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MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @jujnamed Cirurgia geral Câncer de pele Introdução - A pele é composta por epiderme, derme e hipoderme - A epiderme é constituída por 4 camadas: córnea, granulosa, espinhosa e camada basal/germinativa Tumores benignos - As neoplasias epiteliais benignas são muito comuns - Surgem a partir de células-tronco residentes na epiderme e no folículo piloso - Apresentam crescimento limitado e geralmente não sofrem transformação maligna (mas podem ser consideradas lesões pré malignas) 1. Queratose actínica (ceratose solar) . É caracterizada por placas eritematosas (coloração vermelha ou marrom-acastanhada), secas e ásperas com uma superfície descamativa e algumas crostas (geralmente são mais palpáveis que visíveis) . Ocorre principalmente em áreas fotoexpostas como face, lábio inferior, membros superiores e dorso das mãos . Apresenta potencial risco de transformação em carcinoma espinocelular (CEC) . Podem regredir, permanecer estáveis ou se tornar malignas Fisiopatologia 1- Exposição solar crônica (radiação UV) 2- Mutações no gene TP53 (decorrentes de danos ao DNA induzidos pela luz) 3- Formação de queratinócitos aberrantes Fatores de risco . Pele clara . Idade . Exposição ao sol Alterações histológicas . As regiões inferiores da epiderme exibem atipias celulares com hiperplasia das células basais MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @jujnamed . A camada córnea é espessa, com núcleos retidos (paraqueratose) . A derme contém fibras elásticas espessas e azul-acinzentadas (elastose solar) Tratamento . Uso de cremes (imiquimod ou 5-fluorouracil) . Criocirurgia (com nitrogênio líquido) . Curetagem (exérese mecânica) 2. Queratose seborreica . É caracterizada por placas arredondadas exofíticas de aspecto graxento e coloração que varia do acastanhado ao enegrecido (sua cor escura, aspecto assimétrico e crescimento rápido podem sugerir diagnóstico clínico de melanoma) . É comum em indivíduos de meia idade ou mais velhos . Ocorre principalmente no tronco e couro cabeludo Fisiopatologia 1- Mutações no receptor 3 do fator de crescimento de fibroblastos (FGF) que possui atividade de tirosina quinase 2- Estímulo nas vias Ras e PI3K/AKT Alterações histológicas . Compostas por monótonas lâminas de pequenas células que se assemelham às células basais da epiderme normal . Pigmentação variável de melanina está presente nessas células basaloides . Hiperqueratose . Pequenos cistos preenchidos de queratina (cistos córneos) . Invaginações de queratina na massa principal do tumor (pseudocistos córneos) * Quando centenas dessas lesões aparecem subitamente é indício de neoplasias malignas internas (sinal de Lesser-Trélat) 3. Nevo melanocítico . É uma neoplasia benigna derivada dos melanócitos . Pode ser congênita ou adquirida . Existem numerosos tipos de nevos melanocíticos com aspectos clínicos variados . Podem ser tornar irritativas ou mimetizar um melanoma MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @jujnamed Fisiopatologia . Mutação ativadora em BRAF que induz proliferação melanocítica seguida por senescência Alterações histológicas . Melanócitos que normalmente estão intercaladas entre os queratinócitos basais . Crescimento progressivo . Migração de células névicas (em formas de “ninhos”) . Senescência celular Tipos . Nevos juncionais . Nevos compostos . Nevos intradérmicos 4. Nevos displásicos (nevo de clark) . É caracterizado por máculas de pigmentação variável e bordas irregulares . Geralmente são maiores do que a maioria dos nevos adquiridos (>5 mm) . Podem ser esporádicos ou familiais . É um marcador de risco para melanoma (a síndrome do nevo displásico familial está fortemente associada com o melanoma, o risco do desenvolvimento de melanoma nos indivíduos afetados é de quase 100%) Fisiopatologia . Mutações ativadores em BRAF ou NRAS Alterações histológicas . Componente dérmico e juncional (formato de ombro) . Atipias e feixes paralelos de fibrose Tumores malignos • Se dividem em 2 grupos: A) Tumores malignos não melanocíticos 1. Carcinoma basocelular (CBC) - É caracterizado por tumores e pápulas peroladas que muitas vezes contêm vasos sanguíneos subepidérmicos dilatados e proeminentes (telangiectasias) - As lesões podem conter melanina (sendo semelhantes ao melanoma) ou podem ulcerar/sangrar e invadir estruturas mais profundas como nervos, cartilagem e osso MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @jujnamed - É o mais comum e é exclusivo da pele - É menos agressivo que os outros cânceres de pele (o risco de metástase é de menos de 1%, tendo apenas invasão local na maioria das vezes) - Se deriva das células da camada basal da epiderme - Acomete mais homens que mulheres, na faixa etária a partir dos 40 anos - Ocorre principalmente nos 2/3 superiores da face (pálpebras, orelhas, nariz) Epidemiologia . 90% dos indivíduos são brancos . 95% dos indivíduos estão na faixa etária entre 40-79 anos . 85% acometem a cabeça e pescoço . 25-30% acometem o nariz Fatores de risco . Exposição solar (sua incidência é cerca de 40 vezes maior em locais com clima ensolarado perto do equador) . Homens . Idade (a partir dos 40 anos) . Portadores da síndrome de gorlin (conhecida como síndrome do nervo basocelular, doença autossômica dominante caracterizada pelo desenvolvimento de CBC) Fisiopatologia . Mutações na via Hedgehog (defeitos no gene PTCH) Alterações histológicas . Constituído por células que lembram as células basais da epiderme (antigamente conhecido como carcinoma de células basais) . Podem apresentar diferentes subtipos histológicos: nodular, superficial, cístico, esclerodermiforme, micronodular, infiltrativo, pigmentado . Crescem em direção à porção inferior da derme como cordões ou ilhas de células com basofilia variável e núcleos hipercromáticos incorporados a uma matriz estromal fibrosa ou mucinos . As células na periferia do tumor se alinham na camada mais externa (padrão “em paliçada”), que muitas vezes se separa do estroma criando uma fenda característica MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @jujnamed 2. Carcinoma espinocelular (CEC) - É caracterizado por nódulos eritematosos com crosta superficial, podendo ter ulceração ou infiltração (lesões invasivas nodulares com escamas variáveis que podem ulcerar) - Deriva-se dos queratinócitos da camada espinhosa, podendo ocorrer em outros órgãos além da pele (não é exclusivo da pele) - Acomete mais homens que mulheres, na faixa etária a partir dos 55 anos - Ocorre principalmente no lábio inferior, hélice das orelhas, tronco, antebraços e mãos, região genital e pernas - A probabilidade da ocorrência de metástases está relacionada com a espessura da lesão e o grau de invasão subcutâneo (menos de 5% desses tumores apresentam metástases para os linfonodos regionais ao diagnóstico) - Pode ser precedido por lesões in situ (ex: queratose actínica) - O diagnóstico é feito através de biopsia e o tratamento é a exérese por meio de cirurgia Fatores de risco . Áreas de queimadura e cicatrizes . Queratose actínica . Úlceras crônicas . Imunossupressão . Infecção pelo HPV . Radiação UV (exposição ao sol) . Síndromes (ex: xeroderma pigmentoso) B) Tumores malignos melanocíticos 1. Melanoma . Origina-se dos melanócitos da epiderme, células pigmentadas e dendríticas localizadas na camada basal . É o tumor mais agressivo da pele e possui alto teor metastático (podendo atingir cérebro, ossos, pulmão e vários outros órgãos) . A maioria se origina na pele, mas pode ocorrer em outros órgãos (esôfago, meninges, olhos e mucosas) . Acomete adultos jovens (30-40 anos) de pele mais clara . Nas mulheres as lesões surgem frequentemente nas pernas e nos homens no tronco MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @jujnamedFatores de risco . Exposição solar . Pele clara . Mutações genéticas (proto-oncogenes e genes supressores de tumor) . Histórico familiar . Pessoas com mais de 50 nevos . Nevo congênito gigante (mais de 20 cm) Etapas do desenvolvimento tumoral 1- Fase de crescimento radial . Descreve a tendência inicial do melanoma de crescer horizontalmente dentro da epiderme (in situ) . Durante esse estágio, as células do melanoma não apresentam capacidade de metastatizar e não induzem angiogênese 2- Fase de crescimento vertical . É a fase em que o tumor cresce para as camadas mais profundas da derme como massa expansiva com perda da maturação celular e correlaciona-se com o surgimento de um clone de células com potencial metastático . Essa etapa está relacionada com o PROGNÓSTICO da doença Achados do exame físico . A = assimetria . B = bordas irregulares . C = coloração múltipla . D = diâmetro > 6 mm . E = aumento em tamanho, surgimento de prurido, sangramento e formação de crosta Prognóstico . A profundidade do melanoma é o principal fator preditivo de prognóstico e de tratamento (os melanomas mais profundos são os mais agressivos) . O estadiamento também é um fator fundamental para estabelecer o prognóstico -> Níveis de Clark . Mensuram a profundidade dos melanomas e o índice de sobrevida em 5 anos: -> Estadiamento TNM MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @jujnamed Alterações histológicas . Células grandes e irregulares . Grandes núcleos com contornos irregulares . Cromatina aglomerada na periferia da membrana nuclear Tipos de melanoma Diagnóstico - A suspeita diagnóstica é levantada através do exame clínico (ABCDE) associado a sinais e sintomas (prurido, ulceração e sangramento) e à dermatoscopia - A confirmação diagnóstica só é possível através da biópsia, a qual pode ser excisional (retirada da lesão completa com margem entre 2-3 mm e com profundidade até a hipoderme) ou incisional (retirada de um fragmento da lesão) Exame clínico A - Simetria . Lesão maligna = assimétrica . Lesão benigna = simétrica B - Bordas . Lesão maligna = contorno irregular . Lesão benigna = contorno regular C - Cores . Lesão maligna = coloração múltipla . Lesão benigna = cor uniforme D - Diâmetro . Lesão maligna = diâmetro > 0,6 cm . Lesão benigna = diâmetro < 0,6 cm E - Evolução . Lesão maligna = aumento em tamanho, surgimento de prurido, sangramento e formação de crosta . Lesão benigna = não evolui MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO @jujnamed
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