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1 ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de análise Disciplina: Negociação e Administração de Conflitos Módulo: 0821 Aluno: Turma: 1 Tarefa: Assistir um filme escolhido e apreciá-lo dentro de critérios estabelcidos Introdução Dos filmes indicados escolhi o “Hotel Ruanda” justamente porque considero um dos ambientes mais difíceis de negociação de conflito aquele que os sentimentos são evidenciados a circurstâncias inimagináveis e a parte opressora sente-se completamente irredutível e a outra parte precisa criar condições criativas para permitir que siga a sobrevivência das pessoas, seu maior bem. O filme é verídico que potencializa ainda mais a força da negociação de conflito e sua importância. Trata-se de conflitos políticos em Kigali, capital da Ruanda (centro da África), em 1994. Já havia estabelecido há anos a diferença entre a maioria hutu (chegaram antes na região) e a minoria tutsi (chegaram depois), duas etnias que diferenciava somente pelos documentos. Os hutus era um povo dedicado à pecuária e os tutsis à agricultura e por isso detia maior poder aquisitivo e ao longo do tempo essa condição foi instigada pelos Belgas que utilizaram para seu benefício essa rivalidade, havendo, inclusive, tática da teoria das raças indicando que os tutsis eram superiores porque tinham traços mais parecidos aos europoeus. O conflito agravou-se com o atentado contra o Presidente, pois assinou um tratado de paz e na volta à Ruanda foi atacado (derrubaram o avião que estava). No mesmo dia iniciou-se as mortes e até entre viznhos hutus que utilizaram facas e objetos de casa para matar os tutsis. O filme que escolhi retrata esse episódio que durou de abril a julho de 1994 e significou a morte de quase 1 milhão de tutsis e à época eram cerca de 1,2 milhão, portanto, significou um genocício muito expressivo de uma raça. A atenção do filme foi dedicada ao Paul Rusesabagina, gerente do Hotel Des Milles Collines que decidiu abrigar mais de 1.200 refugiados tutsis, incluindo sua família, pois sua esposa era tutsi. Paul reluta acreditar que haveria essa guerrilha até que inicia imediatamente após a queda do avião do Presidente e dalí são inúmeras as negociações necessárias para que consiga manter vivos os refugiados e família. https://pt.wikipedia.org/wiki/Kigali https://pt.wikipedia.org/wiki/Ruanda https://pt.wikipedia.org/wiki/1994 https://pt.wikipedia.org/wiki/Hutu https://pt.wikipedia.org/wiki/Tutsi https://pt.wikipedia.org/wiki/Hutu https://pt.wikipedia.org/wiki/Tutsi - 2 - Desenvolvimento – análise do processo de negociação representado no filme eleito Classificação das partes envolvidas (atores da negociação) A primeira negociação ocorre quando o exército de Ruanda chega até seu bairro e pede para as pessoas saírem de suas casas. Paul logo percebe que precisaria utilizar sua habilidade de tratar com autoridades para conseguir sobreviver e trava durante todo filme negociações na dimensão horizontal com: (1) Coronel Canadense Oliver representando a ONU, (2) General Augustin Bizimungu oficial do exército de Ruanda que deveriam tentar minimizar o conflito, mas foram oportunistas e procurava, na verdade, lucrar com a situação, (3) rebeldes da milícia hutus interhawe principais responsáveis pelo genocídio, (4) Tillens proprietário do hotel que pertencia ao grupo Belga Sabena e intercedia junto ao governo para proteger o hotel fazendo o governo acreditar que se tratava de hospedes, além dos (5) funcionários do hotel que foram importantes na proteção dos refugiados, dentre eles muitas crianças. Identificação das fontes de poder, ferramentas e táticas O Coronel Canadense do Canadá esperava contar com maior suporte da ONU, porém essa enviou um grupo de soldados para proteger e levar de Ruanda apenas os estrangeiros, demonstrando poder enfraquecido depois de perder 10 soltados executados pela milícia. A fonde de poder da milícia por sua vez era a violência e a quantidade de apoiadores. Exerciam influência através do rápio impondo discursos de ódio e repúdio, com falas que dominavam e encorajavam o massacre. O proprietário do hotel utiliza sua influência com o governo, baseado na condição financeira do hotel, pois se tratava de hospedagem de luxo e alí concentravam-se relevantes hospedes. Paul demonstrou-se extremamente habilidoso em constatar as fraquezas e necessidades de seus interlocutores de negociatas. Fundou-se em ferramentas monetárias basicamente formadas por moeda e bebidas alcólicas e sua tática foi a troca, blefes e persuasão. Exemplos importantes que trago é a cena a “carta falsa” que chegou via fax para convencer os funcionários a trabalharem em suas funções e apoiar sua missão de cuidar dos refugiados, elogiou o vaidoso General Bizimungu (exército local) sobre como comandava, pois não possuía essa habilidade mostrando o caso do funcionário que o chantagiava porque sua esposa era uma tutsi, na hora o General foi até o rebelde funcionário e fez entender quem era a autoridade alí e desde então, passou a trabalhar conforme era necessário. Ainda sobre o General Bizimungu o habilidoso Paul, percebendo a sutileza da fala sobre a vontade de revisitar a Escócia para apreciar bebidas, usa a seu favor essa vontade/necessidade da outra parte dizendo que sua vantagem em manter a proteção do hotel seria o depoimento a seu favor, informando que protegeu os inocentes, caso contrário esse seria retido e jamais teria oportunidade de realizar aquele sonho – foi muito bem observado por Paul e usou como ferramente de barganha, tendo em vista que recursos financeiros já estavam escassos aquela altura do tempo (durou de abril a julho a dinâmica do genocídio). Outro feito interessante de negociação foi orientar aos refugiados a ligarem para seus conhecidos de fora do país agradecendo o apoio e os fazendo se sentir culpados por aquela ocorrência e esse conjunto de ligações e apelos resultaram em vistos para diversas famílias (embora tenha havido a traição do funcionário e as famílias não conseguiram naquela oportunidade fugir, foi um resultado extraordinário). Nessa oportunidade, Paul entendeu que deixar a outra parte sentindo-se incapaz de colaborar e que aquela falta de apoio determinaria a morte de muitos seria a extratégia assertiva para o efeito exatamente contrário. Cabe ainda mencionar a estratégia de gerar faturas para acreditarem que de fato tratava-se de hospedes. Essa ferramenta aliada à tática de implementar a ideia de tratar-se de recursos para o hotel foi determinante. Paul entendia que não se tratava de ajuda solidária que teria por parte do proprietário do hotel junto ao Governo, mas teria que demonstrar que se tratava de vantagem financeira e repercursão negativa caso não protegessem seus hospedes. Avaliação das etapas da negociação É bom mencionar que quando se trata de negociação tradicional que se permite sentar a mesa e verificar todas as variáveis padrão teríamos as seguintes etapas: 1) Planejamento: avaliar objeto, avaliar a outra parte (autores envolvidos), avaliar o contexto/ambiente, avaliar os interesses das partes, avaliar as concessões e argumentos possíveis – tudo isso para se chegar ao objeto; 2) Execução: composta por abertura, exploração e encerramento – tudo alinhado entre as partes para evitar falta de entendimento de ambas as partes; 3) Controle: avaliar se o negociado foi realizado. Agora, em um ambiente extremamente hostil, Paul precisou levar em consideração todas essas variantes e com o tempo, a medida que conhecia seus pares aprimorava sua abordagem e conseguia manter o apoio e era um dia por vez, na fragilidade dos ânimos aflorados da violência e jogo de interesses, reforçado pelo discurso do ódio, mencionando, neste momento do trabalho, que as pessoas eliminadas eram tratadas de forma pejorativa como “barata”, um inseto pesonheto e detestado pela humanidade. O planejamentoiniciou a partir do momento que ele conseguiu negociar com o primeiro soldado da militância que queria a chave do hotel. Resgatou naquela chance a moeda disponível no cofre e conseguiu oferecer esse suborno que deu certo em primeira instância, - 4 - dali em diante pôde observar que seria naquele formato a trajetória da sobrevivência de sua família. Com o tempo criou conexão amistosa com os principais envolvidos na proteção diária do hotel, o General da Onu e o General local. A parte de execução e controle ocorriam frequentemente a cada negociação por mantimentos e soltura dos refugiados ameaçados. Utilizou sempre sua capacidade persuasiva de convencer a outra parte as vantagens que oferecia em detrimento de deixar mais um tempo aquelas vidas. O controle da negociação era evidenciado imediatamente na sequência de cada situação de pressão com a soltura das pessoas. Descrição da comunicação verbal e não verbal A comunicação verbal é tácita a inevitável, óbia e fundamental, porém, são em falas às vezes fora do contexto e até na folga da discussão que falam muito sobre o rumo daquele objetivo, portanto, é essencial a escuta de cada detalhe, tanto quando falar exautivamente. Já a linguagem não-verbal não tão óbivia e fundamental pode extrair respostas e sensações decisivas: são olhares e gestos involuntários e até voluntários (para demonstrar desinteresse e desiquilibrar a outra parte, por exemplo), expressões de cansaço, descaso, indiferença podem dizer muito sobre aquela negociação. O Paul estava no auge de sua capacidade sensorial, atento a tudo, afinal estava em jogo o objeto mais caro para si: família e amigos. Essa condição de extremo interesse o remetia a impossibilidade de falhar, permitindo que utilizasse todos os seus sensores e capacidade neural de observar cada possibilidade, falha e necessidade da outra parte que, embora com interesse também, estava em condição menos intensa por interesse 100% pessoal. Paul manteve-se sempre sério, alerta e bem vestido remetendo a imagem de dono da situação e soberano em seus argumentos. Expressões fortes e seguros viabilizavam credibilidade da outra parte que confiava em seus blefes necessários para conseguir o objeto principal, salvar as pessoas. Por outro lado, tinha a milícia demonstrando ódio e descaso com essas mesmas pessoas e com armas pesadas o tempo exibibidas, era essa a comunicação da outra parte: poder da violência. Logo o gerente foi astuto e soube em diversas ocasiões não se intimidar, mesmo abalado, porque já havia entendido que seria sua astucia e inteligência emocional a dominar as negociações. Não permitiu que o medo dominasse suas ações, mesmo o medo bem presente em cada ousada negociação. Conseguia performar a segurança necessária para convencer quem ameaçava, no caso da milícia e soltados local, e até os apoiadores que fraquejavam (com o discurso de agradecimento pelo apoio, agora é conosco: genial a abordagem para conseguir efeito contrário). Avaliação dos aspectos positivos da negociação observada e sugestão de melhorias É inimaginável uma situação dessas, sendo assim, como sugerir melhorias? Paul foi um gerente genial e é possível observar que sua habilidade de negociar era a chave do seu sucesso na carreira. Quando conta como trouxe o amor de sua vida para próximo já foi negociando junto ao Ministro da Saúde. Aquela cena também demonstra como é o modus operandi daquela região, portanto, ele conseguiu, mesmo naquela condição dramática e com aparência de insolucionável conseguiu exercer brilhantemente sua habilidade com perfil conhecido por ele. Se sabe que em uma negociação é importante estudar e planejar e ele já detinha o conhecimento relacionado ao funcionamento da política local e soube usar a seu favor. Em muitas oportundiades foi perspicaz e viu oportunidades que dificilmente uma pessoa sem a experiência de negociar teria pensado como alternativa de chance de sobrevivência. O objeto dele era vidas humanas (com sentimento profundo por algumas delas) e a outra parte desejava a vaidade do poder e trocas materiais. Como identificou isso desde o início, o Gerente buscava entender o interesse do outro e jogava, tendo sucesso em todas as empreitadas. Admirável sua capacidade perspicaz e inteligente para negociar até com a enfermeira a busca por seus sobrinhos. Seu perfil habilidosamente persuasivo o permitia trocar genuinamente uma necessidade pela outra, deixando as suas prioritárias. É importante evidenciar ainda sua criatividade em solucionar problemas caóticos como o de mantimentos, envolvendo o funcionário rebelde, os boletos para os “hospedes”, a carta para engajar os funcionários, o sonho da Escócia, os blefes e a conversão do funcionário rebelde (usando a vaidade do General). Como imaginar algo diferente por parte do General em cenário tão adverso para apontar melhorias? Começo e termino com essa intrigante indagação. Para não deixar nenhuma contribuição, talvez mencionaria a possibilidade de envolver mais sua esposa nas negociações para conseguir mais apoio por parte da ONU. Acredito que a ONU poderia ter sido mais pressionada. Ficou muito a cargo do canadense as conversas e acredito que dedicação envolvendo o lado de mulher, mãe unida ao desespero e sua condição de foco da militância poderia ter engajado maior apoio. Estabelecimento de um paralelo com sua realidade profissional As negociações do Paul foram estabelecidas em muitos momentos em blefes e não seria uma ferramente apreciada na realidade profissional, porém é possível vincular à emoção carregada por ele nesses blefes. Atualmente, atuo no Ministério da Saúde como gerente de logística no departamento de HIV/aids e algumas outras doenças sexualmente - 6 - transmissíveis, como Hepatites e Sífilis e é frequente a necessidade de convencer os autores envolvidos nos processos de compras e distribuições dos insumos (testes rápidos de triagem das pessoas vivendo com esses agravos e preservativos masculinos e femininos) para todo país a desenvolverem suas atividades e uma fala é utilizando o apelo referente à população, mencionando que tal atividade é determinante para não faltar o produto lá para o cidadão. É bem comum também observar as afinidades das pessoas em suas redes sociais e utilizar abordagem em conversas iniciais as de trabalho sobre algum assunto importante para a outra parte para conseguir efetivo resultado para o processo a partir de bom relacionamento com todas as partes. Portanto, a negociação é de fato frequente em minha rotina de trabalho, mas em escala bem amenizada às vivenciadas por Paul, se firmando basicamente, na capacidade de perceber o outro e trocar ideias genuínas sobre seus interessantes antes de cobrança de desempenho. Entendo que na atividade pública há maior necessidade de negociação para cumprimento das ações, embora seja sempre importante, em qualquer atividade, a manutenção de boas relações para alcançar boas performances das pessoas. Minha preocupação constante é não robotizar essa comunicação, torná-la cada vez mais genuína e para isso a pratica da escuta ativa tem sido valorizado no meu autodesenvolvimento. Considerações finais A escolha do filme baseou-se exclusivamente ao já mencionado fato de ser o ambiente hostil aquele que mais impressiona a capacidade de controlar-se emocionalmente para alicar técnicas evidentemente funcionais para conseguir o maior dos objetos: a vida. Foi bem impactante por revelar como o ser humano é corrompível e tem valores tão disturbados a partir de percepções baseadas em discursos de ódio. É mais evidente que não se usa blefes em negociações porque a confiança entre as partes é fundamental, porém o blefe faz parte da vida cotidiana das pessoas e todas fazem o seu uso para maximização de seus resultados e pela experiência em argumentação não há impactoem conflito em curto prazo, como o caso de negociações específicas, mas, é imperativo, na minha opinião, a transparência das partes. Bem defende William Ury que não se trata de competição a negociação, por esse ponto de vista pode-se até vislumbrar negociações mais assertivas. O que mais consegui apreciar e entender como possível é a capacidade do Gerente Paul em controlar sua paixão pelo objeto e, assim, conseguir resultados, sem se deixar impactado pelas emoções incontroláveis e decidir por impulso. A negociação horizontal segura e ciente também demonstra muita capacidade persuasiva que pode garantir resultados quando não se demonstra insubordinação, mas segurança. Referências bibliográficas QUER SER PH.D EM NEGOCIAÇÃO. William Ury Getting to Yes. Disponível em: https://www.williamury.com/quer-ser-ph-d-em-negociacao/. Acesso em: 19 de setembro de 2021. AS 5 REGRAS DA ARTE DA NEGOCIAÇÃO QUE VOCÊ PRECISA CONHECER. Agendor. Disponível em: https://www.agendor.com.br/blog/a-arte-da-negociacao/. Acesso em: 19 de setembro de 2021. Além dos materiais da disciplina.
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