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Lara Brito | PSIQUIATRIA INTOXICAÇÃO ALCOOLICA AGUDA Quadro transitório em que o álcool causa interferências no estado físico e psíquico do indivíduo. Podendo variar de alteração leve de atenção e euforia, até coma e morte. Pacientes intoxicados possuem maior tendência a tentativas de suicídio, acidente de trânsito, brigas, comportamento sexual de risco, dentre outros. Importante questionar o tipo de bebida, quantidade e horário, além da possibilidade do uso concomitante com outras drogas psicoativas. EXAME FÍSICO É preciso estar atendo para a ação depressora do SNC e alterações clínicas devido a presença de complicações agudas (hipertensão, hipoglicemia, desidratação, hemorragias, TCE) e crônica (desnutrição, hepatomegalia). Sintomas comuns: Hálito etílico Marcha ébria Conjuntivas hiperemiadas Miose Ataxia Disartria RNC Alterações psíquicas / comportamentais: Perda de crítica Euforia Labilidade do humor Irritabilidade Impulsividade Agitação ou lentificação psicomotora Distorções nas percepções MANEJO INTOXICAÇÃO ALCOOLICA Quando o paciente possui intoxicação leve a moderada raramente este irá para a emergência. Entretanto, aqueles pacientes com agitação psicomotora e hetero ou autoagressividade, podem precisar de algumas medidas: Avaliar necessidade de contenção física Antipsicótico típico -> haloperidol, 5mg, IM (repetir em 30min, se necessário) Não deve ser utilizado benzodiazepínicos (BZD) e nem anti-histaminicos, uma vez que potencializam os efeitos depressores do SNC. SINDROME DE ABSTINÊNCIA ALCOOLICA (SAA) Quadro característico da síndrome de dependência do álcool, cujos sinais e sintomas podem surgir nas primeiras horas após interrupção ou mesmo diminuição do consumo de álcool. Quanto maior for a dependência, maior a intensidade dos sintomas, uma vez que estão relacionadas com o aumento da atividade autonômica no SNC. O álcool age potencializando a ação do GABA que, por sua vez, tem a função de inibir o SNC, provocando sedação. Quando existe uma dependência alcoolica, o indivíduo ira precisar de quantidades cada vez maiores de álcool para conseguir o mesmo efeito sedativo. Na ausência do alcool, o GABA atuará menos e o sistema Lara Brito | PSIQUIATRIA glutamaérgico (excitador do SNC) terá mais ação, provocando hiperexcitabilidade vista na SAA. Sintomas Comuns: Tremores de extremidades Sudorese Taquicardia HAS Cefaleia Náuseas e vômitos Hipersensibilidade ao som e luz Câimbras Alterações Psíquicas: Ansiedade Insônia Alterações de humor Inquietação O curso da sintomatologia da SAA é flutuante e autolimitado, durando cerca de 5 a 7 dias, com pico nas primeiras 24/48h. Importante lembrar que na SAA os sintomas psíquicos estão muito acompanhados pelos sintomas autonômicos! Complicações possíveis: convulsões, delirium tremens e síndrome de Wernicke-Korsakoff. MANEJO Deve ser estabelecido de acordo com a gravidade do caso, podendo ser de acordo com o nível I (leve e moderado) ou nível II (grave): Nivel 1: Reposição de Tiamina 300mg, IM, nos primeiro 7 dias Manter Tiamina via oral Usar benzodiazepínicos (Diazepam – 20 a 40 mg/dia / Lorazepam em idosos ou hepatopatas – 4 a 8 mg/dia) O uso dos BZD na SAA baseia-se no fato de essa classe apresentar tolerância cruzada com o álcool e serem os mais seguros e eficazes devido a sua ação sedativa e ansiolítica (reduzindo os efeitos autonômicos). Além disso, reduzem os riscos de convulsão, são miorrelaxantes e previnem o delirium tremens. Nivel 2: Necessita de intervenção hospitalar devido ao risco de complicações, necessitando de monitoramento dos medicamentos prescritos. Costumam apresentar APM, tremores generalizados, sudorese profusa, desorientação, cefaleia, náuseas, vômitos, fotofobia, quadros epileptiformes recentes. Desorientação temporo-espacial, ansiedade intensa, agitação, agressividade, juízo critico comprometido, delirantes, dentre outros. NÃO deve ser feito Diazepam via intramuscular. Ter cuidado, também, com a diminuição da pressão arterial. Evitar clorpromazina. A carbamazepina tem sido usada nos EUA, com dose de 800mg/dia. SÍNDROME DE WERNICKE-KORSAKOFF Também chamada de encefalopatia alcoolica, está relacionada com a deficiência de vitamina B1 (tiamina). É caracterizada por uma tríade: Oftalmoplegia (nistagmo horizontal ou paralisia lateral) Confusão mental Ataxia (alterações vestibulares) O paciente pode apresentar desnutrição e redução do autocuidado. Importante investigar com um acompanhante que conheça o paciente antes do Lara Brito | PSIQUIATRIA processo demencial, se existe alguma outra patologia de base e sobre dados acerca do consumo de bebidas alcoolicas, histórico de nutrição, vômitos e diarreia. MANEJO Tiamina (IM) -> 500 a 1500 mg, por 5 dias; ou Tiamina (IV) -> 200 a 500mg, por 5 a 7 dias; e Tiamina (VO) -> 100mg, por 1 a 2 semanas. ALUCINOSE ALCOOLICA Costuma ter inicio após alguns dias de abstinência ou redução do consumo, quando é observado a queda nos níveis de álcool no sangue A alucinose alcoólica tem uma característica peculiar: o paciente não apresenta rebaixamento do nível de consciência e evolui sem alterações autonômicas evidentes. Entretanto, apresenta quadro alucinatório predominantemente auditivo, com sons como cliques, rugidos, cantos ou vozes. As alucinações podem também ser táteis ou visuais. Além disso, os pacientes apresentam sensações de medo, agitação ou ansiedade decorrentes de tais sintomas. Alucinações predominantemente auditivas; visual e tátil Ideia de conteúdo persecutório Ansiedade Agitação Insônia Agressividade Pânico MANEJO Uso de antipsicóticos: Risperidona Quetiapina Olanzapina Haloperidol (VO, 1 a 10 mg/dia) Pode usar BZD (Diazepam) Lara Brito | PSIQUIATRIA
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