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Lucas Melo – Medicina Ufes 103 Propedêutica e classificação das doenças reumatológicas A reumatologia é uma especialidade que estudam doenças que cursam no sistema musculoesquelético e tudo relacionado a ele. É muito importante observar a idade do paciente e o sexo no prontuário, pois tem alguns grupos mais relacionados com algumas doenças como: Artrite reumatoide: mulher adulta. Artrites soronegativas: homens < 45 anos. Doenças do tecido conjuntivo: mulheres jovens. Artrose/osteoartrite: a partir da 5ª década de vida, predomina levemente no sexo feminino. GOTA: Homens > 50 anos. Osteoporose: Mulheres idosas. Reumatismo de partes moles (tendinites, fibromialgia): Universal. Quando o paciente queixa de dor na junta, vemos manifestações articulares, e temos que diferenciar se é uma artralgia (dor articular) ou artrite. A artralgia, geralmente, é inespecífica e todo mundo vai ter um episódio na vida, ela deve ser levada em consideração quando a queixa é na mesma articulação por um período muito grande. Já a artrite, é mais específica, quer dizer dor, edema, rubor e calor. Além disso, o número de articulações envolvidas também chama atenção, se ela é monoarticular, acometendo apenas uma articulação, vamos pensar em GOTA/Infecciosa (como a artrite séptica) /Artrose. Se ela é oligoarticular, envolvendo de 2 a 4 articulações, vamos pensar em espondiloartrites, artrite soronegativo, osteoartrite e febre reumática. Se ela é poliarticular, envolvendo mais de 4 articulações, vamos pensar em doenças do tecido conjuntivo, osteoartrite e artrite reumatoide. *Reparar que a osteoartrite pode ser tanto mono, oligo e poliarticular. É importante saber sobre a simetria da lesão, ou seja, se ela envolve, por exemplo, o punho de um lado e o punho do outro lado também, doenças que tem essa característica são artrite reumatoide e doenças de tecidos moles. A duração do sintoma também é importante, artrites agudas podem ser decorrentes de traumas, microcristalinas e infecciosas, as crônicas são aquelas que duram mais de 6 semanas, e, normalmente, são as artropatia inflamatórias, como a artrite reumatoide, DDTC e soronegativas. A topografia também é importante, será que está acometendo o esqueleto axial, que aponta mais para espondiloartrites e osteoartrite, ou será que está acometendo mais o esqueleto periférico, que aponta mais para as demais patologias. Importante avaliar se há rigidez matinal, ou seja, uma lentificação da articulação quando o paciente acorda (você acorda meio travado e vai melhorando ao longo do dia?), a rigidez com mais de 30 minutos é significativa, mas se ela for por mais de 60 minutos aponta muito para artrite reumatoide. Além disso, temos que classificar o tipo de dor, se ela é uma dor mecânica que está relacionada com o movimento, quando o paciente faz algum tipo de esforço e a dor se torna mais intensa e, geralmente, acomete articulações de carga, como joelhos, coluna e quadril. Ou se ela é uma dor inflamatória, que ela melhora com a movimentação e piora com o repouso e saber se ela é continua ou não. Em relação ao tipo de dor, é importante saber a intensidade, se ela é uma dor leve, moderada ou intensa, sendo que a intensa tem a ver com o grau de inflamação e destruição articular. As doenças reumatológicas possuem diferentes evoluções, por exemplo, a AR é uma doença progressiva, portanto só vai destruindo a articulação, a febre reumática e o lúpus se apresentam em surtos, tem período de melhora e períodos de piora, pode ser episódica com curto episódio de dor intensa e depois melhora, como a GOTA. É importante tentar localizar a dor, se ela é unicamente articular, ou possui dor muscular associada. *Quando desconfia de doença reumatológicas buscar manifestações extra-articulares, elas quase sempre estão acompanhadas dessas manifestações, mas é importante buscar. Mostrou na aula a imagem de uma úlcera numa paciente com doença reumatológica. A úlcera é uma manifestação cutâneo mucosa, assim como as próximas. Lucas Melo – Medicina Ufes 103 Já na ectoscopia conseguimos ver algumas manifestações, como a imagem abaixo que mostra um paciente com lesão psoriásica. Paciente lúpica que tem a manifestação clinica chamada de lúpus subagudo. Em relação ao pulmão e coração, é importante saber na HPP se o paciente já ficou internado com água no pulmão, ou por problema no coração, pois pode ter acometimento de parênquima, acometimento das camadas do coração, das válvulas cardíacas e, geralmente, o paciente não consegue correlacionar o problema do coração e do pulmão com a queixa da articulação, por isso deve- se perguntar. Há manifestação no aparelho genitourinário também, como as úlceras de repetição e ressecamento da mucosa. No sistema digestivo, sempre perguntar de xerostomia, enteropatia perdedora de proteínas (HF de doença inflamatória intestinal). No SN, reparar para cefaleia, AVCI, polineuropatia periférica, mononeurite múltipla, etc. Para organizar o diagnóstico sindrômico das doenças reumatológicas, a professora dividiu em “gavetas”. A primeira delas é a de artropatia inflamatórias crônicas, que tem que durar mais de 6 semanas ininterruptas e ter a característica de ter inflamação, ou seja, artrite, sendo que ela afeta mais jovens, e, dentro dessa classificação, há 3 grupos. 1. Artrite Reumatoide (AR): Essa doença acomete grandes e pequenas articulações, possui a simetria como uma característica marcante, não gosta muito de coluna, quando presente, é mais na parte cervical. Há o anticorpo, o fator reumatoide, que é reagente (+), ela tem manifestação extra-articular, mas não gosta tanto, o que aparece mesmo são os nódulos reumatoides em parênquima pulmonar, desencadeando uma pneumonia, pneumonite, vasculite de MMII, síndrome seca e esclerite. A imagem mostra os ossos do punho todos anquilosados, ainda vemos cistos e erosão nas articulações dos dedos e redução do espaço articular, isso mostra uma fase bem avançada da doença (o diagnóstico deve ser feito antes para evitar a morbidade do paciente). Mão apresentando edema interfalangeano proximal, edema de punho direito, deformidades nos dedos presentes, lesão hiperemiada sobre a articulação. Lucas Melo – Medicina Ufes 103 2. Artrites Soronegativas (Espondiloartrites): O fator reumatoide nelas é negativo, possui uma artrite importante, que é destrutiva, possui menor tendência a ser simétrica, gosta bastante de acometer o esqueleto axial, acomete enteses (parte do tendão que se insere no osso) e ligamentos. O acometimento extra-articular é frequente, perguntar se alguém na família tem psoríase, se possui uveíte (quadro parecido com uma conjuntivite que durou semanas), tem quadro de diarreia. O HLAB27 está presenta na espondilite anquilosante, e, além dessa, as outras doenças que fazem parte são artrite psoriásica, espondilite enteropática e artrite reativa. 3. Doenças do Tecido Conjuntivo: Geralmente cursam com artralgia periférica e artrite discreta com uma inflamação muito evidente igual nas outras, a artrite é não erosiva, não deforma mas incomoda muito, pois gera dor. Há muita manifestação extra-articular que chamam bastante atenção, até mesmo antes do quadro de artrite o paciente pode procurar um serviço de saúde queixando-se delas. Há uma presença ampla de autoanticorpos, principalmente o FAN. Na imagem, vemos uma lesão de lúpus subagudo, na região fotoexposta da paciente. Imagem mostra as pápulas de Gottron, que são manchas hiperemiadas sobre as articulações metacarpofalangeanas, comuns na dermatomiosite. Algumas síndromes Síndrome Antifosfolípide: É uma síndrome caracterizada por tromboses venosas e arteriais,esses pacientes podem ter abortos de repetição (normalmente tardios), a placenta sofre várias áreas de infarto e o bebê para de receber oxigênio e morre. 50% dos casos de LES são acompanhados dessa síndrome, é necessário verificar a presença de alguns antifosfolípides, os principais são anticoagulante lúpico, anticardiolipina e beta-2- glicoproteína. Osteoartrite: É uma doença articular, ela é crônica e insidiosa, acomete articulações de carga (mas podem acometer outras articulações), ela tem um ritmo mecânico, principalmente em pessoas a partir dos 50 anos e não tem anticorpos, não apresentam nenhuma alteração de anticorpos e não alterações que deflagrem inflamação. Artropatias Microcistalinas: Formam deposição de cristais, principalmente, ácido úrico e pirofosfato de cálcio, e acontecem surtos autolimitados de monoartrite. Artropatias infecciosas: Podem ser mono ou oligoarticulares, quando se apresentam de forma aguda, normalmente são causadas por bactérias, e, quando tem uma apresentação crônica, na maioria das vezes estão relacionadas com fungos e a TB.
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