico; O Brasil figura no sexto lugar entre os países com a maior alta taxa de morte por doenças cardíacas, infartos e HAS; Por causa do aumento das taxas de obesidade e envelhecimento da população, a hipertensão é projetada para afetar 1,5 bilhão de pessoas, um terço da população do mundo, até o ano de 2025; Cerca de 32,5% (36 milhões) de indivíduos adultos e mais de 60% dos idosos são hipertensos; Contribui para 50% das mortes por doenças cardiovasculares; A HAS aumenta de 4 a 6 vezes o risco de AVC; 2ª causa de doenças renais crônicas (por lesões de órgão- alvo: cérebro, coração e rim – principais acometidos); Prevalência em homens e mulheres (mulheres são mais diagnosticadas, pois procuram atendimento médico com mais frequência que os homens). PRÉ-HIPERTENSÃO: Nesse estágio ficam as pessoas que possuem os níveis pressóricos dentro da normalidade, porém não chegam a ser aqueles que possuem a pressão considerada como ótima: 12/8 mmHg. Condição caracterizada por PA sistólica (PAS) entre 121 e 139 e/ou PA diastólica (PAD) entre 81 e 89 mmHg; Prevalência mundial varia de 21% a 37,7% em estudos de base populacional; Associa-se a maior risco de desenvolvimento de HAS e outras anormalidades cardíacas. Então classificou-se a pré- hipertensão como sendo o segundo maior fator de risco para hipertensão; essas pessoas tendem a ser um normal de maior risco; Cerca de 1/3 dos eventos cardiovasculares atribuíveis a elevação da PA ocorre em indivíduos com pré- hipertensão; Logo, são pessoas que precisam de uma atenção... FATORES DE RISCO: Idade (associação direta e linear – quanto maior a idade, maior o risco); Sexo (mulheres geralmente possuem maior prevalência de acordo com estudos); Etnia (afrodescendentes tem maior prevalência); Sedentarismo (pessoas que não atingem a média semanal de atividade física de 150 min). Isso pode incluir o desenvolvimento habitual no trabalho que muitas vezes requer esforço físico, pode ser também uma caminhada de lazer ou de deslocamento para o trabalho ou faculdade, etc.; Excesso de peso e obesidade (Através das populações, a prevalência de hipertensão aumenta linearmente com o índice de massa corporal médio. Com a inexorável epidemia de obesidade nas sociedades desenvolvidas e em desenvolvimento, atenção cada vez maior está sendo dedicada à síndrome metabólica que frequentemente acompanha a hipertensão); Ingestão de sal (A ingestão diária de sal é outro determinante comportamental importante da hipertensão humana. A média do brasileiro varia de 4 a 7 gramas de sal, sendo 2 gramas o ideal); Ingestão de álcool (excesso); Fatores socioeconômicos (pacientes com menor acesso a informações, condições sanitárias, alimento de boa qualidade, condições de realizar atividade física); Genética (A concordância das pressões arteriais é maior nas famílias do que em indivíduos não parentes, maior entre gêmeos monozigóticos do que entre gêmeos dizigóticos, e maior entre irmãos biológicos do que entre irmãos adotivos vivendo no mesmo domicílio. Tanto quanto 70% da agregação familiar da pressão arterial é atribuída a genes compartilhados, em vez de a ambiente compartilhado). FATORES ADICIONAIS: Idade (homem > 55 anos, e mulheres > 65 anos); Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 Tabagismo; Dislipidemias (com triglicérides > 150 mg/dl; Colesterol LDL > 100mg/dl; Colesterol HDL < 40 mg/dl); DM; História familiar prematura de doença cardiovascular (mais prevalente em homens < 55 anos e mulheres < 65 anos). ALGORITMO UTILIZADO A NÍVEL AMBULATORIAL: 1ª visita: Aferição da PA, anamnese, exame físico e avaliação laboratorial (que já pode ser solicitada). Quadrado roxo: caso o paciente tenha alguma urgência hipertensiva (PA com níveis pressóricos acima de 180/110 com algum sintoma associado – cardíaco, respiratório, neurológico, visual; tudo isso de forma aguda, que pode ter surgido junto com a pressão), é preciso encaminhá-lo de imediato para um serviço de urgência. Quadrado laranja: PA maior que 140/90, com risco cardiovascular alto ou PA acima de 180/110, sem nenhum sintoma associado: diagnóstico de hipertensão. Quadrado azul claro: paciente que está com PA acima de 140/90, com risco cardiovascular baixo ou moderado > pode considerar a pressão de consultório, MAPA ou MRPA. Pressão de consultório: você mediu a primeira vez que deu maior que 140/90. É marcada uma segunda visita e a pressão deu menor que 140/90. Conclusão: paciente normotenso. Pode ser solicitado o MAPA ou MRPA afim de afastar a hipertensão mascarada, principalmente se for um paciente mais jovem. Já se na 2ª visita a pressão foi acima de 140/90. Conclusão: paciente hipertenso. Solicitação de um MAPA para afastar a possibilidade de ser uma hipertensão do avental branco (hipertensão apenas no consultório – fatores emocionais, etc.). Considerar MAPA: na 2ª visita, é preciso checar se no MAPA a PA de vigília foi menor que 135/85. Conclusão: hipertensão relacionada ao avental branco. Já se na 2ª visita, numa média de 24 horas, a pressão sistólica está acima de 130 e a diastólica acima de 80, deve-se fechar o diagnóstico de hipertensão. Considerar MRPA: na 2ª visita, medidas menores que 135/85: hipertensão do avental branco. Já se as medidas sejam acima de 135/85, fecha-se o diagnóstico de hipertensão. Sempre que se fechar o diagnóstico de hipertensão, que não seja relacionado ao avental branco e nem ao mascaramento, aí sim o médico pode começar a tratar. Hipertensão: ≥140 e/ou 90 mmHg. Normotensão: Medidas de consultório ≤ 120/80 mmHg e as medidas fora dele (MAPA ou MRPA) que confirmem os valores considerados normais. Hipertensão controlada: paciente sob tratamento anti-hipertensivo e que permanece com a PA controlada tanto no consultório como fora dele (MAPA/MRPA). Pré-hipertensão: Caracteriza-se pela presença de PAS entre 121 e 139 e/ou PAD entre 81 e 89 mmHg. P.S.: As leituras feitas fora do consultório são a única maneira de obter uma imagem clara da pressão arterial de uma pessoa normal para diagnóstico e tratamento precisos. Essas leituras são mais preditivas de eventos cardiovasculares do que as leituras feitas no consultório e superam muitas das armadilhas de medição de consultório, incluindo erros médicos e reações do ”jaleco branco“. A monitoração domiciliar da pressão arterial também aumenta a aderência à medicação por envolver ativamente os pacientes em sua própria assistência médica. P.S.: Cerca de 20% dos pacientes com pressão arterial elevada no consultório têmFernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 pressão arterial normal domiciliar ou ambulatorialmente. Se a pressão arterial diurna é inferior a 135/85 mm Hg (ou, de preferência, abaixo de 130/80 mm Hg) e não há lesão de órgão-alvo, apesar das leituras consistentemente elevadas feitas no consultório, o paciente tem hipertensão ”apenas de consultório“ ou ”do jaleco branco“, causada por uma resposta adrenérgica transitória para a medição da pressão arterial no consultório médico. TRATAMENTO: Medidas não medicamentosas (dieta, adequação comportamental - cessar tabagismo, redução e se possível cessar o etilismo, prática de atividade física, etc., e uso de anti-hipertensivos. Redução da PA; Proteção de órgãos-alvo; Prevenção de desfechos cardiovasculares e renais; Redução significativa de mortalidade por doenças cardiovasculares, AVE, infarto do miocárdio e insuficiência cardíaca. P.s.: a decisão terapêutica deve basear-se não apenas no nível da PA, mas considerar também a presença de lesão de órgão-alvo, doença cérebrovascular ou doença cardiovascular estabelecida. SITUAÇÕES ESPECÍFICAS DE ABORDAGEM: Abordagem de hipertensos estágios 2 e 3 e/ou de alto risco: PA ≥ 160/100 mmHg e/ou portadores de risco cardiovascular estimado alto, mesmo no estágio 1, devem iniciar de imediato o tratamento medicamentoso associado à terapia não medicamentosa. A terapia não medicamentosa apenas não é suficiente para reduzir o risco cardiovascular e complicações (lesão de órgão-alvo), nesses casos. Abordagem de hipertensos estágio 1 de risco baixo e moderado: Terapia não farmacológica deve ser tentada de 3 (baixo) a 6 meses (moderado); Acompanhar esses indivíduos com avaliação periódica da adesão às medidas não farmacológicas (sabemos que é muito mais difícil aderir à terapia não medicamentosa do que a medicamentosa); Falta de controle da PA condicionará o início de terapia farmacológica (se após 3 a 6 meses não houve melhora, a terapia farmacológica deve ser associada); A intervenção em hipertensos de baixo risco no estágio 1 pode prevenir a progressão para um risco cardiovascular. Abordagem para níveis de PA de 130-139/85- 89 mmHg: Medidas não medicamentosas para essa faixa pressórica; Tratamento medicamentoso pode ser considerado nos pré-hipertensos com PA de 130-139/85-89 mmHg e história prévia de doença cardiovascular; E naqueles com risco cardiovascular alto, sem doença cardiovascular preexistente; Bloqueadores do sistema renina- angiotensina-aldosterona (SRAA) em indivíduos de alto risco cardiovascular mostraram redução da incidência de hipertensão arterial sistêmica; Decisão final individualizada. Será adaptável de paciente para paciente. Abordagem de Hipertensos Idosos: O mecanismo mais comum no idoso é o enrijecimento da parede arterial dos grandes vasos, levando ao aumento predominante da pressão arterial sistólica, com manutenção ou queda da pressão arterial diastólica; Anti-hipertensivos naqueles com PA ≥ 160 mmHg, com demonstração de resultados favoráveis, em especial na prevenção de AVC e IC; Recomenda-se o início da terapia farmacológica anti-hipertensiva em idosos a partir de níveis de PAS ≥ 140 mmHg, desde que bem tolerada e avaliando-se as condições gerais do indivíduo; Nos muito idosos, ou seja, naqueles com idade ≥ 80 anos, o limite para início da terapia farmacológica aumenta para uma PAS ≥ 160 mmHg. Abordagem de Jovens com Hipertensão Sistólica Isolada Frequente em jovens saudáveis do sexo masculino com menos de 30 anos; Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 Pode estar associada à pressão central normal, mas em vias periféricas pode haver uma elevação; Recomendada a adoção de medidas não medicamentosas prioritariamente, com monitorização de lesões nos órgãos- alvo; Terapia farmacológica apenas se o paciente tiver alto risco cardiovascular. METAS PRESSÓRICAS: TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: Redução da morbimortalidade cardiovascular; Benefício relacionado ao controle da PA, não depende do tipo de fármaco (tem que ver a particularidade de cada paciente); Benefícios isolados dos betabloqueadores são menores. Por isso é viável uma associação do beta-bloqueador; Orientação sobre a importância do uso contínuo, uma vez que é uma doença que não tem cura, mas sim um controle; Sempre conversar com o paciente sobre uma eventual necessidade de ajuste de doses, da troca ou associação de medicamentos e sobre o eventual aparecimento de efeitos adversos. ESCOLHA DO MEDICAMENTO: Medicamentos que demonstram a capacidade de reduzir a morbimortalidade cardiovascular; Ser eficaz por via oral; Ser bem tolerado pelo paciente; (o melhor medicamento é aquele que o paciente usa, aquele que o paciente conseguiu se adaptar e faz o seu uso corretamente); Ter um custo viável para o paciente; Poder ser usado no menor número de tomadas por dia. (melhor para a adesão do paciente, evita esquecimentos); Ser iniciado com as menores doses efetivas; Poder ser usado em associação; Ser utilizado por um período mínimo de quatro semanas (1 mês), antes de modificações, salvo em situações especiais; Ter controle de qualidade em sua produção. ANTI-HIPERTENSIVOS DISPONÍVEIS NO BRASIL: - DIU (GR: I; NE: A); - Inibidores adrenérgicos; - Medicamentos de ação central ou alga agonistas; - Beta bloqueadores; - Alfa bloqueadores; - Vasodilatadores diretos; - IECA; ambos agem no sistema renina- angiot.-aldost. - BRA; - Bloqueador de canal de cálcio; - Inibidor direto da renina. ALGORITMO DE TRATAMENTO: Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 DIAGRAMA DAS COMBINAÇÕES DE MEDICAMENTOS: As combinações preferenciais são essas em verde (diuréticos tiazídicos, inibidores da ECA, bloqueadores dos canais de cálcio, bloqueadores dos receptores de angiotensina); Na linha rosa contínua tem as combinações que não são recomendadas (inibidor da ECA com bloqueador dos receptores da angiotensina, pois agem na mesma via, logo, vão ter medicações que vão disputar entre si); Na linha tracejada são as combinações possíveis, porém com menos estudos (betabloqueadores e outros anti- hipertensivos com todos os outros). DISLIPIDEMIA: É importante iniciar falando um pouco do colesterol. O colesterol é uma substância de origem animal e podemos encontrá-lo em alimentos derivados como por exemplo: leite, queijos, manteiga, carne, ovos etc., mas em diferentes proporções: uns mais, outros menos. Os vegetais não produzem colesterol. Além disso, o corpo humano também sintetiza colesterol e muitos órgãos participam desse processo, não só o fígado apesar de ser o principal órgão sintetizador. Nós sintetizamos colesterol no intestino, adrenal, gônadas etc. E o colesterol participa de inúmeras funções do nosso organismo. Como por exemplo: 1. Formação do sal biliar; 2. Composição da bicamada lipídica; 3. Precursor da síntese de hormônios esteroidais. BIOSSÍNTESE DO COLESTEROL: Na biossíntese do colesterol, vai haver a transformação do 3-hidroxi-3-metilglutaril-CoA em mevalonato pela ação da enzima HMG- CoA redutase que é um alvo farmacológico pois há uma classe de inibidores dessa proteína (a classe das estatinas). As estatinas atuam reduzindo o colesterol por meio da inibição dessa enzima HMG-CoA redutase,afetando diretamente na síntese de colesterol. Ou seja, reduzem o colesterol endógeno (produzido pelo nosso corpo). OBSERVAÇÃO: Pessoas que têm colesterol alto independente da dieta, pode ser um descontrole na biossíntese ou síntese interna de colesterol. Os lipídeos também são muito importantes para o organismo, pois desempenham inúmeras funções. Entre essas funções pode- se destacar: - Função energética; - Termogênica; - Transdução de sinal; - Surfactante; - Hormonal; Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 - Antioxidante; - Estrutural; - Isolamento térmico; - Metabolismo do cálcio; Coagulação sanguínea, etc. Como sabemos os lipídeos são lipossolúveis, sendo assim, precisam se transportar pelo plasma com a ajuda de proteínas. Com isso, formam-se, então, as lipoproteínas (elas tornam os lipídeos mais solúveis no meio aquoso. As lipoproteínas são classificadas de acordo com a velocidade de transporte, a quantidade de colesterol que elas transportam, a quantidade de apoliproteínas que formam sua parede e os seus tipos. As mais conhecidas são os quilomícrons (que costumam carregar os lipídios da dieta), VLDL de muito baixa densidade, LDL de baixa densidade e o HDL de alta densidade. O LDL basicamente é responsável pelo transporte do colesterol endógeno. Por isso, uma alta de LDL está associada ao alto nível de colesterol sanguíneo e a alta incidência de doenças cardiovasculares. Já o HDL é responsável por retirar o colesterol da corrente sanguínea. Sendo assim, alta HDL representa uma proteção cardiovascular pois tem menos colesterol na corrente sanguínea e baixa incidência de doenças cardiovasculares. Quilomícron: transporta triacilglicerol exógeno; VLDL: lipoproteína de densidade muito baixa, transporta triacilglicerol endógeno; IDL: lipoproteína de densidade intermediária, é formada na transformação de VLDL em LDL; LDL: lipoproteína de baixa densidade, é a principal transportadora de colesterol. Seus níveis aumentados no sangue, aumentam o risco de infarto agudo do miocárdio; HDL: lipoproteína de alta densidade, atua retirando o colesterol de circulação. Seus níveis aumentados no sangue estão associados a uma baixa no risco de infarto agudo do miocárdio. Observando essa tabela pode-se afirmar, então, que mesmo o VLDL tendo uma densidade menor que a do LDL, é “menos pior” que o LDL pois apenas 12% da sua composição é colesterol enquanto a do LDL é 42%. Então o VLDL tem uma importância maior da hipertrigliceridemia do que na hipercolesterolemia. A partir disso, podemos, então, enfim falar da dislipidemia em si: As dislipidemias são alterações metabólicas lipídicas decorrentes de distúrbios em qualquer fase do metabolismo lipídico, que ocasionem repercussão nos níveis séricos das lipoproteínas. Em outras palavras, é quando falamos que o colesterol está elevado ou quando se tem gordura no sangue. Dislipoproteinemias: Causas primárias de hiperlipidemia: 1. Aumento de produção de lipídios endógenos; 2. Deficiência de processamento; 3. Deficiência de captura celular; 4. Remoção inadequada dos níveis de colesterol. Causas secundárias de hiperlipidemia: 1. Sedentarismo; 2. Doença hepática; 3. Insuficiência renal; 4. Diabetes; 5. Hipotireoidismo. Existem diferentes tipos de hiperlipidemias: Hiperlipidemia exógena (alta de quilomícrons): Os triglicerídeos estão altamente elevados e o colesterol pode estar elevado ou não. Hiperlipidemia endógena (excesso de VLDL): Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 Os triglicerídeos estão altos e o colesterol normal. Hiperlipidemia mista (alta de VLDL + quilomícrons): Os triglicerídeos estão muito elevados. Existem dois tipos de hipercolesterolemia: Hipercolesterolemia (alta de LDL): Os triglicerídeos estão normais e o colesterol elevado. Hipercolesterolemia combinada (alta de LDL + VLDL): Triglicerídeos > 240 Colesterol > 160 Isso é importante porque a depender do que o paciente apresenta, o esquema terapêutico é diferente. OBSERVAÇÃO: Os fibratos são uma das principais escolhas quando o paciente tem triglicerídeos alto e colesterol normal. Já as estatinas são preferência quando o paciente tem os triglicerídeos normal e o colesterol alto. TERAPÊUTICA: Quando se fala no tratamento ou terapia para reduzir as dislipidemias não há como não falar em mudanças no estilo de vida. Essa é a primeira opção e sempre que possível é a primeira estratégia terapêutica. Como qualquer mudança, exige tempo para apresentar alguma resposta fisiológica significativa. Porém, nem sempre é suficiente para reduzir a dislipidemia e assim, inicia-se o tratamento medicamentoso. O colesterol total é resultado de uma soma de todas as lipoproteínas. A metodologia do teste bioquímico visa quebrar todas as lipoproteínas e quantificar o colesterol de todas elas. Essa quantidade deve estar abaixo de 200mg/dL. O LDL deve estar abaixo de 130mg/dL e o HDL é o oposto, o desejável é acima de 60mg/dL. OBSERVAÇÃO: Em alguns casos, o colesterol total está quantitativamente alto mas não significa que é uma situação ruim pois pode ser que o HDL esteja alto, isso é algo bom. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: Os hipolipemiantes devem ser empregados sempre que não houver efeito satisfatório das MEV ou impossibilidade de aguardar os efeitos da MEV por prioridade clínica. A escolha da classe terapêutica está condicionada ao tipo de dislipidemia presente. 3 meses é, em média, o tempo necessário para esperar a resposta fisiológica através do MEV antes de iniciar o tratamento medicamentoso; Mudança no estilo de vida (MEV): Terapia nutricional: 1. Dieta para hipercolesterolemia; 2. Dieta para hipertrigliceridemia; Exercício físico Redução do tabagismo. Medicamentos para colesterolemia: Na hipercolesterolemia isolada, os medicamentos recomendados são as estatinas, que podem ser administradas em associação à ezetimiba, colestiramina e eventualmente a fibratos ou ácido nicotínico. As estatinas são na maioria das vezes administradas ao se deitar pois a noite é o momento que nosso organismo mais produz colesterol. Inibidores de HMG-CoA redutase: Sua inibição reduz o conteúdo intracelular de colesterol e, como consequência, há aumento do número de receptores de LDL Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 nos hepatócitos que então removem mais VLDL, IDL e LDL da circulação para repor o colesterol intracelular. Reduzem o LDL-C de 15% a 55% em adultos Reduzem os TG de 7% a 28% Elevam o HDL-C de 2% a 10% Titulação em três etapas das estatinas: As estatinas reduzem os níveis de LDL proporcionalmente. Isso é uma característica muito importante porque o médico pode estabelecer metas de acordo com o quadro do paciente. Lovastatina e sinvastatina são pró- fármacos lactônicos inativos sendo hidrolisados no trato gastrintestinal aos derivados betahidroxila ativos. Pravastatina possui um anel de lactona aberto e ativo. Atorvastatina, fluvastatina e a rosuvastatina são congêneres que contém flúor e são ativos quando administrados. OBSERVAÇÃO: A escolha da estatina utilizada depende do quadro do paciente – o que se pretende diminuir entre triglicerídeos e colesterol – e variáveis como fatores de risco,idade etc. Ezetimiba: É um inibidor de absorção do colesterol que atua na borda em escova das células intestinais inibindo a ação da proteína transportadora do colesterol Usada isoladamente, reduz cerca de 20% o LDL-C Tem sido mais frequentemente empregada em associação com as estatinas, em função da potenciação da redução do colesterol intracelular. 1. Redução da síntese pela estatina 2. Redução da absorção intestinal pela ezetimiba. Pode ser administrada a qualquer hora do dia, com ou sem alimentação, não interferindo na absorção de gorduras e vitaminas lipossolúveis. Colestiramina: Resinas de Troca iônica (colestiramina) São fármacos que reduzem a absorção intestinal de sais biliares, interrompendo a circulação enterohepática. Com a redução da absorção, reduz-se o colesterol intracelular no hepatócito e, por este motivo, aumenta-se o número de receptores de LDL. Não reduzem a absorção de triglicerídeos, podendo inclusive aumentá-la. Reduz em média 20% dos valores basais de LDL-C. 1. É potencializado pelo uso de estatinas. 2. Pode promover pequena elevação do HDL-C 3. Pode ser utilizada em crianças, sendo a única liberada para mulheres no período reprodutivo sem método anticoncepcional efetivo. Usados como alternativa quando os níveis de colesterol não são reduzidos o suficiente com as estatinas. O aumento na síntese de ácidos biliares é acompanhado da síntese de TG (Não deve ser usada em pacientes com hipertrigliceridemia). A colestiramina é administrada antes das refeições por causa da liberação de sais biliares durante a refeição, aumentando a ação do fármaco. Medicamentos para trigliceridemia: No tratamento da hipertrigliceridemia isolada são prioritariamente indicados os Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 fibratos e, em segundo lugar, o ácido nicotínico ou a associação de ambos; O ácido graxo ômega-3 pode ser utilizado isoladamente ou em associação com outros fármacos; Na hiperlipidemia mista, o nível de triglicérides orienta a escolha. 1. Acima de 500 mg/dL, deve-se iniciar o tratamento com um fibrato, adicionando se necessário ácido nicotínico e/ou ômega-3 2. Abaixo de 500 mg/dL, deve-se iniciar o tratamento com uma estatina isoladamente ou associada à ezetimiba, priorizando-se a meta de LDL-C. Fibratos: São fármacos derivados do ácido fíbrico que agem estimulando os receptores nucleares denominados “receptores alfa ativados de proliferação dos peroxissomas” (PPAR-α); Esse receptor atua a nível nuclear, ou seja, tem como mecanismo modular a expressão gênica estimulando ou inibindo a produção de enzimas. Esse estímulo leva a aumento da produção e ação da lipase lipoprotéica (LPL), responsável pela hidrólise intravascular dos TG, e redução da Apo CIII, responsável pela inibição da LPL. Sua ação sobre o LDL-C é variável, podendo diminuí-lo, não modificá-lo ou até aumentá-lo. Ácido nicotínico: O ácido nicotínico (niacina ou vitamina B3) reduz a ação da lipase tecidual nos adipócitos, levando à menor liberação de ácidos graxos livres para a corrente sanguínea. Como consequência, reduz-se a síntese de TG pelos hepatócitos. Reduz o LDL-C em 5% a 25% Aumenta o HDL-C em 15 a 35% 1. Melhor fármaco para aumentar os níveis de HDL Diminui os triglicerídeos em 35 a 50% 2. Tão efetivo quanto os fibratos ou as estatinas mais potentes. Ácidos graxos ômega-3: Os ácidos graxos ômega-3 são derivados do óleo de peixes provenientes de águas frias e profundas, que reduzem a síntese hepática dos TG (reduzem VLDL) Tem atividade antitrombótica, aumento o risco de hemorragia se forem administrados com anticoagulantes. Os mais importantes são o eicosapentaenoico (EPA) e o docosahexaenóico (DHA) 3. Em altas doses (4 a 10 g ao dia) reduzem os triglicérides 4. Aumentam discretamente o HDL-C 5. Podem aumentar o LDL-C. Orlistat: Inibidor das lipases intestinais. Atua ligando-se covalentemente aos sítios catalíticos das lipases gástrica e pancreática. Diminui a absorção de triglicerídeos ingeridos em 30% Dose recomendada de 360 mg/dia Não se conhece definitivamente o papel do seu uso na prevenção da aterosclerose TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DA HIPERLIPIDEMIA: As estatinas são os principais fármacos para reduzir colesterol porque diminuem bastante os níveis de LDL; Aumentam pouco o HDL e têm efeito leve de diminuição dos triglicerídeos. Os fibratos são indicados para os tratamentos de hipertrigliceridemia. Têm um efeito baixo na redução de LDL, ou seja, reduzindo o colesterol. Mas tem um efeito muito forte reduzindo os triglicerídeos. A niacina é o fármaco que mais aumenta o HDL; Os sequestradores de ácidos biliares (colestiramina) não tem efeito quase nenhum sobre os triglicerídeos porque atuam bloqueando a recaptação de colesterol; Os inibidores de absorção do colesterol reduzem muito pouco o LDL, porque como foi explicado a redução do Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 colesterol tem mais a ver com uma questão metabólica do que de dieta. ............................................................................... OSTEOARTRITE: A osteoartrite (OA) é definida como um distúrbio musculoesquelético e das articulações sinoviais do nosso corpo, sendo caracterizada, clinicamente por dor e limitações funcionais, histologicamente por alterações da cartilagem e do osso subcondral e, radiologicamente pela presença de osteófitos e estreitamento dos espaços articulares. Pode também ser chamada de osteoartrose ou artrose. Ela pode ser classificada em: Osteoartrite primária: Também chamada de idiopática, ela possui etiologia desconhecida ou é decorrente de mecanismos genéticos já identificados; Osteoartrite secundária: Ocorre quando a OA é causada por algum trauma, malformação anatômica, doença congênita ou distúrbio metabólico EPIDEMIOLOGIA: Em relação a sua epidemiologia, ela está presente em 10% dos indivíduos acima dos 60 anos e é a doença reumatológica mais comum, sendo a 3ª nas causas de incapacidade laborativa (afastamento do trabalho), perdendo apenas de doenças mentais e cardiovasculares. No Brasil, a OA acomete cerca de 16% da população. As regiões mais afetadas são o quadril, joelhos, mãos e pés. FATORES DE RISCO: o Intrínsecos: São fatores próprios do paciente, podendo ser adquiridos ou não: Idade: Considerado o fator de risco mais importante, aumentando sua prevalência em progressão geométrica a partir dos 45 anos. O mecanismo por trás desse aumento não é bem conhecido, mas o mais aceito é a diminuição da atividade metabólica da cartilagem articular com o passar dos anos; Gênero: É mais predominante no sexo feminino, por conta, possivelmente, das alterações da secreção de hormônios sexuais (estrógeno e progesterona) após a menopausa; Genética: É um fator de risco relativamente predominante, mesmo não sendo uma doença genética (não existe um gene responsável pelo OA). Além disso, a predisposição de seu aparecimento aparente depender de qual articulação é acometida. Por exemplo: cerca de 30% dos casos de OA em joelhos são familiares, diferente da OA em quadril e coluna, que apresentam, respectivamente, 50 e 70% dos casos; Anatômicos: A deformação e o desalinhamento anatômico da articulação (exemplo: rotura de menisco, ligamento, cápsula, fratura óssea que acometaa superfície articular) são fatores que interferem na disposição vetorial das forças intra-articulares; Algumas patologias ortopédicas predispõem a formação dessas alterações anatômicas nas articulações sinoviais. São elas: o Doença de Legg-Perth: Consiste na osteonecrose da cabeça femoral na infância, tendo como sintomas típicos são dores nas articulações do quadril e perturbação na marcha. Sendo assim, os movimentos articulares se tornam limitados e os músculos da coxa podem tornar-se mais fracos; o Displasia acetabular: Consiste na displasia do quadril em que há uma anormalidade anatômica e/ou funcional no acetábulo, que se encontra imaturo, com uma Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 cavidade rasa. Assim, ele pode acarretar numa subluxação ou luxação da cabeça femoral; o Geno varo ou Geno valgo congênitos: Também conhecidos como, respectivamente, joelho varo e joelho valgo. No gerum varum, as pernas estão mais afastadas que o normal, estando mais arqueadas na altura do joelho, sendo mais comum que a outra. Já no gerum valgum, as pernas aparentam estar mais juntas por conta dos joelhos que se direcionam ao plano mediano do paciente. o Obesidade: Pacientes obesos tem maior disposição para desenvolver OA nos joelhos (sobrecarga mecânica direta por conta do aumento da massa) que os normolíneo. Também aumenta o risco de OA nas mãos; o Doenças metabólicas sistêmicas: Interferem na formação da matriz cartilaginosa, aumentando a probabilidade de adquirir OA. Temos como exemplos a ocronose e hemocromatose. o Extrínseco: São fatores externos ao organismo que o acompanham ao longo de sua rotina. Esportes e/ou trabalhos extenuantes: Atividades físicas exaustivas (ciclismo, velocistas, futebol, ginástica) e empregos “braçais” (mineiros, perfuradores, lavradores) que demandem muito da proteção mecânica exercida pelas articulações, principalmente nos joelhos, por conta de movimentos repetitivos e excessivos de flexão. Por conta disso, em pacientes com menos de 45 anos, a OA é mais prevalente em homens que mulheres. FISIOPATOLOGIA: As reais causas do desenvolvimento da OA ainda permanecem desconhecidas. No entanto, sabe-se que os três principais tecidos atingidos pelos mecanismos patológicos da OA são o ósseo, o cartilaginoso e o sinovial. o Alterações ósseas: Ocorre principalmente no osso subcondral, podendo formar: esclerose óssea, ou seja, aumento da densidade da matriz óssea por conta da ação de osteoblastos resultante da micro lesão óssea; cistos subcondrais por conta da necrose formada quando os ossos absorvem a sobrecarga mecânica da pressão dentro do espaço articular; osteófitos formados pelo processo excessivo de regeneração nas áreas de maior pressão no espaço articular, ou seja, nas extremidades, formando essas projeções ósseas em formato de “bico de papagaio”; o Alterações cartilaginosas: Por conta da ação degenerativa, encontra-se uma irregularidade da superfície cartilaginosa por conta da redução de sua espessura, Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 chamada de fibrilações, que podem evoluir para fendas e erosões. Além disso, a cartilagem regenerada possui matriz mais água e menos proteoglicanos, com ausência de condrócitos nas zonas periféricas e presença de condrócitos regenerados na zona central; o Alterações sinoviais: Ocorre um processo inflamatório crônico no tecido sinovial (sinovite) desencadeado pelos fragmentos de cartilagem e osso degradados no líquido sinovial, podendo, a longo prazo, formar cristais de fosfato e pirofosfato de cálcio. Dessa forma, há formação de enzimas e citocinas que iniciam essa inflamação, além do espessamento da cápsula. A etiologia da OA é multifatorial, envolvendo um conjunto grande de possíveis causas. Na OA primária, sua causa ou é desconhecida (idiopática) ou indivíduo manifesta essa patologia por conta de uma alteração genética que justifica o quadro, como, por exemplo, a alteração do gene para o Col- 2A1 (da cadeia alfa-1 do colágeno tipo 2). Tal mutação provoca um desbalanço no metabolismo do colágeno, manifestando o quadro de OA. Já na OA secundária, ela envolve grupos de etiologias mecânicas e inflamatórias reunidas nas seguintes divisões: OA secundária a desorganização da estrutura cartilaginosa: Pode envolver alterações estruturais do colágeno (condrodisplasia); acúmulo de produtos bioquímicos ou sanguíneos (hemocromatose, doença de Wilson); distúrbios endócrinos (diabetes e acromegalia); ação enzimática pela presença de cristais (gota); invasão por sinovite hiperplásica (artrite reumatoide); ação mecânica aguda ou crônica (trauma agudo com ou sem fratura, trauma postural); OA secundária a desorganização da estrutura óssea ou desalinhamento articular: Como remodelagem acelerada ou aumento da densidade óssea subcondral (doença de Paget, osteoporose) e necrose óssea. QUADRO CLÍNICO: Antes de tudo, é bom sabermos que as manifestações clínicas da OA são predominantemente locais, envolvendo mais a articulação lesada do que ocasionando uma reação sistêmica no corpo, diferente de outras doenças reumatológicas que atinge as articulações, como a artrite reumatoide e o LES. Dessa forma, os sintomas e sinais da OA são de caráter articular, acometendo tipicamente as “juntas” periféricas do esqueleto, como dedo, joelho ou quadril. Os locais mais incidentes são as articulações do hálux (primeiro metatarsofalangeana), interapofisárias (na coluna vertebral), interfalangianas distais e proximais, carpometacarpianas do primeiro quirodáctilo (polegar), os joelhos e quadril. Como os principais sintomas da osteoartrite, temos: Dor articular: É o sintoma responsável por levar o paciente a procurar ajuda médica. Ela costuma se originar de forma Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 espontânea e gradual no local acometido (pode ser mono ou poliarticular). Ela é do tipo “aperto” referida como “profunda”, tendo pequena e média intensidade. Piora com o início do movimento e melhora com o repouso. Eventualmente é desencadeada pela própria sobrecarga do corpo, podendo repercutir, ao longo do tempo, com dor em repouso e/ou dor noturna, interferindo no sono. A dor articular ocorre de forma multifatorial na osteoartrite, tendo como mecanismos principais: o Estiramento dos ligamentos e da cápsula articular por conta da instabilidade apendicular, que estão próximo de terminações nervosas da articulação; o Aumento da pressão intraóssea nos ossos subcondrais acometidos, como já vimos, por conta do aumento da densidade óssea na inflamação; o A própria sinovite, liberando mediadores inflamatórios que simulam as dores nas terminações nervosas OU a própria compressão destas por conta do edema. Também pode ser por conta de outros sítios inflamatórios, como na bursite e tenossinovite; o Por fim, mas não menos importante, a dor muscular. Rigidez articular: Ocorre quando o paciente se encontra em repouso, principalmente durante a manhã, após longo períodos de imobilidade. Ela difere da rigidez das demais inflamações articulares por persistir até 30 minutos; Instabilidade articular: Marcada principalmente por uma sensação de apreensão e falta de confiança/segurança em suportar o peso sustentado pela articulação. No entanto, ocasionalmenteessa instabilidade pode levar a quedas. Limitação do movimento: Há redução da amplitude dos movimentos, tanto passivos (pode existir dor ao movimento passivo da articulação) como ativos. Ocorre, principalmente, por conta da presença de osteófitos e do espessamento da cápsula articular, embora a sinovite também contribua por conta da hiperplasia sinovial. Já em relação aos principais sinais, encontramos, principalmente durante o exame físico: Aumento da articulação: Encontrado em áreas onde há inchaço ósseo e/ou cartilaginoso. A consistência desse aumento volumétrico é firme, com pontos dolorosos; Crepitações audíveis ou palpáveis: Produzidas pelo movimento de estruturas articulares danificadas, como, por exemplo, uma deformidade da cartilagem articular ou dos tendões; Deformidade articular: É um sinal de lesão articular avançada; Sinais de sinovite: Consiste no edema, aumento da temperatura e discreto derrame articular na região afetada; Nódulos de Heberden e de Bouchard: Consiste nas expansões firmes de tecido ósseo e cartilaginoso nas proeminências articulares, respectivamente, interfalangeanas distais e proximais. Essas expansões consistem nos osteófitos palpáveis nos pacientes, sendo um sinal patognomônico da OA. Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 DIAGNÓSTICO: O diagnóstico é feito através da história clínica do paciente, colhida durante a anamnese junto do exame físico osteoarticular, que já vimos anteriormente, e de exame complementares (de imagem e laboratoriais). Exame de imagem: Os exames de imagem têm uma importância essencial para o diagnóstico precoce de OA, por avaliarem se há ou não alguma deformidade na cartilagem. No entanto, pacientes com achados radiológicos de OA podem se apresentar assintomáticos, justamente por esse tecido não ser inervado. Dessa forma, não podemos relacionar a intensidade do quadro sintomatológico com o grau de OA pelos exames!!! Dito isso, podemos passar para os exames. Temos como padrão-ouro a radiografia, onde encontraremos os achados relacionados as alterações ósseas da patologia da OA. Dessa forma, podemos encontra-los a partir das seguintes características radiológicas: o Osteófitos: Protuberância óssea radiopaca na borda da articulação; o Redução do espaço articular: Menor área radiotransparente no espaço articular; o Esclerose óssea: Aumento radiopaco na região acometida; o Cistos subcondrais: Formações arredondadas radiotransparente na região subcondral afetada. Outros exames, como TC e RM podem colaborar para a avaliação da osteoartrite, ajudando a identificar possíveis etiologias que colaborem para sua manifestação, como, por exemplo, rotura de ligamento cruzado, menisco, osteonecrose, etc., ou eliminando outros possíveis diagnósticos diferenciais. No entanto, em relação a RM, esse exame tem fraco poder discriminativo para seu diagnóstico em si. Exames laboratoriais: Não existe um exame específico para OA. Na prática clínica, solicitamos: hemograma; testes imunológicos (ex.: exame FAN, fator reumatoide) para eliminar diagnósticos de outras causas de dor articular reumatológica); pesquisa marcadores inflamatórios (VHS e PCR); etc. Além disso, podemos pesquisar, através de uma artrocentese, se há ou não presença de leucocitose no líquido sinovial. O derrame articular na OA é de caráter não inflamatório, com menos de 2.000 leucócitos por mm3. Presença desses elementos pode indicar artrite reumatoide. Já de cristais, sugerem gota. Psiu! A artrocentese consiste num procedimento clínico em que é feito a punção do líquido sinovial dentro da cápsula articular. Os locais em que são mais feitos são no joelho e na articulação temporomandibular. No joelho, ela é feita com o paciente deitado em decúbito dorsal, quadríceps extendido e a patela relaxada. A técnica é feita ao inserir a agulha no espaço articular lateralmente a borda lateral de patela, próximo a seu polo superior e posteriormente a sua face inferior. CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DAS ARTICULAÇÕES AFETADAS NA AO: Mão: É a forma principal de OA primária, tendo, geralmente, sintomas bilaterais e simétricos. Tem alta incidência na população feminina com meia-idade, podendo está associada, como foi dito anteriormente, a OA no joelho em pessoas obesas. A predisposição familiar torna seus casos de AO muito incidentes. A presença de nódulos de Heberden (mais prevalentes), de Bouchard e interfalangianos constituem uma osteoartrite nodal. Possui um início insidioso com dor e rigidez, Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 acompanhado de sinais de sinovite. No entanto, com o tempo, os sinais de inflamação somem e a dor se torna muito mais amena. Além do dito, podemos também encontrar pequenos cistos preenchidos com ácido hialurônico no dorso dos quirodáctilos, principalmente na inserção do tendão do extensor dos dedos. Diferente da OA nodal, que geralmente possui bom prognóstico, a OA nodal erosiva, um subtipo da OA nodal, tem um caráter mais maleficiente e agressivo, caracterizado por uma elevada degeneração da cartilagem junto com osso subcondral. Nesses pacientes, encontramos os cistos subcondrais e erosões ósseas, que resultam numa sinovite mais potente que o normal e em articulações mais deformadas e edemaciadas. O diagnóstico de OA de mãos é dado por dor ou rigidez articular associados a três dos critérios abaixo: o Aumento do volume, com consistência firme, de pelo menos duas entre dez articulações selecionadas (interfalangianas distais e proximais nos 2º e 3º quirodáctilos de cada mão + carpometacarpianas dos polegares); o Aumento do volume, com consistência firme, de pelo menos duas articulações interfalangianas distais; o Menos de três articulações metacarpofalangianas aumentadas; o Deformidade em pelo menos uma das dez articulações selecionadas. Joelho: Como já vimos, está muito relacionada com a obesidade, se manifesta de forma uni ou bilateral e é mais frequente nas mulheres. Além disso, algumas atividades físicas ou trabalhos extenuantes facilitam a predisposição de OA em joelhos. Roturas de menisco, ligamento cruzado, fratura óssea e desalinhamentos congênitos, que repercutam numa deformidade nos vetores que sustentam o peso do corpo, também são outros fatores que predispõe uma OA no joelho. A OA em joelho, quando primária, ocorre mais em mulheres após menopausa ou idosas, estando, geralmente, relacionado a obesidade. Já as secundárias, são mais incidentes em homens idosos, diante um quadro lesão em menisco. A dor articular nessa OA pode ser: anteromedial ou patelofemoral, caracterizado pela dor exacerbada à compressão manual da patela, ao sentar por um tempo prolongado, ao se levantar a ao subir escadas; anterior, geralmente difusa, se irradiando para região distal, sugere OA de joelho severa, persistindo a noite; por fim, posterior, que é causada na OA de joelho somente quando há complicações como cisto poplíteo (de Baker). O diagnóstico de OA de joelhos é dado por dor de joelho mais um desses critérios: o Osteófitos em radiografia; o Rigidez matinal com duração menor que 30 minutos + crepitação com movimentação ativa + idade maior que 40 anos + líquido sinovial típico de AO. Quadril: A OA de quadril acomete principalmente pacientes do sexo masculino, com caráter unilateral, na maioria dos casos. Quando secundária, em 1/5 dos casos, a OA de quadril é resultante de doenças ortopédicas já identificadas