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HANSENÍASE OU MAL DE HANSEN É uma doença infecciosa crônica causada pelo mycobacterium leprae. Tem baixa virulência, porém alta infectividade. Também é chamada de Mal de Hansen ou Lepra. A prevalência é a mesma nos dois sexos, mas a forma Virchoviana (será descrita depois) predomina em homens. A doença causa deformidades e incapacidades por acometer principalmente os nervos. A forma de contágio principal é o contato de secreções (bacilos) da via aérea superior, mas também, em alguns casos, a doença pode ser transmitida pelas lesões da pele. Seu período de incubação é de mais de 5 anos. •História: doença muito antiga, com descrições desde 1500 a.C. Foi trazida às Américas pelos colonizadores. Os pacientes, durante algum tempo da história brasileira (e também mundial), eram submetidos a isolamento compulsório. Em 1975 surge a cura da doença PQT-OMS (rifampicina, clofazimina e dapsona). Em 1995 o termo “lepra” é proibido e adota-se, então, a palavra hanseníase. •Epidemiologia: a prevalência mundial da doença é bem baixa: 10 casos a cada 100 mil habitantes. O Brasil, entretanto, tem a segunda maior prevalência do mundo, perdendo apenas para a Índia! (no país o aglomerado de casos acontece na região Norte e Nordeste). Curiosamente, 86% dos doentes no mundo todo concentram-se em apenas 6 países. A prevalência e incidência, contudo, vêm caindo. •Características: segundo a OMS, para ser considerado hanseníase, o paciente precisa apresentar pelo menos um dos critérios abaixo: a) Lesões de pele com alteração de sensibilidade b) Espessamento de nervo periférico, acompanhado de alteração de sensibilidade c) Baciloscopia positiva Quanto à identificação do bacilo, é dada por baciloscopia com identificação no tecido. Métodos complementares como anticorpos específicos e PCR podem auxiliar. A classificação da doença é um pouco complexa, mas pode ser elucidada pelo desenho abaixo. A forma paucibacilar congrega apenas a tuberculoide e a indeterminada; o resto é considerado multibacilar. As formas paucibacilares apresentam baciloscopia negativa; já as formas multibacilares têm baciloscopia positiva. Para fins terapêutico, as multibacilares possuem mais de 5 lesões na pele, diferente das formas paucibacilares (menos que 5). •Hanseníase Indeterminada: é a fase inicial. Aparecem manchas hipocrômicas ou eritemato-hipocrômicas. Essas manchas têm alteração de sensibilidade: são anestésicas, alopecias e anidróticas (3A’s). •Hanseníase lepromatosa polar ou virchowiana: é a forma sistêmica e anérgica. Considera-se a forma contagiante, pois aqui há um número muito alto de bacilos. Quanto às dermatoses envolvidas, há nódulos nas orelhas, lábios sombrancelhas e extremidades. Placas e nódulos no tronco, além de madarose, também são comuns. A grossura da pele do rosto se altera (facies leonina). Ademais, ocorre polineurite simétrica com alteração de sensibilidade. Além disso, outros sintomas também podem estar presentes: rinite, perfuração do septo nasal, ceratite, esplenomegalia, linfonodomegalias, anemia, reabsorção óssea e amiotrofias. Na histologia, é possível notar acúmulo de macrófagos na derme, células de Virchow e banda de Unna. Os nervos também contêm grande quantidade de bacilos. •Hanseníase tuberculoide polar: tem baixa carga de bacilos, e acomete pele e nervos. Gera até 5 placas anulares, com limites precisos e bordos infiltrados (também possuem os 3A’a). Na histologia das lesões, são achados granulomas de células epitelioides rodeadas por linfócitos e células de Langerhans. A doença age destruindo as fibras nervosas e causando anestesia e paralisia. Os nervos mais afetados são o ulnar, tibial posterior e fibular. O comprometimento nervoso é observado quando há espessamento, dor espontânea ou à palpação e alteração da função sensitivo-motora. •Diagnóstico: -Baciloscopia: nos esfregaços, as colorações utilizadas são de Ziehl-Neelson e Oramina-rodamina; já nos tecidos, usa-se Fite-faraco e Ziehl-Neelson. -Clínica: a identificação de alterações de sensibilidade nas lesões é essencial. Além disso, prova de histamina, prova de pilocarpina e teste de Mitsuda podem auxiliar. -Imunologia: na MHC predomina resposta humoral do tipo Th2; já na MHT, o predomínio é de Th1. •Tratamento: se dá por poliquimioterápicos, como já citado acima. Na imagem ao lado temos os fármacos designados. PB são as formas pauci, e envolve 6 cartelas durante 6 meses. Quanto ao MB – multi – o tratamento se dá com 12 cartelas durante 12 meses. Os tratamentos podem ser feitos normalmente durante gestação e lactação. Se houver tuberculose concomitante, o tratamento deve utilizar as doses recomendadas de rifancina para tuberculose. Menos de 5% dos casos que fazem o tratamento correto sofrem recidiva. Fácies leonina •Estados reacionais: Em 50% dos casos, ocorre uma reação hansênica, na qual há uma exacerbação das lesões clínicas pré-existentes. É o sistema imunológico que reage frente ao M. leprae. Acontece nas duas formas de hanseníase e causa reações inflamatórias agudas ou subagudas. Não contraindica, entretanto, o tratamento específico. -Reação tipo 1 (reversa): nos dimorfos e tuberculoides limítrofes (imunidade celular). Surgem novas lesões, infiltrações e edema nas lesões antigas, e neurite. Corticoides são usados até a regressão. -Reação tipo 2: nas formas dimorfas e vichorwianas (imunidade humoral). Ocorre nódulos eritematosos dolorosos, febre, dores articulares, linfonodomegalias, mal estar geral, artrites e uma série de outros sintomas. O tratamento consiste em talidomida e corticoides sistêmicos.
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