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Artropatias da infância

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1 Reumatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 
ARTROPATIAS DA INFÂNCIA 
 
Os quadros articulares na infância se manifestam com 
dor musculoesqulética, onde a criança ou adolescente 
apresentará episódios de dor em pernas, braços, 
coluna e/ou pescoço proveniente de músculos, 
articulações e até mesmo de ossos. 
Podem ser de etiologia aguda ou crônica, como 
doenças infecciosas, alterações ortopédicas, doenças 
hematológicas, neoplasias e síndromes de amplificação 
dolorosa. 
São sinais e sintomas de alerta 
→ Dor de início recente e sempre no mesmo 
local 
→ Alterações do estado geral, como febre, perda 
de peso e astenia 
→ Alterações no(s) local(ais) da dor, como 
inchaço e calor 
ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL 
(AIJ) 
Distúrbio inflamatório idiopático crônico que envolve 
principalmente as articulações e engloba todas as 
formas de artrite crônica. 
Possui diferentes subtipos: 
 Artrite sistêmica (doença de Still) 
 Poliartrite soronegativa 
 Poliartrite soropositiva 
 Oligoartrite persistente ou estendida 
 Artrite relacionada a entesite 
 Artrite psoriásica 
 Artrite indiferenciada 
O subtipo da AIJ é determinado pela idade da criança, 
número e tipo de articulações acometidas, existência 
de sinais e sintomas associados e pela evolução da 
doença. A forma mais comum é a Oligoarticular (50 a 
60% dos casos), seguida pela Poliarticular (30-35% dos 
casos) e depois pela forma Sistêmica (10-20% dos 
casos) 
É a doença reumática crônica mais comum da infância 
e a causa mais frequente de incapacidade física entre 
adolescentes. 
EPIDEMIOLOGIA 
Pode acometer crianças e adolescentes desde a 6ª 
semana de vida até os 16 anos de idade 
Incidência de 1 a 22 casos por 100.000 habitantes e 
prevalência de 8 a 150 casos por 100.000 habitantes 
Crianças afro-americanas são mais propensas a ter o 
tipo Poliarticular e as caucasianas a Oligoarticular 
1º pico de incidência: entre 1 e 3 anos de idade, com 
predomínio feminino 
2º pico de incidência: entre 8 e 10 anos, com 
predomínio masculino e da AIJ Oligoarticular 
A forma sistêmica mostra pouca ou nenhuma 
discriminação entre os sexos 
ETIOPATOGÊNESE 
Etiologia desconhecida, mas acredita-se que as 
interações entre fatores genéticos, mecanismos 
imunológicos e exposições ambientais contribuam na 
maioria dos casos. 
Vários alelos do HLA (Antígeno Leucocitário Humano) 
estão associados ao desenvolvimento da AIJ, com 
subtipos específicos de doenças sendo vinculadas a 
alelos específicos de HLA. O componente ambiental 
parece ser mais forte em algumas formas da doença. 
As possíveis influências ambientais incluem infecção, 
uso de antibióticos, aleitamento materno, tabagismo 
materno e exposição à vitamina D. No caso da 
infecção vários patógenos em potencial foram 
propostos, mas nenhum se mostrou definitivamente 
casual, entre os estudados estão o vírus da rubéola, 
vírus Epstein-Barr, Clamídia, Influenza, Mycoplasma e 
Parvovírus B19. 
A principal manifestação clínica da AIJ é o edema 
articular persistente, que é resultado do acúmulo de 
líquido sinovial e do espessamento sinovial por 
presença de fatores vasculares, citocinas, quimiocinas 
e moléculas de adesão. Esse edema pode causar 
deformidades nas articulações afetadas devido ao 
alongamento dos ligamentos e tensões periarticulares 
pela ação das enzimas liberadas pelas células 
inflamatórias no interior do líquido sinovial, que, por 
sua vez, levam à degradação da matriz de colágeno e 
 
 
2 Reumatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 
dos proteoglicanos da cartilagem auricular. Por causa 
da destruição da cartilagem, acontece a ativação de 
osteoclastos, responsáveis pela desmineralização 
óssea articular. 
Outra característica marcante do quadro é a presença 
do Pannus articular, que é resultado da proliveração 
do tecido sinovial e da invasão do tecido sinovial por 
células inflamatórias como linfócitos, macrófagos e 
células dendríticas. A destruição final da degradação da 
cartilagem, ossos, ligamentos e tensões resulta, entre 
outros fatores, da produção local de enzimas 
proteolíticas. O Pannus se espalha pelo tecido sinovial 
é adere à cartilagem intra-articular, danificando a 
articulação. 
DIAGNÓSTICO 
Pelos critérios de classificação da International League 
of Associations for Rheumatology (ILAR), a Artrite 
Idiopática Juvenil é um diagnóstico de exclusão. 
O início da doença deve ocorrer antes dos 16 anos, 
deve haver artrite em uma ou mais articulações e as 
manifestações devem durar pelo menos 6 semanas. 
 
 
 
Obs: O Colégio Americano de Reumatologia (ACR) 
classifica a AIJ em Artrite Reumatoide Juvenil (ARJ), e a 
Liga Européia Anti-Reumatismo (EULAR) em Artrite 
Crônica Juvenil (ACJ). 
EXAMES COMPLEMENTARES 
− Hemograma; 
− BHS e PCR; 
− Fator reumatoide e HLA B27 ajudam na 
identificação de subtipos; 
− FAN+ está relacionado a maior risco de uveíte; 
É recomendada a investigação para excluir outros 
diagnósticos como infecção, doença inflamatória 
intestinal e malignidade, realizando culturas de sangue 
e urina, radiografias de tórax e articulações afetadas. 
Aconselha-se a obtenção de uma TC de tórax e pelve, 
além de aspirado de medula óssea antes do 
tratamento da AIJ. 
SUBTIPOS 
ARTRITE SISTÊMICA OU DOENÇA DE STILL 
Afeta ambos os sexos igualmente 
→ SEMPRE avaliar possibilidade de doenças 
linfoproliferativa (diagnóstico diferencial) 
Obs: Se iniciada em pacientes com mais de 16 anos, 
chama-se doença de Still do adulto 
Manifestações clínicas 
− Artralgia é mais comum no início da doença, 
mas a artrite sempre é proeminente 
− Qualquer número de articulações pode estar 
envolvido, mas é mais comum artrite em 5 ou 
mais articulações durante os 6 primeiros 
meses da doença com Fator Reumatoide 
negativo, com acometimento de pulsos, 
joelhos e tornozelos 
 
 
3 Reumatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 
− Micrognatia e fusão da coluna cervical 
(acometimento da articulação 
temporomandibular e pescoço) são comuns 
em crianças com AIJ de longa data 
− Febre diária e intermitente, com pico de febre 
alta (≥ 38,5°C) e temperaturas normais ou 
subnormais ao longo do dia é um sinal 
característico 
− Erupção cutânea evanescente, macular e rosa 
salmão – provocada pelo calor e mais comum 
durante as febres. Encontradas principalmente 
nas axilas e ao redor da cintura; geralmente 
passageira e pode não ser muito proeminente; 
o fenômeno de Koebner pode estar presente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
− Hepatomegalia, esplenomegalia e 
linfadenopatia podem estar presentes, assim 
como pericardite e outras serosites. 
Alterações laboratoriais 
− É comum uma leucocitose na faixa de 20.000 a 
30.000/mm3 
− VHS e PCR muito elevadas 
− Hiperferritinemia (geralmente >1000ng/mL) 
− Elevação de TGO e TGP 
− Hipoalbuminemia e anemia 
− FAN e Fator Reumatoide são quase sempre 
negativos 
Complicação possível 
− Síndrome de ativação macrofágica 
Também conhecida como síndrome 
hemofagocítica reativa, linfo-histiocitose 
hemofagocítica ou coagulação vascular 
disseminada (CIVD) com insuficiência hepática; 
Pode ocorrer nos primeiros dias a semanas 
após o início da doença; 
Pode ser desencadeada por agentes 
infecciosos virais, como varicela-zóster, 
hepatite A, Epstein- -Barr e coxsackie B e 
terapia com AINEs, Metotrexate, 
sulfassalazina, penicilamina e agentes 
biológicos; 
Os pacientes apresentam febre alta 
prolongada, hepato e esplenomegalia, 
sangramentos, adenomegalia generalizada, 
exantemas e icterícia, podendo evoluir com 
insuficiência hepática aguda, coma, 
coagulação intravascular disseminada e 
falência de múltiplos órgãos; 
Habitualmente ocorre anemia, leucopenia, 
plaquetopenia, hipertrigliceridemia, 
hiperferritinemia, hipofibrinogenemia, 
alargamento dos tempos de coagulação e 
queda da VHS 
A presença de numerosos macrófagos na 
medula óssea fagocitandocélulas sanguíneas 
(hemofagocitose), sem evidências de 
malignidade é característica; 
Tratamento: imunossupressão agressiva, com 
pulsoterapia com glicocorticoides, ciclosporina 
e/ou inibidores de IL-1. 
Erupção cutânea na AIJ com fenômeno de 
Koebner 
O fenômeno de Koebner é causado por 
trauma (como coçadura) em regiões de pele 
sã e desencadeia neste local o surgimento 
de lesões do mesmo tipo das encontradas 
em outros locais do corpo nos portadores 
de doenças como psoríase, vitiligo 
 
 
4 Reumatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 
POLIARTRITE SOROPOSITIVA OU SORONEGATIVA 
Apresenta Fator Reumatoide (IgM) positivo em duas 
ocasiões distintas com pelo menos 3 meses de 
intervalo, enquanto na soronegativa está negativo. 
Mais comum em mulheres; O 1º pico ocorre entre 2 e 
5 anos, e o 2º pico entre 10 e 14 anos. 
 
 
Manifestações clínicas 
− Em crianças menores de 10 anos, o quadro se 
inicia com uma ou duas articulações afetadas; 
− Desenvolvimento da doença geralmente 
indolor até que uma infecção intercorrente 
precipite aumento dos sintomas 
− Nos primeiros 6 meses, 5 ou mais articulações 
são acometidas 
− Envolvimento articular simétrico, com joelhos, 
punhos e tornozelos mais frequentemente 
afetados 
*Em crianças e adolescentes mais velhos o 
início da inflamação é relativamente rápido, 
em várias articulações, incluindo mãos e pés, 
punhos, cotovelos, quadris, joelhos e 
tornozelos 
Alterações laboratoriais 
− Pode haver elevação de VHS, anemia e 
hipergamaglobulinemia, além de anticorpos 
antinucleares (FAN) positivos 
− Fator Reumatoide pode ser positivo em 
crianças com mais de 10 anos de idade (sempre 
confirmando esse resultado após 3 meses) 
Complicações 
− Principalmente relacionadas à artrite 
Erosões ósseas e destruição articular (sendo o 
punho e quadril as articulações mais 
vulneráveis) osteopenia, osteoporose e 
anormalidades na ATM (articulação 
temporomandibular) 
− Uveíte pode acontecer, sendo geralmente 
assintomática → deve-se realizar exame 
oftalmológico periódico com lâmpada de 
fenda trimestrais, semestrais ou anuais 
 
OLIGOARTRITE PERSISTENTE OU PROLONGADA 
É a forma mais comum e mais frequente em meninas 
Pico de incidência no 2º ou 3º ano de vida 
Possui menos de 5 articulações acometidas e são 
categorizados entre: 
1) Oligoartrite persistente 
1 a 4 articulações afetadas durante os 
primeiros 6 meses da doença, sem 
acometimento articular adicional no curso da 
doença 
2) Oligoartrite estendida 
1 a 4 articulações afetadas nos primeiros 6 
meses da doença e posteriormente evoluem 
para 5 ou mais articulações acometidas 
Manifestações clínicas 
− Acomete articulações grandes (geralmente 
joelhos e tornozelos, punhos e cotovelos), com 
edema, calor e dor locais 
Manifestações sistêmicas, exceto uveíte, estão 
ausentes 
 
Alterações laboratoriais 
− VSH normal ou levemente elevado 
 
 
5 Reumatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 
− FAN frequentemente frequente – e associado 
a risco de acometimento ocular (uveíte) 
 
Complicações mais comuns 
− Disfunção da articulação temporomandibular, 
uveíte, discrepância no comprimento das 
pernas e baixa estatura 
ARTRITE RELACIONADA À ENTESITE 
Tem forte associação com o gene HLA B27 
Podem ocorrer como complicações a espondiloartrite 
e a uveíte anterior (que nesse caso vai ser aguda). O 
diagnóstico é feito na presença de artrite e entesite ou 
na presença de apenas uma das duas se houver 2 
fatores dentre os citados nos critérios diagnósticos 
ARTRITE PSORIÁTICA 
Acomete meninos e meninas na mesma proporção; 
Em alguns casos, a psoríase pode surgir apenas meses 
ou muitos anos depois das queixas articulares; 
É definida pela presença de: 
→ Artrite e psoríase ou; 
→ Artrite e 2 das seguintes: 
Dactilite (“dedos em salsicha”) 
Psoríase em parente de 1º grau 
Pitting ungueal (pequenas depressões na 
superfície da lâmina ungueal, comuns na 
psoríase) 
Onicólise 
 
Manifestações clínicas 
Apenas 1 ou várias articulações podem ser acometidas 
Crianças menores de 5 anos apresentam clínica 
semelhante à AIJ Oligoarticular – maioria sexo 
feminino e com FAN positivo, com tendência de 
acometimento de punhos, mãos e pés 
Crianças mais velhas e adolescentes apresentam 
acometimento mais frequente de coluna vertebral ou 
sacro ilíaca – ambos os sexos acometidos na mesma 
proporção 
 
ARTRITE INDIFERENCIADA 
Aquelas que não atendem aos critérios das demais 
categorias devido a características incompletas ou à 
presença de critérios de exclusão ou crianças que 
atendem a critérios de mais de uma categoria. 
 
[Vídeo AIJ - Sociedade Brasileira de Reumatologia] 
TRATAMENTO 
NÃO MEDICAMENTOSO 
− Psicoterapia 
− Dieta balanceada 
− Fisioterapia 
− Terapia ocupacional 
MEDICAMENTOSO 
1. Artrite Sistêmica 
AINEs → Anti-IL 1 
Anti-IL 6 – glicocorticoides 
2. Poliarticular 
Metotrexate 
Anti-TNF alfa → glicocorticoide intra-articular 
3. Oligoarticular 
Glicocorticoide intra-articular 
AINEs → Metotrexate 
4. Artrite relacionada a Entesite 
Glicocorticoide intra-articular 
AINEs → Metotrexate 
Anti-TNF alfa 
5. Psoriásica 
Metotrexate 
Anti-TNF alfa + AINEs 
https://www.youtube.com/watch?v=L_2OiFFhn2c
 
 
6 Reumatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 
FEBRE REUMÁTICA 
Doença autoimune aguda de caráter sistêmico que se 
manifesta como uma complicação tardia não 
supurativa de infecções pelo Streptococcus pyogenes, 
ou seja, estreptococos beta-hemolíticos pertencentes 
ao grupo A de Lancefield (EBGA) 
Este comprometimento pode afetar o funcionamento 
das articulações, da pele e tecido subcutâneo, do SNC 
e coração. O coração pode sofrer um processo de 
cronificação, lesionando permanentemente estruturas 
cardíacas, como válvulas (principalmente a esquerda). 
As demais sequelas são transitórias. 
 
EPIDEMIOLOGIA 
− Afeta principalmente crianças e jovens adulto 
devido à maior incidência de faringoamigdalite 
estreptocócica em indivíduos de 5 a 18 anos; 
− Mais incidente em países subdesenvolvidos e 
em desenvolvimento 
− No Brasil, foi estimado cerca de 10 milhões de 
casos de faringoamigdalite estreptocócicas, 
com um total de 30.000 novos casos de FR, em 
que, aproximadamente, metade desses casos 
evoluem para uma cardite reumática 
ETIOPATOGENIA 
Faringoamigdalite prévia por Streptococcus pyogenes 
↓ 
Formação de linfócitos T e B específicos 
↙ ↘ 
(2 a 3 semanas de infecção) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obs: Lesões valvulares → intenso infiltrado 
inflamatório, rico em células mononucleares 
QUADRO CLÍNICO 
Tem início após um período de latência, antecedido 
pela infecção estreptocócica (de 2 a 4 semanas com 
média de 19 dias) 
SINTOMAS CONSTITUCIONAIS 
− Febre, indisposição e palidez 
A febre, embora inespecífica, é frequente e 
persistente até o controle da infecção aguda 
SINAIS E SINTOMAS CARDÍACOS 
− A cardite é a segunda manifestação mais 
frequente e a mais grave. Ocorre entre 40 a 
70% dos primeiros surtos, podendo causar a 
morte nesta fase aguda ou quando em fase 
crônica. Predominam as lesões valvulares. 
− Pode existir pericardite e insuficiência 
cardíaca, sendo essa última resultante da 
possível lesão valvar 
 
1 ORDEM DE ACOMETIMENTO DAS VALVAS NA CARDITE DA 
FEBRE REUMÁTICA 
A FR pode afetar todos os folhetos cardíacos 
(endocárdio, miocárdio e pericárdio). O primeiro é 
SEMPRE acometido na cardite, sendo chamado de 
“valvulite”, ao passo que os demais folhetos podem ou 
não serem lesados. Portanto, caso haja lesões de um 
desses folhetos SEM a presença de “valvulite”, 
podemos afastar a hipótese de FR e levar outras 
possibilidades em conta. Quando os três folhetos são 
lesionados, podemos considerar um quadro de 
Eliminação do estreptococo 
↓ 
Metabólitos e produtos 
estreptocócicos, como 
estreptosinas O e S 
↓ 
Efeitos tóxicos 
↓ 
Mimetismomolecular 
↓ 
Anticorpos atacando tecidos 
do próprio organismos, 
como cardiomiócitos 
(mimetismo da proteína N) 
↓ 
Reação cruzada 
 
 
7 Reumatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 
pancardite reumática exsudativa. No exame físico da 
maioria das cardites em pacientes com FR, o paciente 
apresenta universalmente valvulite mitral, podendo ou 
não ter uma lesão na valva aórtica associada. Caso o 
acometimento seja apenas no aórtico OU em qualquer 
outra valva do coração direto, podemos descartar a FR. 
Obs: Geralmente, uma valvulite aguda é característica 
de insuficiência valvar. No entanto, a valvulite da febre 
reumática, mesmo sendo uma lesão aguda, costuma 
resultar numa estenose mitral ou dupla lesão (quando 
há tanto estenose e insuficiência) em sua fase crônica. 
Essa lesão ocorre porque as cúspides ficam 
espessadas, perdem a sua mobilidade normal e 
sofrem retração. Por isso, é comum haver dupla lesão 
(caracterizada por estenose e insuficiência). Uma pode 
predominar em relação à outra, dependendo se há 
mais retração (insuficiência) ou perda da mobilidade 
(estenose). 
A principal complicação que essas valvite encontrada 
no exame físico cardiovascular é a presença de sopros 
cardíacos. O sopro mais comum é o de 
insuficiência/regurgitação mitral, caracterizado por ser 
um sopro holossistólico, se irradiando para dorso ou 
axila. Em caso de estenose mitral, encontramos um 
sopro diastólico em foco mitral, com o som em ruflar – 
se assemelhando a um bater de assas. Também 
chamado de sopro de Carey-Coombs, ocorre por conta 
de um turbilhonamento de sangue através dos folhetos 
mitrais inflamados e muito edemaciados. Por fim, 
menos comum, temos um sopro protodiastólico 
aspirativo e bem audível em foco aórtico acessório, 
sendo resultado de uma insuficiência aórtica. 
SINAIS NA PELE 
− Eritema marginado serpiginoso, lesão cutânea 
vermelho-rósea, com centro mais claro, 
contornos arredondados ou irregulares, e 
visível no tronco, face interna dos braços e 
coxas (com exceção da face – diferente do LES). 
São lesões de caráter múltiplo, indolor, não 
pruriginosa, podendo se juntar com as 
adjacentes, formando manchas com formatos 
serpiginoso. Sugere cardite coexistente. 
A temporariedade dessa manifestação 
consiste, geralmente, no início da doença, 
podendo persistir ou se tornar recorrente 
durante meses. 
 
− Nódulos subcutâneos próximos as 
articulações, lesões raras– presentes em 
apenas 2 a 5% dos pacientes – e mais comuns 
em quadros de cardite grave. São múltiplos 
nódulos arredondados, variando de 0,5 a 2 cm, 
firmes, móveis, indolores, recoberto por 
epiderme e sem sinais flogísticos (semelhantes 
aos da LES e AR). Podem ser encontrados 
sobre proeminências e tendões extensores, ou 
seja, cotovelos, punhos, joelhos, tornozelos, 
região occipital, tendão de Aquiles e coluna 
vertebral. A investigação desses nódulos nos 
pacientes é feita principalmente na palpação e 
são de aparecimento tardio, geralmente de 1 a 
2 semanas após as outras manigestações. 
 
SINAIS ARTICULARES 
− Principalmente pela poliartrite, podendo 
haver ou não artralgia; 
− A artrite é a mais frequente manifestação, 
presente em 80% dos casos e descrita como 
dolorosa, migratória, assimétrica e de curta 
duração. 
SINAL NEUROLÓGICO 
− Coreia de Sydenham, cuja prevalência varia de 
5 a 36% e apresenta início insidioso (de 1 a 6 
 
 
8 Reumatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 
meses após o início do quadro, ou seja, quando 
há regressão dos demais sintomas principais). 
Costuma durar entre 3 e 4 meses, podendo se 
prolongar até 2 anos de forma “flutuante” em 
20-30% das crianças afetadas, sendo mais 
comum no sexo feminino. A manifestação é 
caracterizada por bruscos movimentos 
rápidos, involuntários e descoordenados que 
aparecem durante o sono e se acentuam em 
situações de estresse e esforço físico – 
principalmente nos músculos faciais, na língua 
e nas extremidades). O paciente pode 
apresentar disartria e disgrafia. Labilidade 
emocional e fraqueza muscular podem 
dificultam o diagnóstico. 
 
Os principais sintomas são: 
1. Artrite 
2. Cardite 
3. Eritema marginado 
4. Coreia de Sydenham 
5. Nódulos subcutâneos 
 
 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico de FR é clínico, não exibindo 
manifestação sintomatológica ou exame laboratorial 
específicos que sejam patognomônico. 
O diagnóstico é pautado através da identificação de 
um conjunto de critérios, os Critérios de Jones, que 
continuam sendo o “padrão-ouro” para o diagnóstico 
de FR. Esses critérios foram divididos em maiores e 
menores a partir da especificidade da manifestação, e 
não em relação a sua frequência. 
CRITÉRIOS DE JONES 
a probabilidade do paciente ter adquirido o primeiro 
surto de FR é alta quando, além de evidências de 
infecção por estreptococos do grupo A (titulação de 
ASLO, cultura positiva de orofaringe, positividade em 
testes rápidos de detecção de antígenos 
estreptocócicos), o paciente apresenta: 
→ Pelo menos 2 critérios maiores; 
OU 
→ 1 critério maior + 2 critérios menores 
 
EXAMES LABORATORIAIS 
1º) Reagentes de fase aguda 
 PCR – 1º a se elevar e a se reduzir 
 VHS – 2º a se elevar e a se reduzir 
 Mucoproteína* – mais específico porque seus 
níveis não diminuim após término da atividade 
inflamatória e uso de anti-inflamatórios 
2º) Testes imunológicos 
 Antiestreptolisina O (ASLO) – Padrão-ouro – 
Título: > 333 u Todd; se eleva após 1 semana e 
pode persistir mesmo por meses (1-6 meses) 
após o fim da atividade reumática OU 1 ano 
após a infecção. Portanto, recomenda-se a 
realização de 2 dosagens de ASLO, com 
intervalo de 15 dias, para compararmos a 
flutuação de seus níveis séricos 
 Anti-DNAse-B – Mantém os níveis séricos 
aumentados por mais tempo 
 
 
9 Reumatologia – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 
 Anti-hialurosidase 
 
Se solicitar: 
→ Apenas a ASLO: Sensibilidade de 80%; 
→ ASLO + antiDNAse-B: Sensibilidade de 90%; 
→ ASLO + antiDNAse-B + anti-hialuronidase: 
Sensibilidade de 95% 
*No SUS se solicita apenas o teste de ASLO. 
TRATAMENTO 
Erradicação do Streptococcus pyogenes e diminuição 
das manifestações clínicas apresentadas pelo paciente, 
reduzindo os índices de morbidade dele.

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