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Histórico da Confeitaria CAROLINA CARMONA DIAS A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Início da confeitaria • França: o berço da confeitaria clássica • Confeitaria contemporânea • Compreender a história e formação da confeitaria. • Entender a formação da confeitaria francesa e identificar suas influên- cias para a confeitaria clássica. • Conhecer as influências e técnicas contemporâneas aplicadas à confeitaria. Plano de Estudo Objetivos de Aprendizagem Introdução Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, será realizada uma abordagem histórica com o objetivo de compreender a formação da confeitaria e sua evolução. Os doces nem sempre foram da maneira que conhecemos hoje. Produzidos por egípcios, por volta de 3.000 a.C., os primeiros preparos da confeitaria consistiam em bolos rudimentares adoçados com frutas secas e mel. O mel, considerado o alimento dos deuses, era o único adoçante conhecido até então. Com a descoberta do açúcar e sua chegada à Europa, as preparações passam a ser mais ela- boradas. Um grande marco para a confeitaria foi quando Catherine de Médici, uma aristocrata italiana, casou-se com o futuro rei da França, Henrique II. A nobre levou à corte alguns de seus cozinheiros e confeiteiros italianos, os quais contribuíram para a sofisticação da confeitaria francesa. A partir do século XVII, são redigidos os primeiros livros direcionados aos confeiteiros, como o “Le Pâtissier François” e “Le Confiturier François”, ambos escritos por La Varrene, um grande cozinheiro da sua época. Após a Revolução Francesa, notou-se um aumento no número de confeitarias instaladas em Paris. Nesse mesmo século, viveu um grande chef chamado Antonin Carême, considerado o “rei dos cozinheiros”. Carême foi inovador ao criar sobremesas como o merengue e a bavaroise, ao desenvolver técnicas empregadas até a atualidade e ao refazer a massa folhada – que deu origem aos vol au vents e à famosa mil folhas. No início do século XX, os confeiteiros franceses já eram reconhecidos por sua maestria. A confeitaria clássica tem a França como modelo desde técnicas a nomenclaturas. Após tecer o panorama histórico acima, será realizado um estudo sobre a confeitaria con- temporânea, cujo destaque recai sobre preparações leves, delicadas e executadas com técnicas avançadas da cozinha de vanguarda. Sendo assim, a unidade será concluída apontando a sinergia entre gastronomia e ciência, que vem sendo aplicada tanto em pratos quentes e, principalmente, em sobremesas. 11 C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a 13G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Início da Confeitaria Caro(a) aluno(a), a história da confeitaria inicia-se de forma bas- tante rudimentar. Os primeiros registros de massas doces são bolos rústicos produzidos por gregos e egípcios por volta de 3.000 a.C. Com características bastante diferentes dos bolos consumidos hoje, eram preparos mais pesados com textura próxima ao pão, enriquecidos com sementes e frutas secas. Eram consumidos em rituais religiosos, passagem de ano, aniversários e casamentos. Segundo Suas (2012, p. 8), “um bolo típico poderia ser um pão adocicado, passado no mel e coberto com sementes”. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Adoçantes O mel foi o único adoçante conhecido e utilizado por séculos. Ele esteve presente em diversos períodos da História. Considerado o “alimento dos deuses”, simbolizava o prazer e a satisfação. De acordo com Ribeiro (2006, p. 19), os romanos além de utilizarem o mel, como os egípcios, para darem cor e adoçar seus bolos, o utilizavam como conservante de muito de seus produtos, como carne e frutas. Normalmente, seus bolos e doces costumavam ser tâmaras recheadas e cozidas em mel; misturas de nozes, mel e demais ingredientes, servidas com avelãs cortadas e assadas; além de uma espécie de creme de ovos também preparado com mel. A cana de açúcar, originária da Nova Guiné, demorou séculos para ser difundida e refinada. A Índia foi um dos primeiros países a utilizar o açúcar em sua forma não refinada. Para McGee (2011), pouco antes de 500 a.C., os indianos já desenvolviam a técnica do açúcar não refinado oriundo do suco da cana fervido e reduzido a uma massa escura. Somente com as Cruzadas, no final do século X, é que o açúcar da cana chega ao Ocidente por meio dos árabes. Reconhecido como uma espe- ciaria, o açúcar possuía um alto valor – por ser um produto raro e acessível somente ao clero e à nobreza –. Além de ser considerado uma 15G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R iguaria, o açúcar também era comercializado por boticários, uma vez que acreditavam em seu poder medicinal para o tratamento de epilepsia, dores de cabeça e melancolia. A partir do século XV é que se observa a difusão no uso do açúcar principalmente na Itália e em Portugal, países em que seu uso era predominante. Nesse mesmo século, surgem as refinarias na Europa, instalando-se em Veneza, na Sicília e Valência. Com o crescente consumo, os portugueses levaram especialistas na planta- ção e no refino do açúcar da Sicília para a Ilha da Madeira, que em poucos anos tornou-se o maior fornecedor do produto na Europa. No início do século XVI, o açúcar passa a ser uma das especiarias mais importantes do Ocidente e, com a descoberta da América, foi um dos primeiros produtos a ser exportado. A descoberta do Brasil fez com que a produ- ção aumentasse ainda mais. Para Flandrin e Montanari (2009, p. 613), “tendo descoberto o Brasil, em 1500, os portugueses multiplicaram, a partir de 1530, a plantação de cana-de açúcar nesse território; praticamente a totalidade da produção era enviada para a Europa”. Quase toda a produção de açúcar da Europa era proveniente do Brasil ou das Ilhas do Caribe. Uma alternativa para os europeus surge em 1747: o químico Andreas Marggraf descobre a extração do açúcar da beterraba branca ou beterraba açucareira, produto comum na Europa – além de ser uma opção mais barata e com qualidade semelhante –. No entanto, apenas em 1812, que é criada a primeira usina de ex- tração desse açúcar. Hoje, a maioria do açúcar da Europa é proveniente da beterraba açucareira, sendo o norte da França o maior produtor. Com a descoberta do açúcar, seja o de cana ou de beterraba, a confeitaria passa a ser mais elaborada. Para Suas (2011, p.12), no século XVI graças à crescente oferta de açúcar, o que trouxe um aprimoramento às receitas com claras de ovos e natas batidas. A partir dessas bases, surgiram as madalenas e os biscoitos de amêndoas, embora possivelmente não fossem tão refinados quanto aqueles apreciados hoje. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a As primeiras confeitarias A doçaria medieval se desenvolveu nos con- ventos, principalmente em Portugal. A clara de ovo era utilizada para clarificar o vinho ou ainda para engomar os hábitos. Já as gemas eram aproveitadas pelas freiras para o preparo de doces que, desde a Idade Média, já levavam muito açúcar na sua composição, além de várias especiarias (FREIXA; CHAVES, 2008). Algumas receitas desenvolvidas nessa época são utilizadas até a atualidade, como: o toucinho do céu, um bolo que utiliza a banha de porco e amêndoas como alguns dos ingre- dientes; fios de ovos, pão-de-ló, entre outros preparos que são comuns em nosso dia a dia. A farinha de amêndoas foi incorporada e, por isso, novas tortas e biscoitos foram criados. A Idade Média foi marcada por muitas descobertas na confeitaria. É claro que a maioria dos preparos sofreram modificações com o tempo. A evolução da confeitaria acon- tece principalmente no século XVIII, com a adição de novos ingredientes – entre eles o cacau e o chocolate que chegaram à Europa também por meio da descoberta da América. Nesse mesmo século, já era possívelencon- trar algumas confeitarias destinadas a um público mais nobre. Mas foi apenas no final do século que esses estabelecimentos foram popularizados. 17G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R A ideia de confeitaria existia desde as primeiras civilizações. As verdadeiras primeiras pâtisseries eram originalmente salgadas; resultavam do pão cotidiano en- riquecido de temperos, frutos secos e, mais adiante, de ovos. A confeitaria teve sempre uma conotação de oferenda (primeiramen- te aos Deuses e em seguida às mulheres, condecorando etapas importantes de suas vidas) e se tornou doce posteriormente, pela adição do mel. A manteiga e o açúcar foram tardiamente adicionados à massa e permitiram um grande desenvolvimento da confeitaria. Fonte: Sender e Derrien (2003 apud CORÓ, 2011, p. 204). C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a 19G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R França: O Berço da Confeitaria Clássica A França tem grande influência na gastronomia – e com a confeita- ria não poderia ser diferente –. Várias técnicas e termos utilizados são de origem francesa. A palavra pâtisserie, termo francês que se refere à confeitaria, já se disseminou. Alguns exemplos de pre- paros clássicos que se difundiram são o crème pâtissier (creme de confeiteiro), crème chantilly, mousses e éclairs (a nossa tradicional C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a “bomba”). O início dessa influência se deu em 1533, com o casamento da aristocrata Catherine de Médici com o rei da França, Henrique II. A jovem italiana levou para a França, além de seu requinte, seus cozinheiros e confeiteiros – entre eles Poppelini, famoso por criar a pâte à choux, um clássico da con- feitaria que utilizamos para a confecção de bombas, carolinas, paris-brest e vários pre- paros tradicionais. Os franceses, ao contrário dos italianos e portugueses, levaram um tempo maior para substituir o mel pelo açúcar; apenas os nobres o utilizavam em pequenas quantidades. Para O famoso Crème Chantilly foi criado, em 1714, por um suíço chamado Fritz Karl Vatel, durante sua estada na França – primeiro como chef do castelo de Vaux-le-Vicomte, pertencente ao intendente real Nicolas Fouquet, e depois no Castelo de Chantilly, pertencente ao marechal de Conde –. Apesar de ter sido servido pela primeira vez no castelo de Vaux-le-Vicomte, acabou tomando o nome do castelo de Chantilly. Fonte: Galvão (2014, on-line)¹. Freixa e Chaves (2008, p. 82), No final da refeição, eram servidas as so- bremesas feitas com açúcar, até então des- conhecidas pelos franceses, que usavam mel. Assim, da confeitaria do palácio real saíam receitas como macarons, zabaiones, biscoito de amêndoas, frutas em calda ou cristalizadas e até sorvetes consumidos como sobremesa no final da refeição. Em decorrência de várias manifestações culturais no período Renascentista, aumentou-se o interesse das elites sociais acerca da confeitaria. Os primeiros livros direcionados à confeitaria são publicados no século XVII. A título de exemplificação, pode- -se citar “Le Pâtissier françois” e “Le Confiturier François”, ambos escritos por Fraçois Pierre de 21G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R la Varrene, um dos grandes chefs de sua época. O século XVIII é marcado pelo nascimento do francês Marie Antoine Carême, considerado o “rei dos cozinheiros”. Carême foi sublime em sua vida profissional e sem dúvida foi um dos chefs que mais contribuiu para a confeitaria – sendo intitulado de “pai da confeitaria”. Ele detinha co- nhecimento de arquitetura e desenho e aplicava esses aprendizados à gastronomia. Atribuem-se a ele várias invenções da confeitaria, como os merengues, a reinvenção da famosa massa folhada e montagem de esculturas suntuosas em açúcar. Dois de seus livros sobre confeitaria, “Le Pâtissier Royal” e “Le Pâtissier Pitoresque”, orientavam sobre a importância da estética para os doces. Após a Revolução Francesa (1789-1799), houve um crescimento no número de confeitarias ins- taladas em Paris. Todavia, é somente no final do século XIX que a França atinge seu apogeu nesse segmento. Nesse período, inaugurou-se a “Fauchon de Paris”, considerada a melhor confei- taria do mundo, e também as primeiras escolas de gastronomia, Le Cordon Bleu e Ritz Escoffier. No início do século XX, a confeitaria fran- cesa já era conhecida por sua maestria. Um dos representantes dessa fase é Gastón Lenôtre. Para Curley e Curley (2015, p. 13), Lenôtre era conhecido pelos franceses como o “Cavalheiro Pâtissier” e foi o chef confei- teiro mais celebrado depois de Marie- Antoine Carême. Muitos acreditam que Lenôtre foi responsável por renovar o mundo da pâtisserie na década de 1960. O vol-au-vent, invenção de Carême, tor- nou-se um clássico da cozinha francesa. Trata-se de uma massa folhada em forma- to cilíndrico [...]. Feita de farinha de trigo, água, sal e manteiga, a massa é uma das mais difíceis de se realizar na confeitaria e também uma das mais leves. Conta-se que Carême, ao conseguir a leveza sem igual da receita medieval, exclamou ‘elle volle, elle volle’ (‘ela voa, ela voa’). Daí a expressão vol-au-vent, isto é, ‘voa ao vento. Fonte: Freixa e Chaves (2008, p. 132). O célebre chefe confeiteiro, fundador da escola Lenôtre, revolucionou a confeitaria francesa, tornando-a mais leve, utilizando ingredientes sazonais. Uma de suas grandes criações é a famosa torta Ópera (torta em camadas, a base de creme de café e chocolate). Freixa e Chaves (2008) mencionam que a famosa pâtisserie francesa se tornou a base técnica para a confeitaria mundial. Sendo assim, fica claro que a confeitaria clássica nasceu na França e o país tornou-se referência na área, influenciando em vários aspectos. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a 23G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Confeitaria Contemporânea O século XX foi marcado por avanços tecnológicos, beneficiando inúmeros campos, inclusive a confeitaria. Muitos utensílios e equipamentos surgem nesse século. Os refrigeradores e fogões a gás dão início a essa revolução tecnológica na cozinha. Métodos de conservação dos alimentos são descobertos e aperfeiçoam o processo de preparo e distribuição de alimentos. A partir da década de 1950, outras tecnologias são inventadas, como as batedeiras, as câmaras frias e os fornos elétricos. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Equipamentos cada vez mais sofisticados foram introduzidos nas confeitarias, otimizan- do tempo, qualidade e também segurança nos preparos elaborados. A exemplo disso, temos o ultracongelador utilizado para resfriamento e congelamento imediato; esse equipamento possui tecnologia para não alterar as características organolépticas das preparações, mantendo sua textura e sabor. Outros equipamentos de tecnologia avan- çada que otimizam o processo na confeitaria são as batedeiras e fornos industriais, câmaras climáticas, processadores de alimentos e mixer. A Pâtisserie é um ofício preciso, uma forma de arte que envolve um toque de elegân- cia, mas exige também a perfeição. (Curley e Curley) a gastronomia molecular, uma nova vertente da gastronomia pautada nas investigações referentes às reações e transformações nos alimentos. Todos esses estudos influenciam a confeitaria e propor- cionam informações necessárias para obter um maior conhecimento de sua aplicação nos preparos, sendo possível, por exemplo, modificar texturas, dar leveza e melhorar o sabor das preparações. A inovação faz parte da confeitaria contem- porânea, desde técnicas aprimoradas até as com- binações de ingredientes inusitados, aliadas ao paladar com a sofisticação. Um exemplo dessa tendência é o estilo de confeitaria produzida hoje no Japão. “Na década de1980, houve uma enorme proliferação da confeitaria no Japão, por influência da França.” (CURLEY; CURLEY, 2015, p. 9) Os preparos da confeitaria japonesa prezam pela leveza e suavidade, priorizam o uso de pro- dutos frescos, valorizam a aparência e utilizam moderadamente o açúcar. A confeitaria deve ser considerada uma ciência exata, devemos nos atentar sempre às proporções utilizadas, medindo e pe- sando os ingredientes com precisão, pois, assim, conseguiremos obter resultados sa- tisfatórios ao fim de nossas preparações. Além de tais inovações em equipamentos, em 1988, inicia-se um estudo científico sobre os processos químicos e físicos que acontecem nos alimentos. Essas pesquisas originam-se com Nicholas Kurti, um físico húngaro, e Hervé This, um físico-químico francês. Baseado nos trabalhos desenvolvidos por ambos estudiosos, origina-se 25G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R A confeitaria é a coesão entre arte e ciência e tornou-se uma área bastante expressiva na gas- tronomia, crescendo em um ritmo acelerado. Para aqueles que aspiram tornar-se um pâtissier, devem estar preparados para mergulhar em uma carreira que pode ser desafiadora e gratificante em um ambien- te que é quase sempre estimulante, mas às vezes exaustivo, para o profissional exercer com êxito suas atividades, alguns itens devem ser levados em consideração, entre eles, a curiosidade, criatividade e precisão, além disso, deverá estar pronto a participar de uma atividade dinâmica que ofereça inúmeras especialidades e variações regionais. (SUAS, 2011, p. 18) Para tornar-se um bom chef confeiteiro, de modo geral, as atitudes são mais importan- tes que as habilidades, pois uma atitude adequada ajuda não somente a desen- volver novas habilidades, mas também a superar as dificuldades que você poderá ter de enfrentar na sua carreira. Dominar a técnica, obviamente é essencial para o sucesso. Fonte: Gisslen (2012, p. 11). C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a co ns id er aç õe s fi na is Caro(a) aluno(a), com a conclusão da primeira unidade é possível conhecer o panorama histórico do início e das progressões da confeitaria. Por meio dessa unidade, compreendeu-se a formação da confeitaria, a influência do mel nos primeiros preparos doces, caracterizados por pães doces rústicos. Pudemos compreender que, por meio da descoberta do refino do açúcar da cana e da beterraba, houve uma sofisticação na confeitaria, com surgimen- to dos doces mais delicados, mas ainda assim com resultados diferentes do que temos atualmente. A criação das confeitarias e a descoberta da América trazem a incorporação de novos ingredientes, originando sabores e inovando a confeitaria. Tomou-se conhecimento acerca da influência francesa na confeitaria, os primeiros livros destinados a essa arte e os grandes chefs influenciadores, como o sublime Marie Antonin Carême – responsável pela descoberta e aperfeiçoamento de preparos clássicos da confeitaria. Vimos que após o crescimento do número de confeitarias pela França, muitas são conhecidas até hoje, esse modelo gastronômico alcança o ápice e se destaca na confeitaria mundial. Nesta unidade, foi compreendida a influência dos avanços tecnológicos em equipamentos para a confeitaria, bem como os estudos científicos desti- nados a essa área e o uso de técnicas inovadoras. Consequentemente, a partir do entendimento de toda a perspectiva histórica acerca da confeitaria, será iniciada a segunda unidade – que será mais prática e propiciará a compreensão das bases e técnicas da confeitaria. 27G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R le it ur a co m pl em en ta r O sabor doce e a subjetividade. A sobremesa, grande representante do sabor doce, traduz clara e evidentemente a afirmação de que o homem busca prazer ao alimentar-se. A sobremesa é muito mais que o último prato de uma refeição, ela tem uma carga imaginária extremamente rica em significados e símbolos. Sinal de recompensa, emblema do convívio e também do conforto, ela é mais um objeto de desejo que um prato. Sobretudo, a sobremesa é associada à nostalgia, ao gosto e às sensações de “ontem”, a recordações de épocas e tempos passados. O homem obtém facilmente a energia necessária e suficiente para sobreviver e desenvolver suas atividades diárias ao consumir alimentos que forneçam calorias. Da mesma forma, a quantidade de açúcar necessária ao corpo humano pode ser facilmente suprida pelo consumo de frutas, por exemplo. Quer dizer, uma bela fatia de torta de chocolate ou uma maravilhosa mousse de frutas vermelhas não são exata- mente necessárias ou essenciais ao homem. Aliás, o consumo de uma sobremesa se dá exatamente por prazer, pela satisfação de um desejo; questões muito mais emocionais, psicológicas e culturais que fisiológicas. Ao interessar-se particularmente pela aparência, pela apresentação e pelo modo de preparo de um prato ou de uma sobremesa, tocamos em conceitos que dizem respeito à gula. Não no sentido de exagero, privação, proibição e desobediência (que são também ligados frequentemente ao consumo do doce), mas ao outro significado que os franceses atribuem também à palavra gourmandise, que está relacionado a “ser gourmet”, a saber degustar e apreciar um alimento, mas também o momento e o contexto em que este está inserido. Segundo a TNS – Sofres12, a população francesa traduz ou entende a gourmandise por expressões como “momentos gourmands”, prazeres, bem-estar. Uma combinação de momentos e sensações com alimentos que são, para dois terços dos franceses, doces. Na França, a “sobremesa dos sonhos” deve aliar o prazer gustativo ao equilíbrio nutricional. Mas, para a maioria da população, a verdadeira sobremesa dos sonhos é aquela de suas infâncias. Preferência e atração, desejo e prazer, tentação e satisfação, somados a afeto, encantamento, compartilhamento e nostalgia, traduzem todo o verdadeiro significado da sobremesa. Algumas delas oferecem mesmo o sabor e a lembrança de um momento exato. Não se trata necessariamente de uma sobremesa extraordinariamente elaborada, mas igualmente ou principalmente de uma sobremesa simples, mas que remete a momentos inesquecíveis de intercâmbio sensorial C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a le it ur a co m pl em en ta r e emocional. Uma sobremesa é normalmente compartilhada, em inúmeros sentidos. Comemos uma fatia de torta, uma colherada de mousse, uma parte de um todo que será compartilhado. Raramente uma sobremesa é preparada para ser consumida por uma só pessoa. O prazer que a sobremesa proporciona não é simplesmente o do gosto, trata-se do prazer do convívio. Segundo Joanne Chen, “a sobremesa parece sempre ter enfatizado o lado humano da refeição. [...] Ela sugere que as pessoas estão apreciando o momento e a companhia dos demais participantes e querem estender este convívio”. A sobremesa não é simplesmente um prato, e sim um momento carregado de sentimentos e símbolos. Ela é igualmente e constantemente atrelada a festas e comemorações. Determinadas sobremesas não são apenas associadas a celebrações, mas são o próprio símbolo destas. Não se imagina, por exemplo, uma festa de aniversário sem o bolo e suas velas. Além de tal conotação, as sobremesas são igualmente sinônimo de gratidão, afeto, recompensa e conforto. Costuma-se retribuir um convite, trazendo ao anfitrião uma bela torta, um belo doce, muito mais comumente que qualquer prato salgado. Preparamos, servimos e oferecemos uma sobremesa para satisfazermos e reunirmos aqueles que amamos. Fonte: Coró (2011, p. 193-226). 29G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R at iv id ad es d e es tu do1. Analise as alternativas abaixo e assinale a correta: a. O açúcar, primeiro adoçante a ser utilizado pela humanidade, era um produto raro e caro. b. O mel era considerado o “alimentodos deuses” e foi o primeiro adoçante a ser utilizado. c. O açúcar da beterraba surgiu a partir do descobrimento do Novo Mundo, oriundo das Ilhas do Caribe. d. O açúcar da cana sempre foi um produto acessível, principalmente aos menos favorecidos. e. Todas as alternativas estão corretas. 2. Analise as afirmações abaixo:. I. Antonin Carême, considerado o “rei dos cozinheiros”, escreveu os primeiros livros destinados à confeitaria. II. Poppelini, confeiteiro de Catherine de Médici, foi o criador da massa choux. III. Antonin Carême foi o criador do merengue, um clássico da confeitaria. Assinale a alternativa correta: a. Apenas I e II estão corretas. b. Apenas II e III estão corretas. c. Apenas I está correta. d. Apenas III está correta. e. Nenhuma das alternativas está correta. 3. Assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F) e em seguida escolha a alternativa correta: ( ) A confeitaria não deve ser considerada uma ciência, conseguimos executar os preparos sem medidas exatas, obtendo um resultado satisfatório. ( ) O Japão está se destacando por sua confeitaria, uma característica dos seus preparos é o uso moderado de açúcar. ( ) O profissional da confeitaria deve ser criativo e preciso em suas preparações. Assinale a alternativa correta: a. F - V - V c. V - F - F e. F - V - F b. V - V - V d. F - F - F C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a m at er ia l c om pl em en ta r PÂTISSERIE - ABORDAGEM PROFISSIONAL Michel Suas Editora: Cengage Learning Sinopse: “Pâtisserie - Abordagem profi ssional” é um guia abrangente direcionado a estudantes, profi ssionais e entu- siastas. A obra buscou combinar fundamentos da tradição e abordagem moderna de métodos e técnicas. É destinado a ajudar professores, padeiros e chefs pâtissiers a acompa- nharem os desenvolvimentos dos ingredientes, dos pro- dutos e apresentações da indústria. As fórmulas/receitas são baseadas em uma variedade de métodos e processos considerados clássicos. 31G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R re fe rê nc ia s CORÓ, G. A sobremesa francesa dos anos 1950 aos anos 2000: evolução, consumo e patrimônio. História: Questões & Debates, Curitiba, n. 54, p. 193-226, jan./jun. 2011. Editora UFPR. CURLEY, W.; CURLEY, S. Pâtisserie: arte e técnica para profissionais. Barueri, SP: Manole, 2015. FLANDRI, J. L; MONTANARI, M. História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 2007. FREIXA, D.; CHAVES, G. Gastronomia no Brasil e no Mundo. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2008. GISSLEN, W. Panificação e confeitaria profissionais. Barueri, SP: Manole, 2012. McGEE, H. Comida e cozinha: ciência e cultura da culinária. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011. RIBEIRO, C. M. A. Confeitaria. São Paulo: Hotec, 2006. SUAS, M. Pâtisserie: abordagem profissional. São Paulo: Cengage Learning, 2011. Referências on-line: 1 <http://essenciastudio.com.br/chantilly/>. Acesso em: 13 dez. 2015. Técnicas da Confeitaria CAROLINA CARMONA DIAS A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Principais utensílios e ingredientes • Técnicas profissionais e principais preparos básicos • Grandes clássicos da confeitaria • Conhecer e identificar os principais utensílios e ingredientes uti- lizados na confeitaria, bem como aplicá-los de maneira adequada ao preparo a ser elaborado. • Desenvolver as técnicas profissionais aplicadas à confeitaria, co- nhecer e elaborar os preparos básicos da confeitaria. • Conhecer e elaborar os principais preparos da confeitaria. Plano de Estudo Objetivos de Aprendizagem IntroduçãoIntrodução Olá, aluno(a)! Nesta unidade, serão indicados os aspectos importantes sobre as produções na confeitaria. Primeiramente, serão conhecidos os principais ingredientes utilizados, suas funções e especifi- cidades, como, por exemplo, o uso do leite e seus derivados; os diversos tipos de açúcares e suas características, a elaboração de caldas e caramelos; técnicas de como trabalhar com o chocolate e os seus tipos encontrados hoje. Em seguida, será descrito o uso e a aplicação dos utensílios utilizados na confeitaria, enfatizando suas funções. Após o conhecimento desses dois aspectos relevantes para execução dos preparos com habilidade, serão enfocados os aspectos mais práticos. A princípio, serão realizadas explicações sobre as massas básicas clássicas, como as massas quebradiças (pâté sucrée, pâté sablée, pâte brisée), as massas para bolos aeradas e cremosas, massas líquidas para crepes e waffles, massa folhada, para o preparo de clássicos como o mil folhas e pâte à choux, massa versátil da confei- taria, utilizada para o preparo de grandes clássicos como: éclairs, Paris-Brest, torta Saint-Honoré e vários outros preparos. Em seguida, serão informados ingredientes e os métodos de preparo dos merengues (francês, italiano e suíço), explicando as principais diferenças entre os três; e cremes básicos, entre eles os clássicos crème pâtissière, creme anglaise, creme chiboust, creme mousseline, creme de amêndoas, creme de manteiga, crème légère. Por fim, esta unidade será encerrada com a descrição sobre os preparos clássicos, sendo possível perceber a utilização das bases estudadas para a execução de preparos tradicionais. Assim, serão analisadas as bases utilizadas para o preparo e as finalizações de doces tra- dicionais, como o mil folhas, bolo ópera, charlotte, mousses, soufflé, éclair, macarons e outras sobremesas clássicas. 35 C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a 37G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Principais Utensílios & Ingredientes Aluno(a), veremos que utilizar ingredientes de qualidade é funda- mental para obtermos um bom resultado nas preparações. Cada ingrediente confere uma característica específica aos preparos; em seguida conheceremos os principais ingredientes utilizados na confeitaria e sua melhor utilização. Após estudar- mos esses ingredientes, iremos compreender o uso dos utensílios voltados para a confeitaria, suas funções e manuseamento. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Açúcares Na unidade anterior, relatamos um pouco da história do açúcar, a forma como ele infl uencia na confeitaria e sua importância para a evolução. Atualmente, são encontrados diversos tipos de agentes adoçantes com características e fi nali- dades diferentes para cada preparo. Com frequência usa-se o termo açúcar para referir-se aos tipos mais comuns de açúcar refi - nado derivados da cana-de-açúcar ou da beterra- ba. O nome químico desses açúcares é sacarose. No entanto, outros açúcares de estrutura quí- mica diferente também são usados. (GISSLEN, 2012, p. 67) Caramelização é o nome dado a uma reação química que ocorre quando o açúcar é aque- cido e suas moléculas começam a quebrar. Essa reação leva a uma cascata química na qual formam-se centenas de novos e dife- rentes componentes – alguns intensamente aromáticos, outros amargos e ainda compos- tos que apresentam cor, tornando o cara- melo tão aromático e de cores tão variadas. Fonte: Bergamo (2009, p. 35). 39G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R A seguir, alguns tipos de açúcares existentes: • Açúcar Cristal: é um açúcar branco com cristais transparentes. É submetido a processo de refinamento e possui uma granulometria maior. Seu uso é muito comum em caldas. • Açúcar Refinado: passa pelo processo de refinamento, deixando-o muito branco e perdendo todas as suas vitaminas e sais minerais. Com granulometria menor que o açúcar cristal, é um dos tipos mais utilizados na confeitaria. • Açúcar de Confeiteiro: é o açúcar branco mais refinado e fino entre todos os açú- cares. São ideais para merengues e glacês. • Açúcar Impalpável: é o açúcar de confei- teiro que recebe um refinamento especial e é acrescido de amido. • Açúcar Mascavo: açúcar escuro, produzi- do do açúcar bruto da cana. Possui umagrande quantidade de umidade, cristais revestidos por cerca de 6% de melaço e sabor mais acentuado. Devido a grande quantidade de umidade, deve ser guar- dado em um recipiente hermético. • Açúcar Demerara: açúcar escuro, porém mais claro que o mascavo. Também é revestido por melaço, porém em menor quantidade, cerca de 2%. Os grãos são cristais e maiores e apresentam menor umidade do que o açúcar mascavo. • Açúcar invertido: para produzi-lo, o açúcar é misturado com água e adiciona- do ácidos com uma enzima de sacarose. A partir disso, ocorre uma reação em que há a quebra da enzima de sacarose, resul- tando em moléculas de frutose e glicose. Desse modo, resulta em um líquido não cristalizado. • Melaço: com sabor acentuado e bastante doce, o melaço é o subproduto resultante do refino do açúcar. • Melado: produzido a partir da rapadura solidificada ou diretamente do suco da cana, também é chamado de “xarope da cana”. • Mel: açúcar invertido natural, ele possui acidez e pode existir variações de sabor e cor de acordo com o local em que ele é produzido. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Caldas e caramelos Quando trabalhamos com caldas de açúcar e ca- ramelos, devemos ter uma atenção especial com as temperaturas adequadas para alguns preparos. • Calda para umedecer: 100°C. • Mesma quantidade de açúcar e água. • Ponto de bala mole: 116°C a 119°C. • Ponto de bala dura: 120°C a 127°C. • Caramelo claro (amarelado): 151°C a 160°C. • Caramelo escuro (amargo): 161°C a 170°C. Os açúcares têm uma característica em comum, que deve ser compreendida por padeiros e confeiteiros: eles são higroscó- picos. Isso significa que atraem e retêm a água. Alguns açúcares são mais higroscó- picos que outros. A frutose, por exemplo, é muito mais higroscópica que a sacarose (açúcar comum). Fonte: Gisslen (2012, p. 67). Farinha de trigo Na confeitaria é empregada a chamada farinha de trigo mole. Uma das características de tal farinha é o baixo teor de proteínas e textura macia. Já que as preparações confeiteiras são mais delicadas, leves e não devem obter o desen- volvimento do glúten, a farinha de trigo mole é a ideal para a produção de receitas. Aproveite o conteúdo estudado na discipli- na de Panificação Clássica e aprimore seus conhecimentos sobre os tipos de farinha. 41G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Ovos Os ovos são ingredientes essenciais na con- feitaria, e o seu uso é bastante diversificado. Podem ser usados inteiros (clara e gema), somente a clara (clara em neve) ou ainda so- mente a gema – de acordo com as caracterís- ticas do preparo é que será definida a forma de utilizá-los. Os ovos são um dos principais ingredientes da pâte à choux, por exemplo. São responsáveis pelo crescimento dessa massa em que não é utilizado nenhum tipo de agente fermentador. Somente a umidade incorporada pelos ovos é capaz de formar vapor no interior da massa, aumentando o seu volume. Na maioria dos preparos, utiliza-se a clara em ponto de neve. Para atingir esse ponto, deve-se conhecer duas proteínas importantes: a albumina e a globulina. Por meio dessas proteínas é que se atinge o ponto de neve. No início, essas proteínas possuem formato de espiral e, quando empregada força física (por meio das rotações da batedeira ou fouet), o espiral vai desenrolando e incorporando ar, estruturando, assim, a clara em neve. No en- tanto, ao batermos demais a clara, ela vai desna- turando, liberando água e desestruturando toda a clara batida. Nesse sentido, deve-se estar atento(a) ao tempo em que a clara é batida para não perder todo o trabalho e comprometer a preparação. Leite e derivados A seguir, detalha-se o leite e os seus derivados. • Leite: quase que a totalidade do leite e derivados utilizados na confeitaria é proveniente da vaca. Apenas algumas receitas muito específicas é que utilizam o leite de cabra, ovelha ou búfala. • Creme de leite fresco: ao batermos o creme de leite com açúcar, temos o creme chantilly. Rico em quantidades de gordura, difere-se em vários aspectos do creme de leite de cai- xinha, sendo o fresco com uma qualidade superior. Nos preparos em que se utiliza creme de leite, dê preferência ao fresco. • Manteiga: é produzida por meio de uma emulsão do creme de leite que, após certo tempo, começa a desprender o soro (leitelho) de uma massa compacta. Ao retirar o soro, a massa, que possui cerca de 80% de gordura, é a manteiga. São comercializadas manteigas com sal e sem sal. Entretanto, na maioria das preparações da confeitaria são utilizadas a manteiga sem sal. • Leitelho: também chamado por butter- milk, é o soro resultante do batimento do creme de leite para obter manteiga. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Possui uma acidez característica. É pos- sível encontrar o leitelho industrializado ou, então, produzi-lo de forma artesanal. • Leite condensado: leite que teve 60% de seu líquido evaporado e acrescido de uma grande quantidade de açúcar – possui uma consistência cremosa –. Principal ingrediente para a produção do tradi- cional brigadeiro. • Leite em pó: é o leite integral ou des- natado que passou pelo processo de de- sidratação, transformando-se em pó e aumentando sua durabilidade. Chocolate Sobre o chocolate, Gisslen (2012, p. 91) explica que O chocolate e o cacau em pó são obtidos a partir das sementes do cacau. As sementes passam por um processo de fermentação e são torradas e moídas. O produto resul- tante, chamado de liquor, contém uma gordura esbranquiçada ou amarelada, a manteiga de cacau (grifo da autora). Não há dúvidas de que o chocolate é um dos ingredientes mais marcantes da confeitaria. Por ser um produto complexo a ser trabalhado, muitos já tiveram problemas ao utilizá-lo. Por isso, faz-se necessário desmistificar o processo de manuseio e, assim, obter um bom resultado com esse ingrediente tão estimado. O chocolate é um produto delicado e que necessita de cuidados especiais para a sua perfeita conservação. Primeiramente, o chocolate deve ser armazenado em um local fresco, arejado e inodo- ro. O chocolate possui a capacidade de absorver todos os tipos de odores, os quais resultam em tornar o produto com sabor desagradável. Em sua estocagem não deve haver umidade e oscilações nas temperaturas, sendo a temperatura ideal de armazenagem entre 18°C a 22°C. Portanto, nunca guarde chocolate na geladeira. Detalham-se, a seguir, os tipos de chocola- tes encontrados no mercado: • Manteiga de Cacau: é a gordura extraída da massa pura de cacau (liquor). • Chocolate Amargo ou Puro: composto por massa de cacau pura, também co- nhecida como liquor e manteiga de cacau. Não possui nenhum tipo de adoçante e sua coloração é mais escura que os demais tipos de chocolates. • Chocolate Meio-Amargo: composto por massa de cacau pura (liquor), manteiga de cacau e adoçado levemente. • Chocolate Ao Leite: possui uma menor quantidade de massa de cacau pura, é mais adoçado do que o chocolate meio amargo e acrescido de leite em pó. • Chocolate Branco: não possui massa de cacau pura, é composto basicamente por sólidos lácteos, açúcar e manteiga de cacau. Algumas marcas utilizam outras gorduras no lugar da manteiga de cacau, tornando um produto com qualidade inferior. 43G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R • Cacau em pó: é produzido a partir da massa de cacau pura, no qual se extrai uma porção de gordura com prensa hi- dráulica e que resulta em um produto bastante ácido. Por isso, alguns passam por um processo de alcalinização suavi- zando seu sabor. • Chocolate em pó: produzido a partir da mistura de cacau em pó e açúcar. Ao trabalhar com chocolate, o que mais gera dúvidas e receio é a técnica chamada de tem- peragem ou têmpera. Por ser a pré-cristalizaçãodo chocolate, é nessa etapa que ocorre a forma- ção de cristais que serão responsáveis pelo seu endurecimento, brilho e textura no chocolate. Dessa forma, a técnica é aplicada somente para execução de alguns preparos que necessitem se solidificar após o derretimento, como ovos de páscoa, arabescos, bombons e também algumas decorações; já para o preparo de cremes, caldas, mousses e recheios com chocolate, não se faz necessário o emprego da têmpera. Suas (2011) descreve que o chocolate que não passa pelo processo de temperagem leva um longo tempo para endurecer e apresenta um acabamento sem brilho e com aspectos esbranquiçados. O primeiro passo para uma têmpera de qua- lidade é o derretimento do chocolate. Conforme explanado anteriormente, o chocolate é um pro- duto delicado e, sobretudo nesta etapa, requer um cuidado especial. É possível realizar o der- retimento em banho-maria ou micro-ondas. Caso opte pelo método em banho-maria, deve- -se tomar um cuidado especial para que a água do recipiente ou o vapor não entre em contato com o chocolate, pois esse contato causa uma reação chamada seizing, transformando-o numa pasta; se utilizar o micro-ondas para derretê-lo, a potência do equipamento deve ser diminuída e a cada 30 segundos o chocolate deve ser mistu- rado até ficar totalmente líquido. Em ambos os processos, é essencial que o chocolate deva estar com temperatura entre 45°C a 50°C. Se exceder essa temperatura, ele sofre um superaquecimen- to modificando seu sabor e sua textura. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Passo a passo da temperagem Tablage 1. Corte o chocolate em tamanhos peque- nos, para auxiliar no processo de derre- timento. (imagem 1) 2. Derreta o chocolate em banho-maria ou micro-ondas; a temperatura deve estar entre 45°C a 50°C. (imagem 2) 3. Despeje o chocolate preferencialmente em uma bancada de mármore e com o auxílio de uma espátula e um termôme- tro; conforme o chocolate vai resfriando, ele começa a engrossar e os cristais co- meçam a estabilizar. Resfrie até a tempe- ratura indicada: chocolate branco 27°C, chocolate ao leite 28°C e chocolate meio amargo 29°C. Este é o método de tem- peragem mais eficaz. (imagem 3,4 e 5.) Existem outros tipos de temperagem, segue abaixo o passo a passo de algumas delas: Indução 1. Corte o chocolate em tamanhos peque- nos, para auxiliar no processo de der- retimento. Separe 20% desse chocolate cortado e reserve. 2. Derreta os 80% restante do chocolate, em banho-maria ou micro-ondas, a tem- peratura deve estar entre 45°C a 50°C 3. Adicione os 20% do chocolate reser- vado aos 80% do chocolate derretido, misture bem até que todo o chocolate esteja fluido. Assim o chocolate estará temperado. Banho-maria invertido 1. Derreta o chocolate em banho-maria ou micro-ondas, a temperatura deve estar entre 45°C a 50°C. 2. Adicione o chocolate derretido em um recipiente e faça um banho-maria inver- tido (adicionar água gelada em um bowl embaixo do recipiente em que está o cho- colate), com o auxílio de uma espátula 1 3 5 2 4 45G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R e um termômetro. Resfrie o chocolate até a temperatura indicada: chocolate branco 27°C, chocolate ao leite 28°C e chocolate meio amargo 29°C. Assim o chocolate estará temperado. Uma pré-cristalização mal executada pode causar um “defeito” no chocolate chamada fat bloom. São traços esbranquiçados que aparecem no chocolate dando o aspecto de mofo, mas que na verdade indicam que a manteiga de cacau migrou para a superfície do chocolate. Porém, esse defeito é reversível. Ao derreter e realizar a temperagem adequadamente, ele pode ser utilizado novamente. Outro “defeito” que pode acontecer ao chocolate é o sugar bloom. Tal problema ocorre quando o chocolate está em contato com a umi- dade e forma gotículas de água. Em seguida, a água condensa e o chocolate apresenta cristais de açúcar na superfície, dando um aspecto de- sagradável ao produto. Apesar da forma mais comum do sugar bloom aparecer por meio do contato com a umidade, o fenômeno ocorre também quando um chocolate armazenado em um local com baixa temperatura é retirado e levado para outro local com temperatura mais elevada. Devido à dificuldade de muitas pessoas trabalharem com a técnica de temperagem, é possível encontrar no mercado alguns produtos que levam o nome de “chocolate para cobertura”. Esse produto é destinado para o uso sem têm- pera. Isso só é possível, pois nesse ingrediente a manteiga de cacau é substituída por outras gorduras, como óleo de palma. Entretanto, seu sabor também sofre alterações, não apresentan- do um paladar tão agradável como o chocolate original. Gelatina Na confeitaria a maioria das receitas que utili- zam gelatinas fazem uso do produto incolor e sem sabor. Gisslen (2012 p. 86) indica que A gelatina é uma proteína solúvel em água extraída do tecido conjuntivo de animais. Quando uma quantidade sufi- ciente de gelatina é dissolvida em água ou outro líquido quente, este se solidi- fica. A gelatina engrossa e gelatiniza-se por causa da característica de suas pro- teínas que, formam longas cadeias (grifo da autora). Existem dois tipos de gelatinas incolores: em pó ou em folha. As duas diferem-se em forma e quantidade para utilização. Todavia, para qualquer preparo é permitido utilizar uma ou outra, ou seja, não há uma especi- ficação, apenas uma preferência do próprio confeiteiro. Para substituir a gelatina em pó pela em folha, a proporção é de 2 ½ folhas para 2 colheres (chá) de gelatina em pó. Vale ressaltar que 30 g de gelatina em pó têm um poder de gelificação equivalente a 15 folhas de gelatina. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Oleaginosas As oleaginosas são ingredientes bem presentes na confeitaria. Por serem ricas em gorduras, é aconselhável tomar cuidado para que elas não se tornem ranças. São encontradas inteiras, laminadas, quebradas ou em outros formatos. Entre as oleaginosas mais utilizadas está a amêndoa – ingrediente principal para vários prepa- ros clássicos, como o marzipã (pasta de amêndoa) –. Outros produtos que se enquadram nesse grupo são os amendoins, castanha-do-brasil, castanha-de- -caju, macadâmia, nozes, pistache, avelã, pinhole e castanha-portuguesa. Das oleaginosas também são obtidos subprodutos, como as pastas e as farinhas. Especiarias Utilizadas em todas as áreas da gastronomia, as especiarias estão presentes para aromatizar e saborizar os preparos. Com a confeitaria não poderia ser diferente. As especiarias são comercializadas inteiras ou já processadas, sendo que a segunda forma apre- senta perda em seu aroma e sabor. Por isso, sempre dê preferência para as especiarias in- teiras, raladas ou moídas na hora. Há uma infinidade de tipos de especiarias, porém as mais utilizadas na confeitaria são a canela, o cravo, o anis-estrelado, o cardamomo, a erva-doce, o gengibre e a baunilha. Considerada a especiaria mais utilizada na confeitaria, a baunilha é originária de uma or- quídea, a baunilheira (Vanilla planifolia). Dessa planta são retiradas favas que, em seguida, são secas. Possuem em seu interior minúsculas sementes aromáticas que são adicionadas às preparações. Também é comum adicionar a fava inteira para extrair o máximo de sabor dos pre- paros. Outra forma de saborizar as preparações é utilizando o extrato ou a essência de baunilha, formas mais econômicas de substituição da fava. 47G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Frutas As frutas são os produtos mais versáteis da con- feitaria e podem ser encontradas frescas, secas, congeladas, cristalizadas e zestes (raspas das cascas de frutas, como laranja e limão). Sempre opte pela utilização de frutas com boa qualidade e, preferencialmente, as da estação – por seremas mais saborosas e mais atrativas visualmente. Fermentos O bicarbonato de sódio é um agente fermenta- dor, porém ele é uma mistura de sabor alcalino e, para ter uma boa eficácia, é preciso estar em contato com um líquido e algum ácido no preparo. O fermento mais utilizado na confeitaria é o fermento químico. Composto por bicarbonato de sódio e alguns ácidos que potencializam sua eficácia; sua ação só inicia ao entrar em conta- to com os líquidos da receita. No entanto, apenas em contato com altas temperaturas é que esse tipo de fermento faz com que os alimentos cresçam. Os fermentos biológicos são leveduras que agem sobre os açúcares. São os ingredientes mais utilizados na panificação. Utensílios para confeitaria Conhecer os utensílios, seus objetivos e seus modos de manuseio é de grande relevância para a perfeita execução das técnicas no preparo das receitas. Cada preparação requer algum utensílio específico – o uso adequado de cada utensílio auxilia e simplifica os métodos de preparo. A seguir, estão detalhados alguns desses materiais e esclarecimentos de seus empregos. • Espátulas de silicone: um dos utensílios mais utilizados; tem a finalidade de in- corporar os ingredientes nos preparos ou então de passá-los de um recipiente ao outro. • Espátulas para confeitar: geralmente de metal, e nos tamanhos pequeno, médio e grande, essas espátulas são utilizadas principalmente para decorações de bolos. • Raspadores: podem ser de plástico ou metal usado para diversos fins, como trabalhar com chocolate e apoio ao sovar algumas massas. • Fôrmas de silicone: formas flexíveis uti- lizadas para preparos mais delicados, encontradas em diversos tamanhos e formatos. • Fôrmas para madeleines: pequenas formi- nhas em formato de “concha”; formato original das famosas madeleines. • Fôrma para bolo inglês: forma retangu- lar, encontrada em diversos tamanhos e materiais. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a • Fôrma com furo no meio: utilizadas para pudins, fl ans e também alguns bolos; existe uma variedade de tamanhos e for- matos, diversifi cando, inclusive, o fundo. • Fôrmas para bolo (assadeiras): tradi- cionalmente com formato redondo ou retangular, encontradas em diversos tamanhos e materiais, como inox, alu- mínio, silicone e com laterais mais altas ou mais baixas. O preparo é que defi nirá a assadeira mais adequada. • Fôrmas de fundo removível: utilizadas em sua maioria para preparar tortas; elas podem ser encontradas em diver- sos tamanhos e são tradicionalmente redondas. Porém, no mercado, já existem com bordas sextavadas e também em formatos retangulares. • Batedor de arame: também chamado de fouet, substitui em alguns casos a bate- deira; é usado para misturar os ingre- dientes aos preparos. Possuem tamanhos e materiais diversifi cados, sendo os de aço inox os mais resistentes. • Tapetes de silicone: ou silpat, são bastante funcionais, antiaderentes e substituem o uso do papel manteiga para forrar as formas. • Rolo de massa: utensílio imprescindível para qualquer confeiteiro. É utilizado para abrir massas e dar o formato de- sejado a elas. • Rolo furador: usado para furar as massas, impedindo que elas estufem durante o forneamento. Usado principalmente nas massas de tortas e alguns preparos de massa folhada. • Aros: são utilizados para montagem de tortas, entremets, com formatos e tama- nhos variados. Encontrados em diversos materiais, como aço inox e plástico. • Cortadores: disponíveis em tamanhos e formatos variados, os cortadores são utilizados para o preparo de biscoitos, decorações, tortas e entremets. • Carretilha: utensílio para cortar ou apenas marcar massas em geral. • Facas: as mais utilizadas na confeitaria são as facas do chef, de serra, de frutas e legumes. Dê preferência para as facas com material de qualidade, aumentando sua durabilidade. • Panelas: utilizadas para o preparo de cremes, molhos, preparos delicados feitos em banho-maria, como o derretimento do chocolate. • Bowls: termo muito empregado na gas- tronomia; os bowls são tigelas de vários tamanhos, muito utilizados não só na 49G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R 49G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R confeitaria, como em qualquer área da gastronomia. • Grade de metal: utilizada para banhar tortas, entremets, monopoções com caldas ou chocolates tortas. A grade fi ca na base do preparo evitando o acúmu- lo da calda em suas bordas, dando uma uniformidade na fi nalização. • Maçarico: usado para fl ambar e carameli- zar. Um dos preparos mais comuns para a utilização do maçarico é o Crème Brûlée. • Bailarina: suporte giratório que apoia bolos e tortas para a sua decoração. • Peneiras: utilizada para peneirar ingre- dientes secos, principalmente nos pre- paros mais delicados. • Termômetros: usados na temperagem do chocolate, nos preparos de cremes, caldas e caramelos. • Bicos de confeitar: há uma grande va- riedade de bicos de confeitar, cada um com formato e aplicações diferentes, mas utilizados sobretudo na decoração de bolos e tortas. • Saco de confeitar: usado juntamente com os bicos de confeitar, o saco de confei- teiro serve como suporte para os cremes que irão ser utilizados para decorar os bolos ou tortas. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a 51G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Técnicas Profissionais & Preparos Básicos Neste tópico, o objetivo será conhecer as técnicas aplicadas aos prin- cipais preparos da confeitaria. Estudaremos as principais massas da confeitaria, seus ingredientes e método de preparo, bem como suas aplicações. Em seguida, será descrito os cremes clássicos e sua composição. Aqui, será possível compreender as bases clássicas da confeitaria, suas diferenciações e aplicabilidade. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Massas quebradiças Inicialmente, será focado como assunto as massas quebradiças, ideais para o preparo de tortas, biscoitos e petit fours. Para o preparo das massas quebradiças, exis- tem duas técnicas básicas, o método sablage e o método crémage. Para executar o método sablage (ou método arenoso) misturam-se os ingredien- tes secos (farinha e açúcar) com a manteiga. Essa mistura é feita com a ponta dos dedos de forma bem delicada até atingir uma aparência de areia. Somente depois são adicionados os líquidos até obter uma massa homogênea. Esse método faz com que a manteiga impermeabili- ze o grão da farinha de trigo, tornando a massa arenosa e quebradiça. A adição dos líquidos ao final do processo impede o desenvolvimento do glúten para essa massa. No método crémage (ou método cremoso) combinam-se a manteiga e o açúcar, que são ba- tidos até formar um creme. Após, adicionam-se os líquidos da receita, como a água e ovos. Por último, os secos são agregados e misturados até se obter uma massa uniforme. Esse método resulta em uma massa mais delicada. A mistura cremosa do início e os secos adicionados ao final fazem com que os líquidos não absorvam a farinha tão rapidamente, evitando, assim, a formação do glúten. Entre as massas quebradiças existem três tipos: • Pâte brisée (método sablage): o termo em francês significa “massa quebrada”. É mais resistente do que as demais. • Pâte sucrée (método crémage): o termo em francês significa “massa açucarada”, muito parecida com a pâte brisée, porém com uma quantidade maior de açúcar e ovos. • Pâte sablée (método sablage): em francês o termo significa “massa aerada” e é uma massa rica que deve ser trabalhada de forma delicada, com menos quantidades de açúcar – se comparada à pâte sucrée –. Ideal para biscoitos e tortas. 53G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Massa Folhada Em francês, usa-se o termo Pâte feuilletée porser uma massa que apresenta várias finas camadas de massa. Essas camadas são criadas ao adicionar man- teiga sobre a massa e, em seguida, são realizadas as dobras necessárias para as lâminas da massa folhada. Intercalando massa e manteiga, quando a massa for assada, a manteiga derrete e gera vapor, fazendo com que as camadas sejam ex- pandidas, tornando-se uma massa leve e delicada. Deve-se tomar o devido cuidado para que, ao abrir a massa, não a rasgue, pois assim a man- teiga não fica aprisionada e acaba escapando, dando um aspecto de massa “crua”. Para obter um melhor resultado, é muito importante que a massa fique um tempo de repouso na câmara frigorífica. Durante a cocção, a gordura presa entre as diversas camadas de massa se derrete, incorporan- do-se a ela. A umidade contida na massa e na gordura se vaporiza sob a ação do calor e fica presa na rede formada pela coagulação do glúten e pela gelatinização do amido presente na farinha de trigo utilizada. (Sebess) C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Para Sebess (2010, p. 51), a manteiga é aquela que dá melhor sabor à massa, porém existe uma margarina termoestável, própria para folhados, à venda nos bons supermercados. Existem três tipos de massa folhada: dobra simples 1. Dobre a massa em três partes iguais, levando as extremidades em direção ao centro. 2. Abra a massa de maneira uniforme, em formato retangular, e repita a dobra simples. Para um folhado de qualidade, o procedimento deve ser repetido, totalizando seis voltas simples. folhado simples 1. Abra a massa em formato de cruz e adicione a manteiga em formato quadrado no centro da massa. Feche as extremidades da massa, cobrindo toda a manteiga. 2. Abra a massa de maneira uniforme, em formato retangular, e faça as dobras de maneira a folhar a massa. 55G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R dobra dupla folhado invertido 1. Dobre a massa em formato de “ livro”, levando as duas extremidades em direção ao centro. 2. Dobre a massa ao meio, assim temos uma volta dupla. 1. Acrescente farinha à manteiga. 2. Sove os dois ingredientes, até a mistura fi car homogênea. 3. Abra essa mistura em formato retangular e leve à geladeira. 4. Adicione a massa sobre a mistura de manteiga e farinha e abra em formato retangular. 5. Faça as voltas simples ou as voltas duplas. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Massas batidas As massas batidas são utilizadas para o preparo de bolos, como pão de ló, genóise, madeleines, bolo mármore e outros preparos. Elas são divididas em dois grupos: cremosas e aeradas. A seguir, conheça as diferenças entre cada uma delas. • Massas batidas cremosas: neste método, comece a bater a manteiga com o açúcar até obter um creme. Após essa mistu- ra, adicione os ovos, os líquidos e, por último, os secos. São massas mais pe- sadas e, por não possuírem nenhuma estrutura aerada, é necessário o uso de algum ingrediente que produza gás car- bônico, como o fermento químico. Exemplos: • Madeleines: pequeno bolo francês em formato de concha – seus ingredientes são: farinha, ovos, açúcar e fermento químico. • Bolo mármore: feito a partir de duas massas (uma branca e uma de chocola- te) – as massas são misturadas, dando característica mesclada ao bolo. 57G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R • Massas batidas aeradas: pode-se iniciar o preparo das massas aeradas batendo os ovos com o açúcar, até se obter uma espuma cremosa e aerada. Adicionam- se os líquidos e os secos ao final, com delicadeza. Outra forma de preparar- mos as massas aeradas é batendo a clara em neve separadamente e adicioná-la ao final do preparo da massa. Essas massas possuem texturas mais leves e, algumas vezes, não é necessário o uso de agente fermentador (como o fermento químico), pois a própria estrutura aerada faz a massa expandir quando assa. Por ser um preparo bastante delicado, de- ve-se tomar cuidado ao misturar os ingredientes. A massa da madeleine precisa obrigato- riamente descansar, fazendo com que o fermento possa ter sua primeira ação com- pleta, para, então, finalizar seu processo no forno, formando a característica almo- fadinha (ou barriguinha) da madeleine. Sem esse descanso, a madeleine se torna um bolinho comum, assado em formato de concha. (Galvão)¹ Exemplos: • Génoise: bolo aerado – o agente fermen- tador da receita são as claras batidas em ponto de neve; finaliza-se com manteiga derretida. • Pão-de-ló: bolo tradicional português, feito com farinha, açúcar e ovos (grande quan- tidade de ovos) – o agente fermentador da receita tradicional também são as claras batidas em neve, embora muitas receitas atuais façam uso de fermento químico. • Biscuit à la cuillère: massa aerada, com- posta por açúcar, amido, ovos e farinha de trigo, não se utiliza nenhum fermento químico – a massa fica aerada apenas pela ação da clara em neve; pode ganhar forma com saco de confeitar. • Biscuit Joconde: massa aerada, próxima ao pão-de-ló, acrescida de farinha de amêndoas. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Massas líquidas e semilíquidas As massas líquidas e semilíquidas são simples de serem feitas e são utilizadas nos preparos de panquecas, crepes, waffle, blini e beignet. • Panquecas: massas feitas com farinha de trigo, leite, açúcar, ovos e manteiga; mistura-se com um batedor de arame (fouet) e em seguida é cozida na frigideira untada com manteiga. • Waffle: a massa de waffle se difere da massa de panqueca, pois se acrescenta fermento químico e claras em neve; a massa é des- pejada sobre a máquina de waffle, dando o formato característico do preparo. Pode ser servido com sorvete, mel, chocolate, entre outros acompanhamentos. • Blini: para Sebess (2010, p. 64), os blinis são importantes para a dieta alimentar russa; têm 10 cm de diâmetro e 1 cm de espessura. A receita autêntica é feita com trigo sarraceno, mas hoje em dia, para um resultado mais leve, acrescenta-se farinha de trigo. A massa de blini é feita à base de fermento biológico, farinha de trigo, ovos, manteiga derretida e sal; ele pode ser servido com mel. • Beignet: massa semilíquida, própria para ser frita, feita à base de ovos, leite, amido de milho, sal e claras em neve – algumas receitas ainda fazem o uso de cerveja na massa –; pode ser utilizada para recobrir frutas para em seguida serem fritas. Pâte à choux Uma das massas mais versáteis da gastronomia, a massa choux é utilizada para vários preparos clássicos da confeitaria. Seu preparo é feito em duas etapas: 1. Cozinha-se a massa com água/leite, man- teiga, açúcar e sal. Em seguida, adiciona- -se a farinha de trigo. 2. Realiza-se a adição dos ovos, um a um, em uma batedeira. Na massa choux não se utiliza nenhum agente fermentador, pois é o vapor liberado pela própria massa durante a cocção que exerce essa função. A cocção da massa choux deve ser iniciada em temperatura alta (190°C a 205°C) e, após os primeiros cinco minutos, a tem- peratura deve ser diminuída para 165°C. 59G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Quando preparada e assada adequada- mente, a pâte à choux tem uma cor doura- da definida, em virtude da alta proporção de ovos. Mesmo quando é assada, essa cor não muda drasticamente. Quando é preparada de modo correto, fica perfei- tamente seca, sem gotas de umidade dos lados ou em cima, e multiplica várias vezes seu volume original enquanto assa. (Instituto Americano de Culinária) Os clássicos da confeitaria que utilizam a massa choux são: éclairs, carolinas, paris-brests, religieuse, profiteroles. Cremes e recheios da confeitaria Tão importantes quanto as massas básicas, os cremes compõem preparos clássicos da confeitaria. Merengues É uma mistura constituída por claras e açúcar. A proporção deve serde 1 (uma) parte clara para 2 (duas) partes de açúcar, por exemplo: se utilizar 100 g de claras, deve-se acrescentar 200 g de açúcar. Existem três tipos de merengues, os quais irão se diferenciar no modo de preparo e não há variação na proporção entre os ingredientes: • Merengue francês: as claras são batidas na batedeira até atingirem o ponto de picos firmes. Imediatamente, ainda com a batedeira em funcionamento, vá adicio- nando o açúcar aos poucos. O dacquoise, base para muitas sobremesas, é um me- rengue francês, acrescido de farinha de amêndoas. • Merengue italiano: é feita uma calda de açúcar em ponto de fio. A calda, ainda quente, é adicionada às claras que estão sendo batidas na batedeira na velocidade mínima. Após despejar toda a calda, aumentar a velocidade da batedeira e bater até que a mistura esfrie por completo. • Merengue suíço: bate-se levemente a clara com o açúcar. Depois, sobre uma panela com água, leva-se para cozinhar, em banho-maria, a mistura, que, ao mesmo tempo, deve ser batida com um batedor de arame (fouet) até atingir uma temperatura entre 45°C e 50°C. Em se- guida, volte a mistura de claras e açúcar à batedeira para formar picos firmes. Deve-se tomar o devido cuidado para que não se ultrapasse a temperatura in- dicada, pois, assim, as claras começam a coagular. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Pâte à bombe Mistura feita com gemas e calda de açúcar batida na batedeira. Como a pâte à bombe permite aerar, os preparos têm bases que requerem leveza, como as mousses. Creme de manteiga Composto por pâte à bombe e manteiga, também pode haver variações, substituindo a pâte à bombe por merengue italiano. Crème Pâtissière ou creme confeiteiro Conhecido por ser um creme base para outras receitas, é composto por leite, gemas, açúcar refinado, farinha de trigo ou amido e fava de baunilha. Por ser de sabor mais suave, não deve ter uma quantidade significativa de açúcar. Creme Chiboust Creme delicado que tem como base o creme de confeiteiro acrescido de gelatina e merengue italiano. Creme chantilly Creme de leite fresco batido com açúcar até formar picos firmes. Para bater o creme chan- tilly, o creme de leite deve estar bastante gelado. Cuidado para não bater além do necessário, pois, assim, a gordura do creme de leite começa a se desprender, virando manteiga. 61G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Crème fouettée Muitos confundem esse creme com o creme chan- tilly, pois o modo de preparo deles são parecidos. Porém não adicionamos açúcar a esse creme – que deve ser batido até formar picos médios. Crème Légère ou creme diplomata Creme confeiteiro acrescido de crème fouettée. Creme Mousseline Creme de confeiteiro acrescido de manteiga, batido até adquirir uma consistência leve. Creme de amêndoas Creme feito à base de manteiga, ovos, farinha de amêndoas. Tudo batido na batedeira. Creme de Frangipane Esse creme é feito a partir do creme de confei- teiro, acrescido de creme de amêndoas. Crème Anglaise ou creme inglês Também é um creme base para muitos preparos. É mais líquido que os demais cremes e tem como base as gemas, creme de leite ou leite e açúcar refinado. Serve como base para sorvetes, mousses e bavaroise Bavaroise A bavaroise é feita a partir do creme inglês, acres- cida de gelatina e crème fouettée. Creme zabaione É obtido batendo-se gemas, líquido (café, lico- res, vinhos) e açúcar em banho-maria até ficar bem cremoso. Ganache A ganache é a mistura de creme de leite com chocolate, podendo também ser saborizada com purê de frutas, licores, especiarias e ervas frescas, como hortelã e menta. Coulis de frutas Molho doce, feito a partir de frutas frescas, acrescido de açúcar ou não, possui textura mais líquida do que a geleia. Creme Caramelo Creme feito à base de açúcar derretido até o ponto desejado do caramelo, em seguida se acrescenta creme de leite; mistura-se até obter um creme homogêneo. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a 63G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Grandes Clássicos da Confeitaria Após conhecermos as bases utilizadas na confeitaria, iremos estu- dar os doces clássicos, que em sua maioria utilizam massas e cremes básicos em suas composições. A partir deste tópico conheceremos a elaboração desses clássicos. Além disso, contamos ao final da unidade com uma receita especial: Entremet de limão, morango e muffin de castanha de caju, em que você, caro(a) aluno(a), poderá acessar por meio do aplicativo de leitor QR Code diretamente pelo seu dispositivo móvel e assistir o passo a passo do preparo. Mire na imagem e divirta-se! C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Mousses O termo em francês significa espumosa, aerada. São preparações delicadas feitas a partir de um agente aerador, seja ele merengue, pâte à bombe, zabaione ou creme batido (crème fouettèe). Além desse agente, outro componente da mousse são os cremes leves, como o purê de frutas ou cremes bases. Pode ser utilizada como sobremesas e recheios. Tarte Tartin Conta a história que essa torta surgiu de um erro da irmãs Stéphanie e Caroline Tatin, em um pequeno hotel. Quando Caroline foi tirar a torta de maçãs do forno, a sobremesa caiu de cabeça para baixo. No entanto, as irmãs serviram a torta aos clientes dessa forma e fizeram muito sucesso. A sobreme- sa é composta por massa folhada, maçãs caramelizadas Cheesecake O cheesecake é uma sobremesa de origem americana, muito famosa na cidade de Nova York; é composto por um creme à base de cream cheese (um leve creme de queijo) e tem como estrutura uma fina camada de massa quebradi- ça, finalizada com um coulis ou geleia de frutas vermelhas. Hoje, o cheesecake possui várias releituras, como: cheesecake com calda de damasco, goiabada e até mesmo maracujá, além de levar na compo- sição de seu creme, doce de leite e em algumas receitas ainda acrescentam creme de avelã. 65G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Mil-folhas Doce aperfeiçoado por Marie Antonin Carême; é composto por três camadas de massa folhada intercaladas com crème pâtissière e finalizado com açúcar de confeiteiro, e seu formato tradi- cional é retangular. Saldanha (2015, p. 188) nos informa que o mil-folhas foi aperfeiçoado por Carême – na receita original, de sua autoria, o doce tem 729 camadas de massa intercaladas com 729 camadas de manteiga; existe um mil- -folhas oval, conhecido como Napoleon. com texturas e formatos diferentes. Fraisier Clássica sobremesa de morango, tem em sua base genóise, creme mousseline e pasta de amêndoas (marzipan), decorados com morangos ao redor. Crème Brûlée Sobremesa tradicional francesa, o termo brûlée, em francês, significa queimado. A origem do creme brûlée é intensamen- te debatida entre os ingleses, espanhóis e franceses, todos reivindicam para si a criação desse prato clássico, um creme suave com açúcar caramelizado por cima. O creme brûlée é imprescindível no car- dápio de muitos restaurantes hoje e é apresentado em uma rica variedade de sabores. (SUAS, 2011 p. 289) A composição do creme é: creme de leite fresco, fava de baunilha, gemas, ovos e açúcar. Por ser um preparo delicado, deve ser assado em banho-maria. No momento de servir o creme, pulverize uma camada de açúcar sobre o creme e, em se- guida, queime o açúcar com um maçarico. Pavlova Sobremesa criada em homenagem a bailaria Ana Pavlova, é composta por merengue fran- cês acrescido de vinagre para que o miolo fique macio, com recheio de creme diplomata e fina- lizada com frutas. Éclair Conhecida no Brasil como bomba, a éclair é feita a base de pâte à choux, com recheios variados, sendo a mais clássica com recheio de crème pâ- tissière e também com creme de café. Entremets O termo em francêssignifica “entre meios”. É uma sobremesa composta por vários elementos C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Verrines Preparações montadas em copos ou taças. Seu nome faz referência à palavra francesa “copo”. São dispostas em camadas, dessa forma apre- sentando um grande apelo visual. Charlotte Sobremesa francesa, à base de biscuits a la cuillère e recheada por creme bavaroise – algumas recei- tas substituem o biscuits a la cuillère por bolacha champanhe. Soufflê Preparo muito aerado à base de um creme sa- borizado. Podendo ser chiboust, ganache, purê de frutas, mas acrescido de claras em neve (in- dispensável, pois é o agente aerador da receita). Após assado, deve ser servido imediatamente. É possível encontrar o soufflê gelado, que tem como base o merengue italiano. Saint-honoré Torta criada pelo confeiteiro francês Chiboust, em homenagem ao santo padroeiro dos confei- teiros, Saint Honoré. A torta é composta por massa folhada, creme chiboust (que leva o nome do confeiteiro) e carolinas passadas na calda de caramelo. Mont Blanc Sobremesa feita em homenagem à famosa montanha Mont Blanc. É composta da seguin- te forma: base de dacquoise, creme chantilly e creme de castanhas portuguesas. Bolo ópera Tem como base o biscuit joconde, creme de manteiga com café, ganache de chocolate meio amargo e calda de café. Paris-brest Feito por um confeiteiro para homenagear uma corrida de bicicleta que ia de Paris à Brest, a so- bremesa é um clássico. Feita com pâte à choux e 67G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R recheada com creme de amêndoas, tem o forma- to redondo, lembrando a roda de uma bicicleta. Macarons Doce tipicamente francês em formato arre- dondado à base de merengue francês e farinha de amêndoas, sua maior característica são as casquinhas crocantes, coloridas, com recheio cremoso, que pode ser uma ganache saboriza- da, creme de amêndoas, castanhas, coco, entre outros sabores. O delicioso doce macaron, uma espécie de suspiro à base de amêndoas em pó, crocante por fora e macio por dentro, fez muito sucesso na corte do rei Luís XVI. O nome original do docinho era macche- rone e chegou à França com a comitiva de Catherine de Médicis, a famosa aristocrata florentina que regeu a França no século XVI. Fonte: Freixa e Chaves (2008, p. 109). Petit four Pequenos doces, biscoitos, recheados ou não, servidos como acompanhamento de um chá ou café. Sfogliatella Doce italiano tradicional, feito com massa fo- lhada e recheado com creme de ricota; possui formato triangular. Crepes Massa líquida de preparação descomplicada, à base de farinha, ovos, manteiga, açúcar, leite e sal. Seus recheios são variáveis, sendo o Crêpe Suzette, o mais clássico entre os franceses – com recheio de laranja, flambado no licor de laranja. Pithivier Torta feita de massa folhada, redonda e com as bordas em formato de conchas, recheada tradi- cionalmente com creme de amêndoas, porém já possui variações em seu recheio. C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a co ns id er aç õe s fi na is Prezado(a) aluno(a), com a conclusão da segunda unidade, já foi possível conhecer os conceitos básicos da confeitaria clássica. Identificar os principais ingredientes utilizados e suas aplicações, os diferentes tipos de açúcar, assim como os variados tipos de chocolate, seus “defeitos” e os métodos para evitá-los. Você pôde perceber que os ingredientes de qualidade são fundamentais para um preparo de qualidade. Ao conhecer os utensílios e suas finalidades, esclareceu-se que eles proporcionam o aperfeiçoamento das técnicas a serem aplicadas. No decorrer da unidade, foi realizada a compreensão das principais massas da con- feitaria, a identificação das diferenças entre os três tipos de massas quebradiças (pâte sucrée, pâte brisée e pâte sablée) e as diferentes massas batidas (aerada e cremosa), massas líquidas e semilíquidas, bem como seus métodos de preparo. Além disso, possibilitou o reconhecimento da massa folhada e também a massa choux (pâte à choux). Estudou-se os cremes clássicos da confeitaria, bem como seus ingredientes e modo de preparo. Sendo assim, pode-se distinguir com facilidade o creme anglaise do creme de confeiteiro e principalmente as diferenças do creme chantilly para o creme fouettée – que são comumente confundidos. Após tomar conhecimento das bases da confeitaria separadamente, pode-se en- tender os preparos clássicos que utilizam as massas e os cremes já estudados em sua composição, como a pavlova (tem como base o merengue francês) e a torta fraisier (que possui como base a genóise e o creme chiboust). A seguir iniciaremos nossa terceira e última unidade, que abrangerá os aspectos da confeitaria brasileira. 69G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Objetivos: Realizar o preparo de uma sobremesa em camadas, bem como uma glaçagem, com um toque de modernidade. Metodologia: Confeitaria Moderna Tipo de prato: Sobremesa de vitrine Rendimento: (quantidade / porção): 1 un. Preparo: 8 horas aproximadamente. Utensílios: • Forma removível; • Aro com diâmetro um pouco menor que a forma (conforme demonstrado em aula); • Filme plástico; • Espátula de silicone; • Panela; • 2 Espátulas; • 1 Assadeira; • Grelha; • 1 Prato; • 1 cornet (papel manteiga); • Bowl; • Termômetro; • Mixer; • Batedeira. C H E F | L U C A S C O R A Z Z A Acesse por meio do aplica- tivo de leitor QR Code, dire- tamente do seu dispositivo móvel e assista ao passo a passo do preparo. de limao, morango e muffin de castanha de caju C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a Para o Coulis de morango 120 g de açúcar; 200 g de morango; 10 g de suco de limão; 4 g de gelatina hidratada (4 g gel + 24 g de água). Para o Muffin de castanha de caju 115 g de farinha de trigo; 165 g de açúcar; 3 g de sal; 8 g de fermento em pó; 50 ml de óleo; 70 g de castanha de caju triturada; 5 claras; 80 g de açúcar; Gotas de limão. Para o Mousse de limão 60 g de suco de limão; 25 g de creme de leite fresco; 50 g de manteiga pomada; 40 g de glucose; 2 g de zest de limão; 40 g de açúcar refinado; 4 g de amido de milho; 65 g de ovos (1 ovo); 21 g de mix de gelatina (3 g gelatina em pó hidratada com 18 g de água); 15 ml de gelatina derretida. 71G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R Glaçagem de chocolate branco 150 g de água; 300 g de açúcar refinado; 300 g de glucose de milho; 200 g de leite condensado; 140 g de mix de gelatina (20g de gelatina com 120g de água); 300 g de chocolate branco; Corante a gosto. Para o Coulis de morango 1. Pegue o aro sem a parte de baixo. Com um filme plástico cubra a parte de cima da forma e passe-a sobre o fogo baixo até que o plástico grude na lateral da forma (conforme demonstrado na aula conceitual); 2. Em uma panela, leve ao fogo o morango, a água e o açúcar para cozinhar até que atinja 40oC. Deixe os morangos amolecerem; 3. Desligue o fogo e adicione o suco de limão e a gelatina hidratada na panela; 4. Despeje dentro da forma removível, já com o filme plástico, espalhando os ingredientes; 5. Mantenha refrigerado até a hora do uso. Para o Muffin de castanha de caju 1. Em um bowl, mexa as castanhas de caju, o açúcar, a pitada de sal e o fermento em pó; 2. Bata as claras em neve com açúcar até atingir o ponto de picos macios; 3. Adicione suco de limão nas claras; C o n f e i t a r i a C l á s s i c a e B r a s i l e i r a 4. Com o auxílio de uma espátula, adicione os secos mexendo delicadamente, envelopando os ingredientes para não empelotar; 5. Por fim, adicione o óleo, lembrando sempre de mexer debaixo pra cima para não empelotar as claras; 6. Pegue a assadeira untada com farinha; 7. Espalhe com uma espátula para ficar lisa e uniforme e leve ao forno pré-aquecido a 170ºC. Para o preparo do mousse de limão 1. Em uma panela, ao fogo baixo, misture
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