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ARIELY MESANINI TUTORIA 6 – FORMAÇÃO DO PENSAMENTO Marcos do DNPM, estímulos e orientações aos pais Período caracterizado pelo aprimoramento das habilidades até então adquiridas, em especial a capacidade de comunicação, locomoção (andar e correr com segurança, subir escadas, etc.), manuseio de objetos e jogos simbólicos. É a idade do explorar e do brincar. A capacidade de elaboração simbólica (falar de si, ser criativo na linguagem, pensar sobre si mesmo) vai gradativamente aumentando ao longo desse período. 24 MESES Motor: corre bem, sobe e desce escada, abre portas, sobe nos móveis. Adaptativo: constrói torre de sete cubos, risca em padrão circular. Linguagem: usa frase. Social: ajuda a tirar a roupa, conta experiências imediatas, escuta histórias quando são mostradas figuras. 30 MESES Motor: sobe escada alternando os pés. Adaptativo: constrói torre de nove cubos, imita círculos. Linguagem: refere-se a si mesmo por pronome “eu”, diz seu nome e nomeia objetos como seus. Social: controle esfincteriano. 36 MESES Motor: pedala, fica momentaneamente num pé só. Adaptativo: constrói torre de dez cubos, cópia círculos. Linguagem: sabe idade e sexo, conta três objetos. Social: joga jogos simples, lava a mão, ajuda a se vestir. 48 MESES Motor: mantém-se em um pé só, joga bola, usa tesoura para cortar. Adaptativo: cópia cruz e quadrado, desenha um homem com 2 a 4 partes além da cabeça. Linguagem: conta histórias. Social: brinca com várias outras crianças, vai ao banheiro sozinho. 60 MESES Motor: consegue saltar. Adaptativo: cópia triângulo, distingue o mais pesado de dois objetos. Linguagem: nomeia quatro cores. Social: veste-se e despe-se, pergunta sobre o significado das palavras. ARIELY MESANINI Marcos da fase pré-escolar: ESTÍMULOS COM BRINQUEDOS Os primeiros anos de vida têm sido considerados críticos para o desenvolvimento das habilidades motoras, cognitivas e sensoriais. É neste período que ocorre o processo de maturação do sistema nervoso central sendo a fase ótima da plasticidade neuronal. Tanto a plasticidade quanto a maturação dependem da estimulação. A descoberta do mundo pelo brincar tem efeitos evidentes sobre a evolução das habilidades da criança. Aí ela descobre quais objetos, as pessoas, os eventos que estão à sua volta e quais relações eles mantêm entre si. É por meio do brincar e das brincadeiras com o próprio corpo, com o corpo do outro e com objetos, que a criança vai desenvolvendo todo seu repertório motor, sensorial, cognitivo, social e emocional. No brincar a criança inicia o seu processo de autoconhecimento, toma contato com a realidade externa e, a partir das relações vinculares, passa a interagir com o mundo. O melhor brinquedo é aquele que estimula a criança à ação, à imaginação e à aprendizagem. Para Winnicott, o brincar é um indicador da saúde, do desenvolvimento e do sentimento de ser do bebê. O prazer na brincadeira, é a garantia de saúde de quem brinca. Pode-se dizer que o brincar de Winnicott se situa entre os dois campos proposto por Freud: 1. Experiência psíquica, pessoal e interna de cada um 2. Realidade externa e compartilhada socialmente Winnicott fala de um campo intermediário, que faz a transição entre os polos freudianos, ele considera o brincar, como sendo uma ponte entre esse mundo interno psíquico e externo do sujeito. Esta área intermediária tem a ver com a crescente capacidade do bebê de perceber e aceitar a realidade socialmente construída. Trata-se de uma transição que começa com a ilusão do bebê, que se percebe como potente e criador do mundo que o circunscreve, passa pela desilusão quanto à sua onipotência e chega a uma certa aceitação da realidade construída pelo social. Na vida adulta esta área intermediária está expressa nas artes, religião e cultura em geral, é o campo também da loucura, quando alguém exige demais da credulidade dos demais. Em crianças e adultos a experiência ilusória não desaparece por completo. Este espaço de brincar Winnicott chamou de espaço Habilidade motoras: ➔ Corre com habilidade, fica sobre um pé ➔ Sobe escadas com os pés alternados ➔ Aprende a andar de bicicleta, salta e pula, caminha para trás ➔ Conseguem copiar figuras (os traços evoluem com a idade). ➔ Até o final dos 4 anos completos, eles conseguem até pular com um pé e são capazes de saltar degraus ➔ Gosta de ajudar a se vestir Habilidades sociais: ➔ Senso de identidade: conceitos sobre si mesmo (quem é, sua idade, quem é sua mãe e seu pai) ➔ Egocentrismo permanece ➔ Sabe certo/errado de acordo com regras ➔ Desenvolvimento moral ➔ Pergunta muito ➔ Tem interesse nas atividades dos adultos ➔ Autoestima Desenvolvimento cognitivo: ➔ Formação do pensamento mágico (super-heróis) ➔ Inventam pequenas histórias ➔ Tem amigo imaginário ➔ Reconhecem diferenças como alto/baixo/, atrás/diante, sexo da pessoa ➔ Aumentam a memória e linguagem ARIELY MESANINI potencial e é de início pensado como um espaço que se forma entre a mãe e o bebê. Pode-se dizer que a tranquilidade que nasce das experiências de confiança é a base para a atividade criativa que se manifesta na brincadeira. É no brincar e talvez apenas no brincar que a criança e o adulto experimentam liberdade suficiente para criar e criar-se. É um espaço potencial, ou seja, um espaço onde toda a potência do indivíduo se mobiliza em busca de uma concretização não obsessiva. Para Winnicott, todo indivíduo possui uma tendência inata ao amadurecimento e, para que essa tendência se concretize, é necessário a adaptação do meio ambiente ao bebê e suas necessidades. Essa adaptação é exigida mais intensamente no relacionamento do bebê com sua mãe (ou alguém que faça esse papel), que aceite a ideia de ser responsável por um bebê. Teoria da brincadeira 1. O bebê e o objeto estão fundidos um no outro; 2. O objeto é repudiado, aceito de novo e objetivamente percebido; 3. Ficar sozinho na presença de alguém. A criança está brincando agora com base na suposição de que a mãe ou a substituta está disponível e é digna de confiança; 4. Fluir duas áreas da brincadeira: Primeiro a mãe brinca com a criança, mas com cuidado suficiente para ajustar-se às atividades lúdicas da criança. Depois a criança introduz seu próprio brincar. Desse modo está preparado o caminho para um brincar conjunto num relacionamento. Winnicott aproximou a sessão de psicanálise à noção do brincar. Para ele, a sessão se dá mediante a sobreposição de duas áreas do brincar, a do paciente e a do analista. Para a criança, o brincar é sua linguagem “expressa suas alegrias, frustrações, habilidades e dificuldades". É a maneira encontrada para se expressar no mundo e comunicar a sua realidade interior. Winnicott considera a criança em processo contínuo de constituir-se sujeito em um corpo que se desenvolve, amadurece e cresce em inter-relação permanente com o ambiente, em sua teoria explicita que pelo brincar a criança se apropria de experiências com e através de um espaço situado entre o real e a fantasia. "A criança joga (brinca) para expressar agressão, adquirir experiência, controlar ansiedades, estabelecer contatos sociais como integração da personalidade e por prazer." Ao brincar a criança necessita focar a sua atenção na brincadeira e desenvolver a sua criatividade, curiosidade, autoconfiança, motivação, empatia, cooperação. Aprende a lidar com as frustrações, as regras, ganhar e perder nos jogos e outros conhecimentos e habilidades em relação ao seu comportamento necessários para o cotidiano. Quando a criança brinca está dando sinais de sua vivacidade, está se socializando com outrascrianças e ao mesmo tempo consigo mesmo (eu). Ao mesmo tempo que brinca a criança cria relações. Para o psicanalista, enquanto brinca a criança revela relatos íntimos que são falas reveladoras para a realização do trabalho terapêutico. ARIELY MESANINI ORIENTAÇÕES AOS PAIS Neste momento, tem-se o predomínio do desenvolvimento cognitivo, o qual a criança começa aprender de fato. Portanto, ao brigar com a criança seja por quebrado algo ou outro motivo, ela ainda não compreenderá, mas a partir dos três anos, ela começa a entender o que você está querendo ensinar. ➔ Autoestima: a criança começa a entender os prejuízos de uma autoestima baixa ou benefícios de uma autoestima alta. (Neste momento deve-se ter cuidado com o que diz a criança para não causar um trauma psicológico) ➔ Desenvolvimento moral: época em que os pais transmitiram e ensinaram valores morais. É muito importante a presença dos pais neste momento, para que os filhos não adquiram ensinamentos da babá ou cuidadores. ➔ Conduta pró-social: estimular a criança fazer contato com outras crianças da mesma idade, para aprender a socializar e compartilhar objetos, para diminuir o egocentrismo permanece. ➔ Autocontrole: é o momento em que os pais devem fixar limites, pois as crianças nesta fase acreditam que podem fazer tudo da maneira e na hora que desejam. (Regras) ➔ Formação do pensamento mágico: as crianças começam a achar que são personagens de seus desenhos e que podem agir como eles (superpoderes, voar, pular de janelas). É nesse momento que se deve prevenir certos acidentes, colocando assim grades nas janelas e barreiras nas escadas. ➔ Estimular a criança com brincadeiras e brinquedos, pois é neste momento que ocorre a maturação do SNC sendo uma ótima fase de plasticidade neuronal, as quais dependem da estimulação. Então deve-se: ▪ Deixar a criança explorar livremente o brinquedo; ▪ Observar se a criança está posicionada com uma base segura e a estabilidade necessária para fixação do braço e punho, consequentemente, para melhor explorar o brinquedo; ▪ Sugerir, estimular, explicar a brincadeira ou forma de brincar, sempre respeitando a fase do brincar; ▪ Antecipar, em dez minutos, à criança que a brincadeira irá acabar, pois a criança vive o presente, sendo difícil compreender o futuro sem previas; ▪ Sentar-se ao lado, ou no chão, e estimular a criança a brincar; ▪ Usar frases curtas; ▪ Oferecer ajuda somente quando necessário; ▪ A presença dos pais na brincadeira, contribui para aumentar a relação de afeto entre a criança e os pais. ARIELY MESANINI Jean Piaget – Teoria de desenvolvimento Desenvolvimento cognitivo Foi um biólogo e psicólogo suíço, nascido em 1896 – 1980. Desenvolveu uma das vertentes mais famosas do construtivismo a Epistemologia genética, ele desmascarou a velha ideia de que as crianças eram entidades passivas e mostrou que elas não são apenas parte ativa de seu aprendizado, mas também são capazes de interpretar o mundo ao seu redor. Na teoria de Piaget, o desenvolvimento cognitivo origina-se enormemente “de dentro para fora” pela maturação. Os ambientes podem favorecer ou impedir o desenvolvimento, mas ele enfatiza o aspecto biológico e, portanto, maturativo do desenvolvimento. Para Piaget o conhecimento é fruto das trocas entre o organismo e o meio. Essas trocas são responsáveis pela construção da própria capacidade de conhecer. Produzem estruturas mentais que, sendo orgânicas não estão, entretanto, programadas no genoma, mas aparecem como resultado das solicitações do meio ao organismo. O conhecimento se produz a partir da ação do sujeito sobre o meio em que vive, só se constitui com a estruturação da experiência que lhe permite atribuir significação. A significação é o resultado da possibilidade de assimilação. Embora Piaget usasse a técnica de pesquisa da observação, grande parte de sua pesquisa era também uma exploração lógica e filosófica de como o conhecimento se desenvolve, desde formas primitivas até sofisticadas, acreditava que o desenvolvimento ocorre em estágios que evoluem para equilíbrio, na qual as crianças procuram um balanço entre o que encontram em seus ambientes e as estruturas e os processos cognitivos que levam a esse encontro, bem como entre as próprias capacidades cognitivas. Portanto para Piaget, ao tentar se adaptar ao meio ambiente o indivíduo utiliza dois processos fundamentais que compõem o sistema cognitivo a nível de seu funcionamento: a assimilação ou a incorporação de um elemento exterior, o ser humano percebe e se adapta a novas informações, num esquema sensório-motor ou conceitual do sujeito e a acomodação, quer dizer, processo de tirar novas informações no ambiente e alterar informações pré-existentes para se encaixar nas novas informações. No sistema cognitivo do sujeito esses processos estão normalmente em equilíbrio. A perturbação desse equilíbrio gera um conflito ou uma lacuna diante do objeto ou evento, o que dispara mecanismos de equilibração. Nesse processo, que Piaget denomina processo de equilibração, se constroem as estruturas cognitivas que o sujeito emprega na compreensão dos objetos, fatos e acontecimentos, levando ao progresso na construção do conhecimento. Desenvolvimento do pensamento e linguagem A psicologia deve muito a Jean Piaget. Não é exagero dizer-se que ele revolucionou o estudo da linguagem e do pensamento infantis, pois desenvolveu o método clínico de investigação das ideias das crianças que posteriormente tem sido generalizadamente utilizado. Piaget centrou a atenção nas características distintivas do pensamento das crianças, quer dizer, centrou o estudo mais sobre o que as crianças têm do que sobre o que lhes falta. Por esta abordagem positiva demonstrou que a diferença entre o pensamento das crianças e dos adultos era mais qualitativa do que quantitativa. Segundo Piaget, o elo que liga todas as características específicas da lógica infantil é o egocentrismo do pensamento das crianças. Ele reporta todas as outras características que descobriu, quais sejam, o realismo intelectual, o sincretismo e a dificuldade de compreender as relações, a este traço nuclear e descreve o egocentrismo como ocupando uma posição intermédia, genética, estrutural e funcionalmente, entre o pensamento autístico e o pensamento orientado. O pensamento orientado (consciente) é social. À medida que se desenvolve vai sendo progressivamente influenciado pelas leis da experiência e da lógica propriamente dita. O pensamento autístico (subconsciente), pelo contrário, é individualista e obedece a um conjunto de leis especiais que lhe são próprias. ARIELY MESANINI A concepção genética do pensamento baseia-se na premissa extraída de psicanálise, segundo a qual o pensamento das crianças é original e naturalmente autístico e só se transforma em pensamento realista por efeito de uma longa e persistente pressão social. Comprovação A base factual da convicção de Piaget é-lhe dada pelas investigações a que submeteu o uso que as crianças dão à linguagem. As suas observações sistemáticas levaram-no a concluir que todas as conversações das crianças se podem classificar em um de dois grupos: As experiências de Piaget mostram que a parte de longe mais importante das conversas das crianças em idade pré-escolar é constituída por falas egocêntricas. Ao demais, para além dos seus pensamentos expressos, as crianças têm muitos pensamentos não expressos. Assim, o coeficiente de pensamento egocêntrico será necessariamente muito mais elevado do que o coeficiente de fala egocêntrica. Mas só os dados orais são mensuráveis, só eles nos fornecem a prova documental sobre que Piaget baseia a sua concepção do egocentrismo infantil. Na sua descrição do discurso egocêntrico e do seu desenvolvimento genético, Piaget sublinha que esse discursonão cumpre nenhuma função no comportamento da criança e que se limita a atrofiar-se à medida que a criança atinge a idade escolar. Estágios de desenvolvimento Ele acreditava que o conhecimento das crianças evolui por meio de uma série de estágios. Partindo dessas bases, Piaget estabeleceu uma série de estágios sucessivos no desenvolvimento cognitivo das crianças: ➔ Estágio sensório motor: vai do nascimento aos 2 anos de idade ▪ Predomínio das percepções através dos órgãos sensoriais e das funções motoras; ▪ O desenvolvimento físico permite a emergência de novos comportamentos, como sentar-se, engatinhar, andar, o que propiciara um domínio maior do ambiente; ▪ Período marcado pelo egocentrismo inconsciente; ▪ Nesse momento o pensamento da criança também tem consciência da existência da permanência de objetos, independentemente de sua percepção, ou seja, eles descobrem que os objetos continuam a existir, embora não possam vê-los. ➔ Estagio pré operacional: dos 2 aos 6 ou 7 anos ▪ A característica mais marcante é a capacidade da criança de interiorizar as ações utilizando a imaginação (ex: fingir sono, ela é capaz de separar o pensamento da ação, estabelecendo uma representação simbólica); ▪ No processo de aquisição da linguagem, a capacidade de simbolizar fará toda a diferença. Pois as palavras agora possuirão correlação mais precisas com o mundo externo, inclusive de ressignificação de objetos (ex: transformar uma caixa de fosforo em um carrinho); ▪ A tendencia ao egocentrismo é marcante nesta etapa. A criança adequa os objetos e o mundo externo de acordo com seu desejo e necessidade. A linguagem acompanha essa característica, sendo ela não comunicativa é a principal marca das relações da criança; ▪ Tem pensamento intuitivo, a criança usa a inteligência e o pensamento, caracterizado pelo surgimento de ideias, conceitos, métodos e raciocínio primitivo; ▪ Não aceita a ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação. 1. Egocêntrico: no discurso egocêntrico a criança fala apenas dela própria, não se preocupa com o interlocutor, não tenta comunicar, não espera qualquer resposta e frequentemente nem sequer se preocupa com saber se alguém a escuta. O discurso egocêntrico é semelhante a um monólogo numa peça de teatro: a criança como que pensa em voz alta, alimentando um comentário simultâneo com aquilo que está a fazer. 2. Socializado: no discurso socializado, ela não procura estabelecer um intercâmbio com os outros (pede, manda, ameaça, transmite informações, faz perguntas). ARIELY MESANINI ➔ Estágio operatório-concreto: dos 6 ou 7 até os 11 ou 12 anos ▪ A capacidade do pensamento da criança aumenta consideravelmente, marcado pelo ingresso na escola formal com marcantes aquisições intelectuais; ▪ A criança possuirá um raciocínio logico mais constante fruto inclusive do acentuado declínio do egocentrismo; ▪ Neste momento evolutivo há a possibilidade de distinção entre quantidades (peso, volume e número) uma vez que a reversibilidade de pensamento permite à criança o agrupamento dos objetos, definindo classes e categorias; ▪ Com a aquisição da reversibilidade e a redução do egocentrismo ocorre, por parte da criança, a aceitação e o entendimento das regras do jogo, o que a torna mais sociável, aceitando as características próprias das outras crianças e do mundo externo (declínio da linguagem egocêntrica). ➔ Estagio logico-formal: 12 anos em diante ▪ Raciocina sobre hipóteses à medida em que é capaz de formar esquemas conceituais abstratos. Adquire capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta. Discute valores morais de seus pais e constrói os seus próprios (adquirindo, portanto, autonomia); ▪ Possui padrão intelectual que persistirá durante a idade adulta (não significa estagnação das funções cognitivas); ▪ O desenvolvimento posterior consistirá numa ampliação de conhecimentos tanto em extensão como em profundidade, mas não na aquisição de novos modos de funcionamento mental; ▪ Piaget define que este é o momento em que se adquire a forma final do equilíbrio. Lev Semenovich Vygotsky – Teoria de desenvolvimento Desenvolvimento cognitivo Nasceu na Bielo Rússia em 1896 e morreu em 1934. Teoria sociointeracionista: o desenvolvimento humano se dá em relação nas trocas entre parceiros sociais, através de processos de interação e mediação. Suas análises consistiam no desenvolvimento humano tendo como base o Materialismo Dialético de Karl Marx, no qual buscava compreender a relação que cada sujeito estabelecia com o mundo em que vivia. Desta forma, a compreensão do desenvolvimento humano psicológico acontece dentro da dimensão histórica e cultural, na qual a essência humana está inserida nas interações sociais estabelecidas. Esta abordagem supera a questão de que o indivíduo nasce com as aptidões e capacidades já preestabelecidas, o teórico nos mostra a construção de sua essência a partir das relações sociais. Com isso, pode-se afirmar que na abordagem sócio-histórica de Vygotsky, o desenvolvimento do sujeito acontece de fora para dentro, o que difere significativamente da proposta de Piaget, no qual este compreende o desenvolvimento humano de dentro para fora. Portanto, neste entendimento, se o indivíduo não nasce predeterminado, logo a educação que cada sujeito receber contribuirá para a sua formação humana, o que nos permite afirmar que, para Vygotsky, a educação é um processo de humanização do sujeito. Desenvolvimento do pensamento e linguagem A função primordial da fala é, então, para Vigostsky, nunca é demais repeti-lo, a comunicação, o contato social, que se desenvolve à medida que o indivíduo interage, sempre influenciado pelo meio social e cultural em que se insere. Portanto, pensamento e linguagem são processos interdependentes desde o início da vida. A aquisição da linguagem pela criança modifica as suas funções mentais superiores, dá forma definida ao pensamento, possibilita o aparecimento da imaginação, o uso da memória e o planeamento da ação. Neste sentido a linguagem, diferentemente daquilo que Piaget postula, sistematiza a experiência direta da ARIELY MESANINI criança e, por isso, adquire uma função central no seu desenvolvimento cognitivo, reorganizando os processos em desenvolvimento. Comunicação emocional direta Segundo Vygotsky, no primeiro ano de vida da criança, o adulto é a peça central, pois ele permitirá esta relação social bebê, adulto. Ele não somente irá satisfazer as necessidades desta criança, como terá que apresentar o mundo a ela. Neste período o adulto é quem utilizará de ferramentas culturais para proporcionar e intensificar o desenvolvimento desta criança. O educador deve desenvolver um vínculo emocional positivo com o bebê. Internalização ▪ Vygotsky enfatiza o papel do ambiente no desenvolvimento intelectual das crianças. Postula que o desenvolvimento procede enormemente de fora para dentro, pela internalização, a absorção do conhecimento proveniente do contexto. As influências sociais, em vez de biológicas, são fundamentais na sua teoria; ▪ Diariamente, em casa, na escola e na rua, as crianças observam o que as pessoas dizem e como dizem isso, o que fazem e por que fazem isso. Depois, elas internalizam o que veem, transformando-o em sua propriedade. Recriam, dentro de si próprias, as espécies de conversações e de outras interações observadas em seu mundo. Segundo Vygotsky, então, grande parte da aprendizagem das crianças ocorre pelas interações infantis no ambiente, que determina amplamente o que a criança internaliza; Zona de desenvolvimento real ▪ Diz respeito às etapas já alcançadas, já conquistadas pela criança. São processos de desenvolvimento já consolidados. Zona proximal de desenvolvimento ▪ É justamente nesta zona de desenvolvimento proximal que a aprendizagem vai ocorrer. A função de um educador escolar, porexemplo, seria, então, a de favorecer essa aprendizagem, servindo de mediador entre a criança e o mundo. E assim que as crianças, possuindo habilidades parciais, as desenvolvem com a ajuda de parceiros mais habilitados (mediadores) até que tais habilidades passem de parciais a totais; ▪ Para Vygotsky, o processo de aprendizagem deve ser olhado por uma ótica prospectiva, ou seja, não se deve focalizar o que a criança aprendeu, mas sim o que ela está aprendendo. É um processo de transformação constante na trajetória das crianças. As implicações desta relação entre ensino e aprendizagem para o ensino escolar estão no fato de que este ensino deve se concentrar no que a criança está aprendendo, e não no que já aprendeu. Zona de desenvolvimento proximal Zona de desenvolvimento potencial Zona de desenvolvimento real Se resolve o problema de forma individual Se resolve o problema com ajuda Distância entre ARIELY MESANINI Winnicott – Teoria do desenvolvimento emocional Nesta teoria é dada ênfase ao meio ambiente maternante, relação mãe/bebê, como essencial no desenvolvimento e amadurecimento saudável do ser humano. Falhas deste meio ambiente poderão ter como consequência, diferentes quadros psicopatológicos. Ao falar de ambiente, nesta teoria, estaremos incluindo tanto o ambiente físico quanto os aspectos emocionais necessários ao desenvolvimento do bebê, representados por uma mãe “boa o bastante”. Mãe “boa o bastante” como uma mulher que agora está grávida, e que não necessariamente precisa ser uma mulher especial, com dons especiais. A futura mamãe é uma “mulher comum”, que naturalmente entrará num estado, que Winnicott chamou de “preocupação materna primária”, semanas antes e após o parto, dando-lhe condições psicológicas para poder traduzir as necessidades de seu bebê em ações que levem a satisfação. Será importante, portanto, a forma como a mãe vivencia a sua identificação com a realidade do bebê, e como esses fragmentos serão apresentados para o bebê na relação com ela, para que este processo de integração possa ocorrer satisfatoriamente. Na falta de um meio ambiente “bom o bastante”, e no caso, por exemplo, da mãe estar tensa, ansiosa ou deprimida, este meio ambiente criado, na relação mãe-bebê será sentido como inóspito por invadir e dificultar a linha de continuidade de ser do bebê. Este precisará assim, construir desde cedo, defesas contra invasões, ou seja, excesso de estimulação vinda do meio, estímulos esses com as quais ele não está em condições de lidar, o que pode resultar na quebra da linha de continuidade. No estado de não-integração e dependência em que o bebê se encontra, existe o predomínio de potenciais hereditários e inatos, assim como a tendência à integração e independência, que somados a uma série de experiências físicas e emocionais proporcionadas pelo meio ambiente maternante bom o bastante e facilitador, vai abrindo espaço para a experiência ilusória, dando origem à área de ilusão. Essa área de ilusão, fruto do desenvolvimento da criança, inserida neste meio ambiente, abrirá caminho para a relação gradativamente maior com a realidade externa apresentada, aos poucos, pela mãe. Nesta primeira fase, as falhas naturais da mãe fazem com que surja a angústia de separação e a criança lance mão de um objeto, a princípio: o polegar, a fralda, um brinquedo, para preencher estas lacunas. Esses objetos intermediadores servirão de ponte entre o mundo interno e o externo, ajudando na transição do bebê, do estado de dependência absoluta, a dependência relativa e rumo a futura independência Estes objetos transicionais, sob o controle, ainda, onipotente da criança, ajudam no processo da separação gradativa da mãe, mitigando a angústia e resultando no estabelecimento de um “eu” diferenciado do “não-eu”. Aos poucos esse interagir vai capacitando a criança a se separar da mãe sem sentir angústia, lidando melhor com a realidade externa que paulatinamente vai se construindo. Todo o processo de desenvolvimento saudável, dependerá de um ambiente que seja facilitador, que não tenha estímulos excessivos e que proporcione suporte para que o bebê e futuramente a criança possam desenvolver seus potenciais. Neste ambiente facilitador do processo de amadurecimento proporcionado pela mãe, o bebê se desenvolve. Ela é responsável por todos os cuidados físicos e afetivos necessários, para preencher as necessidades do bebê, e de acordo com Winnicott, esta é a única forma de amor que o bebê pode reconhecer nesta fase. À conduta emocional da mãe ao cuidar de seu filho, onde não somente administra cuidados físicos, mas também lhe dá suporte e afeto, Winnicott denominou de “holding” ► através do “holding” que o bebê terá a experiência de continuidade do ser. Essa experiência de continuidade é decorrente de uma adaptação do meio às necessidades da criança, que não se sente invadida pela mãe-ambiente, nem mantida num meio inconstante e sentido como ameaçador. Todo esse suporte necessário contido no “holding” está estreitamente conjugado com o manejo ou “handling”, segundo Winnicott ► será através do manejo cuidadoso, sensível e, portanto, carinhoso, que a relação positiva vai sendo construída e mantida pela mãe. Esse contato físico, que se deu pelo manejo, levará a criança, a um reconhecimento gradativo de seu corpo, possibilitando uma construção imaginária do mesmo, resultando na psique encontrando o corpo como sua morada. Teremos o surgimento do Self como unidade, levando ao gradual reconhecimento da mãe como um “outro”. Este Self constituído, será então chamado de Self verdadeiro, sendo deste modo o núcleo da personalidade, ARIELY MESANINI o núcleo do ego que permanecerá oculto e integrado. A mente, segundo a concepção de Winnicott, é uma instância especializada da psique, que se desenvolverá à medida que a criança começa a ter consciência do meio externo, e permitirá que ela possa lidar com as falhas crescentes do meio ambiente, de acordo com o estágio e possibilidades no seu processo de amadurecimento. Winnicott afirma que do mesmo modo que a criança constrói o Self verdadeiro num desenvolvimento normal, ele também desenvolverá, normalmente o falso Self (1982). O falso Self surge como uma defesa natural, para que a criança possa adaptar-se ao meio ambiente social no qual ela vive. O falso Self irá suprir o verdadeiro quando se fizer necessário para uma adaptação adequada, constante, ao meio ambiente, o que consiste em poder negociar e conceder. Se o meio ambiente primário se apresentar como inóspito provocando “tensão” e/ou inconstância afetiva, a sensação de segurança e continuidade de ser deixa de existir, e surge, então, uma tendência natural de sobrevivência, de buscar defesa fazendo uso do falso Self, a fim de poder lidar com este meio ambiente e se adequar a ele. Resumo das fases do desenvolvimento Fase da Dependência Absoluta Total dependência do meio – Primeiros 6 meses. ➔ O bebê desconhece seu estado de dependência “Mãe dedicada comum” - Um estado psicológico. Fase da Dependência Absoluta (Patológica) ➔ Efeitos causados pela mãe insuficientemente boa; ➔ Patologias da personalidade: Esquizofrenia infantil ou autismo/Esquizofrenia Latente/Estado limítrofe/Construção da personalidade com base num falso self. Fase da Dependência Relativa Compreende de 6 meses a 2 anos. ➔ Trata-se de uma fase onde a mãe intervém de uma maneira frequente na vida da criança. Nesta fase começa a reconhecer objetos e passos. Porém percebe a mãe de uma maneira unificada, pensa que está relacionando com duas mães: mãe suficientemente boa e mãe insuficientemente boa. Durante essa fase, a mãe suficientemente boa, é a mãe que sobrevive. ARIELY MESANINI Influência da escola e da família no desenvolvimento social, cultural e emocional O ser humano é, em sua essência, um ser socialque procura estabelecer interações, pois, desde cedo, dentro do meio familiar, teve isso como exemplo. Essas interações contribuem para a construção de seu desenvolvimento em diferentes áreas: afetiva, cognitivo, funcional etc., e servirá de alicerce diante dos tantos desafios que se apresentarão tanto consigo mesmo como no meio em que vive. Explorando um pouco mais a respeito desse sistema complexo chamado família: ➔ Entendemos por família a célula do organismo social que fundamenta uma sociedade. Isto quer dizer que, no dia a dia de seus anos iniciais, uma criança terá na instituição familiar as primeiras interações sociais que a prepararão para todas as outras, sendo a escola considerada a “próxima outra”. A família constitui a unidade dinâmica das relações de cunho afetivo, social e cognitivo que estão imersas nas condições materiais, históricas e culturais de um dado grupo social. A aprendizagem se inicia no lar, com atividades básicas nas quais a família ensina o respeito, o amor e a solidariedade, o que é básico para a convivência humana, e social e para estabelecer o equilíbrio entre os impulsos de destruição internos. A criança chega à escola levando consigo aspectos constitucionais e vivências familiares. A escola é o lugar onde os pais buscam a estrutura adequada para que o filho receba aprendizagem em diferentes áreas de conhecimento. Reforçando essa ideia, pode-se dizer que: ➔ Educar consiste então, em oferecer condições para que a criança possa situar-se e explorar o mundo, exercitando sua linguagem e construindo seu conhecimento acerca das relações com os adultos, com outras crianças, com o espaço físico, com o tempo, com valores morais da sociedade. Tanto a escola como a família, cada uma em suas características próprias, são consideradas instituições educativas fundamentais para a formação do ser humano e: ➔ O que ambas têm em comum é o fato de prepararem os membros jovens para sua inserção futura na sociedade e para o desempenho de funções que possibilitem a continuidade da vida social. Ambas desempenham um papel importante na formação do indivíduo e do futuro cidadão. Só que a escola é o local sistematicamente organizado para educar. Sua função social é a de promover, por meio do processo pedagógico, a aprendizagem dos conteúdos da cultura elaborada pela humanidade ao longo da História e, a partir dela, promover o desenvolvimento das capacidades da criança e de sua forma singular de ser e de atuar socialmente. Professores podem atuar sobre o desenvolvimento infantil organizando espaços e tempos, estabelecendo assim relações e propondo experiências envolventes e enriquecedoras do repertório cultural das crianças que lhes possibilitem desenvolver atividades com os objetos da cultura e, assim, apropriar-se deles. À medida que a atividade se torna mais complexa, tornam-se mais complexas também as capacidades intelectuais e a personalidade, uma vez que essas se formam pela atividade. Portanto, quando o adulto permite que a criança participe das decisões sobre como expressar aquilo que aprendeu na visita ao zoológico, cada tarefa adquire sentido e, pelo envolvimento emocional que permite, contribui para o desenvolvimento das diferentes capacidades da criança, em relação a memória, atenção, linguagem oral, escrita, ou plástica e autocontrole. A personalidade dos indivíduos, está condicionada pelo desenvolvimento já alcançado pela sociedade da qual ele faz parte, uma vez que o psiquismo humano é histórico e social. Dessa forma, a criança não fica passiva às influencias do professor(a), sendo então a aprendizagem um processo ativo, que promove desenvolvimento. Segundo Vigotski, as vivências representam a unidade entre os elementos do meio cultural e as particularidades da personalidade e determinam a forma como cada criança se relaciona com o seu entorno em cada momento de seu desenvolvimento. ARIELY MESANINI Referencias BISSOLI, Michelle Freitas. Desenvolvimento da personalidade da criança: o papel da educação infantil. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 19, 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes de estimulação precoce: crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Brasília – DF. 2016. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_estimulacao_criancas_0a3anos_neuropsicomotor.p df. BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília – DF. 2002. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/crescimento_desenvolvimento.pdf. DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana Costa. A família e a escola como contextos de desenvolvimento humano. Paidéia, 2007. Disponível em: https://scielo.br/pdf/paideia/v17n36/v17n36a03.pdf. LOPES, Cléa Maria Ballão; LUCCA José Alexandre. Psicologia da Educação II: Piaget, Vygotsky, Winnicott e Wallon. UNICENTRO – PR. 2012. Disponível: https://portalidea.com.br/cursos/0d825e0d3a29a82b034288dc2978c864.pdf.
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