Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MECANISMOS DE CURA E REPARO TECIDUAL (Robbins patologia cap3; Bogliolo cap8) Cura e reparo tecidual: é a restauração da arquitetura e função dos tecidos após uma lesão. O reparo ocorre por meio da proliferação celular de células não lesadas e da maturação das células-tronco teciduais (regeneração) OU deposição de tec. conj para formar cicatriz. - Regeneração: ocorre quando células de rápida divisão celular começam a se proliferar para regenerar o tecido lesado → pele, intestinos e fígado; esse processo pode ou não ter ajuda de células-tronco, tendo em vista que estas são células totipotentes. Células que se proliferam: - tecido lesado remanescente → para restaurar a estrutura normal - células endoteliais vasculares → contribuem para a angiogênese - fibroblastos → formação de cicatriz nos locais que não houve regeneração Tipos de tecidos do corpo: - lábeis ou instáveis: estão em constante divisão celular e sendo substituídas por células-tronco e pela proliferação de células maduras → esses tecidos podem se regenerar logo após a lesão, desde que a reserva de células-tronco esteja preservada. Ex: cavidade oral, células hematopoiéticas e pele. - estáveis: as células estão quiescentes (estágio G0 do ciclo celular), logo, sua atividade proliferativa é mínima em estados normais, em casos de lesões ou reparo tecidual, essas células são ativadas para continuar o ciclo celular e se proliferarem. Ex: fígado, pâncreas, rim e células do mm. liso → com exceção do fígado, os tecidos estáveis tem capacidade limitada de se regenerar - permanentes: as células desse tecido são diferenciadas e NÃO se proliferam na vida pós-natal devido a limitação das células-tronco nessas regiões. Ex: neurônios e cardiomiócitos. Regeneração hepática: ocorre pela proliferação dos hepatócitos remanescentes e repovoamento a partir das células progenitoras - proliferação dos hepatócitos: dividida em fases 1) priming: citocinas como IL-6 são produzidas por células de Kupffer e agem nos hepatócitos, fazendo com que as células parenquimatosas respondam a sinais do fator de crescimento 2) fator de crescimento: HGF e TGF-alfa (fatores de crescimento) são produzidas por várias células e agem nos hepatócitos para estimular o metabolismo e ciclo celular → como os hepatócitos estão em G0, levam horas para que entre em G1 e continue o ciclo, na fase de replicação, mais de 70 genes são ativados para que a célula retome sua programação normal 3) fase terminal: após o ciclo celular, o hepatócito volta a fase de quiescência. - células progenitoras: quando a proliferação dos hepatócitos está comprometida, as células progenitoras dos hepatócitos auxiliam no repovoamento → residem em canais de Hering, onde os canalículos biliares se conectam nos ductos biliares maiores. - Cicatriz: ocorre caso os tecidos lesados não consigam se regenerar por completo, ocorrendo deposição de tec. conj. fibroso no local atingido. As células envolvidas são: macrófagos, miofibroblastos e células endoteliais dos capilares Fibrose: termo usado para descrever a deposição colágena em pulmões, rins ou miocárdio. Se a fibrose se desenvolver em locais que têm exsudato inflamatório, ela passa a ser chamada de organização Etapas na formação de cicatriz: 1) angiogênese: brotamento de novos vasos sanguíneos a partir dos já existentes para fornecer nutrientes e oxigênio necessário para as novas células. Vasodilatação → destacamento do pericito e quebra da membrana basal para gerar um broto vascular → migração de células endoteliais na região da lesão → proliferação das células endoteliais (“de ponta”) → remodelamento dos tubos capilares → recrutamento de pericitos 2) formação de tec. de granulação: migração e proliferação de fibroblastos + deposição de tec. conj. frouxo com os vasos e leucócitos = tec. granulação. Posteriormente, esse tecido invade o local da lesão e a quantidade dele depende da intensidade da inflamação 3) remodelamento de tec. conj: a maturação e reorganização do tec. conj. produzem uma cicatriz fibrosa estável → os macrófagos M2 fornecem fatores de crescimento para a proliferação celular e secreta citocinas que estimulam a proliferação de fibroblastos + deposição de tec. conj. FATORES QUE INFLUENCIAM NO REPARO TECIDUAL: - infecção: prolonga a inflamação e aumenta a lesão tecidual - diabetes: compromete o reparo de feridas porque as hemácias deixam de transportar oxigênio para transportar glicose - estado nutricional; - glicocorticoides (esteroides); - fatores mecânicos; - local,tipo e extensão da lesão. CURA DE FERIDAS CUTÂNEAS: - cura por primeira intenção: quando a lesão envolve APENAS a camada epitelial, ocorrendo regeneração da camada lesionada → inflamação, proliferação de células epiteliais e maturação da cicatriz do tec. conj. Etapas: 1) A lesão provoca formação de coágulos na superfície da ferida, contendo hemácias, fibrinas, fibronectinas e S. complemento, conforme ocorre desidratação do coágulo na superfície externa, forma a crosta que recobre a ferida. 2) Em 24hrs, os neutrófilos são recrutados rumo ao coágulo, limpando enzimas proteolíticas e limpando os resíduos locais. 3) No período de 24 a 48hrs, as células epiteliais migram e se proliferam ao longo da derme, formando uma camada abaixo da superfície da crosta que fecha a ferida 4) No 3º dia, os neutrófilos já foram substituídos pelos macrófagos e o tec. granulação invade o espaço da lesão, os macrófgos removem os tecidos extracelulares e promovem angiogênese. A proliferação de células epiteliais forma uma cobertura que tem espessura semelhante a epiderme. 5) No 5º dia, ocorre neovascularização em que os vasos são permeáveis para permitir passagem de líquido e proteínas plasmáticas → tec. granulação está constantemente edemaciado. Fibroblastos produzem proteínas da MEC e fibrilas de colágeno tornam-se mais abundantes → epiderme recupera sua espessura normal 6) Durante a 2ª semana, ocorre acúmulo de colágeno e proliferação de fibroblastos, a quantidade de leucócitos, edema e vascularização estão diminuídos, gerando um aspecto pálido na lesão → maior deposição de colágeno dentro da cicatriz e regressão dos canais vasculares 7) No fim do 1º mês, a cicatriz tem tec. conj. celular coberto por epiderme essencialmente normal - cura por segunda intenção: ocorre quando a lesão possui abscessos, úlceras ou necrose, gerando reação inflamatória mais intensa. Etapas: 1) feridas com grande perda de tecido causam maior coágulo de fibrina, exsudato e restos necróticos no local 2) maior quantidade de tecidos de granulação, resultando, futuramente, em uma maior cicatriz tecidual 3) Inicialmente, é formada uma matriz provisória que contém fibrina, fibronectina plasmática e colágeno tipo 3 → substituída por colágeno tipo 1 em 2 semanas. A epiderme recupera sua espessura e arquitetura 4) No fim do 1º mês, a cicatriz consiste em tec. conj. acelular com infiltrado inflamatório e recoberta por epiderme intacta 5) A contração da ferida ocorre em feridas de grande superfície, essa contração ajuda a fechar a ferida ao diminuir o espaço entre suas margens dérmicas e área de superfície → para ocorrer a contração, ocorre formação de miofibroblastos ao redor da ferida (são fibroblastos diferenciados com características ultraestruturais e funcionais) 6) Em 6 semanas, os defeitos cutâneos são reduzidos em decorrência da contração RESISTÊNCIA DA FERIDA: - fibrose em órgãos parenquimatosos: a fibrose indica maior deposição de colágeno do que o habitual em órgãos internos, é um processo patológico que pode ser responsável por disfunção significativa e insuficiência → a principal citocina que atua nesse processo é o TGF-beta, morte celular e produção de EROs podem desencadear a produção dessa citocina. ANORMALIDADE NO REPARO DE TECIDOS: pode ocorrer por formação deficiente da cicatriz, formação contraturas ou formação excessiva de componentes de reparo. - formação deficiente da cicatriz: ocorre por formação inadequada do tec. granulação por ruptura da ferida ou ulceração. Ruptura daferida: comum em cirurgias abdominais por causa do aumento da pressão intra-abdominal, vômitos, tosse ou íleo adinâmico (paralítico), as feridas podem gerar uma úlcera se não tratadas corretamente. Ulceração: feridas que não cicatrizam e tendem a continuar aumentando, lesionando os tecidos ao redor. - formação excessiva dos componentes de reparo: podem dar origem a cicatrizes hipertróficas e quelóides. Cicatriz hipertrófica: acúmulo excessivo de colágeno produz uma cicatriz saliente, são desenvolvidas após lesões que acometem a camada mais profunda da derme → lesões traumáticas ou térmicas Queloide: quando a cicatriz cresce além das margens da ferida original sem regredir - granulação exuberante: formação excessiva do tec. granulação gera protrusão acima do nível da pele e bloqueia a reepitelização (“carne esponjosa”). Esse processo resulta em deformidades da ferida e dos tecidos ao redor, podendo comprometer o movimento das articulações.
Compartilhar