Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tut���a P4/M1/Pr5 �â��er �� ��le @mi����u��r Câncer d� pel� OBJETIVOS 1. Compreender os fatores de risco e fisiopatologia do câncer de pele. 2. Conhecer o câncer de pele (epidemiologia, fisiopatologia, quadro clínico, tipos, diagnóstico, prognóstico, estadiamento, tratamento e prevenção). 3. Relacionar as escalas de Breslow e Clark com o câncer de pele. CÂNCER DE PELE ❖ Anatomia e fisiologia da pele: - Maior órgão do corpo humano. - Funções da pele: proteção contra radiação solar (melanina, pelos e células de defesa). Como uma de suas funções é atuar como barreira com contato direto com o meio externo, é alvo de constantes agressões. FOTOTIPOS DE FITZPATRICK - De acordo com sua sensibilidade à radiação solar e sua resposta quando exposta. Dentre os espectros da radiação solar, o que causa mais danos na pele é a radiação solar ultravioleta . ❖ UVA - penetra até as camadas mais profundas da pele e está constante ao longo do dia. ❖ UVB - mais presente entre 10 da manhã e 4 da tarde, atinge as camadas mais superficiais da pele e é responsável pelas queimaduras solares. O Índice Ultravioleta é influenciado pela camada de O3, pelas nuvens, pela estação do ano e pela altitude. FATORES DE RISCO/FISIOPATOLOGIA PREDISPOSIÇÃO FAMILIAR/GENÉTICA Principal fator de risco relacionado ao CA de tireóide. Os principais proto-oncogenes relacionados a esta suscetibilidade são o RET, Met, BRAF e RAS, responsáveis pela proliferação celular descontrolada e genes supressores tumorais. Alguns outros fatores contribuem para essa predisposição genética: ➢ CA de tireóide papilar em familiares ( 3x) ➢ Síndrome de Gardner ( carcinoma papilífero) ➢ Síndrome de Cowden (alta taxa de malignidade sistêmica) O carcinoma folicular é o único que não possui associação com síndromes familiares. fotodermatoses EXPOSIÇÃO A CURTO PRAZO EXPOSIÇÃO A LONGO PRAZO Efélides Melanose solar Queimaduras de 1º e 2º grau Elastose solar - Leucodermia Gutata lesões pré malignas QUERATOSE ACTÍNICA Placas eritematosas com a superfície descamativa, podem ser mais palpáveis do que visíveis. Ocorre principalmente em áreas fotoexpostas, pois a radiação UV deixa os queratinócitos aberrantes. Risco de transformação para CEC. Tratamento ➛ cremes tópicos, criocirurgia ou curetagem. DOENÇA DE BOWEN CEC in situ com potencial de transformação maligna em 5%. Placa eritematosa com crostas e superficial. Mesmo tratamento da queratose actínica. No pênis o risco de transformação maligna é de 33%. Quando ocorre no corpo do pênis é chamado de papulose Bowenoide e na mucosa eritroplasia de Queyrat. Tut���a P4/M1/Pr5 �â��er �� ��le @mi����u��r CORNO CUTÂNEO Acúmulo de material queratinizado. O tratamento é a excisão da lesão. tipos ❖ Epitelial (carcinoma basocelular - CBC, carcinoma espinocelular CEC, carcinoma de glândulas sebáceas, síndrome do nevo basocelular e melanoma). ❖ Não epitelial (linfoma cutâneo, dermatofibrossarcoma, tumor neuroendócrino na pele - carcinoma das células de Merkel). Ca cutâneo não melanoma Epidemiologia Os cânceres cutâneos não melanoma (CCNM) são os tipos mais comuns de tumores malignos que o ser humano adquire no curso de sua vida. Possuem taxa de mortalidade baixa, mas alta morbidade, como perda de função e desfiguramento. Com relação ao prognóstico, possui taxa de sobrevida em cinco anos de apro- ximadamente 95%, sendo a maior parte das mortes atribuídas a metástases de CEC. tipos Os dois tipos principais são o carcinoma basocelular (CBC) e carcinoma espinocelular (CEC), mas existem outras neoplasias originadas de estruturas dérmicas e do tecido subcutâneo que constituem uma pequena porcentagem de todos esses tumores e têm diferentes origens. O CBC é o mais frequente dos dois e, embora ambos se originem de células epidérmicas, apresentam diferenças clínicas e comportamentais. CBC: crescimento lento, é destrutivo localmente e é raro metastatizar. CEC: neoplasia maligna de células queratinizadas epidérmicas e tem um comportamento biológico que depende do tipo de apresentação, do tamanho, da profundidade, da etiologia e do sítio anatômico do tumor. Apresenta, ainda, riscos maiores de metástases. Etiologia, fatores de risco e patogenia A probabilidade de se desenvolver CCNM varia com as características genotípicas e fenotípicas do indivíduo, assim como a área geográfica de sua residência. Há uma correlação direta entre a incidência de CCNM e a exposição à radiação ultravioleta (RUV), assim como uma relação inversa com o grau de pigmentação cutânea (com pele, cabelos e olhos claros, sem proteção natural do pigmento melânico, que sempre se queimam e nunca se bronzeiam à exposição solar). Portanto, raramente acometem a raça negra e sua freqüência aumenta à medida que se aproxima da linha do Equador. Tanto nos homens como nas mulheres, 80% dos CCNM iniciam-se na cabeça e no pescoço, sendo nos homens mais comuns nas orelhas e no nariz e, nas mulheres, no nariz e nas extremidades inferiores. A idade avançada, o sexo masculino e o efeito cumulativo da exposição à RUV estão associados com um maior risco de desenvolver CBC e CEC. A incidência dos CCNM é comparável nos homens e nas mulheres até os 45 anos de idade, passando depois a predominar no sexo masculino. Os homens desenvolvem duas a três vezes mais CCNM que as mulheres, provavelmente pela exposição ocupacional. Indivíduos com predisposição genética apresentam mais tumores cutâneos nos locais com maior sensibilidade à luz solar (xeroderma pigmentoso, albinismo). Fatores extrínsecos Radiação ultravioleta (RUV) O fator etiológico de maior importância no desenvolvimento dos CCNM é a RUV (90% dos casos). As localizações mais freqüentes dos CCNM são as áreas de maior exposição solar (segmento cefálico, antebraços e dorso das mãos). A RUV é composta por três tipos de radiação: UVA, UVB e UVC. UVA: mais prevalente que a UVB. Altas doses de UVA por longos períodos podem desenvolver o câncer cutâneo, pois a radiação UVA aumenta o efeito da radiação UVB, atuando como um co-carcinógeno. O uso de cabines de bronzeamento artificial e da PUVAterapia (RUVA + psoralênicos), principalmente combinado à exposição da luz solar natural, aumentaria o risco relativo de um indivíduo desenvolver CCNM. UVB: radiação primariamente responsável pela indução do CCNM por meio do dano fotoquímico do DNA e seu reparo e alteração no sistema imune, com supressão parcial da imunidade. Uma vez absorvida, a RUV causa alterações do DNA das células cutâneas, promovendo uma ligação covalente entre bases pirimidínicas (C e T) adjacentes na molécula, formando dímeros da pirimidina ou fotoprodutos dipirimidínicos que causam distorção da dupla hélice, alterando a replicação e a transcrição do DNA. Esses fotodímeros seriam os responsáveis pelos efeitos mutagênicos e citotóxico induzindo o carcinoma cutâneo. Tut���a P4/M1/Pr5 �â��er �� ��le @mi����u��r Porém, as células se defendem dos danos da RUV pelo reparo do DNA lesado por um mecanismo que remove esses fotoprodutos neoformados e por apoptose de alguns queratinócitos. Células em apoptose são incapazes de reparar o DNA lesado e, antes de sustentarem as mutações induzidas pela RUV, morrem como um mecanismo de proteção. UVC: é um potente agente carcinogênico, mas é filtrada pela camada de ozônio. A depleção na camada de ozônio está diretamente associada ao aumento dos casos de neoplasias cutâneas (-1% na camada de ozônio = + 4% no número de casos de CCNM). Radiações ionizantes As radiações ionizantes, principalmente os raios X, foram no passado grandes causadoras de CCNM, quer por motivos ocupacionais e terapêuticos. O período de latência entre a exposição à radiação e o desenvolvimento dos tumores é longo nos indivíduos idosos e curto nos jovens. Depende da dose cumulativa e nas áreas irradiadas, a RUV age como um co-carcinógeno. Portadores de síndrome do nevo basocelular e de epidermodisplasia verruciformesão mais susceptíveis a ação carcinogênica da radiação ionizante. Carcinógenos químicos Certas substâncias químicas são responsáveis por causar câncer cutâneo por ação carcinogênica direta ou como co-carcinógeno da RUV. Destacam-se os hidrocarbonos aromáticos policíclicos (coaltar, asfalto, fuligem, ceras parafinadas e óleos de corte lubrificantes), óleos minerais, creasoto e clorofenóis. A exposição crônica ao arsênico tem sido ligada ao aparecimento de múltiplos CBC e CEC em áreas expostas e cobertas da radiação solar. A ingestão oral de arsênico pode ser medicinal, em áreas em que existe água contaminada e, eventualmente, em exposições ocupacionais (mineração, pesticidas). O aparecimento dos tumores se dá após 18 a 45 anos da exposição, em geral são múltiplos e estão associados com hiperpigmentação e queratose da pele. A PUVA terapia (psoralênicos + radiação UVA), usada em várias doenças dermatológicas, aumenta o risco de desenvolvimento de CCNM em 2,6 vezes. HPV A associação entre a infecção pelo HPV e o desenvolvimento de CEC de colo uterino, mucosa genital e pele já se encontra bem estabelecida. O HPV 16 é o vírus freqüentemente envolvido nesses casos. A epidermodisplasia verruciforme é uma genodermatose caracterizada pela susceptibilidade dos indivíduos adquirirem infecções pelo HPV, muitos deles oncogênicos, fazendo que os doentes desenvolvam CBC e CEC em áreas de exposição solar. Fatores intrínsecos Fatores genéticos As células da pele são constantemente bombardeadas pela RUV e certos genes são responsáveis pelo reparo dos danos celulares que esta produz. O gene patched, quando inativo, leva a uma proliferação celular excessiva (gene supressor de tumor), relacionando-se com o desenvolvimento de CBC. Seu locus cromossômico se encontra no braço longo do cromossomo 9 e é diretamente responsável pela apoptose. Outro gene de grande importância no desenvolvimento de CCNM é o gene supressor p53, localizado no braço curto do cromossomo 17, sendo responsável por sintetizar uma proteína que tem como função deter o crescimento celular enquanto se faz o reparo do DNA celular lesado. Também pode levar a apoptose nas células que apresentam lesão no seu genoma funcionando como um mecanismo de defesa. A RUV seria uma das principais responsáveis pela mutação do p53. Se um desses dois genes patched ou p53 é herdado na forma mutada, suas funções estarão afetadas, e a chance de se desenvolver o câncer cutâneo é grande. Os que recebem o p53 em sua forma mutada têm 50% de chance de desenvolver câncer cutâneo até os 30 anos de idade e 90% até os 70 anos. Genodermatoses Uma série de doenças genéticas raras tem sido associada com o aumento da suscetibilidade da pele à RUV e, conseqüentemente, ao maior risco de se desenvolver CCNM. São elas: Tut���a P4/M1/Pr5 �â��er �� ��le @mi����u��r Xeroderma pigmentoso: doença autossômica recessiva caracterizada pela hipersensibilidade aos RUV, levando ao desenvolvimento de múltiplos cânceres cutâneos (CBC, CEC, melanoma) em indivíduos muito jovens. Está relacionada ao defeito no reparo e na síntese do DNA das células após a RUV. Síndrome do nevo basocelular: doença autossômica dominante que cursa com múltiplos CBC. Albinismo: doença autossômica recessiva caracterizada por perda de melanina e aumento do risco de desenvolver CA cutâneo, principalmente o CEC. Epidermodisplasia verruciforme: doença autossômica recessiva na qual os portadores apresentam suscetibilidade aumentada ao HPV (principalmente oncogênico), resultando no desenvolvimento de CCNM em áreas verrucosas. Epidermólise bolhosa distrófica: doença autossômica dominante e recessiva. Caracteriza-se pela formação de bolhas que dão origem a áreas exulceradas crônicas da pele, unhas e membranas mucosas, podendo se desenvolver CEC sobre essas áreas. Lesões precursoras Nevo sebáceo: a mais importante relacionada aos CBC (não existem muitas). Queratose actínica: condição pré-maligna mais comum no desenvolvimento de CEC. É marcador importante do efeito cumulativo da radiação solar sobre a pele. O risco de um doente com numerosas queratoses actínicas desenvolver CEC é de aproximadamente 12%. Doença de Bowen e Eritroplasia de Queirat: duas formas de CEC in situ, podendo se transformar em CEC invasivo, assim como, mais raramente, a papulose bowenóide, associada com o vírus HPV. Fatores imunológicos A imunossupressão predispõe o indivíduo a desenvolver muitos cânceres, entre eles os de pele. Doentes transplantados, submetidos a imunoterapia supressiva, portadores de tumores ocultos ou de infecção pelo HIV, apresentam com maior freqüência CCNM por perda de sua imunovigilância contra esses tumores. Tipos clínicos Carcinoma basocelular (CBC) O CBC se apresenta sob várias formas clínicas, todas elas com predileção por áreas de exposição solar, principalmente face. CBC nodular ou nódulo-ulcerativo Tipo clínico mais freqüente, caracterizando-se por pápula ou nódulo perláceo com telangiectasias e margens bem definidas. Com o crescimento, a lesão pode ulcerar (CBC ulcerado). A melanina pode estar presente na lesão em quantidades variáveis, tornando o tumor de coloração marrom clara a negra (CBC pigmentado). Tem o crescimento lento, podendo, com o tempo, adquirir grandes dimensões, invadindo estruturas profundas como osso, cartilagem ou músculo, destruindo estruturas como pálpebras, orelhas e nariz. Quando cresce em profundidade, é chamado de CBC terebrante e, na lateralidade, CBC fagedênico. CBC superficial multicêntrico É variante comum do CBC, mais freqüente no tronco, também encontrado na cabeça e no pescoço. É lesão plana, eritematosa, com discreta descamação, podendo mostrar nas bordas aspecto papuloso e perláceo. O diâmetro varia de um a vários centímetros. No início, o crescimento é horizontal e lento, podendo se infiltrar com ulcerações e formações de nódulos. O crescimento subclínico lateral é importante por ser responsável pelas freqüentes recidivas desses tumores. CBC esclerodermiforme A lesão é endurecida de cor marfínica, podendo apresentar telangiectasias na superfície. É importante por seu crescimento subclínico e pela maior possibilidade de recidivas após o tratamento. Variedades clínicas de CBC Tut���a P4/M1/Pr5 �â��er �� ��le @mi����u��r CBC cístico: a degeneração cística é frequente, apresentando-se como lesão clara ou acinzentada de aparência cística. Fibroepitelioma de Pinkus: variante com aspecto histopatológico típico. Costuma se localizar na parte inferior do dorso e se apresenta como nódulos firmes, levemente eritematosos, podendo ser pedunculados. Outros: angiomatoso, gigante e hiperqueatótico. Tipos especiais de CBC Síndrome do nevo basocelular CBC linear: erupção congênita de um CBC névico não hereditário, unilateral. Síndrome de Bazéx: doença autossômica dominante caracterizada por atrofodermia folicular com múltiplos CBC, hipoidrose e hipotricose. Síndrome de Torre: associação de múltiplas neoplasias sebáceas (incluindo CBC) e múltiplas malignidades internas de baixo grau. CBC metastático: raro, sendo os sítios mais frequentes de metástases os linfonodos, pulmões e ossos. Carcinoma espinocelular (CEC) Doença de Bowen Considerada tanto lesão pré-maligna como CEC in situ. Pode se tornar invasivo em 3 a 5% dos casos. Caracteriza-se por lesões lenticulares papulosas ou placas circulares com superfície eritêmato-descamativas. Eventualmente, pode tornar-se hiperqueratósica ou verrucosa. Acomete mais freqüentemente áreas de exposição solar, porém pode ser encontrado em áreas cobertas. Acomete indivíduos de meia-idade e idosos e pode ter relação com ingestão de arsênico. Eritroplasia de Queirat Considerada a doença de Bowen de mucosa. É mais comum dos 20-60 anos, em homens não circuncisados, envolvendo glande, uretra, meato urinário, frênulo, sulco bálano-prepuciale prepúcio. Apresenta-se como placa bem delimitada, eritematosa, de superfície aveludada. Carcinoma espinocelular invasivo (CEC) Nos casos de lesões preexistentes, estas se tornam mais infiltradas, nodulares, ulceradas e vegetantes. A história natural do CEC invasivo é variável, podendo crescer em todas as direções. Em torno de 2% dos casos diagnosticados já cursam com metastáses. O local mais freqüente é o linfonodo regional e em torno de 5 a 10% as vísceras. Carcinoma verrucoso Forma de CEC de baixo grau de malignidade. Caracteriza-se por massa tumoral de aspecto verrucoso com crescimento exofítico se estendendo à profundidade. Localizam-se com freqüência nos pés (epitelioma cuniculatum), região perianal e genital (condiloma acuminado gigante de Buschke-Loewenstein) e mucosa oral (papilomatose florida). Ocorre em ambos os sexos, tem sido associado ao HPV e metastatiza raramente. CEC de vulva Ocorre em mulheres (60 aos 70 anos) e se caracteriza como nódulo-erosivas ou vegetantes que apresentam com freqüência lesões prévias de eritroplasia ou leucoplasia. CEC de lábio Principal localização mucosa do CEC é o lábio inferior. Afeta mais homens que mulheres e parece ter relação importante com a exposição solar. Tem como lesão prévia freqüente a queilite actínica (edema de lábio inferior, com placas brancas, descamação e, por vezes, aspecto atrófico), que progressivamente torna-se infiltrada, ulcerada e vegetante. Metástases são freqüentes e acometem primariamente os linfonodos regionais. CEC de pênis Possui potencial de malignidade alto, distinto da forma verrucosa. Usualmente, inicia-se na glande podendo ter como lesões predisponentes a eritroplasia de Queirat ou líquen esclero-atrófico. Caracteriza-se por placa indurada, que se torna com o tempo vegetante. Tut���a P4/M1/Pr5 �â��er �� ��le @mi����u��r diagnóstico Os diagnósticos desses tumores são realizados por meio da clínica e do exame histopatológico. Os dados de histologia permitem não só o diagnóstico do tumor, como também avaliar o risco maior de possíveis recidivas e metástases, assim como o planejamento terapêutico. CBC com tipos histológicos infiltrativos, micronodulares e esclerodermiformes costumam recidivar com freqüência. CEC menos diferenciados, mais espessos e com invasão neural têm maior probabilidade de metastatizar. estadiamento Os exames complementares como RX, USG, TC, RM e bioquímica sangüínea fornece dados para estadiamento e acompanhamento destes doentes. tratamento Todo tratamento de um tumor visa a destruição ou remoção total deste, a preservação máxima do tecido normal e da função com melhor resultado estético possível. Para tanto, devem ser considerados fatores, como tipo histológico, idade do doente, número, tamanho e localização das lesões, estado imune do hospedeiro e tratamentos prévios. Uma vez feita essa análise, pode-se utilizar no tratamento desses tumores: Curetagem e eletrocoagulação: eficácia controversa, porque cauteriza a lesão, mas se perde a quantidade de tecido para estudo histopatológico. Cirurgia excisional: mais comum para lesões menores de pele. Consiste na retirada completa da lesão associada a radioterapia, não sendo possível retirar material profundo em algumas localizações. Cirurgia micrográfica de Mohs: possui altos índices de cura e é considerado o melhor método terapêutico cirúrgico. Indicado para lesões de bordas de difícil visualização e com maior risco de recidiva. Terapêutica tópica com 5-fluoracil: quimioterápido disponível em forma de pomada, sendo utilizado para lesões superficiais. Radioterapia: indicada para lesões grandes e de difícil tratamento cirúrgico, áreas com maior risco de recidiva e efeito paliativo. Terapia fotodinâmica Criocirurgia: uso de gelo para a ressecção da lesão. Interferon intraleional Quimioterapia Iniquimode tópico Melanoma cutâneo Melanoma é um tumor maligno, potencialmente letal, que tem origem nos melanócitos. Os melanócitos são células pigmentadas localizadas na camada basal da epiderme. Estes melanócitos interagem especificamente com os queratinócitos, definindo as unidades de pigmentação da epiderme. Melanomas são muito mais frequentes em indivíduos caucasianos do que em indivíduos da raça negra. Essa sensibilidade diferencial, associada à cor da pele, ou mais propriamente da reação da pele à exposição intermitente a radiações do tipo UVA e UVB, é um dos melhores exemplos da interação entre fatores físicos e genéticos no desenvolvimento de tumores. epidemiologia O melanoma é menos frequente, sendo responsável por 3 a 4% dos tumores cutâneos malignos. Contudo, é altamente agressivo, apresentando altas taxas de mortalidade. É mais freqüente em adultos jovens de 20 a 50 anos de idade. Acima dos 50 anos, é mais comum nos homens e, abaixo dos 40 anos, nas mulheres. O melanoma é responsável por 75% dos óbitos de câncer cutâneo. A sobrevida tem relação direta com a espessura que o tumor apresenta. Doentes com lesões menores que 1 mm de espessura (Breslow) têm 100% de sobrevida em 5 anos, enquanto tumores com mais de 4 mm apresentam somente 40% de sobrevida no mesmo período. Etiologia e fatores de risco Lesões predisponentes História familiar de melanoma, doente jovem portador de melanoma e/ou evidência de múltiplos melanomas primários podem ser indicativos de certas síndromes clínicas. Síndrome do nevo displásico Forma especial de nevo melanocítico atípico com características clínicas e histopatológicas sugestivas de formas intermediárias entre o nevo melanocítico comum e o melanoma. A síndrome do nevo displásico pode ser familiar ou esporádica e se apresenta como importante marcador dos melanomas familiares e não familiares. Nas formas familiares, o risco de desenvolvimento do tumor chega a 56%. Clinicamente, apresentam-se como número grande de lesões névicas, algumas atingindo até 2 cm de diâmetro com bordas irregulares e variações na tonalidade de sua pigmentação. Xeroderma pigmentoso Albinismo Nevos pigmentares: proliferações melanócitas benignas na junção dermoepidérmica que podem migrar para a derme. Dividem-se em congênitos e adquiridos. RUV Imunossupressão Tut���a P4/M1/Pr5 �â��er �� ��le @mi����u��r Indivíduos que apresentam fenótipos com pele, olhos e cabelos claros ou ruivos têm risco maior de desenvolver melanoma. patogenia Interação melanócito-queratinócito Na unidade de pigmentação, os melanócitos estão geralmente quiescentes, isto é, não se encontram em proliferação; embora possam proliferar sob estímulo de queratinócitos em resposta a um microambiente pró-inflamatório (queratinócitos suprimem a proliferação de melanócitos através das moléculas caderinas e conexinas). Caderinas são moléculas de adesão celular, encontradas em especializações das membranas: as junções aderentes. Queratinócitos e melanócitos expressam E-caderinas, que interagem entre si. As moléculas de E-caderina são as principais efetoras do processo conhecido como inibição (de proliferação) por contato, através dos níveis de β-cateninas para a junção aderente. Admite-se que β-cateninas livres no citoplasma transloquem para o núcleo, onde, ligando-se a fatores de transcrição (como por exemplo, Tcf/LEF), estimulariam a proliferação. Uma vez que as junções aderentes são formadas, haveria uma diminuição de β-catenina livre, portanto, haveria menos estímulo para proliferação. A perda de função ou diminuição de expressão de E-caderinas é um evento frequente ao longo da progressão tumoral de diferentes tumores, incluindo-se melanomas, sendo acompanhada pelo aumento da expressão de N-caderina, molécula mesenquimal que resultará em fenótipo celular migratório importante para a transição epitélio-mesenquima. Melanócitos normais presentes na derme também deixam de expressar E-caderina e passam a expressar N-caderina. Papel do estresseoxidativo Sabidamente, a origem do melanoma está diretamente relacionada com alterações nos melanócitos residentes na epiderme. Por a pele estar situada na interface entre o meio ambiente e o corpo, atuando como uma barreira protetora contra injúrias, como as causadas pela RUV ou agentes químicos exógenos, ela está constantemente suscetível à exposição a múltiplas fontes geradoras de estresse oxidativo. O estresse oxidativo ocorre com o desbalanço entre a produção e a eliminação de espécies reativas de oxigênio (EROs). A consequência da instalação desse processo é a perda das funções celulares que podem, em última instância, resultar em morte celular. Os principais alvos de EROS são o DNA, os lipídeos, as proteínas e os açúcares. As EROS podem ter origem exógena: RUV, irradiação ionizante e agentes químicos; ou endógena: metabolismo celular, por exemplo, por meio de elétrons provenientes da cadeia transportadora de elétrons localizada na mitocôndria. Também podem ser produzidas durante processos patológicos, como durante a resposta inflamatória celular, ou podem ser geradas pelas oxidases, enzimas específicas que catalisam a reação de oxidação/redução, tendo o oxigênio como aceptor de elétrons. Portanto, a geração de EROs ocorre fisiologicamente e o balanço redox (redução-oxidação) é necessário para garantir a homeostasia celular, pois a sinalização redox está envolvida em diferentes eventos celulares como diferenciação, proliferação e apoptose. No entanto, o acúmulo de EROs pode resultar em estresse oxidativo. O maior fator etiológico do melanoma é a RUV, capaz de causar danos diretamente no DNA e induzir estresse oxidativo através da produção de EROs. Essas EROs produzidas em resposta à radiação UV também podem interagir com o DNA causando danos como quebras nas duplas-fitas e mutações, podendo resultar no processo de iniciação das células de melanócitos. Além de relacionadas com a iniciação, as EROs podem estar relacionadas com a promoção tumoral, pois vários promotores tumorais, como o éster de forbol TPA (12-O-tetradecanoylphorbol-13-acetate), exercem seus efeitos na proliferação e na diferenciação celular de maneira dependente da produção dessas espécies reativas. A progressão tumoral também está relacionada com EROs, pois essas podem gerar quebras nas fitas de DNA ou aberrações cromossômicas, eventos capazes de acelerar o processo de malignização. As células cutâneas possuem mecanismos de proteção a danos no DNA ocasionados pela RUV, um deles é a síntese de melanina. A melanina é produzida nos melanossomos e, uma vez transformada em grânulos de melanina, é transferida para os queratinócitos nos quais formam uma capa sobre o núcleo protegendo o DNA dos danos causados pela UV. No entanto, a própria síntese de melanina promove a geração de EROs. Em situações normais, a síntese de melanina ocorre de forma controlada, onde é sintetizada tanto na forma pró-oxidante quanto antioxidante. A forma antioxidante é predominantemente gerada, o que garante o sequestro de EROs geradas com sua própria biossíntese. A formação de melanina se inicia com a oxidação de L-tirosina em dopoquinona; esse precursor reativo pode formar monômeros (feomelanina) ou reagir com grupo SH- da cisteína formando faeomelanina. A cisteína faz parte da molécula de glutationa, que atua no sistema de defesa antioxidante, contra a produção de EROs intracelular. Portanto, o aumento de produção de faeomelanina induzido por UV ocasiona a diminuição de glutationa e, consequente, desbalanço no equilíbrio redox, que pode culminar em estresse oxidativo. Além disso, durante a carcinogênese, o processo de síntese de melanina parece se tornar desregulado. A melanina pode ser progressivamente mais oxidada passando a funcionar como pró-oxidante, ocasionando aumento na concentração de EROs intracelular e subsequente ativação de fatores de Tut���a P4/M1/Pr5 �â��er �� ��le @mi����u��r transcrição redox-sensíveis, como NFkB, que acentuam o estresse oxidativo. Células inflamatórias estão presentes durante todo o desenvolvimento tumoral. Durante a resposta inflamatória há a produção de EROs como mediador citotóxico na tentativa de eliminar o patógeno. Nesse processo também são liberadas espécies reativas de nitrogênio (NOS) que reagem com EROs e formam pe- roxinitrito, agente mutagênico que interage com o DNA afetando todas as células que se encontram nas proximidades da reação inflamatória. Nas células já transformadas, podem ocorrer alterações genéticas permanentes, como mutações pontuais, deleções e rearranjos. Essas alterações podem ocasionar pressão seletiva no desenvolvimento de células tumorais com elevada resistência a estresse oxidativo. Portanto, a indução de resposta inflamatória em resposta a exposições agudas ou crônicas de UV pode contribuir para a carcinogênese por meio de mecanismos desencadeados com o estresse oxidativo. O estresse oxidativo também pode ser determinado pela atividade dos sistemas antioxidantes desenvolvidos pelas células a fim de manter o balanço redox, garantindo a homeostasia celular através de scavenging de EROs. O sistema tioredoxina citoplasmático é um sistema antioxidante não enzimático, que atua por reações reversíveis de oxidação de tioredoxina (Trx) em seus resíduos de cisteína e sua redução através da tioredoxina redutase (TrxR) e NADPH. Elevados níveis de Trx e TrxR são encontrados em queratinócitos epidermais, protegendo a pele de injúrias causadas pela UVB, e em células endoteliais dos vasos que estão constantemente expostas ao estresse oxidativo. Os níveis de Trx encontram-se alterados em várias doenças, apresentando expressão elevada em certos tumores, como em melanomas. O aumento de expressão de Trx está provavelmente relacionado com o processo de adaptação às condições de estresse oxidativo, favorecendo a sobrevivência das células tumorais. A atividade de Trx é controlada por um inibidor endógeno, thioredoxin-interacting protein (Trxinp), que se liga ao sítio ativo redox-específico de Trx, resíduos de cisteína, regulando negativamente a atividade de Trx. O aumento da expressão de Trxinp também está envolvido no processo de migração transendotelial das células de melanoma, estudos in vitro mostraram que aumento da expressão de Trxinp e consequente diminuição da atividade de Trx promovem a migração transendotelial de células de melanoma. Isso sugere que o estresse oxidativo promove os primeiros estágios de metástase em melanoma. EROs podem interagir não somente com o DNA, mas também com proteínas e lipídeos. A interação com proteínas resulta na oxidação dessas moléculas e consequente alteração do estado redox celular, podendo alterar a homeostasia do retículo endoplasmático (RE). Como o enovelamento proteico ocorre no RE por meio do processo de oxidação, o acúmulo de EROs em decorrência ao estresse oxidativo induzido, por exemplo, pela radiação UV, pode ocasionar alterações no processo de enovelamento proteico e, consequentemente, gerar o acúmulo de proteínas mal enoveladas e pode culminar em estresse do RE. O mecanismo de estresse do RE pode ter relação direta com a progressão de melanoma através da adaptação e seleção de células de melanoma resistentes a esse estresse. Em resposta ao estresse do RE, é ativado o mecanismo conhecido como resposta a proteínas mal enoveladas (UPR). Tal mecanismo ativa vias na tentativa de reverter efeitos deletérios desencadeados em resposta ao estresse do RE. Entre essas vias alternativas ao estresse estão a diminuição da tradução proteica, o aumento da síntese de chaperonas, proteínas responsáveis pelo enovelamento proteico adequado, e aumento da degradação proteica (ERAD). A UPR é ativada quando a quantidade de proteínas mal enoveladas excede a quantidade de chaperonasdisponíveis no RE, como GRP78 e GRP94. UPR é regulado principalmente pela chaperona GRP78, pois, em situações normais, essa se encontra associada a três receptores presentes na membrana do RE, interferon inducible protein kinase regulated by RNA (PKR) like ER kinase (PERK), ino- sitol requiring enzyme 1 alpha (IRE1α) e activating transcription factor 6 (ATF6). O acúmulo de proteínas mal enoveladas resulta no recrutamento de GRP78, o desligamento dessa chaperona induz a ativação desses receptores que homodimerizam e se autofosforilam desencadeando as respostas alternativas ao estresse como a diminuição da tradução proteica, o aumento da síntese de chaperonas e aumento da degradação proteica (ERAD). Células de melanoma apresentam elevados níveis de GRP78, sugerindo que essas células em resposta ao estado pró-oxidativo em que vivem e consequente indução de estresse oxidativo e estresse do RE, apresentam vias de escape ou adaptação como a via de UPR, que permite a sobrevivência dessas células tumorais. Fator de crescimento, sobrevida e imortalização de melanócitos Em algumas condições fisiológicas, fatores produzidos por queratinócitos e fibroblastos dérmicos induzem à proliferação ou sobrevivência sustentada de melanócitos. Entre os principais fatores mitogênicos para melanócitos estão os fatores de crescimento como FGF-2 (fator de crescimento de fibroblastos básico); HGF/SF (fator de crescimento de hepatócitos/ scatter factor); endotelinas e o fator de crescimento de mastócitos (também conhecido como o ligante de c-KIT ou M-SCF). Esses fatores são produzidos por queratinócitos (FGF-2, endotelinas e M-SCF) e por fibroblastos (FGF-2, HGF/SF e M-SCF), tendo sua síntese estimulada por radiação ultravioleta (UV-B, por exemplo). Ao longo da progressão tumoral, é frequente se observar a superexpressão de FGF-2 ou de HGF/SF por células do próprio melanoma, constituindo alças autócrinas de manutenção da sobrevivência celular. Com a progressão para melanomas de crescimento vertical, células de melanoma passam a expressar níveis elevados FGF-2 e TGF-α; que passam a estimular a proliferação de melanomas de maneira autócrina. A interação entre FGF-2 e seu receptor, que tem atividade de tirosina-quinase, ativa a via de sinalização do proto-oncogene RAS. Embora mutações em genes da família RAS sejam relativamente pouco frequentes em melanomas, a via da proteína RAS Tut���a P4/M1/Pr5 �â��er �� ��le @mi����u��r frequentemente está ativada em melanomas. A ativação de RAS está associada ao recrutamento de serino/treonino-quinase RAF, que subsequentemente ativa as quinases associadas à ativação mitogênica ERK1 e ERK2, que levam ao aumento da transcrição de genes de ciclinas da transição da fase G1/S. Uma das formas de RAF, BRAF, encontra-se mutada em altíssima frequência (cerca de 75 a 80% dos casos estudados), já em lesões névicas. Fatores de crescimento como FGF-2 não atuam somente estimulando a proliferação de melanócitos. A persistente expressão de FGF-2 está associada ao recrutamento, proliferação e migração de células endoteliais, favorecendo a invasão da massa tumoral por vasos neoformados (angiogênese); ainda, FGF-2 é um potente modulador da migração de melanócitos e melanomas, favorecendo o processo de metásta- se. Assim, além de estar associado à formação dos nevos, FGF-2 também está associado à progressão de melanomas em fase de crescimento radial para melanomas em fase de crescimento vertical. Ainda, outros fatores de crescimento, como VEGF e PDGF-α, passam a ser expressos e secretados, atuando de maneira parácrina no microambiente do melanoma, agindo sobre células endoteliais e fibroblastos, respectivamente. Ciclo celular de melanócitos e células de melanoma Enquanto a proliferação de melanócitos normais e das células das fases iniciais da progressão de melanomas depende da ação sinergística de diferentes fatores de crescimento, melanomas de lesões metastáticas proliferam de maneira autônoma. A comparação entre os elementos de controle do ciclo celular de melanócitos e melanomas vem sugerindo um importante papel dos genes supressores de tumor da família RB (inicialmente identificadas no retinoblastoma) na gênese de melanomas. As proteínas codificadas pelos genes da família do retinoblastoma (pRB, p107 e p130) se caracterizam por serem proteínas nucleares, frequentemente en- contradas como fosfoproteínas, isto é, fosforiladas em aminoácidos específicos e que controlam a função de uma família de fatores transcricionais: a família E2F. Fatores da família E2F controlam a transcrição de um grande número de genes, que controlam, por exemplo, a síntese de DNA. A interação entre pRB e E2F depende do grau de fosforilação de pRB. Formas pouco fosforiladas de pRB estão associadas à repressão transcricional dos genes controlados por E2F; a hiperfosforilação da pRB está associada à liberação do papel de E2F. Essa função de pRB parece associada a flutuações do grau de organização da cromatina em torno de complexos pouco fosforilados (mais compacta) ou hiperfosforilados (mais frouxa) de pRB. Os genes da família RB controlam assim a passagem das células pelo ponto de restrição entre as fases G0/G1 e S. A perda funcional de pRB ou sua persistente hiperfosforilação estão associadas à contínua proliferação. Em melanomas, não se observam mutações ou deleções de genes da família RB com frequência; porém, a proteína pRB é frequentemente hiperfosforilada nessas células. A fosforilação de pRB depende de quinases-dependentes de ciclinas, como CDK (cyclin-dependent kinases) 2, 4 e 6. Ciclinas da fase G1 são as ciclinas D e E. Essas ciclinas existem em complexos com CDK2 (ciclinas A e E) e CDK4 e CDK6 (ciclinas D). Esses complexos fosforilam pRB, controlando assim sua função. Os complexos ciclinas-CDK, encontrados como complexos binários em muitas células tumorigênicas, são encontrados como complexos quaternários em células normais quiescentes. Nesses complexos, além da ciclina e da quinase, encontram-se também um inibidor da quinase e o antígeno nuclear de células proliferativas (PCNA). Este último não é funcional enquanto associado ao complexo. São exemplos de inibidores das quinases, moléculas como os produtos gênicos de CDKN2A (p16INK4A, CDK4I), de CDKN2B (p15INKb), p21, e p27. Quando células normais são estimuladas a proliferar, os complexos quaternários tendem a se dissociar, ou alternativamente há relativo excesso dos complexos binários ciclinas-CDK: pRB é hiperfosforilado atenuando-se a repressão transcricional de genes associados à transição G1→ S, o que leva à replicação do DNA e subsequente divisão celular. O crescimento autônomo de melanomas depende em parte da ativação constitutiva de membros da família E2F (principalmente E2F2 e E2F4). A ativação constitutiva desses fatores transcricionais não é suficiente para a transformação maligna de melanócitos. Gene supressor de tumor CDKN2A A elucidação, ainda que parcial, dos mecanismos moleculares associados à ativação constitutiva dos membros da família E2F, veio de estudos genéticos nos quais se avaliaram pacientes portadores de formas hereditárias do melanoma cutâneo (síndrome do nevo displástico). Essa síndrome é caracterizada pelo risco aumentado para o desenvolvimento de melanoma cutâneo, já em idade precoce, frequentemente associado a múltiplos melanomas primários e presença de nevos displásticos. Ao mesmo tempo que são marcadores de predisposição genética, como já discutido, também são lesões potencialmente precursoras do melanoma maligno. Indivíduos com nevos displásticos apresen- tam um risco relativo pelo menos 89 vezes maior de desenvolvimento de melanomas do que indivíduos da população geral; e, quando portadores de um mela- noma primário, seu risco para o desenvolvimento de um segundoTut���a P4/M1/Pr5 �â��er �� ��le @mi����u��r melanoma primário é 230 vezes maior que o de indivíduos da população geral. Estudos de ligação genética em pacientes com sín- drome do nevo displástico permitiram a identificação do loci no cromossomo 9p21 fortemente associados ao desenvolvimento de melanomas. Essa região do cromossomo 9p21 está associada a possíveis genes supressores de tumor11. A organização genômica desses loci de suscetibilidade ao melanoma é bastante complexa. Pelo menos três genes mapeiam em 9p21, no lócus INK4a/ARF: os genes dos inibidores de CDK, CDKN2B e CDKN2A (produzem as proteínas p15INK4b e p16INK4a, respectivamente) e ARF (produz a proteína p14ARF em humanos, e p19ARF em camundongos). Os genes CDKN2A e ARF são genes distintos e transcritos independentemente, porém compartilham sequências codificadoras: nucleotídeos do segundo éxon de CDKN2A também constituem o segundo éxon de ARF, porém traduzidos em quadro de leitura alternado (daí seu nome ARF: alternative reading frame). O gene CDKN2A codifica um inibidor de CDK4 e CDK6, as atividades de CDK4 e CDK6 estão associadas à hiperfosforilação de pRB, levando à ativação ou liberação funcional de membros da família de E2F. Enquanto o alvo de p16INK4a é a via de pRB; o alvo de p14ARF é a via de uma outra proteína supressora de tumor, a p53 (produto do gene TP53) (Figura 157.2). Entre várias funções, a proteína p53 induz a transcrição do inibidor universal de CDKs, a proteína p21. A função normal de p53 é controlada por HDM2 (produto do gene HDM2), uma proteína que leva à degradação de p53; essa função de HDM2, por sua vez é inibida por p14ARF. Na presença de p14ARF, a vida média de p53 normal é maior, o que, especula-se, estaria associado à estabilidade genô- mica de células expostas a agentes que lesam o DNA (agentes genotóxicos). Assim, a suscetibilidade de células deficientes em p14ARF ao acúmulo de mutações seria maior do que a de células normais. Papel das vias de reparo de DNA na transformação maligna e progressão do melanoma Melanomas frequentemente acometem pacientes com xeroderma pigmentosum29. Nessa síndrome, o sistema de reparo de DNA por excisão de nucleotídeos está funcionalmente comprometido. Assim, dímeros de pirimidinas, frequentemente formados por indução de radiação UV, não são excisados e reparados, formando assim mutações típicas de transição C→T e CC→TT30. O risco de desenvolvimento de melanomas e outros tumores cutâneos é significativamente maior nesses pacientes (2 mil vezes maior que o risco da população geral). Reconhece-se atualmente que ex- posição ao sol (e, portanto, à radiação UV) é o fator ambiental isolado mais importante para o desenvolvi- mento de melanomas. O risco de desenvolvimento de melanomas em indivíduos com baixa capacidade de bronzeamento ou que apresentem nevos displásticos (esporádicos) parece ser modificado pela capacidade de reparo de DNA. Melanócitos possuem menor capacidade de reparo de lesões causadas por estresse oxidativo e também de lesões causadas por ação direta da UV sobre o DNA31. Esses dados tomam grande relevância uma vez que a radiação UVA e UVB, ambas presentes na radiação solar, são descritas como geradoras de lesões oxidativas e lesões diretas no DNA, respectivamente. Tais dados sugerem que um sistema de reparo menos eficiente possa contribuir para o processo de transformação maligna dos melanócitos, uma vez que sua menor eficiência em reparar lesões causadas pela exposição solar possa levar ao acúmulo de mutações potencial- mente carcinogênicas. A epidemiologia molecular busca encontrar variações genéticas dentro da população em geral que possam conferir maior suscetibilidade a doenças como, por exemplo, câncer. Mais especificamente para melanoma, alguns estudos caso-controle têm identificado variações genéticas em genes de reparo, principalmente em genes de reparo da via Nucleotide excision repair (NER), os quais estão relacionados ao reparo de lesões ocasionadas pela radiação UV. Essas variações genéticas, em última análise, seriam capazes de conferir atividade diferencial de reparo nas respectivas proteínas e, em conjunto com fatores de risco, como exposição à radiação solar, aumentariam a chance de desenvolvimento de melanomas. Um dos primeiros genes de reparo associados é o gene XPD, o qual possui a troca do aminoácido lisina por glutamina no códon 751 da proteína (Lys751Gln), a qual levaria a uma taxa de remoção de lesões menos eficiente. Outro gene que pode atuar como gene de suscetibilidade a melanoma é o gene XPC, que exerce importante papel no reparo de DNA por atuar no reconhecimento de lesões no DNA, principalmente em regiões não transcritas. Dentre os polimorfismos de XPC, os que mais têm ganhado destaque como fatores de risco são: a presença de 83 pares de bases de repetições AT no íntron 9 do gene (também conhecido como PAT+) e a troca de lisina por glutamina no códon 939 (Lys939Gln). Estudo avaliando os polimorfismos de XPC na população brasileira encontrou um risco maior de três vezes para o desenvolvimento de melanoma. Regiões de alta incidência solar como, por exemplo, o Brasil, a penetrância dos polimorfismos seria maior, o que explicaria o elevado risco de de- senvolvimento de melanoma encontrado no estudo. Outro importante dado que põe em evidência o papel de XPC é a alta taxa de mutações típicas de lesões UV em regiões não transcritas do genoma sequenciado de células de melanoma34, justamente região de maior atuação da proteína. Um terceiro gene que pode ter variantes genéticas associadas ao desenvolvimento de melanoma é o gene da polimerase eta ou XPV. Esse gene codifica uma DNA polimerase responsável por corrigir lesões tipo UV em dímeros de timina durante a replicação de DNA. Indução sustentada de angiogênese e metástases A expansão da população tumoral a níveis clinicamente detectáveis pressupõe necessariamente a infiltração do tumor por vasos neoformados. Melanomas produzem diferentes polipeptídeos capazes de induzir a forma- ção de vasos linfáticos e sanguíneos, que uma vez formados anastomosam com capilares já existentes, garantindo assim o influxo de nutrientes para a massa tumoral. Os principais fatores angiogênicos são VEGFs e FGF-2, que induzem tanto a linfangiogênese como a angiogênese. Células de Tut���a P4/M1/Pr5 �â��er �� ��le @mi����u��r melanoma também produzem e secretam citocinas pró-inflamatórias que recrutam neutrófilos e macrófagos para o interior do tumor. Essas citocinas são, por exemplo, interleucina 8 (IL-8) e MCP-1 (Monocyte Chemoattactive Protein-1, também conhecida como CCL2). Em modelos experimentais, a expressão de MCP-1 em células de melanoma de crescimento radial (não tumorigênicas em animais de experimentação) induzem seu crescimento como tumores (conversão para melanoma de crescimento vertical). Da mesma forma que os vasos neoformados canalizam o influxo de nutrientes e células do hospedeiro para o tumor, esses vasos podem mediar o efluxo de células tumorais para o organismo, consistindo em via de escape para a metastatização. Admite-se que os vasos neoformados têm membranas basais incompletas, o que facilitaria sua invasão pelas células tumorais (um processo chamado de intravasamento). Nessa situação, o revestimento do vaso é formado, também, pela própria célula tumoral. Esse fenômeno depende da expressão de caderinas pelas células tumorais e endoteliais. Além das caderinas, as células endoteliais de vasos neoformados também expressam αvβ3 integrinas42. Essa observação é a base para a utilização de anticorpos específicos contra essa integrina em abordagens antiangiogênicas. O bloqueio da função normal dessa integrina em células endoteliais está associado à apoptose da célula endotelial, após disrupção das interações com a matrizextracelular. Das moléculas associadas às fases finais do processo de metastatização de melanomas e seu organotropismo, destacam-se: a integrina α4β1, expressa em melanomas e que interage com a molécula de adesão de endotélios, VCAM (vascular cell adhesion molecule); receptores de quimiocinas, como CCR7, associado a metástases para linfonodos regionais e CXCR4, associado às me- tástases pulmonares em sistemas experimentais43. Estudos iniciais mostram que o gene que codifica CXCR4 é um dos vários genes controlados pelo fator transcricional induzido por hipóxia (HIF, do inglês hypoxia inducible factor). Esse achado interligaria o processo de indução sustentada de angiogênese com a determinação do fenótipo metastático. Evidências que sugerem que a metástase não é um evento tardio na progressão tumoral, e que não depende apenas das células tumorais. Células não tumorais se estabelecem nos sítios metastáticos anteriomente à chegada das células tumorais. Sugerindo a formação de “nichos pré-metastáticos”, onde células progenitoras hemato- poiéticas, macrófagos, são recrutadas para esses sítios através da liberação de fatores de crescimento e/ou citocinas pró-inflamatórias pelas células tumorais. As células recrutadas interagem com as células residentes para promover um fenótipo imunossupressor e anti-inflamatório, a fim de que as células tumorais não sejam submetidas ao processo de imunoedição. Também ocorrem nos nichos pré-metastáticos a libe- ração de fibronectina por fibroblastos e o aumento da expressão de lisil oxidase (LOX) modificando a matriz extracelular local, entre outros eventos que favorecem o estabelecimento de um microambiente favorável para a adesão e disseminação das células tumorais. Classificação patológica Melanoma extensivo superficial Constitui a variante clínica mais freqüente em indivíduos de pele clara (70%). Localiza-se preferencialmente no tronco (dorso), nos doentes de sexo masculino, e nos membros inferiores (pernas), nos femininos. A média de idade mais acometida é a dos 40 anos. A lesão evolui lentamente em 1 a 5 anos com crescimento radial (horizontal) a nível epidérmico, e é freqüente a associação com lesões preexistentes como nevos displásicos. Clinicamente, é assimétrica, com borda ligeiramente elevada, arciforme com margens denteadas e irregulares; sua superfície é discretamente elevada e tem coloração variável que vai do marrom ao preto, podendo ser mesclada de rosa, cinza e branco e tem diâmetro maior que 6 mm. Melanoma nodular Segunda apresentação clínica mais comum nos indivíduos de pele clara (10 a 15%). É mais freqüente no tronco, cabeça e pescoço. Pode ocorrer em qualquer faixa etária com média nos 40 anos. Tem evolução rápida (6 a 8 meses) e apresenta crescimento vertical. Seu aparecimento é mais comum em pele aparentemente normal que em lesões preexistentes. Clinicamente, apresenta-se como nódulo de 1 a 2 cm, elevado, de cor escura ou acinzentada. Pode crescer com aspecto poliplóide. Tut���a P4/M1/Pr5 �â��er �� ��le @mi����u��r Melanoma lentiginoso acral Tipo menos freqüente em indivíduos de pele clara (2 a 8%), porém mais comum nos de pele escura (negros, hispânicos e asiáticos). A média de idade de acometimento é dos 55 aos 65 anos. Localiza-se preferencialmente nas regiões palmo-plantares e falanges distais, podendo ser periungueais ou subungueais. Evolui lentamente, tendo, no início, crescimento horizontal. Do ponto de vista clínico, a lesão é macular, medindo de 2 a 3 cm, enegrecida (preta, marrom escura ou cinza) e tem bordas irregulares. Pode evoluir com pápulas e nódulos. Lentigo maligno melanoma Acomete em torno de 5% dos indivíduos de pele clara. Difere dos outros tipos clínicos por sua aparência clínica, localização anatômica (face e pescoço, sendo mais freqüente na região malar e nasal), evolução lenta (3 a 15 anos) e tendência ao aparecimento tardio (média de 70 anos de idade). Passa por uma fase percursora de lentigo maligno antes de tornar-se invasivo. Clinicamente, a lesão é maculosa, de coloração variável (marrom, preta, acinzentada), com bordas irregulares medindo de 3 a 6 cm. Pode se tornar papulosa ou nodular. diagnóstico Clínico Existe uma regra prática, denominada A, B, C, D e E, que contribui para o diagnóstico clínico do melanoma: Tut���a P4/M1/Pr5 �â��er �� ��le @mi����u��r Dermatoscopia Microscopia de superfície ou epiluminescência. Exame histopatológico Devem ser realizadas em lesões sugestivas, de preferência totalmente retiradas (excisional). Quando não for possível, faz-se biópsia por punch ou incisional na área mais infiltrada. A característica histopatológica do melanoma primário da pele é a presença de melanócitos neoplásicos invadindo a derme. São valorizados os seguintes parâmetros para avaliação da diagnose, estadiamento, planejamento terapêutico e prognóstico do tumor: Subtipos histológicos Profundidade das lesões (Níveis de Clark): sistema baseado na anatomia da pele, ou seja, conforme o melanoma se aprofunda nas camadas da pele, os níveis de Clark aumentam e ele vai de I a V. Nível I: Melanoma confinado a epiderme. Nível II: Melanoma invade a derme papilar. Nível III: Melanoma preenche a derma papilar, mas não invade a derme reticular. Nível IV: Melanoma invade a derma reticular. Nível V: Melanoma invade o tecido subcutâneo. Espessura da lesão (Índice de Breslow): medida em mm da porção superior da camada granulosa até a parte mais profunda do tumor. Quanto mais “alto e profundo” for o melanoma, maior será o seu índice de Breslow. Quando o melanoma for ulcerado, o topo é a base da úlcera. Esse dado é importante porque representa um dos principais fatores prognósticos para melanoma. Através de estudos estatísticos, ele é capaz de predizer a sobrevida, recidiva local e acometimento de linfonodos. Além disso, esse índice nos guia ao tomar decisões do melhor tratamento cirúrgico, exames complementares, etc. Nível I: Melanoma ≤ 1 mm. Nível II: Melanoma de 1,01 a 2mm. Nível III: Melanoma de 2,01 a 4,0 mm. Nível IV: Melanoma ≥ 4,m invade a derma reticular. Situação das margens de segurança Número de mitoses Fase de crescimento: radial ou vertical. Presença/ausência de ulceração Presença de infiltrado inflamatório linfocitário Neutropismo e disseminação angio-linfática estadiamento Estágio 0: tumor in situ. Estágio I: tumor primário, sem metástases ganglionar ou sistêmica, com 1 mm de espessura com ou sem ulceração ou 1 a 2 mm de espessura sem ulceração. Estágio II: tumor primário sem metástase ganglionar ou sistêmica com 1 a 2 mm de espessura com ulceração ou >2 mm com ou sem ulceração. Estágio III: tumor com qualquer nível de espessura, porém com metástases em linfonodos regionais e/ou em trânsito (lesões na pele ou subcutâneo acima de 2 cm, da lesão primária e abaixo dos linfonodos regionais). Estágio IV: tumor com qualquer nível de espessura e metástases à distância. Tut���a P4/M1/Pr5 �â��er �� ��le @mi����u��r tratamento Estágio 0: excisão com margens. Estágio I: excisão com margem de 1-2 cm, sem aumento de chance de recidiva e sem alteração do aspecto estético. Estágio II: excisão com margem e linfadenectomia seletiva ou linfonodo sentinela. IFN-alfa-2b, QT, imunoterapia e bio-quimioterapia como tratamento adjuvante. Estágio III: excisão com margem de 1-3cm. Tratatamento adjuvante com IFN-alfa-2b, QT, imunoterapia, bio-quimioterapia e infusão perfusional. Estágio IV: tratamento paliativo (RT, QT, bio-quimioterapia, tamoxifeno, imunoterapia etc). acompanhamento Periodicidade Primeiros 2 anos: a cada 3 meses. 3-5 anos: a cada 6 meses. 6+ anos: anualmente. Como é feito? Exames Exame loco-regional obrigatório Avaliação dermatológica completa Exame físico completo Acompanhamento laboratorial RX tórax Dosagem DHL e FA USG abdominal, pelve e linfonodos regionais: somente nos pacientescom melanoma > 1 mm de espessura ou com suspeita clínica de metástase. Estágios III e IV ou suspeita de metástases TC tórax, abdome e pelve: se houver dúvidas no RX e USG. RM de segmento cefálico: em tumores primários de cabeça e pescoço (repetição anual) e quando houver queixas indicativas. Mapeamento ósseo: na presença de queixas clínicas. Pesquisa de corpo inteiro com anticorpo antimelanoma
Compartilhar