Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
REBECA KRUSE MED10 Biologia molecular do câncer e sistema imune CONCEITOS: Tumor: proliferação celular descontrolada Neoplasia: tumor maligno Maligno: crescimento não controlado → capaz de invadir tecidos vizinhos ou se espalhar para tecidos distantes (metástase) INTRODUÇÃO: BENIGNO: Bem circunscritos Podem ser encapsulados Não fixados a estruturas adjacentes Crescimento lento ou não cresce Ex.: fibroadenoma MALIGNO: Perda do controle de divisão e proliferação celular Alterações cromossômicas ou alterações epigenética Perda das propriedades adesivas da membrana citoplasmática (desmossomos não funcionam muito bem) Perda da capacidade de diferenciação e especialização celular Capacidade de induzir o crescimento de vasos sanguíneos (neoangiogênese) Margens difusamente infiltrativas Fixados a estruturas adjacentes Crescimento rápido (depende da agressividade do tumor) Invasão e metástase O câncer é uma doença genética, independentemente de ser esporádica 80% (causa externa - ex.: tabagismo – nicotina pode alterar as células; álcool; bebida quente crônica; sol) ou hereditária 15-20% (gene supressor tumoral ou oncogene mutado herdado a nível de meiose) BCRA1 e 2: pode ter câncer de mama, pâncreas É causada por mutações em genes que controlam a proliferação e morte celular Desequilíbrio entre ↑ produção e apoptose ↓ DESENVOLVIMENTO: Processo gradual por meio de uma série progressiva de alterações Mutações primárias e mutações adicionais ao longo do desenvolvimento Causas (multifatorial): agentes químicos, radiação, irritação crônica (calor), infecções (hepatite B, hepatite C, HPV, H. pilori), hereditariedade CA pâncreas: relacionado ao fumo; CA mama: hereditariedade e/ou estrogênio Ativam genes que estavam silenciados → proto- oncogenes (estimulam o ciclo celular) Inativam genes que estavam ativos → genes de supressão tumoral Célula → induzida a proliferação celular → ativação dos oncogenes e inativam genes supressores tumorais → genes apoptóticos → morte celular No processo de uma célula normal e célula cancerígena há VÁRIAS mutações (em genes diferentes) Célula normal → Célula displásica → metaplásica → in situ → carcinoma invasor ORIGEM DA CÉLULA: Carcinoma: células anormais das células epiteliais Sarcoma: células anormais do tecido conjuntivo REBECA KRUSE MED10 Linfoma/leucemia: células anormais das células hematopoiéticas e sistema imune CICLO CELULAR: Interfase: crescimento celular e duplicação do DNA (“repouso celular”) G0: Repouso. Estágio inativo, metabolicamente ativa mas sem proliferação (tempo depende do tipo celular) G1: Crescimento celular. Intervalo entre a mitose e o início da replicação do DNA. S: Replicação do DNA. G2: Período pré-mitótico. Crescimento celular contínua e síntese proteica M: Mitose Mitose: separação do DNA em dois conjuntos e divisão do citoplasma, formando duas novas células Divide o material genético (n 46) → n 23 e n 23 SEQUÊNCIA ORDENADA DE EVENTOS: Ligação do fator de crescimento a receptor específico na membrana celular (modelo chave-fechadura) → ativação do receptor do fator de crescimento → ativação de proteínas transdutoras de sinal → transmissão do sinal até o núcleo → ativação de proteínas regulatórias nucleares → iniciação e progressão do ciclo celular Cada gene ativa uma proteína específica → cada proteína ativa um receptor específico REGULAÇÃO DO CICLO CELULAR: Balanceamento entre número de células por mitose e de morte célula por apoptose O ciclo celular não progride automaticamente devido a paradas do ciclo em pontos estratégicos (checkpoint 1: G1→S e checkpoint 2: G2→M) Esses pontos de checagem são regulados por proteínas: Checkpoint 1: é regulado pela proteína P53 que é produzida/codifica pelo gene TP53 Checkpoint 2: regulado pela proteína pela proteína Rb codificada pelo gene Rb *Se houver mutação nessas proteínas o ciclo não seguirá em frente Progressão só ocorre quando tais pontos são ultrapassados por estímulos apropriados Mitose: Prófase: duplicação do material; metáfase: cromossomos na placa equatorial, microtúbulos começam a migrar para os polos da célula; condensação das fibras de fuso celular e se ligam aos centrômeros e esse cromossomo se divide em cromátides irmãs; anáfase: polimerização das fibras do fuso; telófase: divisão celular CHECKPOINT: Mecanismo que monitora o ciclo celular Controle de qualidade: correta execução dos eventos Impede início de eventos subsequentes até que o anterior seja executado com sucesso Reparo ou apoptose Se erros: cânceres, anomalias cariotípicas No fim de G1, G2 e mitose CHECKPOINT 1: Proteína p53: verificação de G1→S É induzida rapidamente em resposta ao DNA danificado (para mandar reparar ou estimular a apoptose) Mutação no gene codificador de p53 → evita o bloqueio em G1 em resposta ao DNA danificado → replicação de DNA danificado que será passado para as células filhas → aumento na frequência de mutações e instabilidade do genoma celular → câncer CHECKPOINT 2: Proteína Rb: verificação da fase S → M O ponto de verificação em G2 evita a iniciação da mitose antes da conclusão da fase S Proteínas MCM (manutenção de micro-cromossomos): Restrição da replicação do DNA a um evento por ciclo REBECA KRUSE MED10 São capazes de se ligar à origem de replicação somente durante a fase G1, permitindo que a replicação se inicie na fase S CONTROLADORES POSITIVOS: complexos ciclinas-CDK Ciclinas: Quantidade varia durante as fases do ciclo Sintetizadas conforme necessidade Ligam-se as CDKs Se alta produção: células com muita energia passando para fase de mitose sem ser checada CDK (quinases dependes de ciclinas): Presentes durante todo ciclo São ativadas quando ligadas a ciclinas Fosforilação ativa (produz ATP) → destrava a célula para G1→G2 No fim as ciclinas são degradadas e as quinases ficam livres Estão entre G1→G2 e G2→M Ciclinas e fatores de crescimento: 1. Síntese da ciclina é induzida em resposta à estimulação dos fatores de crescimento 2. Fatores de crescimento presentes através de G1 → complexo cdk4,6/ciclina impede as células através do ponto de restrição 3. Mutações resultantes da contínua expressão irregular da ciclina D1 → desenvolvimento de câncer (linfoma, CA de mama) CONTROLADORES NEGATIVOS: CKIs (inibidores de CDKs): Específicas: p15, p16, p18, p19 –Cic D-CDK4 e Cic D-CDK6 em G1 Inespecíficas: p21, p27, p53, p57 – sobre vários tipos de complexos Ciclina-CDK Complexo Ubiquitina: Degrada ciclinas e outras proteínas Fosfatases: Desfosforila CDKs e ciclina/CDKs, tornando-os inativos *Alteração nos controladores negativos pode deixar mais tempo o complexo funcionando Fase G1→S: proteína p53 verifica → complexo ciclina- CDK gera energia → destrava para fase S→ ciclina degradada Fase G2→M: Proteína Rb → complexo ciclina-CDK → gera energia → libera a célula para mitose → ciclina degradada PROTEÍNA RB: G2→M Proteína substrato chave do complexo Cd4,6/ciclina D Frequentemente mutada em vários tumores humanos (50%) A atividade de Rb é regulada por mudanças em suas fosforilações conforme a célula prossegue através do ciclo Complexos fosforilam pRb, que se desliga de E2F (proteína de regulação gênica) pRb ativa (fosforilada) permite a progressão do ciclo Se gene pRb mutado: perda do controle do ciclo associação com tumores REBECA KRUSE MED10 APOPTOSE: Morte celular programada Suicídio de determinadas linhagens celulares ao longo da embriogênese, ou de algumas células ao longo da vida ONCOGENES: Denominação dada aos genes relacionados com surgimento de tumores(malignos ou benignos), bem como genes que quando deixam de funcionar normalmente, transformam uma célula normal numa célula cancerosa Oncogenes: formas irregularmente expressas ou mutadas dos proto-oncogenes correspondentes Proto-oncogenes → mutados → transformação em oncogenes → codificam uma proteína mutada → oncoproteína (pRb, Ps53) → risco de desenvolvimento de tumores Classes funcionais das oncoproteínas: Fatores de crescimento: pode aumentar a produção de ciclina Fatores de transcrição: regulam a proliferação celular Tiroquinases ligadas a receptores: C-kit, erb-B *Oncoproteínas: proteínas que foram codificadas a partir de genes denominados oncogenes, que atuam como promotores da proliferação celular desgovernada *Ex.: amplificação do Crb2 → maior quantidade de proteína → provavelmente tumores mais agressivos, recaídas em menor tempo, maior risco metástases visceral MECANISMO DE ATIVAÇÃO DOS ONCOGENES: Mutações ponto: mutações do oncogene – ras (câncer de cólon) Rearranjos cromossômicos: Tumores primitivos neuroectodérmicos Linfomas Burkitt Amplificação gênica: N-myc nos neurblastomas VÍRUS DNA: Outras via de forma de carcinogênese Epidemiologia: mais importantes que os de RNA, relacionando-se com câncer de colo uterino – HPV, linfoma de células B e CA nasofaríngeo – EBV Vírus estudados: SV40 – vacina Sabin, polioma vírus, adenovírus, HPV, EBV GENES SUPRESSORES DE TUMOR: Codificam proteínas que possuem papel importante na regulação do ciclo celular e apoptose, inibindo a formação e tumores (inibindo o ciclo celular) Gene Rb: história (hereditária), comprovação, neoplasias relacionadas Gene p53: Associado a vários tipos de câncer (linfomas, leucemias, etc) Responsável por 50% das neoplasias malignas Outros genes: APC, TBRII, BRCA1 e 2, INK4, PTEN BIOLOGIA MOLECULAR - APLICABILIDADE PARA PREVENÇÃO E TRATAMENTO: Melhor prognóstico devido a prevenção e detecção precoce REBECA KRUSE MED10 Taxa de cura carcinomas estágio inicial, in situ, cerca de 90% Tratamentos menos invasivos e eficazes (pequenas cirurgias, radioterapia) Melhor rastreamento e acompanhamento de pacientes de alto risco Pesquisa de herança familiar para alguns tipos de cânceres (ex.: câncer de cólon, não-poliposo hereditário, incidência de 15% nos CA de cólon) Alterações em genes supressores BRCA1 e 2 estão envolvidos em 5-10% dos CA de mama Melhor segmento e redução da mortalidade por CA Ex.: Lynch Diagnóstico molecular: busca de marcadores celulares Ex.: translocação do gene abl, como bcr, gerando a expressão do oncogene leucemia mielóide crônica, que pode ser detectado pelo método de PCRe é usada para onitorar resposta ao tratamento de pacientes com leucemia Tratamento: Drogas atuais, danifica DNA e inibe a replicação de DNA, tóxicas para os indivíduos Futuro: desenvolvimento de drogas que inibem a angiogênese, bloqueando a proliferação de células endoteliais Uso de ácido retinóico, uso direto no combate a proteína oncogênica da leucemia promielócita SISTEMA IMUNE E CÂNCER: Imunidade inata x adquirida (desenvolve ao longo da vida) Baseia-se na ideia de que a célula tumoral apresenta alguma diferença estrutural de sua contraparte normal e que esta anormalidade seja reconhecida pelo sistema imune – não obrigatoriamente a célula tumoral está toda alterada → o sistema imune pode olhar apenas o outro lado e não matar O componente neoexpresso, se for reconhecido pelo sistema imune como estranho é um antígeno tumoral BIOLOGIA MOLECULAR E CÂNCER: Eficácia do sistema imune em eliminar células neoplásicas está: Na dependência que estas células sofram alterações Que deverão ser reconhecidas pelo sistema imune Que colocará em ação componentes eficazes na destruição destas células Caso haja falha em uma destas três etapas, a célula tumoral escapará ao controle imunológico FISCALIZAÇÃO DO SISTEMA IMUNE POR CÉLULAS: O organismo constantemente produz células neoplásicas que, em indivíduos sadios, são rapidamente reconhecidas e eliminadas pelo sistema imunológico. Desta forma, o câncer somente conseguiria progredir se as células tumorais conseguissem impedir seu reconhecimento pelos linfócitos T/NK ANTÍGENOS ASSOCIADOS AO TUMOR: O organismo deve diferenciar as células normais das células tumorais, para que o sistema imune reaja contra um tumor. Essa diferença antigênica pode se observar pela perda e ganho de moléculas de membrana celular. Os linfócitos T/NK do hospedeiro devem conhecer os antígenos tumorais Variedades de antígenos novos que podem aparecer na membrana da célula tumoral e provocar uma resposta imune: IMUNIDADE E CÂNCER: A apresentação de células diferentes das normais são consideradas estranhas pelo sistema imune e são atacadas. Esse ataque depende principalmente dos linfócitos T (células citotóxicas) e das células NK (natural killer 15%), além de macrófagos ativados e anticorpos. LINFÓCITOS: 1. T – timo: receptor de linfócitos T – TcR (imunidade celular) 2. B – medula óssea: imunoglobulinas (imunidade humoral) 3. NK: diferenciação não estabelecida (citotoxicidade natural – LGL) REBECA KRUSE MED10 CÉLULAS EXTERMINADORAS NATURAIS (NK): Cerca de 15% dos linfócitos dos sangue periférico Tem a capacidade de matar células tumorais e infectadas por vírus. Surgem a partir da medula óssea e não precisa do timo para seu desenvolvimento. São encontradas principalmente nos órgãos linfoides secundários A célula normal tem os antígenos de membrana, esses antígenos são reconhecidos pelo sistema da NK (se liga → acopla). Caso falte alguma coisa/ não se encaixe → a NK lisa a célula REGULAÇÃO: As atividades das células NK é regulada por IL-2, IL-3, IL-4, IL-12 e IFN-gama, cada um de um modo diferente IL-2: induz uma diferenciação in vitro → aumentando a atividade citotóxica de forma a lisar os alvos IL-4: também aumenta a citotoxicidade IL-3: garante a vida da células NK não deixando que morram IL-12 e IFN-gama: ação citotóxica e estimula produção FNT-alfa ONTOGÊNESE T: Período intra-medular e sanguíneo: Geração de diversidade no TCR: quanto maior diversidade → NK mais reconhece estranhos Período intra-tímico: Seleção de repertórios ONTOGÊNESE B: 05 genes de cadeia pesada: alga, gama, delta, épsilon, Mi 02 genes de cadeia leve: Kappa, lambda Duas etapas: Antígeno-independente: Maturação Rearranjo gênico Antígeno-dependente: Refinamento Resposta humoral RESPOSTA ADQUIRIDA: Características: diversidade, especificidade, memória imunológica, autotolerância, regulação homeostática RESPOSTA IMUNE ANTI TUMORAL: REBECA KRUSE MED10 LT (CD4 e CD8) → diminuídos no paciente com HIV → tem muita infecção por patógenos oportunistas → os LT reconhecem os antígenos de superfície → mata (imunidade celular) LB → plasma → libera anticorpos → se ligam aos antígenos de membrana → matam a célula por opsonização/ ativação do sistema complemento se não reconhece (imunidade humoral) IMUNOTERAPIA: Inespecífica: Citocinas: INF, IL-2, G-CSF (ajudam na ação das células NK) Terapia celular: LAK Específica: Anticorpos: anti-HER-2, anti-CD20, anti-VEGF, anti-EGFR (se ligam a um antígeno específico) Vacinas: células tumorais, peptídeos e células dendríticas
Compartilhar